Através da Tua Alma eu Posso Ver escrita por they call me hell


Capítulo 7
[S01E07] Além do que os olhos podem ver.




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* * *

 

Kagome estava em frente ao poderoso Dai-Youkai. Assim tão próximo ele parecia muito mais assustador do que Sesshoumaru em seus acessos de ira, mas a garota sabia que no peito daquele que estava a sua frente havia um coração maravilhoso.

Quando ele voltou para a sua forma humana ela pôde perceber que ele era muito parecido com Inuyasha e o irmão mais velho, lhe causando uma imensa tristeza ao saber que agora toda a família jazia morta. Ela seria eternamente grata a Inu no Taishō por ele ter aniquilado Naraku e não haviam palavras naquele momento que pudessem transmitir isso.

O cão youkai apenas sorriu para ela, que agora apanhava nas mãos frágeis a corrompida Shikon no Tama. Tal youki lhe parecia imensamente perturbador e ela julgou que talvez não fosse capaz de purificá-la mais estando daquele modo, mas gradativamente a jóia passou a clarear-se.

 

Em meio aos numerosos flocos de neve, Inu-youkai fitou aquilo que repentinamente voltara a ser o céu coberto de nuvens esbranquiçadas, permitindo-se um último olhar para Kagome. Em seguida voltou a sua forma colossal e impulsionou-se sobre as pernas traseiras, levantando vôo até desaparecer no céu infinito.

Eis que o mundo dos mortos era algo incrível, mas chegara a hora de voltar. Inu no Taishō permanecera sempre ali a olhar os seus filhos, sempre estando ao lado da doce Izayoi, e era para ela que ele voltava agora.

Ainda sem parar de observar o céu sem cores, Kagome se questionou se Inuyasha e Sesshoumaru estariam reunidos ao grande youkai agora. Havia uma última coisa para ela fazer naquele momento e simplesmente não poderia esperar mais; A ansiedade em seu coração não permitiria.

 

Segurando a Tama em mãos como se ali estivesse a sua vida, Kagome abriu caminho entre os amigos ainda embasbacados e correu floresta adentro ignorando as vozes que lhe chamavam atrás de si. Não queria perder um segundo sequer, os outros poderiam esperar, mas ele não.

Dolorosamente voltou ao lugar onde o corpo de Inuyasha fora achado na noite anterior. A visão se tornara muito mais bonita com o corpo quase que totalmente coberto de neve, escondendo suas feridas e todo aquele sangue, dando a aparência de que o hanyou apenas dormia tranqüilo naquela imensidão branca.

Kagome agachou-se ao lado do corpo sem vida desenterrando-o da neve e depositou ali a jóia completamente pura, chorando desesperada para que aquilo funcionasse ao menos uma vez. A verdade é que sequer imaginava como Kikyou havia sido ressuscitada utilizando da jóia. E se ela tivesse que preparar algum tipo de ritual ou algo complicado?

Respondendo-lhe a sufocante pergunta, a Shikon no Tama começou a brilhar cada vez mais forte no corpo de Inuyasha criando em volta dele uma poderosa barreira de youki. Assim como já acontecera antes com a jóia, esta começara a fazer pulsar o corpo de Inuyasha fazendo com que o coração dele logo começasse a bater no mesmo ritmo.

A garota, que não podia escutar o suave bater do coração do hanyou agarrando-se a chance de viver, se preocupava de modo angustiante torcendo para que tudo se resolvesse bem.

 

Quando Inuyasha abriu os olhos devagar e a Shikon no Tama desfez sua kekkai, Kagome abraçou o meio-youkai fortemente sem se preocupar com mais nada. Não importava tudo que havia acontecido antes. Só importava que ele estava ali agora e ela não desperdiçaria aquela chance outra vez.

 

— K-Kagome... — Inuyasha sussurrou ainda recobrando a consciência.

