Violência Nem Sempre É A Solução escrita por Lise Muniz
Notas iniciais do capítulo
Gente eu peço um milhão de desculpas pela demora. Eu fiquei de castigo pelo menos umas cinco vezes, comecei a namorar pela primeira vez e me ferrei em química e física. Eu não tive tempo para quase nada e minha imaginação me deixou na mão. Espero que me desculpem por deixá-los esperando por tanto tempo, mas aí vai um capítulo bem grandão. Juro pelo Estige que estou falando a verdade.
Depois de um tempão conversando com a Sam, descobri muitas coisas que me ajudariam a restaurar a honra dos Shane. Descobri que meus primos, Oliver e Richard haviam sido presos por desafiar a autoridade do tirano que tomou posse do planeta. Descobri também, que os soldados não eram humanos nem helenos, eram simplesmente robôs programados para obedecer a ordens diretas do “dono de Hélade”. Perguntei a Sam se ela sabia com era o tirano que havia acabado com a felicidade de todos, mas ela não soube me dizer. Segundo ela, ele raramente aparecia no planeta e quando aparecia, não passava mais de cinco horas enfornado no palácio. Poucas pessoas o tinham visto e a grande maioria ou estava presa ou estava morta. Só havia um homem em todo o planeta que o tinha visto e não estava morto ou preso, mas este havia enlouquecido e não falava coisa com coisa.
Sam disse também, que quem governava o planeta na ausência do Conquistador, era o seu conselheiro e que este nunca deixava que ninguém se aproximasse do palácio, por isso a guarda era reforçada. O único jeito de entrar era como prisioneiro pela pelas masmorras do palácio. Se esse era o único jeito, fazer o que né?
Chamei Alice e o tio Robert e contei-lhes sobre o meu plano. Iríamos dar um jeito de ser presos e entrar no palácio. O jeito mais fácil que encontramos foi tentar invadir o palácio.
Às três horas da tarde, eu, Alice e o meu tio Robert, fomos para o palácio. Derrubamos uns seis ou sete guardas e depois, meio que nos entregamos para o restante. A encenação foi incrível. Parecia realmente que eles haviam nos detido. A caminho das masmorras, só para enfatizar um pouquinho, eu fingi que tentava me soltar das mãos robóticas dos guardas e gritei ordens para que eles me soltassem. É óbvio que eles não me soltaram, não é? Mas só de raiva por termos feito isso, eles nos levaram para a parte mais sombria e escura das masmorras. Enquanto éramos escoltados, eu podia ouvir choros, lamúrias e até orações dos prisioneiros aterrorizados. Na minha última tentativa de tentar me soltar, o guarda ficou com tanta raiva, que abriu a porta da cela mais próxima e nos jogou com tudo lá dentro. A força com que ele fez isso foi tanta, que nós batemos a cabeça na parede de tijolos gastos e desabamos no chão, inconscientes.
...
Quando acordei, minha cabeça latejava de dor e meus olhos ardiam. Alice e o meu tio ainda estavam apagados no chão, mas não pareciam ter se machucado. Levantei do chão e com a cabeça meio girando, sentei-me em um velho banco de madeira, suspenso por cordas que ameaçavam se partir a qualquer instante. Ao meu lado, um rapaz de cabelos castanhos e olhos acinzentados desenhava algo no chão com uma lasca de madeira. Eu o fitei por um momento até que um som estranho desviou a minha atenção. Eu olhei na direção das grades da cela e vi outro rapaz de cabelos castanhos lisos e olhos da mesma cor, balançando-as como se tentasse arrancá-las.
- Ah! Que droga! – ele gritou dando um pontapé na base das barras de aço – Eu não aguento mais esse lugar! Eu tenho que sair daqui!
- Desiste Richard! Você já tentou isso umas quinhentas vezes e não funcionou, por que dessa vez seria diferente? – o rapaz ao meu lado disse entediado
- Cala a boca Oliver! Eu pelo menos estou fazendo alguma coisa! Enquanto você só fica aí sentado o dia inteiro achatando a bunda no banco!
