Complete escrita por helloimrs


Capítulo 7
Capítulo 7




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Minho começou a sair do carro quando chegamos ao hospital, mas o impedi, segurando sua mão. Ele olhou para nossas mãos e eu as separei rapidamente.

— Você está louco? — perguntei — Não podemos ser vistos juntos.

— Não se preocupe — disse ele, rígido —. Meu tio trabalha aqui. Ele pode nos ajudar e te levar para lá sem ninguém ver.

Dito isso, ele saiu do carro. A mão que tocou nele estava formigando e senti um arrepio percorrer meu corpo. Lembrei-me da sensação de segurar a mão dele e me bateu uma saudade imensa. Ficar longe dele por tanto tempo foi a coisa mais difícil que já fiz. Tinha que ser tão difícil? Só por que éramos ídolos, não podíamos amar? Depois de tanto tempo escondendo nossos sentimentos um pelo outro, conseguimos ficar juntos, mas nossas vidas impediam nossa felicidade. Talvez fosse melhor assim, mas eu sentia a falta dele. Sentia muita falta dele.

A porta ao meu lado se abriu e, em silêncio, um médico e mais duas enfermeiras ajudaram-me a sair do carro e me levaram a um quarto. O médico começou a fazer alguns exames rapidamente. Deixou minha perna engessada e saiu do quarto, voltando poucos minutos depois com Minho.

— Yuri-ssi — começou ele —, você fraturou o osso da perna. Terá que ficar algum tempo em repouso aqui — ele olhou para Minho sugestivamente.

— Deixa comigo — disse ele com um tom de voz quase inaudível.

O médico saiu da sala, deixando-nos sozinhos.

— “Deixa comigo” o que? — perguntei desconfiada.

— O que você faria se tivesse que desistir da sua carreira? — perguntou ele.

— O que você quer dizer com isso? — perguntei, entrando em desespero.

— Yuri — hesitou ele —, eu não sei como começar...

— Não me enrole, Choi Minho — quase gritei.

— Seu osso quebrado pegou um nervo importante da perna — começou ele —. Será difícil pra você conseguir voltar a dançar. Com tratamento, talvez se recupere totalmente da lesão, mas tem grande possibilidade de não conseguir.

Eu olhei para ele e não conseguia acreditar.

— Você está brincando comigo? — perguntei séria. Comecei a sentir meus olhos úmidos e minha vista começou a embaçar.

— Sinto muito — disse ele, baixo.

— Sente muito? — perguntei — Você não sabe de nada! Sabe o que é ter que levar uma bomba dessa justo agora? Sabe o que é acabar de saber que tem uma grande possibilidade de você perder tudo o que tem? Que pode acabar perdendo tudo o que mais ama? De deixar seus melhores amigos na mão?

Olhei para baixo e não me segurei mais. Chorei tudo o que tinha pra chorar. Sabe o que é ter acumulado tanto sentimento dentro de você por tanto tempo que acaba te sufocando? Eu estava assim. Sentia uma falta imensa de Minho, temia por não conseguir protegê-lo. Tinha medo de causar danos nas carreiras de meus amigos por um mero capricho meu. E, para completar, talvez eu tivesse que desistir de tudo. Maldito sofá, maldita perna! Eu não conseguia mais arranjar palavras pra a tremenda agonia que reinava em mim.

Senti dois braços me envolvendo e o cheiro do perfume de Minho penetrou em mim. Sobressaltada, afastei-me dele.

— Desculpe, eu só... — começou ele.

— Não precisa se preocupar — interrompi-o —. Só preciso de um tempo pra pensar.

Deitei e me cobri com o cobertor. Eu precisava de um tempo, só de um tempo. Fechei os olhos e, quando os abri de novo, havia se passado duas horas.

— Olá, dorminhoca — disse Minho. Senti meu estômago revirar. Isso me lembrou o bilhete que ele havia deixado para mim em nosso último dia juntos.

Sorri fraco e sentei-me na cama. Eu precisava perguntar uma coisa a ele, mesmo já tendo uma breve ideia da resposta.

— Minho — chamei. Ele olhou —, o que você faria se por sua causa seus amigos fossem prejudicados?

