Cliviland City : O Desastre escrita por AndressaC


Capítulo 23
Na dor ainda há cura


Notas iniciais do capítulo

OHHH MEU DEUS! O CAPITULO FINAL! CHOREI MUITO ESCREVENDO ESSE CAPITULO! LEIAM E ME DIGAM COMO FUI!?
Xoxo ;***



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May corria com toda a rapidez que seu corpo esguio e frágil lhe permitia, tinha que sair daquele lugar em pouquíssimo tempo, ou então seu destino seria se juntar a Demétre, James e ao prédio que logo se transformaria em apenas ruínas em meio ao deserto.

_ CLAIRE?!... LEON! - Ela gritava procurando pelas duas únicas pessoas que poderiam ajudá-la a sair dali.

Um plano em sua cabeça já estava pronto, faria o caminho de volta, encontrando a escada de onde veio, e encontrando o corredor que levaria ao lugar onde havia se separado de Claire e Leon, o que ela chamou de centro. Sua respiração era estridente, e seus pulmões doíam com o esforço feito, seus músculos, que já estavam doloridos pelo ataque de Demétre, agora parecia que explodiriam a qualquer momento. “Se eu tivesse escutado meus tios e feito algum esporte...”, seu condicionamento físico não era um dos melhores, mas a sua perseverança era maior que tudo aquilo.

 Em algum momento em toda aquela loucura que se tornou a sua vida, ela pensou em desistir, que morrer por um propósito seria algo belo a se fazer e bastaria, mas agora, algo em seu pensamento suicida mudou, ela queria ver aquele prédio cair na cabeça de quem o criou, ela queria poder comprovar com os próprios olhos que a origem do desastre estaria destruída.

Estava muito perto do ponto central, já havia passado pelos corredores que a levaram para o laboratório do Dr. Demétre, e mais alguns passos e estaria no corredor. Enquanto ia se aproximando do centro, ao longe ela pode avistar duas pessoas vindas em sua direção, de inicio se assustou, mas depois pode reparar no corpo forte do rapaz de cabelos loiros e uma mulher ao lado que usava um colete rosa, e seus cabelos castanhos avermelhados presos em um rabo de cavalo alto, e ficou aliviada.

_ CLAIRE! LEON! – e correu ao encontro das duas pessoas que mais queria ver naquele momento.

_ MAY! – gritou Claire.

E quando se encontraram em meio ao lugar onde se separaram de inicio, uma voz eletrônica começou a soar nos altos falantes, “AUTODESTRUIÇÃO EM 2 MINUTOS”, e logo após a voz falar, uma sirene começou a tocar, o som era muito alto e incomodava os ouvidos.

_ Você esta bem, May? Oh meu Deus você esta machucada – disse ela olhando para os hematomas que se formaram nos braços de May – Cadê o James!? – disse Claire.

_ É uma longa historia Claire, quando sairmos daqui eu conto para você! – disse May.

_ Temos que da o fora daqui e agora! – disse Leon exasperado em meio à cacofonia.

_ Eu sei! Vamos! – disse May já indo a caminho por onde entraram, ou melhor, a saída.

Eles corriam em meio ao ultimo corredor que os levaria a porta que os tiraria dali, mesmo que ainda estivessem alguns passos longe da saída, eles tinham fé que sairiam do covil das cobras vivos.

_ A PORTA!

Claire gritou e eles aceleraram os passos, mas logo a voz eletrônica começou a soar pelos altos falantes novamente “ CONTAGEM REGRESSIVA PARA AUTODESTRUIÇÃO! AUTODESTRUIÇAO EM 10, 9, 8...” Eles se entre olharam espantados e começaram a correr o mais rápido que puderam e a cada passo parecia que a saída jamais chegaria. Seus corações batiam irregulares, suas respirações entrecortadas, seus músculos trabalhavam três, quatro vezes mais, só para saírem vivos dali.

 “5, 4, 3, 2,...”.

