Teddy tentava prestar atenção na tagarelice de sua acompanhante ao mesmo tempo em que examinava as pessoas naquele salão.

Se a loira estivesse ali e o visse, certamente não faria um escândalo. Victoire Weasley não era dessas mulheres, disso ele tinha certeza.

Do que infelizmente não tinha certeza, era em que estado de espírito a encontraria depois. Certamente, ela arrancaria seu fígado. A loira era territorialista demais para deixá-lo impune, ele bem o sabia. Era também muito orgulhosa, o que, talvez, pudesse salvar-lhe o fígado.

– Você não concorda, Teddy?

Teddy olhou a morena ao seu lado e tentou se concentrar no que ela lhe perguntava.

– Desculpe, eu não entendi sua pergunta...

Angélica sorriu. Andrômeda havia lhe dito que talvez o neto estivesse avoado por aquela noite, com pensamentos longes e que mal lhe daria atenção e se isso acontecesse era para ela, Angélica, abusar dos toques para chamar-lhe a atenção. Pensando nisso, a morena passou as mãos pelo braço forte do seu acompanhante e aumentou o sorriso quando ele seguiu seu movimento com os olhos estreitos.

A mulher sabia que vir à Londres seria uma experiência maravilhosa e certamente ajudaria seu currículo, antes de embarcar para a América atrás de seu estrelato na Brodway. Fingir interesse no neto da amiga de sua tia era um teste relaxante e engraçado, que a ajudava em seu intento de ser atriz.

– Eu perguntei se você não concorda, quando digo que Londres é uma cidade de mulheres muito bem apresentáveis. – sorriu. – Veja só esses vestidos... São lindos e glamourosos.

– Bem, creio que todas as mulheres adoram se vestir bem. – disse ele simplesmente, dando de ombros.

Angelica riu deliciada.

– Sim, você está certo, mas nessa cidade tudo é muito rico e aristocrático, eis ai o glamour. Ao meu ver, é claro. – explicou e mais uma vez percorreu o braço masculino com suas mãos. – Veja aquela bela mulher loira de vestido verde – continuou Angélica aceitando a taça de champanhe que Teddy lhe passava. – acompanhada pelo garboso moreno. Ela se veste muito bem. É fina, bela e tem porte aristocrático, não concorda? Certamente nasceu em uma família abastada e agora está prestes a se casar com aquele belo homem.

Teddy olhou a direção que a morena indicara discretamente, mas sem um pingo de interesse na conversa. Estava verdadeiramente incomodado com o passeio que as mãos dela faziam por seus braços. Sabia que se fosse há alguns meses atrás, ele estaria mais do que hábito a levar aqueles toques e aquela conversa sem fundamento a outros lugares, como em um quarto, em uma cama. Angélica era muito bonita, mas incrivelmente fútil e esse tipo de mulher não mais o agradava, apenas o cansava e irritava.

Só conseguia pensar em uma mulher que o agradava ao ponto de doer e enquanto olhava o salão e ouvia as baboseiras que a morena dizia sem parar, a viu caminhar atravessando o salão ao lado do garboso moreno que Angélica falara.

Teddy mal podia acreditar no que via. Tencionando os músculos pela irritação que tomava seu corpo, não conseguiu desgrudar os olhos do casalzinho.

Victoire era uma descarada!

Ele ali, pensando o quão mal era estar naquele Baile acompanhado por Angélica e a loira ali, desfilando de braços dados com aquele patife, fosse ele quem quer que fosse, toda sorriso.

Teddy nem ao menos o conhecia, raios! Onde é que ela o conheceu? Quando? Já estava se encontrando com o otário ao estar visitando a cama de Teddy?

Droga! Ele não sabia.

Teddy se sentia um idiota, mas não sabia de merda alguma.

O que pensara saber, é que a loira o mataria por vê-lo com outra mulher, mas a mulher descarada nem ao menos se importaria já que estava com aquele tipinho no Baile.

Como ela tinha coragem?

Não falara do Baile em todos os seus encontros, nem ao menos no ultimo. Ele, idiota, pensando que ela queria manter a relação deles da forma que estava. Que não queria os expor a sociedade e a família por achar que era cedo ou qualquer outra baboseira feminina. Mas não! Não, Victoire não tocara no assunto “Baile Beneficente” por que já tinha um acompanhante, e não era Teddy Lupin.

“Idiota Lupin, é isso o que você é.”, pensou enquanto tomava todo o champanhe da taça. "Um grande idiota."

Tomando Angélica pelo braço, Teddy começou a caminhar até o círculo de amigos ao qual Victoire e seu acompanhante estavam.

Se ela queria e podia ostentar o tal homem por todo o salão, ele também o poderia e o faria. “Angélica era linda e ficaria maravilhosa se fechasse a matraca.”, pensou cada vez mais irritado chegando até os seus conhecidos.