- Eu pelo menos tenho cérebro! Diferente de você, não é?
Richard grunhiu e agarrou o pescoço de Oliver levantando-o com uma mão só e apoiando as costas dele na parede. Com uma voz esganiçada, Oliver pedia para que Richard o soltasse, mas Richard só apertava o seu pescoço cada vez mais forte. Eu fiquei sem ação! Eu não tinha ideia do que fazer. Oliver já estava ficando roxo e estava prestes a desmaiar quando felizmente, meu tio gritou atrás de mim:
- Richard Allen Shane! Largue o seu irmão agora!
Richard largou Oliver e este caiu no chão de uma vez só! Eu corri até ele para ver como ele estava e com apenas um toque, fiz com que as marcas dos dedos de Richard sumissem de seu pescoço.
- Você está bem? – eu perguntei
Oliver não respondeu. Apenas ficou olhando para o meu tio em transe.
- P-pai? É-é você mesmo? – ele gaguejou
- Em carne e osso! – meu tio respondeu – Sentiram saudades?
Richard correu até ele e lhe deu um abraço super apertado, enquanto Oliver se levantava do chão e ia fazer o mesmo. Alice saiu de trás do meu tio com a mão na cabeça e disse:
- Receio que os dois não se lembrem mais de mim, certo?
Oliver a examinou cautelosamente de cima a baixo e perguntou indiscretamente:
- Eu te conheço?
- Não se lembra de mim, Cara de Coruja? – Alice riu
- Pirralha!? Você está viva!? Achei que tinha morrido!
- Espera um pouco! Para tudo! Se Alice está aqui e o nosso pai também, cadê a mamãe? – Richard perguntou
- Ela morreu, assim como a minha mãe. Éris as matou. – eu disse séria
Oliver e Richard se viraram para mim e juntos perguntaram:
- Quem é você?
- Essa é a Lana, meninos. É a prima terráquea de vocês. Filha da minha irmã Rosellie. – meu tio respondeu por mim
- Obrigada por me ajudar! – Oliver disse esfregando o pescoço com a mão – Se não fosse você, eu estaria sem ar até agora.
- Não foi nada! Tudo pela família, priminho! – eu disse
- Agora expliquem uma coisa: O que vocês estão fazendo aqui?
- Fingimos que íamos invadir o palácio só para nos infiltrarmos.
- Ótimo plano, mas você não pensou em uma coisa: É impossível sair daqui!
- Nada é impossível, meu caro primo. Disseram-me que os guardas dão robôs disfarçados, certo? Portanto, todo robô usa uma bateria e nenhuma matéria é infinita! Uma hora eles terão que ser desligados para carregar! E é exatamente o momento em que sairemos.
- E como sairemos da cela? Nós não temos a chave! – retrucou Richard
- Mas eu e Alice temos nossos truques. Espere e verá!
À noite, quando todos estavam dormindo e os robôs haviam sido desligados, nós começamos nosso plano. Alice tirou um grampo que ela havia escondido no cabelo e com grande habilidade, abriu a fechadura da cela. Quando eu ia dar o primeiro passo para fora da cela, Oliver me puxou para trás.
- O que foi? O que eu fiz de errado? – eu murmurei
- Presta atenção! – ele disse pegando um punhado de areia e soprando para fora da cela
A areia revelou raios infravermelhos que acionavam alarmes de segurança com um simples toque, como aqueles filmes de espião estilo 007.
- Por isso nunca conseguimos escapar. É impossível passar por esse emaranhado de lasers sem encostar-se em nenhum! – Oliver disse
- Vocês dizem isso porque são de Atenas e Ares, mas será que vocês já viram uma serva de Apolo em ação? – Alice disse olhando-me pelo canto do olho com um sorriso maldoso
Respirei fundo e a parte divertida começou. Eu pulei, rolei, dei mortal, cambalhota, um triplo carpado e algumas estrelas até que o labirinto mortal acabou. Procurei algo que pudesse desligar os raios, mas eu não conseguia enxergar nem um palmo a minha frente naquela escuridão sinistra.