Ao longe, era possível ver a grande bola em tons avermelhados que ser formou no meio do deserto, um circulo de pressão se formou no centro da explosão, e se espalhou ampliando o seu diâmetro, levantando uma camada da areia daquele deserto. Logo a poeira abaixou, e a estrutura que havia ali, desapareceu. Apenas sobraram pedras sobre pedras, e nada alem disso. O tempo e o vento seriam responsáveis por tapar os vestígios que ficaram ali, somente eles saberiam o que aconteceu naquele lugar, somente eles, e as três pessoas que foram capazes de saírem daquele lugar e se jogarem ao chão assim que a explosão ameaçou começar.

Leon estava por cima das duas garotas, as protegendo dos estilhaços ocasionados pela bola de fogo, May e Claire permaneciam imóveis, esperando com que Leon desse o sinal de que tudo estava bem. Alguns segundos depois ele sai de cima das duas, deitando em meio às elas respirando aliviado e olhando o céu do deserto que agora estava em um tom mais claro de azul e manchado de laranja dos raios do sol.

_ Estamos vivos? – disse May depois de alguns minutos, o céu estava em uma cor tão bonita que ela acreditava que estava no paraíso esperando ser recebida pelo porteiro de Deus.

_ Acho que sim! – disse Claire olhando para Leon que ainda fitava o céu.

_ Sim, estamos vivos... – disse Leon, olhando para May e depois para Claire – Vamos, temos que ir! – disse ele se levantando.

_ Vamos... Aonde foi que você estacionou Leon? – disse Claire fazendo piada. May apenas riu, era tão bom rir depois de tanto tempo que ela foi todo o caminho ate o seu carro com um sorriso de ponta a ponta.

_ OH! Meu carro – disse May em um tom entristecido. Encontraram o seu carro parado a alguns quilômetros e coberto de terra do deserto. – Isso vai arranhar a pintura... Não tentem tirar a poeira! Vai arranhar! – Ela abriu a porta do passageiro e se sentou, e novamente sorriu, nunca foi tão bom para ela pensar em coisas fúteis como a pintura do carro. – Vamos sair daqui!

_ Finalmente! – disse Claire se jogando no banco de trás, enquanto Leon dava a partida.

[...]

O Landau de May passava por entre as ruas de Cliviland City, a felicidade de May foi embora, quando enfim percebeu que mesmo tendo acabado com a origem do problema, as suas conseqüências ainda estavam espalhadas por toda a cidade. Os zumbis ainda estavam por ali, e ela sabia que não sairiam tão cedo. Também sabia que não foi somente Cliviland que sofreu esse atentado, em outros lugares também haveria a destruição ocasionada pelos megalomaníacos, como Doutor Demétre Walker, ou como Albert Wesker, citado antes por Claire.

Agora eles passavam na frente do hospital onde May trabalhava, e ela se lembrou do seu amigo morto duas vezes na parte de dentro do prédio, seus olhos se encheram de lagrima, novamente outra despedida, ela tentaria lembrar-se de Joe em seus momentos mais felizes, como na aula de anatomia quando abriram seu primeiro cadáver para estudo e Joe ameaçou desmaiar, em como as risadas e as conversas, banhadas a álcool e abastecidas com petiscos, no bar ao lado da universidade foram gostosas, sentiria falta do ultimo abraço dado por Joe, e como ela ficou sem graça por ele colocá-la em seu colo. “Joseph Graham, você jamais será esquecido”.

O carro agora estava nos limites de Cliviland, onde ficava a casa dos tios de May, ela colocou a face novamente no vidro, tentando ver através da cortina de poeira, para poder ver pela ultima vez a casa onde viveu metade da sua vida, a casa dos tios estava toda estraçalhada, a porta escancarada e as janelas quebradas, provavelmente eles não sobreviveram ao surto do Colombo, “agora eles devem estar no meio dessa cidade, parcialmente devorados ou procurando o que devorar”, uma lagrima escorreu no rosto de May, ela se culpava por tudo o que deve ter acontecido aos seus tios, ela queria fugir da sua família, e quando foi embora os deixou desamparados quando eles mais precisaram.

