O Peregrino escrita por Palacius


Capítulo 5
A Lua


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo foi inspirado em uma lua linda que esta no céu de hoje.



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Ember abriu os olhos e constatou que todo o seu corpo estava dormente. Tentou levantar-se, mas sentiu-se por um momento fraca, caindo de volta na superfície macia onde havia aterrissado. Olhou ao redor e achou o rapaz de cabelo castanho chamado Stevan, mas não conseguiu achar Ixion.


– Onde está Ixion? – perguntou a jovem ainda deitada.

– Ixion? Esse embaixo de você? – o rapaz apontou.

– Vosseef ef pessafaa! (Você é pesada!) – Gritou o loiro com a boca cheia de areia.

– Opa! – Ela se arrastou para o lado e caiu sentada em uma duna. Ixion tossiu e virou-se para cuspir o restante da areia enquanto que Stevan ria.

– Acha isso engraçado é? E você! – ele apontou para a jovem que levantava-se. – era para cair de pé na duna, assim dava para termos evitado essa minha comilança de areia da minha parte. – Ele fazia caretas ao passar a mão para retirar a areia da língua.

– Não foi culpa minha. – a garota deu de ombros. – mas e agora, o que fazemos? – ela olhou para o céu. Um sol escaldante pairava observando-os.

– Agora nós... – silêncio. – Diz ai Stevan. – O loiro ainda tentava retirar a areia de seu rosto.

– Devemos seguir na direção em que o Sand Volplane seguia. Devemos estar a um dia de viagem de Sarassus. Fica ao sul. – Ele estava de braços cruzados.

– Mas você sabe por acaso para onde fica o sul? – perguntou Ixion ainda sentado em um monte de areia.

– Bem... É claro. É para lá! – Stevan apontou em uma direção qualquer.

– Claro que é para ai. – o loiro deu de ombros e depois explodiu. – Você é maluco cara! De quem foi mesmo a idéia de pular do Sand? Eu deveria estar louco por seguir uma idéia tão idiota. – Ele avançou para cima do rapaz de cabelos castanhos, mas foi facilmente evitado quando este pulou para o lado.

– Parem vocês. Imbecis. Parecem duas crianças e para sua informação – ela apontou para o loiro – foi sua a idéia de pular. – Agora era Ember que era carregada pela discussão.

– Ótimo! Perdido no deserto sem água, sem comida e sem uma bússola! – Ixion contava nos dedos.

– Uma bússola! – exclamou a jovem ruiva. – Eu tenho uma! – ela tateou a parte de trás da cintura e achou o objeto que procurava: uma caixa quadrangular com uma seta no centro.

– É claro que tem! Tem? – Ixion encarou-a e foi seguido por Stevan. Ficaram alguns segundos olhando o objeto que estava nas mãos da jovem.

– Você é cheia de surpresas. - disse Stevan referindo-se também ao ocorrido no Sand Volplane.


Por um segundo Ember ruborizou com o comentário de Stevan, mas voltou sua atenção para a bússola. Abriu-a apontou para uma direção qualquer e observou, logo Ixion e Stevan estava ao seu lado observando a seta prateada que girou trezentos e sessenta graus até apontar para o norte.


– Eu não disse que era para lá! – disse Ixion indo andando na direção que a seta apontou. – Vocês não vem? – ele perguntou.

– Ele é sempre irritante assim? – Perguntou Ember guardando a bússola em um bolso lateral de sua capa.

– Desde que eu o conheço... Sim. – Ele riu e também começou a andar, sendo seguido por Ember.

– Mas vocês se conhecem desde quando? – Ela continuou perguntando.

– Bem... – ele coçou a cabeça. – Deve fazer mais ou menos uns dois meses. – Ele soltou uma gargalhada.

– Por que você riu? – Ela estava curiosa.

– É engraçado... Eu estava em uma enrascada e ele por acidente acabou me salvando. – ele riu mais uma vez. – Eu viajo o mundo procurando por algo que eu não sei o que é. Eu simplesmente vivo. Então eu acabei me envolvendo em uma confusão com uma mulher. Eu fui capturado pelo marido dela e quando ele ia me cortar a garganta esse louco – ele apontou para o rapaz que ia adiante – saltou de algum lugar e pulou na cabeça do cara. Depois umas dúzias de pessoas invadiram o mesmo lugar e aquilo se tornou uma carnificina. Eu escapei junto com ele e agora estou viajando com ele, até a hora que eu achar conveniente. Mas eu posso dizer que até agora ele só me surpreendeu.

– E você por acaso sabe pelo que ele está sendo procurado? – Stevan foi pego de surpresa pela pergunta, nunca havia pensado a respeito.

– Eu não faço idéia, mas acho que cada um tem seus próprios problemas, mas mudando um pouco o foco e você, o que fazia no Sand? Só responda se sentir-se a vontade de responder. – Ele sorriu e mais uma vez ela ruborizou.

