Violência Nem Sempre É A Solução escrita por Lise Muniz


Capítulo 4
Capítulo 4 - Conhecendo gente nova


Notas iniciais do capítulo

Fico feliz que vocês tenham gostado do capítulo anterior. Tava legal, né? Mas esse também está... acho. Bom... Espero que gostem! :) Bjinhos



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Imagine de repente acordar de um desmaio e ver três pessoas preocupadas te encarando sem nem sequer piscar. É sinistro, não é? Pois é! Era o que o Sr. Rocco, a Alice e o tio Robert estavam fazendo.

    - Quanto tempo dessa vez? – eu perguntei a Alice enquanto me sentava

    - 45 minutos. 15 minutos a mais do que a última vez. – ela respondeu – Você está se sentindo melhor?

    - Um pouquinho. Mas eu não vou ficar aqui o dia inteiro que nem da última vez.

Ainda com a cabeça girando e doendo, eu tentei levantar da cama onde havia me deitado, mas o Sr. Rocco empurrou os meus ombros para baixo obrigando a ficar e disse:

    - Negativo. Você vai ficar aqui! De repouso! Ao menos por hoje. Agora preste atenção no que eu irei te dizer.

    - Mas... – eu questionei

    - Ouça o que ele vai dizer Lana! É importante! – meu tio disse me interrompendo bruscamente

    - Eu sei o que lhe está fazendo mal Lana! É algo que acontece apenas com servos de Apolo. – o Sr. Rocco começou – Antigamente, achávamos que era apenas uma coincidência, até eu descobrir a verdade. Há pelo menos uns dois milênios, um servo de Éris se apaixonou por uma serva de Apolo, mas ela não gostava dele e o desprezava. Um dia, ele se encheu disso e pediu a sua deusa que punisse a garota por sua arrogância. Éris atendeu ao seu pedido e jogou uma praga na garota. Uma praga que fazia com que a menina se sentisse fraca e abatida. Depois de algum tempo, descobriram que aquilo era fatal e a garota morreu aos 15 anos. Os outros servos de Apolo quiseram vingança e por isso destruíram o templo de Éris, que furiosa amaldiçoou a todos com a mesma praga. Pelo que sei, quanto mais longe do caos e da deusa você fica, mais tempo de vida você tem. Historicamente, Kate foi a que morreu com mais idade.

Eu precisei de um tempo para entender tudo aquilo. Eu estava amaldiçoada e podia morrer a qualquer momento! E o pior, eu havia provocado a ira de Éris contra mim! Ótimo! Não podia ficar melhor! Tudo bem Éris! Você ganhou! Mas se você acha que vai se livrar de mim assim tão fácil, está muito enganada! Você não vai me impedir de salvar esse planeta! Eu irei até o fim!

                                          ...

No dia seguinte, Hellen e Jessie, convidaram eu e Alice para irmos à feira comprar alguns legumes e verduras que faltavam na casa deles. Eu insisti em pagar todas as compras, afinal, precisávamos retribuir a hospedagem do dia anterior!

Como ninguém conhecia a Alice, ela só precisou pegar um vestido emprestado com a Hellen. Afinal, suas roupas não tinham nada de helenas! Quanto a mim, o mais sensato a fazer foi vestir um vestido branco que eu tinha na bagagem e colocar um capuz por cima, para esconder o meu rosto, já que eu era tão parecida com a minha mãe e todos a conheciam.