Leon estacionou o carro na fronteira de Cliviland com a cidade vizinha, ambos se olharam, eles não saberiam o que aconteceria agora. Nenhum foi capaz de dizer nada, somente os olhos expressavam alguma coisa, os olhares e sorrisos de Leon e Claire eram alegres e brandos, era palpável o sentimento de serenidade vindo de ambos, já os de May traziam o mesmo alivio porem preocupados “Para onde irei? Qual o meu lugar nesse mundo?” era difícil dizer, mas ela descobriria, tinha certeza que sim.

Em meio ao silencio, um barulho ao longe foi escutado, o som foi se tornando mais alto, e um helicóptero foi visto se aproximando. May se assustou com o barulho e com o fato de não saber o que estava acontecendo, mas Claire somente olhou feio para Leon pelo retrovisor, ele deu um sorriso singelo e sem graça.

_ FILHO DA MÃE! – disse Claire exasperada – COMO VOCÊ PODE LEON! – ela referiu um tapa na cabeça de Leon e May olhou mais assustada ainda.

_ O que esta acontecendo? – perguntou May em meio à confusão, onde Claire referia tapas em Leon, e ele apenas tentava se proteger.

_ Claire! Você acha que ele, sabendo que você estava aqui, não iria vir aqui te buscar?! – disse ele em meio aos golpes dados por Claire.

_ Quem está vindo?! – May ainda estava confusa.

Mas ninguém a respondeu, pois logo o helicóptero pousou ao lado do carro de May, e ela viu com os próprios olhos quem estava vindo. De dentro do helicóptero apareceu um homem de corpo extremamente forte, e May por reflexo mordeu os lábios, e se lembrou do dia em que acordou no galpão e da conversa que teve com Claire, pela descrição aquele só poderia ser o irmão de Claire, por isso ela esta tão irada. O homem veio em direção ao carro e bateu no vidro traseiro onde estava sentada Claire, emburrada, com os braços cruzados e um bico em seus lábios. Leon desceu do carro, e cumprimentou o rapagão.

_ Não vai descer pra cumprimentar o seu irmão Claire? – perguntou May.

_ Run, esse povo acha que eu ainda sou criança! Eu não vou sair daqui. – disse Claire, e depois refez um bico ainda maior que o anterior.

Leon olhou para May e fez um gesto com a mão para que descesse do carro, e foi o que fez. Ela estava muito sem graça por estar suja, mas Leon e Claire estavam na mesma condição.

_ May este é Chris Redfield, Chris esta é May Denner. – disse Leon fazendo as apresentações um tanto formais demais.

_ Prazer, Chris. – disse apertando a mão de Chris em um cumprimento. – acho que a sua Irma não vai sair do carro... – disse passando a mão nos seus cabelos desgrenhados totalmente sem graça pela birra de Claire.

_ É? Vamos ver então. - Determinado Chris caminhou ate o carro abriu a porta e pegou Claire com os braços fortes, a jogando no ombro e voltou ate onde estavam May e Leon, que apenas sorriam com a situação.

_ ME SOLTA! – gritou Claire, esperneando e batendo nas costas do irmão.

_ Tudo bem! – Ele a tirou do ombro e a colocou no chão, mas ela perdeu o equilíbrio e caiu – Claire, você esta bem?!

_ TA TUDO OTIMO CHRIS! – disse ela raivosa, se levantando e tirando a terra da roupa – Alias o que esta fazendo aqui?

_ Vim te ajudar... Você e Leon, e sua nova amiga – disse olhando para May.

_ Eu não precisava da sua ajuda, mas já que esta aqui olha que coisa boa, você vai ser útil pela primeira vez! – disse Claire, e depois mostrou a língua para o irmão.

_ Ah sua pirralha! – Ele em vez de correr atrás dela ou revidar a brincadeira, apenas a puxou para um abraço apertado – Estava preocupado, que bom que esta bem...

_ Ta grandão, eu também senti a sua falta, - disse Claire desfazendo a sua fachada de birrenta – Que bom que esta aqui...

_ Ok. Agora podemos ir? – disse Leon atrapalhando a reunião em família.

_ Claro!

Leon subiu no helicóptero, ajudando Claire também a subir. Chris olhou para May, e ofereceu a mão como ajuda.

