Eram quatro da manhã, e Fred ainda não tinha ido dormir pois esperava angustiado sua mulher chegar. Já fazia quatro meses que ele tinha tomado consciência que ela o traia, e era aonde ele chegava a explodir quando a abraçava e sentia o cheiro do outro.  A loira é dona do restaurante mais prestigiado do estado, e seu chef se chama Jonny é o tal amante. Tudo começou com a falta de tempo do Fred, que com três anos conseguiu alcançar grandes empresas de tecnologia e, hoje já tem dinheiro e prestígio suficiente para a vida toda. Com os negócios crescendo e adquerindo a cada dia mais a popularidade da sua marca.O sucesso profissional de ambos é excelente, porém, sentimentalmente não eram os mesmos. Samantha queria o divórcio e Fred está desesperado para reconquistá-la. Na sala de estar da mansão do casal, estava em completo silêncio quando Sam chegou. Tudo que seu marido fazia, era fitá-la. 

- Ainda acordado? - Disse ao levantar a cabeça e deixar transparecer marcas vermelhas pelo seu pescoço. 

- Você se lembra?- Fred sussurrou, fitando agora o chão. - A primeira vez que nossa briga terminou em sexo? Se é que foi realmente uma briga.

- Não vou ir pra cama com você. - A voz que costumava ser doce, agora é seca e carregada de magoa.

- Você disse que iria me amar por toda vida e que jamais se arrependeria. - Fred se levantou com os olhos cheios de lágrimas. - Mas se arrependeu. - Ele observou bem a sua esposa e não estranhou as marcas avermelhadas no pescoço da mesma. 

- Vá dormir Fred. Não quero ouvir mais suas múrmurias.

 - Ele pode te ter, mais você é minha mulher. - Uma risada forçada preencheu a sala.

- Faça me rir. Sou sua mulher só no papel, você realmente acha tão importante ser sua no papel? - Ela suspirou. - Você deveria aceitar o divórcio e achar alguém pra si. 

Samantha saiu andando para o quarto do casal resmungando algo. Quase todas as noites tinham virado rotina de adquirir novos machucados. Sam não demonstrava mas se sentia a cada dia mais culpada pela sua infidelidade. O dia se iniciou sem encontros, Sam sempre saia mais cedo que seu marido. 

- Qual é o nome do paciente? - Uma jovem recepcionista perguntava.

- Tom. Ele fica no andar superior...  - Disse Fred, que logo seguiu para o segundo e último andar do asilo. Desde que ele conseguiu estabilidade financeira colocou o avô ali, e sempre o visitava. Gastava muito do seu dinheiro todo mês e a cada fim de ano proporcionava pequenas viajens com o avô. Sam gostava do que Fred fazia, tanto é que se tornou um valor muito admirável. Bateu na porta levemente e logo uma enfermeira abriu a porta, sorrindo.

- Senhor Benson, demorou dessa vez. - A voz doce ecoou pelo quarto. - É, problemas. Mas estou aqui.

- sorriu Fred, e já se dirigiu para dentro da Suíte de luxo do avô.

  -Pode dar licença, Maria? - A voz grave do seu avô foi gentil. A enfermeira assentiu.

 - Como você está essa manhã, vovô? - Fred forçava uma voz calma. 

- Chame minha Flor, por favor.

 - Eu já disse que a vovó não está entre nós.- A voz foi embargada de tristeza e saudade.

 Fred se sentou no sofá branco que se posicionava perto da janela, onde seu avô estava.  Os olhos do velho homem começaram a lagrimejar, ao encontrar os olhos de seu neto.

 - Ela adorava tulipas.  Me lembro bem, como se fosse ontem, a Flor com vestido de lavanda com rendas e o cabelo em coque. Ela era jovem, Fred. Era linda. Por volta da sua idade, eu carregava esse mesmo olhar, que hoje você carrega.  - Tom sorriu suavemente. - Eu tinha a perdido, mesmo a encontrando na sala ou na cozinha. Quando a vi com outro, decide lutar por ela do mesmo jeito que a conquistei... Sendo um bom homem humilde. 

- Tom, quem andou te visitando? - Fred disse calmamente. Pois, somente Brad visitava seu avô sempre que podia, ou seja, toda semana.

 - Meu neto. - Sorriu Tom ao se levantar caminhou lentamente para um armário. Freddie não estranhou por ele chamá-lo de neto, pois era como um para Tom e com certeza, um irmão para ele.

- Brad tem dito sobre você e Samantha. - O homem de 89 anos, com um pouco de dificuldade abriu a primeira gaveta e retirou de lá um caderno antigo. E estendeu para Freddie, mas não foi suficiente para que ele pegasse. Então Freddie se levantou para alcançar o livro. 

- O que é isso?- Olhou bem para a capa do caderno onde se destacava o nome Flor, com desenhos de tulipas em volta.

 - É sua chance de reconquistar sua mulher. - Com sorriso fraco, se sentou no sofá aonde estava e contou ao neto como desenvolveu as 40 formas para demonstrar a falecida mulher o quanto ele a amava.