A feira era minúscula e só havia no máximo umas quinze barraquinhas com pouquíssima variedade de coisas. Talvez um dia, aquela feira tivesse sido enorme, com dezenas de barracas abarrotadas de frutas, legumes e verduras e vendedores gritando de todos os lados oferecendo suas mercadorias, mas hoje, ela tinha a mesma monotonia dos Campos de Asfódelos, mas com menos pessoas, é claro. Fiquei tão distraída observando o lugar que, quando me dei conta, Alice, Jessie e Hellen haviam sumido do meu campo de visão. A ideia de as três terem sido sequestradas era absurda, já que Alice não ia se deixar ser sequestrada sem antes dar um grito histérico e uma bela surra em um dos sequestradores. Sem Hellen e Jessie para me guiar, eu me senti como um passarinho que havia acabado de se perder da sua mãe. Dei umas cinco voltas em toda a feira e não achei nenhum sinal delas. Comecei a me desesperar e no meio do meu desespero, eu sem querer esbarrei em uma garota que estava com várias sacolas de papel na mão. As sacolas caíram no chão e algumas frutas e legumes rolaram pelo solo.

    - Ah meus deuses, me desculpe! – eu disse abaixando-me para pegar as coisas que haviam caído no chão

A garota ficou me olhando curiosamente. De início, achei que era por causa do estranho capuz que eu usava, mas depois a garota disse:

    - Você não é daqui, não é?

Eu larguei um tomate dentro de uma sacola e olhei nos olhos prateados da garota.

    - Como sabe que não sou daqui? – eu perguntei curiosa

    - Ninguém em Hélade pede desculpas! – ela disse – De onde você é?

    - Sou da Terra. Meu nome é Lana. – eu disse e franzindo o cenho perguntei – Como assim ninguém pede desculpas?

    - Sou Samantha Nichols, mas pode me chamar de Sam. – a garota respondeu – É algo antigo esse negócio de não pedir desculpas. Não sei de onde isso surgiu, só sei que até hoje ainda é um costume nosso.

    - Acho que preciso aprender muita coisa então. Achei que Hélade era mais normal que a Terra.

    - Digo o mesmo. Agora... Como você chegou aqui?

    - Um amigo me trouxe. Vim ajudar uns parentes. Sou filha de uma helena e de um terráqueo. Um romance bem incomum. Escuta. Você por acaso viu uma garota de cabelos coloridos, uma garotinha de uns quatro anos e uma moça de cabelos amendoados passando por aqui?

    - Você quer dizer uma garota nova e as Rocco? Acabei de vê-las indo para a barraca de batatas do outro lado da feira.

    - Obrigada Sam! E desculpe novamente pelas sacolas que eu derrubei!

    - Tudo bem! Foi um prazer te conhecer!

Corri pela feira quase tropeçando no capuz que usava e consegui alcançar as meninas.

    - Quer me matar do coração, Lana? – Alice gritou assim que me viu – Nunca mais suma assim! Eu estava morrendo de preocupação!

    - Shhh! Calma! – eu disse – Eu me perdi por alguns minutos, mas agora eu estou de volta!

Alice deu um soquinho no meu braço e nós voltamos para a casa dos Rocco.

                                                ...

Eu estava brincando com a Jessie quando a campainha tocou. Jessie disparou na minha frente e gritou:

    - Deixa que eu atendo!

Eu fui atrás dela e quando ela abriu a porta, eu me deparei com uma garota ruiva de cabelos lisos até os ombros e olhos prateados. Ela vestia uma saia cuja cintura batia um pouco abaixo do seu peito, uma camisa de mangas, branca e botas de cavalaria. Em seu ombro, estava pendurada uma bolsa de couro marrom e a barra de sua saia e a sola de seu sapato estavam sujos de lama.

    - Sam! Que saudade! – Jessie disse abraçando a garota

Sam acariciou o cabelo da Jessie e levantou o olhar fitando-me por um tempo.

    - Ah! Essa é a Lana! Minha nova amiga! Lana, essa é a Sam! – Jessie disse arrastando a Sam para perto de mim

    - Ah sim! A garota da feira! Sabia que te conhecia de algum lugar! – Sam disse – E aí? Já conheceu o chato do William?

    - Ainda não. Mas ele parece ser legal! Você diz que ele é chato por ser serva de Ártemis. – eu disse

    - O que? – Sam disse meio pálida – Como você sabe disse?

