As palavras ditas por Elena ecoaram pelos pensamentos de Caroline.

Naquele instante, o vento parecia estar mais agitado, pois as árvores tremiam e as chamas da tocha central falhavam.

Lágrimas começaram a brotar dos olhos de Caroline. Elas escorreram por seu rosto que possuía uma expressão confusa.

- Matou? – perguntou Caroline. Neste instante era possível ver as chamas da tocha sendo refletidas em seus olhos.

Elena engoliu o seco e não respondeu.

Aquele silêncio fez com que Caroline começasse a chorar desesperadamente. Ela entendera perfeitamente o que o silêncio de Elena significara.

Tentando de alguma forma conter as lágrimas, ela elevou as mãos aos olhos.

Bonnie continuava de pé, chorando com a cabeça baixa e com as mãos entre os joelhos.

Caroline a fitou e seu ondulado cabelo loiro cobria seu olho esquerdo.

- Me diz que isso é só uma brincadeira, Bonnie! – disse Caroline ao elevar o tom da voz, tornando – a agressiva. – Por favor, FALE! – gritou ela por fim ao cair de joelhos, chorando por uma dor maligna que atingira seu coração. A dor da perda.

Bonnie não respondeu e as lágrimas passaram a cair mais compulsivamente de seus olhos.

- Me diz! – gritou Caroline – Vamos, me d...iz!

A voz de Caroline falhou na última frase. Ela não conseguia mais falar. Ela soluçava e chorava de uma forma que era possível sentir a dor de sua alma.

Bonnie engoliu o seco e ainda chorando, respondeu:

- Sim, eu o matei, Caroline.

Ao ouvir aquelas palavras, a dor de Caroline foi substituída repentinamente pelo ódio. Ela rangeu os dentes de uma forma feroz e de repente, suas presas foram reveladas. Os olhos dela brilhavam sedentos por sangue e seu lado animal, seu verdadeiro eu, estava livre.

Como uma leoa, ela saltou em direção a Bonnie.

Bonnie ficou parada, olhando a besta sanguinária se aproximar rapidamente.

“Eu mereço”, pensou ela, “Eu mereço ser morta.”

Caroline a socou e Bonnie caiu alguns metros a sua frente.

Quando se levantou, ela cuspia sangue.

Ainda insana, Caroline rugiu mais uma vez e correu até Bonnie.

Caroline planejava matá – la, mas seu instinto foi interceptado por um grito de desespero  que ecoou por sua alma, fazendo com que ela voltasse a ser a Caroline. A doce e bondosa Caroline.

- NÃO! – gritou Elena.

Caroline parou instantaneamente e a expressão demoníaca em seu rosto sumiu. Bonnie ainda cuspia sangue.

Por um instante, a imagem da avó veio até os pensamentos de Bonnie.

“Como eu pensei em desistir de você? Como?”, pensou ela.

Com o vento batendo em seu rosto, Bonnie levantou a cabeça.

Eu não vou fraquejar dessa vez.

O olhar dela era firme.

Bonnie deu dois passos para frente.

 - É melhor você se afastar, Caroline. – disse ela ao olha- la diretamente nos olhos – É melhor você voltar para o seu círculo.

Caroline não se moveu. Simplesmente olhou para Bonnie, desafiando – a.

 - Não queira que eu te force a chegar lá. – disse Bonnie com um tom de voz autoritário.

Caroline olhou para baixo e respirou fundo. Logo em seguida, ela levantou a cabeça com um falso sorriso.

 - Vamos, leve – me até lá. O que mais você vai tirar de mim? – Os olhos de Caroline se encheram de lágrimas assim que ela disse tais palavras. – Você matou a primeira pessoa que fez com que eu me sentisse amada, Bonnie. Como você pôde fazer isso comigo? Eu achei que a nossa amizade significava algo pra você. – Caroline olhava para Bonnie com uma expressão de decepção, as lágrimas escorriam de seus olhos de forma continua.

Ao ouvir aquilo, Bonnie começou a chorar mais uma vez, porém, vencendo seus sentimentos, ela se conteve.

- Eu te disse pra voltar, Caroline.

Caroline permaneceu parada, a olhando nos olhos.

Bonnie respirou fundo.

Ledrion, Amisor, Euchey, gritou ela.

De repente, uma espécie de redemoinho arrastou Caroline até o círculo.

O vento agora parecia ter parado, mas ainda era possível ouvir o barulho dele batendo nas folhas e na chama da tocha, que agora se movia lentamente.

- Ao menos me explique porque você fez tudo isso. Eu mereço uma explicação. – Caroline a fitava com uma expressão confusa.

Bonnie bufou e olhou para baixo. Elena a fitava curiosa e com medo de se magoar ainda mais com a resposta. Nervosa, Bonnie prosseguiu:

 - Tudo começou mais ou menos assim...