- Desliga logo isso Lana! – Richard gritou e Oliver tapou a boca dele com a mão
Para um rapaz de 21 anos, Richard era muito infantil, irresponsável e inconsequente. E o pior de tudo, era que ele era o primeiro na linha de sucessão! A única salvação daquele pobre planeta seria o casamento da Alice ou do Oliver antes da morte do tio Robert (que não esperava que chegasse tão cedo). Desviei a cabeça desses pensamentos e tateei a parede a procura de um interruptor, de um botão ou de uma alavanca que pudesse ajudar. Se há uma coisa que eu odeio, é a escuridão. Agora eu sei como os cegos se sentem.
- Lana! Está tudo bem aí? – Alice perguntou
- Mais ou menos. – eu respondi – Eu não consigo enxergar nada!
E então, eu tive uma ótima ideia. Se Apolo era o deus da luz e eu tinha todos os poderes dele, talvez eu pudesse iluminar o ambiente! Fechei os olhos e pensei em uma lanterna e na luz de uma vela. Quando abri os olhos, uma esfera de luz dourada flutuava na palma da minha mão. Nesse momento eu me lembrei da Gwen. Ela fazia o mesmo quando estávamos em uma caverna ou em algum lugar escuro. Então, eu resolvi imitá-la e fiz a esfera subir mais ou menos um metro a partir da minha mão, o que fez a maior parte do ambiente ser iluminado. Com isso, eu pude enxergar um painel com teclas numeradas de 0 a 9, pendurado na parede.
- Di immortales! – eu praguejei – É de senha! E agora? Oliver! Você tem ideia de qual seja a senha?
- Existem muitas possibilidades... Mas se você digitar a senha errada, o alarme vai tocar e nós vamos nos ferrar! – Oliver respondeu
Fiquei encarando o painel por um tempo, tentando adivinhar a senha. Havia milhares de possibilidades! E se eu errasse na primeira tentativa, dali a cinco minutos todos nós estaríamos mortos!
- Se eu te disser a senha, você me tira daqui? – uma voz de menina disse atrás de mim
Virei para trás assustada e vi uma garota de aparentemente uns 13 anos, pálida, de cabelos negros como a noite e olhos da mesma cor. Ela usava um vestido tomara que caia preto simples, em sua cabeça havia uma daquelas tiaras que bloqueiam os poderes e em seus pulsos havia braceletes de metal presos por uma corrente que saía da parede.
- O que você fez para estar aqui? – eu perguntei desconfiada
- Tentei dar uma surra no Psyphon, fui presa, usei meus poderes para fugir, me pegaram e me puseram aqui. A propósito, meu nome é Camila Caster. – ela respondeu
- Juro pelo Rio Estige que se você me ajudar com a senha eu a ajudo a sair daí. – eu disse e um trovão caiu
- A senha é a mais óbvia que existe. Digite 54321 e os raios vão desligar.
Felizmente, Camila dizia a verdade e os raios lasers foram desligados assim que digitei a senha. Alice, Oliver, Richard e meu tio vieram correndo ao meu encontro e me abraçaram bem forte.
- Bom, agora vamos! Estou louco para pegar a minha espada, dar uma surra naquele idiota e pegar o palácio de volta! – Richard disse animado andando na frente
- Vão vocês na frente! Esperem-me na frente do arsenal. – eu pedi – Alice, preciso da sua ajuda!
- No que? – ela perguntou curiosa
Eu lhe mostrei a cela de Camila e ela abriu a fechadura com o grampo sem nenhuma dificuldade. Porém, quando Alice entrou na cela, Camila recuou um pouco e a encarou assustada.
- Calma! Não vou te machucar! – Alice tranquilizou-a – Deixe-me abrir essas correntes! Aí você estará livre!
Camila hesitou mais um instante entes de erguer os pulsos para que Alice pudesse libertá-la. Porém, quando Alice ia tirar a tiara de sua cabeça, Camila segurou suas mãos e disse:
- Não faça isso! Por favor! Você vai levar um choque mortal de 220vws! Não quero que você morra!