– Eu estou a procura de meu pai. Eu estou indo para Jerumam.

– Jerumam, a cidade corrupta da magia. – as palavras de Ixion assustaram aos dois, ele estava a mais de cinco metros dos dois. – Não é um lugar para mocinhas como você. – Ele ainda continuava a andar mais a frente.

– Como ele conseguiu ouvir? – sussurrou ela para Stevan.

– Eu disse que até agora ele me surpreende.

– Para onde eu vou é problema meu. – ela elevou o tom.

– É apenas um conselho. – Ele parou de repente. E olhou de soslaio. Os olhos cor de areia estavam semi-serrados, mas podia-se ver algo de diferente neles. – Volte para casa. Quando você por os pés lá, Jerumam já estará acabada. – ele voltou a andar.



Pela primeira vez Ember sentiu um frio na barriga como se ele estivesse falando a verdade, mas seria impossível algo assim acontecer. Stevan mantinha um semblante sério enquanto que caminhava ao lado de Ember.

Ela observava o semblante de Ixion que ia caminhando a passos pesados a frente. Ele que mantinha em suas costas o grande objeto parecido com uma espada caminhava solitário, enquanto que os dois seguiam-no. Ela podia sentir que ao mesmo em que o jovem loiro emanava segurança ele emanava algum tipo de energia sinistra. Ela ignorou isso colocou o capuz e continuou caminhando em direção a Sarassus.


º

A noite havia chegado e com ela o frio das noites do deserto. Eles haviam parado em um lugar plano, onde poderiam dormir. Stevan foi o primeiro a se deleitar nos braços da mãe noite, usava roupas finas, mas parecia ser imune ao frio. A jovem Ember havia se enrolado em sua capa e por mais que vivesse no deserto, as noites sempre eram frias para ela.

Uma lua brilhava acima da cabeça dos três, porém apenas um deles a observava-a em sua majestade, rodeada por suas servas; as estrelas. Ixion mantinha um olhar perdido em direção ao astro celeste. Observava-a lembrando-se de seu passado a muito esquecido, sentia-se sempre assim quando a noite chegava e este podia vê-la, brilhando na escuridão.



– Safir... – ele sussurrou.



Ember permanecia quieta e pôde ouvir o que ele havia dito. Seria o nome de uma mulher ou de alguma coisa? Pensou ela, mas logo foi embebida pelas trevas da noite e caiu em direção ao sono profundo.

Ixion continuou sentado e desviou o olhar para a jovem que dormia quieta. Por um momento ele sorriu e logo em seguida voltou o olhar para a espada que estava cravada na areia. Ele a havia enfaixado e não deixava mostrar sua lâmina e nem deveria.

Mais uma vez ele olhou para a lua levantou-se, retirou sua capa e jogou-a devagar por cima da ruiva. Sentou-se ao lado da enorme espada e encostou-se a um travesseiro de areia. Estendeu a mão em direção a lua como se fosse pegá-la retirou a luva e observou as costas da mão. Na direção do polegar uma mancha negra de bordas arroxeadas descia até o pulso onde o enrolava; uma serpente mostrava suas presas. Ele praguejou ao ver a tatuagem e logo a cobriu de novo com a luva, voltou a observar a lua quieto.


º

Em outro lugar, longe de Tidas a lua também brilhava e jogava seu brilho prateado sobre a face das águas de um grande lago. Bem no centro do lago havia um enorme castelo, coberto de branco e prata. Suas paredes adentravam às águas calmas do lago e o mantinha como se flutuasse.

Em uma das sacadas uma pessoa observava a mesma lua, como se ela fosse algum tipo de lembrança esquecida. A capa branca sibilava à brisa noturna e escondia sua presença mas se podia saber que ela observava a lua.


– Você nunca parou de olhar para a lua não é verdade? – Em um dos cantos, cingido de uma enorme capa negra, um homem permanecia nas trevas. No lugar de um rosto havia a escuridão e estrelas.

– A lua é minha única companheira nesta prisão. – A voz era a de uma mulher.

– Obrigado pela consideração. Eu venho todos os dias te visitar e é assim que você me trata? – não havia rosto, mas podia-se sentir na voz que o homem sorria.

– Você não deveria sequer aparecer na minha frente já que foi você que me colocou aqui. – Ela voltou-se para ele e a capa negra caiu ao chão, desaparecendo em uma nuvem negra.

– Até amanhã. – Disse a voz do homem desaparecendo no ar.



A mulher voltou a olhar fixamente para a lua e uma lágrima rolou de seu rosto, caiu no parapeito e logo uma estrela caiu do céu, cruzando o firmamento para desaparecer para sempre.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem de mais um capítulo.



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