“Mãe...” sussurra Primrue, que me acorda durante a madrugada.

“Sim querida?”

“Eu não quero ir para a colheita...” ela começa a chorar.

Ah sim, Paylor decidiu de a Colheita ser amanhã. Ninguém está preparado, e apenas Prim irá participar, pois tem 12 anos. Apesar de seu nome aparecer apenas duas vezes, ela tem mais chances do que ninguém.

Levo-a até a sala, e ficamos sentadas no sofá, uma abraçando a outra. Gostaria de sugar seu medo, tirar toda sua angústia, mas sei que isso não será possível. Já passei de mais por isso.

***

A luz do Sol ilumina cantos de nossa casa. Prim dorme em meus braços, mas mesmo acordada, evito soltá-la, não quero que ela se vá. Beijo sua testa e seus olhos cinzentos se abrem lentamente, com medo de o que está por vir.

“ Ei, temos que nos arrumar...” digo, retirando uma lágrima que logo escorre de seu rosto.

Ela se levanta e sobe até seu quarto. Visto-a com um vestido roxo com pedras brilhantes, arrumo seus cabelos loiros em uma trança, igual a que sempre uso. Pelo espelho, vejo Peeta encostado na porta, e logo diz suavemente:

“Você está linda, Prim...”

Finn aparece na porta, usando um terno e cabelos penteados com gel. Seus olhos azuis despertando medo. Provavelmente de sua irmã ser sorteada.

Pego a mão desta e dou um sorriso manso. Temos que ir para a praça, em frente do Edifício da Justiça, onde ocorrerá o sorteio.

Ao chegar lá, vejo todos os moradores do Distrito 12. Alguns preocupados com suas crianças, outros calmos... Prim tira uma amostra de seu sangue e segue até a área de 12 anos. Antes disso, Finn lhe dá um grande abraço. Eu e Peeta subimos as escadas e nos sentamos nas cadeiras reservadas para os Vitoriosos.

Vejo Haymitch, preocupado, ao meu lado, de terno e gravata, seus cabelos bagunçados estavam penteados. Logo Effie Trinket, com seu fabuloso visual: peruca amarela, vestido azul, com as mangas verdes fluorescentes, sobe ao palco, com cara de velório, e diz:

“Bem vindos...Ahn, sinto muito... Que a so-sorte esteja sempre... Ao seu favor...” ela gagueja e fala pausadamente, com a cabeça baixa. “Primeiro as damas... Como sempre...”

Ela retira daquela bola de vidro que nunca lembro o nome, e diz, pasma:

“Primrue Everdeen Mellark”

Antes que eu possa impedir, antes que eu possa me mover, antes de um suspiro, Peeta e Haymitch me seguram.

Vejo Prim subindo as escadas até o palco, com seus olhos cinzentos demonstrando medo.

Olho Peeta que está com lágrimas nos olhos, e vai afrouxando seu aperto em meus ombros, que logo são largados e corro para abraça-la.

Pacificadores nos separam e me levam até meu acento.

“Uma... Salva de palmas para nossa representante do Distrito 12!” Effie diz, demonstrando empolgação.

Todos se calam, e mais que de imediato, pressionam os três dedos médios na boca e os levantam. Sinal de paz, que significa adeus, dizer adeus a quem você ama, tem respeito. Prim está com lágrimas nos olhos, mas tenta demonstrar dureza.

Effie anda até a mesma bola, só que contém os nomes dos meninos, e pega um papel:

“Nosso tributo masculino que irá representar é... Peter Johnson!”

Um menino de cabelos escuros e olhos cor de mel, alto, sai da área de 13 anos e caminha até o palco.

“Uma salva de palmas para Peter!”

Todos batem palmas, e vejo a reação de Prim, que está mais pálida que uma folha de papel, seus cabelos loiros voando com o vento.

Effie os leva para as cabines de despedidas, onde será a última vez de algumas pessoas se despedirem. Peeta, Finn e eu entramos em apuros e damos um abraço em grupo em Primrue.

“Prim, Prim, promete que vai ganhar? Por favor... Por mim, Prim, por mim...” diz seu irmão, antes que os Pacificadores nos levem. A última vez que Finn vê sua irmã, a última vez que ele teve esperança,

O último contato.