A aula acabou e logo veio a Flávia na minha direção me atacando com uma metralhadora verbal e munição infinita. E que comece a bajulação. "Flávia, minha querida amiga do peito, linda, inteligente, poderia fingir que é minha namorada só por hoje? Te imploro de joelhos. Depois a gente pode fingir que terminou ou alguma coisa assim. Só hoje." E ela disse: "Porra, me avisa antes de sair falando essas coisas pra todo mundo. Hoje eu vou lá, mas depois você inventa uma desculpa e diz que a gente terminou seu viado." Acreditem ou não esse foi outro quase-surto-de-fangirl, nem sei porquê. Encontramos o casal feliz nos portões do colégio e fomos até o shopping. A localização desse shopping era muito conveniente pra falar a verdade, ficava bem perto da escola, então qualquer pessoa que quisesse matar aula podia ir até lá. Chegamos no shopping, fomos até a praça de alimentação, pegamos comida, e arrumamos uma mesa. Logo que sentamos o guri mais-bonito-do-que-eu começou a lançar perguntas mais rápido do que mulher correndo quando sabe que vai ter liquidação na loja favorita dela. "Como vocês se conheceram?" "Como foi o primeiro beijo de vocês?" "Vocês pretendem se casar?" "Querem ter filhos?" "Se beijam quantas vezes a cada 3,7 horas?" ARGH QUE IRRITANTE. Juro que não entendi como uma menina legal como ela podia namorar um cara com uma mente tão limitada e idiota como ele.

–---Momento Filosófico Fail do Dia----

As pessoas de hoje em dia se preocupam mais com a estética do que com o conteúdo. Não to falando que eu não sou assim, porque eu sou mais ou menos assim mesmo. Mas não sou trouxa pra namorar uma menina linda e maravilhosa, mas burra, imbecil e leiga em qualquer assunto que a gente tente conversar com ela. Mas se pessoas assim existem é por uma razão: Os supermercados precisam de caixas e os shoppings precisam de seguranças.

Enfim, fomos inventando nossa vida, e claro, fazendo ela mais interessante. Porque é assim que funciona. Deal with it. Nos conhecemos na internet, nosso primeiro beijo foi na chuva, e fomos falando coisas que vimos em filmes interessantes. Ou não, alguns são entediantes pra caramba. Mas o papo foi indo, terminamos de comer, e aquele menino continuava me cutucando no fundo da alma com as coisas idiotas que ele falava. "Esse lanche do McDonald's é tão bom que acho que usaram carne boavina aqui HAHAHAHAHA" E eu querendo meter a voadora na cara dele. Uma certa hora eu me cansei dele, peguei meu celular e ativei a ligação falsa. Atendi a ligação falsa e fingi que era meu pai pedindo pra eu ir pra casa. Disse tchau pro casal superficial, e saí com a Flávia do shopping. "Finalmente essa tortura acabou, ah que alegria e-" Derrepente meus pensamentos foram interrompidos pelo menino mais-bonito-do-que-eu dizendo que eles queriam nos acompanhar de volta até a escola. Tentei dispensar eles, mas não gosto de dar uma de chato. Não que eu seja falso, é mais uma questão de educação mesmo.

Enfim, eles nos acompanharam até o colégio. O guri foi falando o caminho inteiro. Eu nem tava prestando atenção, só ficava concordando com a cabeça, dando umas risadas convenientes e falando "Hm". Olhei pro lado e vi a Flávia e a namorada dele conversando. E elas estavam se dando bem pra falar a verdade. Bem até demais. Foi meio suspeito. Mas elas pareciam felizes, rindo, contando coisas. Chegamos no colégio, nos despedimos e eu fui andando pra casa. Cheguei em casa, peguei o telefone e liguei pra Flávia imediatamente. "E aí, o que a gente vai fazer agora?" "Ah, a gente fala que teve uma discussão, que não ia mais dar certo, e a gente terminou.". "Ok ok, daqui a uns 2 dias eu falo isso pra ela" E aquela vontade de perguntar sobre o que elas estavam conversando coçando nos meus pensamentos. Sem enrolar muito perguntei pra ela qual era o motivo de tantas risadas e alegria. "Conversa de mulher, não vai te interessar". "Mas me conta só o assun-" Pronto, desligou na minha cara. O bom era que tudo estava indo de acordo com o "plano" né...