58 Edição Dos Jogos Vorazes escrita por MaysileeDonner


Capítulo 4
Insegurança




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/216893/chapter/4

Esta noite foi realmente diferente das anteriores. Em meus sonhos não faltaram em momento algum Ebert. Confesso que até agora não consigo parar de pensar na seguinte frase : “eu a amava.” Isso mecheu demais comigo. Mas como minha mãe pôde trair meu pai desta maneira? Ou ela não traiu , só se encontrava com ele , mas para mim , isso é traição.

Estou confusa, minha mente está como um redemuinho girando sem parar, de um lado para outro , o que eu mais precisava neste momento seria ficar deitada, não sair debaixo dessas macias cobertas que até ontem estavam encharcadas de lágrimas, porém, não posso me esquecer de que ainda estou aqui , presa a este cordel sem fim, em que daqui a alguns dias saíremos e entraremos em uma verdadeira jaula, com tigres famintos, necessitados de sangue, e muitos, maiores que eu , os outros tributos.

Fluw bate na porta. Sei que é ela pois seu modo exagerado de me acordar é sempre o mesmo. Me levanto e pego ao lado de minha cama um vestido branco com uma faixa azul clara amarada na cintura, e percebo que esta até ontem não estava aqui, mas não faço cerimônia, coloco-o rapidamente, escovo os dentes e penteio meus cabelos.

Quando finalmente estou pronta, abro a porta e lá está não somente Fluw, mas também Pitter. Pitter, meu melhor amigo. Até ontem era, ou é ainda, mas não faço muita ideia do que se passa em sua cabeça. Será que ainda sou sua amiga? Aliás, o tratei mal ontem durante o jantar, mas ele sabe que odeio que me escondam as coisas.

Enquanto uma avox entra em meu quarto para arrumar a cama, Fluw comunica:

-Hoje às 11:30 vocês irão conhecer suas equipes de preparação, aprecem-se e tentem não se atrazar. – diz ela praticamente nos implorando-

- Pode deixar Fluw, onde nos encontramos? -pergunto eu-

- Na sala de jantar, eu e Ebert estaremos lá esperando vocês

-Estaremos lá este horário –digo eu.

Pitter em nenhum momento meche sequer seus lábios. Sim, agora minha tese se concretizou. Ele está bravo comigo. Quando tento me aproximar dele, ele vira as costas e se encaminha em direção à seu quarto.

Novamente, fui fraca, não consegui me conter. A dor que estou sentindo é muito grande. Eu sei que ontem estava alterada, queria lhe pedir desculpas, mas agora, ele não quer me ouvir, me ignora, como se eu não fosse nada.

Entro em meu quarto e começo a chorar, dessa vez, um choro forte de tristeza, não de raiva, ele deveria sentir raiva de mim, e realmente está. Eu o amo, não vou conseguir não falar com ele, não falar-lhe o que sinto, infrigir meus sentimentos por ele. Por que ele está me torturando dessa maneira? –penso-

Não percebo, mas acabo dormindo ali mesmo. Quando acordo, lembro-me do horário em que deveria estar esperando Ebert , Fluw e Pitter, e rapidamente me levanto e corro , literalmente corro no coredor para não me atrazar. Quando chego lá estão eles me observando, eu com meu rosto inchado de tanto chorar.

 - Queridinha que cara péssima é essa? – diz uma mulher ruiva de cabelos longos, com cílios que deveriam ter aproximadamente 3 centímetros a mais que o normal.

-É... –tento achar palavras para descrever o que aconteceu. Eu simplesmente não vou dizer “à eu estava chorando pois Pitter está me ignorando” ou “Pitter não me ama mais por isso chorei” isso seria patético.

Ao fundo aparece um homen de sombrancelhas brancas, com cabelos claros azulados seu nome é Bluet.

- Não a encomode Luise, deixe a garota em paz. Desculpe o transtorno Marjory, essa é Luise, sou Bluet e aquela perto da janela é Rosen. Somos sua equipe de preparação.