— Shh... — Ela riu, beijando-lhe suavemente os lábios congelados pelo frio.

 

Inuyasha se assustara com o feito da garota e demonstrara isso pela sua expressão, fazendo com que Kagome se afastasse rapidamente e pedisse desculpas. Não havia pelo que se desculpar, havia sido o melhor modo de voltar a vida. Infelizmente, é claro, Inuyasha não conseguira dizer aquilo para ela.

 

— Onde estão os outros? — Mudou de assunto sem conseguir prosseguir com aquele assunto, sentando-se e chacoalhando a cabeça para remover o excesso de neve dos cabelos prateados.

— Uh, isso vai ser longo para contar.

 

Sem poupar nenhum detalhe Kagome contou a Inuyasha sobre o modo como Naraku havia aparecido na vila e como o Dai-Youkai descera dos céus para aniquilar o forte oponente. Contou-lhe também que Sesshoumaru surgira instintivamente e morrera na luta, e que Naraku havia absorvido Kikyou para dentro do seu corpo youkai.

Inuyasha não conseguia compreender bem todas aquelas informações, mas levantou-se convidando Kagome a fazer o mesmo e lhe ofereceu a usual carona nas costas a fim de que chegassem logo a vila.

Ao ver Inuyasha trazendo a garota nas costas, Shippou e os demais logo entenderam o que havia feito com que ela corresse daquele modo ao ter a jóia em mãos. Pobre Kagome, por mais que seu coração tivesse sofrido nas mãos do infantil hanyou ela não aprendera. Continuava amando-o a ponto de ignorar todas as regras para lhe trazer de volta à vida.

Miroku, que agora não mais possuía a Kazaana em sua mão direita, sorria satisfeito para si mesmo enquanto Sango lhe puxava para um abraço carinhoso. Era difícil acreditar que tudo havia acabado.

 

* * *

 

Rin estivera com o dragão youkai de duas cabeças durante todo o dia e a noite já caía aos poucos a deixando com medo. Ignorando as palavras severas de Sesshoumaru, pôs-se a rumar para onde sabia que ele havia ido. Não importava a distância, eles precisavam da companhia um do outro.

Chegando ao local que agora marcava onde havia sido a terrível batalha, apenas encontrou o corpo de Sesshoumaru deitado em meio a neve. Descendo das costas do youkai, correu até ele em passos acelerados, questionando-se por que o Senhor Sesshoumaru havia parado para brincar na neve sem ela.

O que viu descobriu-se o oposto. O corpo do youkai jazia ali sem vida coberto pelo seu próprio sangue, dilacerado do modo mais horrível que aquela criança humana pudera imaginar. Rin apenas chorara ali sem saber o que fazer, chacoalhando com as mãozinhas pequenas o corpo imóvel a fim de que Sesshoumaru levantasse dizendo que aquilo fora apenas uma brincadeira cruel.

 

Isso não acontecera e a garota desesperadamente clamara aos berros pela única que poderia ajudá-la naquele momento.

Há tempos Rin já se encontrara com Satori em um lugar que lhe parecia muito com a idealização que as pessoas tendem a fazer do inferno. A sua vida havia sido dizimada naquele dia, mas a mãe de Sesshoumaru lhe salvara por algum motivo que ela não fazia idéia.

Ao aparecer ali diante das súplicas da conhecida menina, a poderosa guardiã da pedra do caminho das trevas logo notou o corpo de Sesshoumaru sem vida alguma. Então ele agora estava no inferno? Aquilo era doloroso demais para o coração de mãe que batia dentro do peito de Satori, mas ela não demonstrou aquilo à menina.

 

— Pelo que me chamastes, menina? — Bradou em tom severo, mas a tristeza de Rin tornara aquilo ineficiente.

— Eu... Eu quero encontrar Sesshoumaru-sama. — Disse em meio a tantas lágrimas.

