Eu acordei na sexta com uma voz familiar, mas que eu não ouvia há uns dois ou mais meses. Não podia ser ele, podia? Aqui na minha casa.

Mas sim, minhas suspeitas foram confirmadas: Draco Malfoy conversava com minha mãe na sala de estar.

- Ora, mas veja quem apareceu. – disse minha mãe com um sorriso. Draco também sorria, mas de um jeito completamente diferente e malicioso, enquanto encarava minhas nuas pernas por debaixo da curta camisola. A mesma que eu usava ano passado quando o vi pela primeira vez.

- Bom dia, senhorita Terrence.

- Bom dia, professor Malfoy.

Quanto tempo fazia desde que o vira pela última vez? Porque eu não me lembro de sentir atração por ele. Mas que gostoso... Certo, isso é errado.

- Serena, querida. – disse minha mãe, que não parecia ter notado o quanto eu estava corada – arrume-se. Segunda você volta para Hogwarts, e o professor Malfoy vai comprar seus materiais com você enquanto isso. Vocês vão ficar no Caldeirão Furado.

Tudo que eu pude pensar foi no quanto eu estava com saudades de tudo isso. Hogwarts. Caldeirão furado. Aulas de Magia. Beco diagonal. Tudo.

Eu recebi, durante as férias, uma carta de Draco, uma de Gerald, duas de Tiago, quatro de Gabrielle, e umas 381904894301 de Alvo. Mesmo assim estou com saudades.

Então mal minha mãe falou e eu já estava com as malas feitas e Lullaby, minha coruja negra com uma mancha branca, na mão. Nem me incomodei com a horrível sensação de ser puxada por um gancho em meu umbigo. Nada importava.

E lá estava eu. Beco diagonal. Comprando uma ou outra coisinha que faltava da lista de materiais. Meu uniforme ainda servia, é claro.

Eu fiquei levemente decepcionada com o fato de eu não ter encontrado ninguém comprando suas coisas por aí, o que eu achei que ia acontecer. Mas não tinha problema, pois em algumas horas eu encontraria com todo mundo na estação King’s Cross.

Provavelmente os quase dois dias mais longos da minha vida. Eu acho que nunca fiquei tão ansiosa. Mas o que tardou a acontecer, finalmente chegou: O expresso de Hogwarts. Eu mal atravessei a coluna que dava na estação 9 ¾ e já dei de cara com Gabrielle.

- SERENAAA! Cara, que saudades de você! A gente já estava louco te procurando. – disse ela com uma voz animada enquanto nos abraçávamos. Ela me levou até Tiago, Gerald e Alvo.

Foi definitivamente um momento de troca de carinhos. Abraço em grupo, alguns beijos com Alvo (só alguns, para não deixar Tiago mal). A gente logo entrou no trem e comprou sapos de chocolate. Os outros compraram outras coisas também, mas eu não gosto muito de feijõezinhos de todos os sabores nem nada do tipo.

Pouco antes de o trem partir, um garoto bonito bateu à porta do nosso vagão.

- Err... oi! Eu sou o Luke Adams. Tem problema se eu sentar aqui? – certo. Sem segundas intenções, quer dizer, eu tenho um namorado, mas não pude deixar de notar o quanto ele era bonito. Seus cabelos escuros destacavam ainda mais seus bonitos e profundos olhos azuis. E era extremamente atlético, e qualquer garota pararia para admirá-lo naquela camiseta de mangas compridas arregaçadas na altura do cotovelo.

- Não, pode sentar. – disse ao perceber que ninguém tinha dito nada. Ella também o achou bonito, claramente, mas os garotos se incomodaram com ele lá, principalmente Tiago. O braço de Alvo logo passou ao redor de minha cintura, e o mesmo aconteceu com Gerald e Gabrielle.

- Prazer. Eu sou Alvo, esse é o Tiago, Gerald, Serena e Gabrielle. Está no sexto ano? Aluno novo?

- Isso mesmo. Alvo e Tiago Potter? – perguntou ele impressionado.

- É. – respondeu brevemente Tiago. – seus pais são bruxos?

- Ah, não. Sou nascido trouxa, mas ouvi falar de vocês e do seu pai.

A grande verdade, é que, quando chegamos a Hogwarts, Luke já tinha conquistado a simpatia de todos nós, inclusive os garotos. Ele era incrivelmente gentil e simpático.

E o chapéu seletor deu-lhe a honra de ser da grifinória. Agora, durante o jantar, quase todas as garotas da escola não tiravam os olhos dele.

- Você viu como as garotas olham para ele? – perguntou Alvo, quando estávamos sentados no salão comunal e a maioria das pessoas já fora dormir.

- Pois é... – concordou Tiago, meio ausente.

- Ah, qual é. Vocês não podem negar que o garoto é bonito. – argumentei.

- Bom, mas pelo menos discretas elas podiam ser. Olham para ele como se fosse carne. – comentou Tiago, incomodado com a concorrência, acho.

- É, bom, e não é assim que elas olham para você?

- Não é a mesma coisa. – disse ele.

- Thi, acho que ele vai ser pegador que nem você. O visual para isso ele já tem. – disse Alvo.

- Parem de falar besteira, eu vou dormir, amanhã vai ser um longo dia. – saiu estressado em direção aos quartos dos garotos.

- Acho que ele está com medo de perder as garotas. – disse Alvo.

- Eu que o diga. – beijei seus lábios com vontade, agora que erámos os únicos no salão comunal. – tomara que tenhamos várias aulas juntos. Senti saudades.

- Eu também. – ele acariciou meu cabelo enquanto eu sentia o seu delicioso e insubstituível perfume de hortelã com lírios. Não mais o vestígio do aroma deixado nas cartas que ele me mandava, mas o cheiro de verdade, a pessoa de verdade, um abraço de verdade.

Como eu senti saudades disso.

- Prometa que vamos passar um tempo no lado negro amanhã. – pedi. Minhas memórias mais especiais se passaram na relva úmida ao lado do lago. É um lugar incrível. Saudades de lá.

- Claro, Se. – Ele sorriu, com os olhos brilhantes. – mas agora vamos dormir um pouco para conseguirmos acordar amanhã, certo?

- Claro. Bons sonhos.

- Para você também. – Al deu um único e delicioso beijo em minha orelha, e ao entrar em meu dormitório, observei as brilhantes estrelas de Hogwarts e tive uma ótima noite de sono.