    - É elementar minha cara Sam! Você é ruiva e tem olhos prateados. E as manchas de lama na sua roupa indicam que você estava cavalgando ou fazendo uma tour pela floresta.

    - Ótima dedução Sherlock Holmes! Minha vez! Julgando pelo seu visual, deduzo que você é uma terráquea de classe média que veio a Hélade para ajudar a sua família.

    - É elementar meu caro Watson! Eu lhe disse isso há uma hora! Mas eu não disse a você que o deus a quem eu sirvo, é irmão gêmeo da sua deusa.

    - Você é de Apolo? Mas... Como? Nem helena você é!

    - Eu sigo o caminho da minha mãe. Meus poderes e a minha aparência me indicam como serva de Apolo.

    - Nossa! Falando assim é bem lógico!

    - Se você sabe de quem a pessoa é serva pela aparência, de quem eu sou Lana? – Jessie perguntou desafiadoramente

    - Bom... Os cabelos castanhos, os olhos acinzentados e a sua inteligência não deixam dúvida! Você é serva de Atena, Jessie! A deusa da sabedoria e da estratégia! – eu disse

    - A Jessie é de Atena? – Hellen e Daniel disseram juntos aparecendo do nada

    - Exato!

O Sr. Rocco apareceu alguns minutos depois com o Igor no colo e perguntou:

    - E o Igor? É de quem?

    - Olhos verdes, cabelos negros... Igor é de Poseidon. Deus dos mares e dos terremotos. Criador dos cavalos e fundador da cidade de Atlântida. – eu respondi

    - Sou servo de Poseidon? Maneiro! – Igor disse

    - Ahn... Desculpe atrapalhar, mas... Seu George, Seu Daniel, será que vocês poderiam me ajudar com uma coisa? – Sam pediu

    - Claro Sam! Diga o que é! – o Sr. Rocco disse

    - É que eu estava treinando a minha mira ainda agora e acho que as minhas flechas não resistiram. – Sam disse tirando uma flecha destruída de dentro da bolsa e mostrando-a – O senhor poderia fazer algumas novas para mim?

    - Claro! Prata, ouro imperial ou bronze celestial? – Daniel perguntou

    - Prata é claro! Meu metal preferido!

    - Cedro, mogno ou carvalho?

    - Mogno! É mais resistente.

    - Vem comigo! 10 flechas em 15 minutos. Vai esperar?

    - Claro! Lana vem com a gente!

Eu desci com Sam, Daniel e o Sr. Rocco por uma plataforma móvel e me deparei com uma grande forja. Alice estava lá embaixo com o meu tio e juntos eles observavam atentamente a lâmina de uma espada de ouro imperial recém-forjada. Quando me viu, Alice veio correndo na minha direção.

    - Você não imagina a quantidade de armas que tem aqui dentro! – ela disse

    - Estou vendo! Bom... Alice, esta é a Sam. Sam, esta é a Alice, minha prima! – eu disse apresentando-as

    - Também é terráquea? A julgar pelos cabelos... – Sam começou

    - Sou helena. Mas fui criada lá na Terra desde os três anos. – Alice disse interrompendo-a

    - Mas por que o cabelo colorido?

    - Algumas pessoas lá na Terra acham isso bonito e eu queria ser diferente, sabe? Me destacar um pouco!

    - Eu sei como é isso! Por isso esse tipo de roupa. Não gosto muito de usar túnica!

    - Sua roupa é maneira! Amei as botas!

    - Obrigada... Acho!

As duas ficaram trocando elogios até que Daniel trouxe as flechas da Sam. Como ele havia prometido, ele as fez em 15 minutos. Sam lhe deu um saquinho com alguns dracmas, agradeceu-lhe e perguntou se eu e Alice queríamos passear um pouco e conhecer melhor o planeta. A resposta é claro, foi positiva e ela nos mostrou tudo o que havia na pequena vila e na floresta e nós terminamos o dia treinando arco e flecha. Agora sei porque minha mãe tinha saudades desse lugar! Hélade é incrível!


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam?