Através da Tua Alma eu Posso Ver escrita por they call me hell


Capítulo 10
[S01E10] A essência do meu coração.




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* * *

Naquela manhã Kouga acordara com uma vontade imensa de ver Kagome. Da última vez em que fora procurá-la na vila, seus amigos humanos lhe haviam dito que ela nunca mais voltara da sua Era; Porém, já não importava o que fosse preciso, ele iria buscá-la.

Inuyasha continuava desprezível ao lado da Miko Kikyou, ele imaginava, então não haveriam problemas maiores. Assim, saíra logo cedo do esconderijo dos lobos youkais e rumara pelo tão conhecido caminho com uma esperança genuína a transbordar do seu coração, certo de que tudo se ajeitaria agora.

Ele buscaria Kagome, ela viria com ele sem protestos e aceitaria ser a sua tão sonhada mulher. Esse era o destino deles, não havia mais o que ser planejado.

Imenso foi o susto de Kouga ao encontrar Kagome em trajes de Miko alguns quilômetros antes da entrada da vila. Ela empunhava arco e flecha nas mãos delicadas com a verdadeira pose de uma guerreira, tendo uma expressão séria no rosto que logo se suavizara ao reconhecer o amigo, correndo para abraçá-lo.

— Kagome! — Ele a retirou do chão em um abraço carinhoso, comemorando com alegria o reencontro. — Não acredito que esteja de volta.

— Faz tanto tempo, Kouga-kun. — Ela riu, retornando ao chão e alinhando as vestes, convidando-o a acompanhá-la. — Venha, todos ficarão felizes por vê-lo.

— Eh, e o estúpido Inukkoro, onde está que ainda não veio me importunar?

— Teremos tempo para isso.

Kagome estava certa; Ao verem Kouga após tanto tempo, Sango, Miroku e Shippou brandiram felizes diante de tão longa data. As coisas estavam indo muito bem na vila, que prosperava e crescia energicamente a cada dia que se passava. Já não se parecia em nada com o pequeno punhado de casas simples e algumas pessoas, com uma horta singela. Havia se expandido gradativamente e até o leito do rio parecia mais charmoso agora.

A garota estava mesmo fazendo bem para aquele lugar, Kouga concluiu, e logo entendeu que seria impossível levá-la consigo. Ela estava adaptada com a vida que levava e era necessária para a paz do lugar, tendo brilho de triunfo e harmonia nos olhos. Era quase mágica.

Kouga estava impaciente quanto a questão que fizera a Kagome, mas esta se mostrava pouco preocupada. Estava mesmo muito madura e focada nos seus objetivos, não possuindo mais os ares de moça que faziam parte de si há tanto tempo. Estava ainda mais encantadora, se é que isso fosse possível.

Logo a Miko conduziu Kouga pelas trilhas confortáveis da floresta ao redor da vila, passando pelo usual Poço Come-Ossos que o youkai conhecia bem pela fama de possuir em seu interior as carcaças de diversos youkais poderosos, dizimados pelas Mikos e pelos furiosos guerreiros que habitaram aquela região desde os tempos primórdios.

Não entendera ainda para onde estava sendo levado, até enxergar ao longe uma árvore colossal se comparada as demais que a rodeavam. Ali, sereno e imóvel como se fosse um simples boneco, jazia um Inuyasha selado com a marcação de Kagome, a Hama no Ya.

Estava exatamente igual ao que estivera tantos anos atrás, quando fora selado por Kikyou. Como o destino era ingrato com aquele hanyou cabeça-de-vento. Mas vá, ele escolhera os piores rumos que poderia ter optado naquela história.

Desviando sua atenção de Inuyasha, Kouga lançou um olhar analítico para Kagome, mas não pôde ver nenhum sentimento estampado ali. Estava explicado então o motivo de tanta serenidade no coração da garota, mas aquilo ainda não explicava onde estaria Kikyou naquele momento. Talvez tivesse morrido, ele considerou, mas não ousou perguntar.

— Eu errei. — Kagome sussurrou entre os lábios que antes estiveram imóveis, fazendo surgir ali um sorriso entristecido.

Talvez Kaede fizera uma escolha ruim ao ver em Kagome uma futura boa Miko. A garota, que se apaixonara por Inuyasha antes de tudo aquilo, só conseguira alcançar a harmonia interior ao selá-lo na Go-Shin Boku outra vez e isso lhe atormentava todos os dias.

