“-COCORICÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓ”!

“-ARRI, mas qui galo mais mequetrefe!”

“-Araaa, ocê já mora aqui vai fazê uns dez anos i ainda num si acustumou?”

“-Como vô mi acustuma si o galinheiro é aqui du ladu da minha janela?”

“-Arri, tu pára de palhaçada e anda logo por modo de qui amanhã é dia de rodeio e quero ver minha gatinha!”

“-ÔÔÔXE, por mim tu pode ver gatinha, vaquinha, gazelinha, inté urubu. Meu trabaio eu faço bem e num precisa de ninguém me controlando.”

“- É, já vi qui hoje alguém acurdou cá macaca. Tô indu.”

“-Hum, inté parece. Acurdei cum a macaca? Acurdei foi cum a macacada toda. Diaxo!”

“-I ocê qui tá lendo aí? Tá me imaginando é? Pois me apresento, muito prazer, meu nome é Eduard Masen da Silva, sabe cumé? Como bom brasileiro pertenço a família Silva. Tô sentado carçando minhas botas. Já deu pra imaginar como sou? A tá, é claro que isqueci de mi descrever. Eu sou bem alto, nem muito gordo e nem muito magro, sabe cumé? ”

“-Intão , meus olhos são verdes e meu cabelo é meio vermelho. Por isso quando mais novo me chamavam de pica-pau. Quem me butou este apelido foi aquele muquirana que eu tava falando agora pouco. Aquele qui tava aqui num se alembra? Ixi tu tá isquecido heim? Cumeu queijo? Minha vó dizia que quem come queijo é esquecido. Ai ai, minha vó tem cada uma.”

“ -Mas vortando ao assunto, aquele que tava comigo é o Emmet ;ele é meu primo e irmão gêmeo da minha outra prima, a cotoco. Quem é cotoco? É a Alice irmã gêmea do grandão vocês num tão prestando atenção não?Eu heim, ocês tão durmindo? ACORDA! Mas ocês tem que ver a diferença,um é grande que nem um edifício e a outra é menor que uma formiga. Mas o que falta no tamanho tem de sobra na língua; ô minina linguaruda!”

“ -Ah o quê? Tá bom; pode deixar que ocês vão conhecer ela, eu apresento quando ela aparecer. Eu sei que ocês num devem ter percebido mas eu sou do interior. Eu sei, eu sei que se eu num falasse ocês num iam nem perceber ,mas sabe cumé? Eu tenho muito orgulho da minha terrinha. Ô lugar bom sô. Ocês num conhece? Ah mais vá lá um dia, ocês vão amar. Aquela farinha d’água com macaxeira...hum dá até água na boca. Eu vim pra cá pro modo de trabaiar e agora já faz uns dez anos que moro aqui; o grandão e a cotoco ficam me torrando a paciência dizendo que não perdi o sotaque; e nem quero , mas nem tenho muito num é mesmo? E aqui também é interior se eu tenho sotaque eles também tem. Mais vortando ao assunto eu vim trabaiar com meu tio por modo de que lá no interior não tem trabaio apesar que aqui também é interior mas di onde venho é interior demaaaaaais rapaz, num sabe?”

“- Meu tio ganhou um tal prêmio num sorteio e coitado, o prêmio foi dividido pra mais de dez pessoas. O que era um mundão de dinheiro diminuiu e meu tio pegou sua parte e comprou esse pedacinho de terra, mas o homem tem sorte, ô mão boa sô. Começou a trabaiar a terra de modo que plantou aqui, colheu ali e hoje ele tem um pedação de terra e nós ajudamos ele, eu e meus primos.”

“-Somos a maior fazenda produtora de leite da região e abastecemos duas cidades vizinhas. Qual o nome do nosso leite? É leite da vaquinha marron, você já tomou? Não? Ah mais vai pode deixar que logo vamos distribuir leite ai na sua cidade. E sabe, num tenho do que reclamar. A vida aqui é boa; tenho minha cama quentinha, minha família, to guardando meu dinheirinho....”

“-O quê, num intendi? Se eu tenho namorada? Mas tu é curioso heim? Arri égua! Mas vou te responder.”

“-TINHA, EU TINHA E NUM QUERO MAIS FALÁ DISSO. O QUÊ? SE EU TÔ NERVOSO? AAAARE. CHEGA TÚ TÁ QUERENDO SABER DE MAIS. DEIXA EU TRABAIAR.”

“ COCORICÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓ!”

“-Ô galo mardito. Ainda boto na minha panela! Ô se boto..... INTÉ.”