— Você não vai prejudicar as meninas por causa disso.

— O que você faria? — insisti.

— Yuri, elas te entenderão. Não foi culpa sua.

— Não estou falando disso. Se, por algum capricho seu, você acabasse prejudicando os outros a sua volta. O que você faria?

— Se for pra prejudicar os outros a minha volta, principalmente meus amigos, então eu não faria. Quando eles estão bem, eu também estou, então não permitiria que nada de ruim acontecesse a eles — respondeu ele —. Mas por que essa pergunta?

— Só... curiosidade.

Ele olhou desconfiado, mas não questionou.

— Já que agora está fazendo perguntas só por curiosidade, então vou fazer uma também — disse ele —. Por que me ignorou assim de repente? Sei que deve ter um motivo muito grande, mas você não acha que eu tenho o direito de saber?

— Sinto muito — imitei-o.

— Sente muito pelo que? — perguntou ele.

— Assim é melhor tanto para mim, quanto pra você. Acredite.

— Como acreditar se você não quer falar?

Respirei fundo e pensei antes de responder. Era melhor voltar a ser ignorante. Ele não queria prejudicar nossos amigos por um ato egoísta nosso. Então eu não podia permitir que isso acontecesse.

— O que está no passado, permanece no passado, Minho-ssi — respondi —. Simplesmente acabou.

— Acabou o que? — perguntou ele, bravo — Como nosso relacionamento pode ter acabado desse jeito?

— Estou falando do meu sentimento por você. Simplesmente acabou — repeti —. Sim, eu sou uma covarde por não ter falado cara a cara. Então optei por te deixar saber assim. Eu gosto do Doojoon-oppa. É isso.

— Se é realmente assim, então por que ele disse que você tinha muita coisa pra falar pra mim?

— Tinha mesmo. Estava pensando em te explicar com mais calma, mas como você foi direto, não precisei enrolar e fui direta também.

Ele olhou para mim. Havia chamas em seus olhos e, ao mesmo tempo, uma expressão de dúvida e dor. Ele pegou o celular em seu bolso e discou um número.

— Pode entrar — disse Minho —. Ao que parece não era algo muito importante o que sua namorada queria me dizer. Eu já estou indo para que vocês possam ficar sozinhos.

Ele desligou o celular e saiu do quarto sem se despedir.

— Pelo jeito você discutiu com ele para afastá-lo de novo? — perguntou Doojoon quando entrou no quarto. Sorri fraco pra ele, sentindo meus olhos lacrimejarem de novo. Ele se sentou à minha frente e enxugou minhas lágrimas — Calma, Yuri. Tudo vai dar certo.

— Nada parece estar dando certo, oppa — respondi.

— Sei que pode ser difícil pra você a partir de agora. Mas Minho disse que, com o tratamento, você pode voltar ao normal.

— Mas a possibilidade de eu não voltar é maior.

— Pára de ser pessimista — disse ele —. Você tem que pensar positivo e melhorar. As meninas estão esperando por você.

— Elas estão ai? — perguntei, empolgada.

— Elas não vão poder vir. Você só vai passar a noite aqui e amanhã de manhã te levarei à SM. Ao que parece, vocês da SM terão uma viagem.

— Viagem pra onde?

— Uma pousada nas montanhas — respondeu ele —. Passarão uns dois dias lá. Presente da sua empresa.

Senti meus olhos brilharem e a empolgação crescendo em mim.

— Quando?

— Amanhã mesmo. As meninas levarão seus pertences direto pra lá e vocês já irão pra pousada.

— Mas e minha perna? — perguntei.

— Você não vai poder acompanhar todos, mas só de ir pra lá já ajuda a relaxar, mesmo ficando de molho o dia inteiro — ele riu —. Acredite. Aquele lugar é lindo.

— E o tratamento?

— Você precisa relaxar primeiro, Yuri — disse ele —. Relaxa um pouco. Sua perna vai ficar boa.

Olhei para ele, desconfiada. Mas ele acabou mudando de assunto e me obrigou dormir pouco tempo depois. Acabei obedecendo. Estava tão cansada que acabei adormecendo na hora.


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