– Boa noite. – cumprimentou cortesmente com um largo sorriso. Não mostraria sua irritação, não por enquanto.

– Teddy, que bom revê-lo. – cumprimentou Roxanne sorrindo, e logo lançando um olhar significativo a prima que também se voltou para cumprimentar.

- Lupin. – Victoire disse simplesmente, olhando-o fixa e raivosamente.

Então não era só ele que estava irritado? Otimo!

- Weasley. – a raiva tomava cada vez mais espaço. Sorriu e cumprimentou amigávelmente o Scamander e Louis. Voltando-se para o acompanhante da loira, Teddy estendeu a mão. – Sou Teddy Lupin.

- Fernando Torres. – foi a resposta educada que obteve.

Teddy pode perceber o sotaque e sua curiosidade apenas aumentou. Onde Victoire fora conhecer aquele sujeito?

- Não vai nos apresentar sua amiga, Lupin? – questionou Victoire sarcasticamente, bebericando de seu champanhe.

Teddy olhou a loira e sorriu maroto, se era guerra que ela queria era o que Victoire teria.

- Ange querida, estes são alguns amigos do trabalho e pessoal esta é Angélica.

Angélica? Da onde é que ele a conhecia? Não era da empresa, isso Victoire tinha certeza. Nunca a vira por lá.

A morena era bonita, ela tinha que admitir. Fazia bem o tipo do Lupin.

Cafajeste!

Nem ao menos teve a decência de dizer à ela que já estava se encontrando com outra.

Será que já a levara para a cama? Era por isso o distanciamento?

Victoire sentia-se enlouquecer. Todo o seu corpo doía. Na sua mente só passavam visões de Teddy e aquela mulher juntos.

Deus, por que ele estava fazendo isso com ela? Onde estava aquele papo de “Não sou moleque Victoire, assumo meus relacionamentos, mesmo que apenas físicos.”

Ora, pois sim. Lupin era um cafajeste ordinário, que a fez se apaixonar quando ela não o queria e nem precisava. A fez desejar estar com ele, ser dele. E o que é que ela ganhava com tudo isso? Aquilo! Aquela situação ridícula e vergonhosa.

A loira podia sentir o olhar de sua prima sobre si. Graças aos céus, não falara para ela que havia se apaixonado pelo Lupin. Roxanne bem poderia querer tirar satisfações e o que Victoire não queria, e não precisava naquele momento era de escândalos.

- Prazer Angélica. – respondeu roucamente, tentando sorrir.

A dor em seu peito era sufocante. Achava que não conseguiria continuar ali, fingindo um sorriso sendo que queria arrancar os olhos do Lupin e daquela mulher.

Ao que parecia o cosmos se compadecera dela, porque seu tio Harry subira ao palco para começar os discursos daquela noite.

Apertando o braço de seu acompanhante Victoire sorriu para sua família e fora se sentar em sua mesa. Para seu terror e incredulidade, Teddy Lupin e sua acompanhante também se sentariam ali já que a seguiram.

- Se sentaram conosco? – perguntou tentando manter-se sobre controle.

Teddy sorriu-lhe ironicamente.

- Ao que parece os organizadores devem ficar juntos, magrinha.

Victoire trincou os dentes se impedindo de proferir impropérios. Ali não era o lugar e muito menos o momento, mas ela prometia a si mesma que daria um final aquela porcaria toda.

Teddy Lupin não sabia com quem estava lidando...

A noite parecia interminável, era o que Teddy pensava enquanto aplaudia o ultimo pronunciamento. Parecia que sua cabeça estava em obras, de tanto que a dor lhe incomodava.

Como se não bastasse ir com Victoire ao Baile, o tal Torres agora conversava alegremente com Angélica. Isso só fazia com que a raiva pelo espanhol crescesse.

O cara nem ao menos sabia respeitar a mulher com a qual sairá. Ordinário!

Teddy encarava vez ou outra a loira, que fizera questão de ignorá-lo a noite toda.

Parecia que sua própria raiva arrefecera, já que conseguia olhar para Victoire sem querer esgana-la.

Sabia que ele fora o grande culpado por aquela situação toda. Havia se afastado, ao menos tentara, da loira nos últimos dias pensando que assim o desejo por ela acabaria. Que aquelas emoções que ele não quisera estudar, também passariam e que os dois logo voltariam ao que eram antes.

Engraçado, pensou ele, é que nada disso acontecera.

Vendo ela ali tão perto e tão linda naquele vestido verde com um decote que fazia qualquer homem olhar uma segunda vez, ele sabia que o que fizera nos últimos dias fora tentar se enganar.

Tentara enganar a si próprio, o que era vergonhoso.

Teddy Lupin tinha que admitir de uma vez por todas... Ele estava irremediavelmente apaixonado pela loira Weasley. E aquilo o assustava sobremaneira.