Estava agindo infantilmente, sabia disso. Estava cometendo os mesmos erros que Kikyou cometera, mas aquilo era algo que apenas dizia respeito a si mesma e ninguém jamais poderia entender. Era perturbador conviver com Inuyasha tendo nele as marcas vivas de feridas não cicatrizadas do passado e assim jamais conseguiria ser alguém forte o bastante para proteger aos que a amavam.

Não iria deixá-lo ali para sempre; Apenas precisava curar seu coração antes disso, precisava esquecer todos os golpes que a vida lhe dera e perdoar o hanyou de verdade.

A verdade é que mesmo tendo se apaixonado por Inuyasha, ela deveria ter posicionado-se como uma verdadeira Miko, mas ela havia sido uma mera humana antes disso – como negar o amor em seu peito agora que já se expandira por toda a essência do seu ser?

Não estava pronta ainda e por mais egoísta que parecesse, ela estava disposta a levar o tempo que fosse preciso para curar as suas feridas. A imagem de Inuyasha estava começando a trazer-lhe paz e isso era um sinal claro de que a hora estava próxima.

— Foi melhor assim. — Sorriu genuinamente, sentindo a paixão palpitar em seu peito magoado.

* * *

EPÍLOGO

Kagome guardava a Tessaiga com muito carinho em sua cabana, mantendo no seu coração através dela as lembranças doces de Inuyasha e protegendo-a de mãos gananciosas.

Visitava a Go-Shin Boku todos os dias e foi em um dia especial que decidira apanhar a Tessaiga do hanyou a fim de protegê-la, cravando-a na terra ao lado da árvore e aplicando ali uma poderosa kekkai que excederia ao tempo, fazendo com que tanto Inuyasha quanto sua poderosa espada estivessem protegidos até o seu retorno.

Sim, retorno. Ela estava ali, serenamente sentada em frente a árvore, rindo com o pensamento de quão estranho Inuyasha agiria se a visse ali daquele modo. Ele estava congelado no tempo, maravilhoso como na primeira vez que o vira, sempre com o rosto transmitindo paz.

A Miko consumiu-se na harmonia de seu espírito antes de selar-se com a força de seus poderes, guardando no coração por toda a eternidade a imagem do hanyou que amara do modo mais bonito, e mantendo consigo a Shikon no Tama.

Anos se passaram e Miroku morrera tendo levado consigo para o outro mundo a triste Taijiya, não muito tempo depois, tendo a deixado com o coração solitário. Era muito difícil ver os amigos partirem, mas Shippou se sentia feliz por não ter sido o contrário; Ele era forte o suficiente para suportar aquilo todos os dias.

Ele, agora era um youkai crescido, estava forte o suficiente para levar a vila adiante em casos extremos de ataques de youkais, algo que Kagome já não conseguia mais fazer estando ali tão pacifica a descansar em seu selamento.

Às vezes Shippou lhe achava egoísta, mas entendia a necessidade da garota. Era melhor ausentar-se e buscar sua paz de espírito que apenas o tempo e a reflexão poderiam lhe dar, do que manter-se ali por obrigação e não conseguir exercer suas funções do melhor modo. A Miko era o espelho da vila e se não estivesse em paz, conseqüentemente levariam todos ao mesmo caminho. Além do mais, estava tudo bem desde que Naraku se fora.

Outro que também sumira da vila era Kouga, que finalmente encontrara uma mulher que lhe fosse companheira e principalmente de sua linhagem. A youkai lobo possuía um gênio muito parecido com o dele e isso era até mesmo engraçado, visto que formavam um casal homogêneo.

O lobo costumava visitar o corpo adormecido da Miko em silêncio, sempre escondido de olhos curiosos. Fazia-lhe bem poder admirar o rosto sereno da amada e saber que ali dentro o seu coração lutava para libertar-se da dolorosa paixão.

Por outro lado, Rin crescia a cada dia prestes a se tornar uma bela mulher. Sesshoumaru estava apaixonado por ela e tinha plena consciência desse fato, mas negava a si mesmo que fosse possível, enquanto a garota alimentava seus sentimentos por ele sem saber o que o futuro lhe reservava.

Satori estava prestes a imortalizar a garota humana utilizando os poderes da pedra que possuía, na expectativa de que esta pudesse ainda ensinar uma grande lição a Sesshoumaru, por mais que este estivesse em constante progresso.

E assim o tempo passou em harmonia...

Até aquele dia.


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