_ Acho que vou ficar aqui, - ela estava apoiada no seu carro – não posso abandonar minha cidade. Minha vida esta toda aqui!

_ Não a nada a se abandonar May, tudo se foi – disse Chris se aproximando – Eu sei como se sente, não há mais nada a se prender nessa cidade, venha conosco. – disse ele oferecendo novamente a mão.

May deixou uma lagrima descer, não havia mais nada a se prender, realmente, nada era tão incerto quanto aquela cidade. Ela abriu a porta do carro, pegou a sua mochila, olhou para a mão de Chris coberta com uma luva-sem-dedos de couro e a segurou, o que ela tinha a perder, ir com eles era mais seguro e coerente para ela.

Chris ajudou May a subir na aeronave e se dirigiu ao banco do piloto, colocou seus fones, acionou alguns botões no teto e no painel do helicóptero, e puxou o manche, fazendo subir a aeronave.

May olhava ao longo do horizonte a sua cidade destruída, na verdade, não era mais a sua cidade era apenas a cidade onde cresceu e que agora esta detonada, e com ela levou os seus familiares e amigo, mas ela não ficaria se martirizando por isso, algo ou alguém deu uma segunda chance para ela, e ela trataria de valorizar aquela oportunidade que o destino ou algo muito maior que o universo a deu.

Ela abriu a sua bolsa, e tirou o seu caderno azul de dentro, aquilo trazia lembranças de um passado feliz, conturbado, e recentemente destruído, ela abriu o caderno arrancou todas as folhas escritas, era chegada a hora de deixar aquilo ir embora, May soltou as folhas, que voaram pela abertura do helicóptero, e com as folhas foram o seu passado.

[...]

O quarto era pequeno, mas era confortável, May saia do banheiro onde ficou de molho na banheira tirando a sujeira de todos esses dias miseráveis. Vestiu algumas roupas que encontrou nas gavetas pelo quarto, e se sentou a cama de solteiro no meio do cômodo.  

O relógio da parede estava parado em exatas 3 horas, mas ele não funcionava aquilo era um conforto para May, o não passar do tempo, permitia com que ela dormisse a noite sem preocupação. A dor já não era tão grande assim, com um tempo ela percebeu que seu coração ferido continuava batendo, e era impossível permitir que a sua tristeza roubasse o tempo que ela já não tinha.

Sentada na cama ela pensa em tudo o que aconteceu com ela nos últimos dias, sua cidade foi feita em pedaços, seus tios e seu amigo ficaram perdidos em meio a isso, a sua carreira na área de medicina se despedaçou no meio do caminho e ainda não havia sido recuperada. Seu Landau estava em algum lugar na fronteira de Cliviland, ela matou alguém, um louco psicopata, mas ainda assim, alguém, viu milhares de pessoas morrendo por conta desse mesmo louco psicopata, foi “salva” por Claire e ajudada por Leon, e ate Chris teve sua participação. Seu sobrenome e a imagem imaculada de seus pais, agora estavam manchados com a descoberta de que  eles ajudaram em uma coisa tão absurda quanto.

Nada mais restava para a garota de cabelos ruivos e olhos verdes sentada na cama de solteiro no meio de um quarto pequeno na casa de Claire. Sim, Claire a havia acolhido, mas May disse a si mesma que não por muito tempo, não era seu objetivo ser um estorvo, e também estava na hora de reconstruir a sua vida do jeito que dava.

Ela se levantou pegou a toalha secou os cabelos que agora estavam um pouco maiores, e olhou seu reflexo no espelho e suspirou. Eu estou despedaçada, mal consigo respirar sem sentir dor, mas eu sei que na dor ainda há cura, também sei que um dia tudo voltara a ficar bem, tudo. Eu agüentarei mais um dia, e mais outro, e mais vários outros dias, somente para ver tudo ficando bem novamente.


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Notas finais do capítulo

Obrigada a todos que leram, e que ainda lerão essa historia! Eu cresci muito assim como a minha personagem! Agradeço a todos que um dia me mandaram um comentário ou uma recomendação e também a todos os Leitores Fantasmas Anônimos! Espero que tenham gostado! E ate a próxima!



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