 

Satori não podia entender o pedido da menina. Teria ela criado laços tão fortes com Sesshoumaru? A youkai sabia que o filho possuía grande estima pela pequena menina, isso lhe fora provado no exato momento em que se perturbara tanto ao vê-la morta naquele dia em que a procurara. Ainda assim, parecia doce demais que estivessem tão conectados assim.

Rin sentia um vazio tão grande no peito naquele momento que não conseguia parar de chorar para conversar com Satori, por mais que se lembrasse de que Sesshoumaru constantemente dizia para não agir tão infantilmente em frente a pessoas importantes.

Sesshoumaru estivera com ela em muitos momentos. Ela cuidara dele quando estivera gravemente ferido e ele permitira que a garota trouxesse alguma humanidade para o seu coração severo, de modo que um passara a completar o outro, por mais que o youkai tentasse esconder isso. Era horrível demais pensar que aquilo acabaria assim.

Satori, sentindo grande pena da menina, lhe lançou um sorriso mais gentil. Que ela estivesse certa do que queria para si... Aquilo jamais poderia ser revertido e Rin ainda possuía uma longa vida pela frente. Valeria tanto a pena entregar-se ao inferno por Sesshoumaru? Era claro, a menina estava desenvolvendo as primeiras noções de paixão por Sesshoumaru; A paixão platônica infantil. Nesse caso, não havia mais nada a ser feito.

 

No momento em que Satori estendeu a mão para a criança a sua frente esperando apenas que essa a apanhasse para que rumassem ao inferno para encontrarem-se com Sesshoumaru, Inuyasha surgiu ao longe e ao aproximar-se o suficiente sorriu para ambas. Olhando para Satori pôde entender que ela possuía grande parentesco com Sesshoumaru pelo modo como se pareciam tanto, mas ignorou aquilo.

Havia algo para ser feito ali. Sesshoumaru tivera a honra de batalhar ao lado do Dai-Youkai e o mínimo que Inuyasha poderia fazer por ele era o que estava para se realizar ali naquele instante.

O hanyou agachou-se próximo ao corpo do irmão mais velho e retirou a Tenseiga da bainha sem maiores problemas, desferindo apenas um golpe seco no peito do youkai. Não demorara muito para Sesshoumaru buscasse ar na ânsia de reviver, fazendo com que Rin avançasse para o seu peito dando-lhe um abraço carinhoso.

Sesshoumaru, vendo Inuyasha empunhando a Tenseiga e Satori que sumia de volta pelo seu caminho com um sorriso triunfal no rosto, logo pôde entender o que se passara. Era ótimo poder estar vivo de novo, por mais estranho que lhe parecesse dever isso a Inuyasha.

Deixando Rin protetoramente no chão, Sesshoumaru recebeu a Tenseiga das mãos de Inuyasha e apenas lhe acenou a cabeça em sinal de respeito. Ele não iria pronunciar um agradecimento e Inuyasha sequer esperava por isso; Já estava surpreso demais por ver que o youkai protegia uma humana. Assim, apenas seguiram seus caminhos sem olhar para trás.

 

Horas depois, ao finalmente encontrar um bom lugar para descansar, Sesshoumaru carregou a pequena garota adormecida nos seus braços até um local apropriado para o sono de ambos. Jaken havia sido uma perda considerável e agora seriam apenas os dois de agora em diante.

Rin já estava quase uma moça, o youkai notou. A beleza juvenil começava a surgir aos poucos em si ao mesmo tempo em que florescia o sentimento entre ambos. Bobagem, Sesshoumaru riu. Ele era um youkai forte e não poderia ter sentimentos por humanos.

Naquele noite não dormiu, apenas acariciando o rosto da garota e observando cada mínima feição sua. Aquela era a pequena criança que um dia cuidara dele quando estivera muito doente; era quem havia trazido bondade ao seu coração e concordara em ir até o inferno por ele. Talvez estivesse mesmo ligado de modo tão profundo à Rin.


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