Eu nem havia notado a mulher loura de cílios longos rosas perto da janela. Tirando as roupas estravagantes e os cílios ela é muito bonita.

-Não tudo bem.. e .. a ... equipe de Pitter? –digo eu gaguejando-

É a primeira vez que consigo dizer o nome dele em sua presença, mas saiu por acaso, eu não queria realmente perguntar sobre coisas deles, afinal, não posso me esquecer que ele não quer falar comigo.

Percebo que ele me observa, com um olhar sombrio, como nunca me olhou antes, mais sinto que seus lábios algo queriam dizer, mas não tive a oportunidade de nada ouvir.

- Vamos até a sala de preparação, vocês terão que se separar agora –diz Bluet

- como assim separar? Para mim eu e Pitter já estamos muito mais que separados.

Seguimos através de um corredor extenso até uma grande e larga porta a nossa frente. Chegamos à sala de preparação. Luise me acompanha até uma maca branca à esquerda da porta assim que entramos. Pitter segue com uma outra mulher com cabelos longos e coloridos ao lado direito e cada vez mais se afasta de mim.

Deito-me na maca, lentamente me depilam, cortam minhas unhas, arrumam meus cabelos. Quando finalmente estou pronta Luise me dirige à uma pequena sala próximo de onde estávamos. Lá dentro está Rosen, a mulher dos cabelos louros me esperando.

-Muito bem, você está muito bonita. Está na hora de conhecer sua roupa que fiz especialmente para você . –diz ela-

Dou um leve sorriso e à agradeço pelo elogio. Ela vai até um pequeno armário branco atrás de nós e trás consigo um vestido meio-longo preto com detalhes em uma cor bege, com um símbolo ao lado que me parece ser o símbolo de meu distrito, um desenho de um trigo muito brilhante.

Eu me visto após já ter tomado um rápido banho, e ela arruma vagarosamente meu cabelo, trançando um coque com alguns fios soltos sobre meu rosto. Estou pronta para a apresentação a todos os habitantes da capital. Aqueles que querem me ver morta, querem se divertir vendo mortes dos tributos, tudo agradando seu presidente, Snow. Tenho que agradá-los de alguma forma, para poderem me patrocinar,assim terei ao menos alguma chance de viver, afinal, não sei manusear uma arma seguer.

Saimos da sala e ela me deseja boa sorte. Ebet está nos esperando do ladode fora com Fluw, e Pitter está logo ao lado. Ele está lindo, simplesmente lindo. Sua roupa é da mesma cor que a minha, e com o mesmo detalhe brilhante do trigo. Eu não tiro meus olhos dele, confesso, mas ele em momento algum olha para mim.

A tristeza toma conta de mim mais uma vez mas não vou chorar, aquilo da noite passada foi o bastante. Daqui por diante, não demonstrarei nenhuma relação com ele, e nem demonstrarei insegurança.

A sala que Ebert nos dirige é onde encontram-se alguns tributos já bem arrumados. Alguns posso confessar que tive medo só de ver, porém ainda não os conheço, e nem sei de que distrito são, mais pela rouba brilhante de um, e com alguns detalhes de pedras de diamantes, identifiquei que estes eram do distrito 1, e por sinal, o garoto era muito belo.

Eu e Pitter subimos em um tipo de carroagem, eu novamente o olho, pela ultima vez, mas ele não me presenteia com o mesmo olhar.

-Boa sorte –diz Ebert- Sorriam e façam com que gostem de vocês.

Realmente era o que eu queria, sorrir, ou pelo menos fingir que estou contente com tudo isso, se este rolo com Pitter não houvesse acontecido, mas agora é tarde, tenho que fingir ser quem não sou, agradar quem não quero, e satisfazer as vontades do queridinho presidente Snow.

Passam-se as carruagens 1,2,3,4,5,6,7,8 e finalmente a nossa começa a se mover rapidamente enquanto nossos sorrisos falsos alegram nossas faces e os gritos ensurdecedores da plateia estonda-se no ar.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!