- Obrigada pela preocupação! – Alice disse retirando a tiara da cabeça de Camila – Mas eu sou de Zeus. Sou quase um para raio ambulante!
- Nossa! Pintou uma invejinha agora! E eu achando que Hades era legal! – Camila murmurou
- Vai por mim, Hades é muito melhor que Zeus! Ele é muito mais calmo e na dele. – eu disse e outro raio caiu lá fora – Vamos sair daqui?
Camila assentiu e nos seguiu até o arsenal. Richard, Oliver e meu tio nos esperavam sentados em frente à porta.
- Por que vocês não entraram? - Alice perguntou
Richard apontou para cima e eu vi outro painel daqueles que havia em frente a cela de Camila.
- Por que você não tentou digitar alguma senha Oliver? – perguntei
- Porque EU não sei a senha! – Oliver respondeu mal humorado – Por que não pergunta para a sua amiguinha nova? Talvez ela saiba!
- A senha é o inverso da anterior. Eu ouvi os guardas falando isso agora a pouco. – Camila revelou
- Então... A senha é 12345? – Alice perguntou – Bando de idiotas sem noção!
- Sem noção não. Eles são muito inteligentes de pôr algo tão óbvio. – eu disse enquanto digitava a senha
Assim que eu terminei de digitar a senha, a porta do arsenal se abriu e revelou algumas prateleiras. Nas prateleiras, havia dezenas de espadas, arcos, aljavas, adagas e mais uma porção de outras armas que pertenciam aos prisioneiros. Richard e o meu tio pegaram suas espadas, Oliver pegou sua adaga, Camila pegou sua espata (espada pequena de cavalaria) de ferro estígio e Alice pegou seu cordão, meus anéis, minha bolsinha e o meu bracelete. Trancamos a porta novamente e passamos de fininho por uma sala, onde todos os robôs estavam sendo carregados. Passamos pelo portão das masmorras e subimos uns dois andares, até chegarmos a um canto escuro do que parecia um salão de baile. Não havia ninguém vigiando as portas.
- Aqui não tem guardas, mas no salão principal tem. – Camila murmurou para nós – Vocês tem algum plano de fuga?
Nós nos entreolhamos e fizemos que não com a cabeça. Camila revirou os olhos.
- Talvez eu consiga transportá-los pelas sombras se necessário. Mas não posso garantir nada.
- Duas perguntas. Primeira: Os guardas também são robôs?; e segunda: Psyphon está lá em cima? – Oliver perguntou
- Suas respostas são: Não. Os guardas não são robôs, são escravos helenos do Conquistador; e sim. Psyphon está lá em cima dormindo feito uma pedra e sonhando com a destruição do nosso planeta.
- Quem é Psyphon afinal? – meu tio perguntou confuso
- É o braço direito do Conquistador, seu conselheiro. É um alienígena médio, branco e com cara de esqueleto. Não oferece perigo a ninguém se não estiver acompanhado do Conquistador. – Richard respondeu
- E qual é o nome do conquistador? Vocês já o viram? – eu perguntei curiosa
- Ninguém sabe o nome dele. Todos que o viram estão mortos agora. – Camila respondeu – Vamos?
Eu assenti e nós espreitamos a porta que dava para o salão principal. Oliver localizou dez guardas. Dois deles estavam apoiados em alguma coisa e dormiam serenamente. Eram exatamente os guardas que estavam guardando a porta que estávamos. Empurrei a porta (que estava destrancada) devagar e espiamos para ver se não tinha mais ninguém. Os guardas que Oliver tinha visto não estavam mais lá.
- Eu acho que isso é uma armadilha. – Alice sussurrou para mim
- Só iremos descobrir mais tarde. – eu sussurrei de volta
Saímos de trás da porta devagarzinho e Alice apertou o seu cordão. Assim que chegamos à metade do salão, fomos cercados pelos guardas, que usavam aparelhos de invisibilidade. Eles apontaram suas lanças e espadas para nós e um deles disse em latim:
- Mãos para o alto! Os cinco serão punidos da pior maneira possível. Agora larguem suas armas e ajoelhem-se no chão devagar.
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