Através da Tua Alma eu Posso Ver escrita por they call me hell


Capítulo 9
[S01E09] Abrindo as asas.




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* * *

Inuyasha estava produzindo em seu interior um youki tão poderoso que, assim como Naraku, estava começando a atrair diversos youkais. A energia era tão intensa e maligna que no começo fora fácil para Inuyasha derrotar centenas de youkais de uma única vez graças a Tessaiga, mas eis que os youkais agora começavam a tramar contra ele numa circunstancia muito mais inteligente.

Os youkais haviam se unido de modo que era possível ver naquele fim de tarde a horda de milhares de youkais aproximando-se com um único desejo: consumir aquele corpo com tamanha energia e força. Inuyasha agora era apenas um garoto solitário, mas conseguira levar a luta muito bem durante algum tempo. Infelizmente, esse tempo acabara.

Ele vencera graças ao último Kaze no Kizu expelido pelas lâminas da Tessaiga, mas a morte estava ali outra vez a bater em sua porta. Assim, apenas recostou-se no tronco estrondoso de uma árvore à poucos passos, sentindo as feridas pulsando pelo seu corpo todo.

Fechou os olhos por um instante e já não estava mais ali, mas sim em outro lugar que jamais havia visto antes. Havia o som de águas calmas e alguns risos inocentes ao fundo, porém, o que mais lhe chamara a atenção era a pessoa que estava a sua frente.

Izayoi tinha os olhos fixos em Inuyasha e um sorriso angelical no rosto enquanto o cão youkai convidava o hanyou a se aproximar, coisa que ele fez cautelosamente. Estaria ele em outra ilusão de Sesshoumaru? Bem, não iria ignorar a cena em si. Era bela demais para ser ignorada, por mais que pudesse ser uma ilusão.

— Você cresceu tanto, Inuyasha. — A mãe disse, dando-lhe um abraço carinhoso de longa duração.

— Ora, não percam tempo. Ele é precioso e o seu ainda está correndo. — O Dai-Youkai riu divertido fazendo Inuyasha esboçar uma ruga de estranheza. — Não, você não está morto, filho.

Filho. O grande youkai lhe chamara de filho, algo que ele jamais esperara ouvir. Lágrimas começaram a escorrer pelo canto dos olhos do hanyou por mais que ele sorrisse. O pai lhe embalou pelos ombros momentaneamente, mas retomou o que dizia.

— Inuyasha, você agiu mal ao desejar de modo tão intenso o poder da Shikon no Tama. Já não vira horrores o suficiente para saber que bem não lhe faria?

— Não seja tão duro com ele. — Izayoi interveio. — Você precisa escolher o caminho que quer seguir. É prudente realmente perseguir esse desejo de tornar-se um youkai sendo você tão fantástico como é?

— Você nunca precisou ser um youkai completo para vencer suas batalhas e proteger os que ama. — O cão youkai começou a distanciar-se aos poucos, levando a esposa consigo. — Tenha em mente o que realmente vale o preço do seu sangue, Inuyasha. Nós temos muito orgulho de você.

Inuyasha abriu os olhos novamente e se viu no mesmo lugar em que estivera antes de ver os pais; Ver, porque não sabia se aquilo fora um sonho momentâneo ou realmente a força do destino. Mesmo assim o recado lhe fora dado.

Não precisava de mais força, já era absolutamente incrível do seu jeito. Jamais perdera uma batalha importante, por mais que saísse ferido, principalmente porque havia por quem lutar. Esse último pensamento apenas lhe deu mais certeza sobre sua escolha.

Havia um lugar para ir e alguém para encontrar agora.

* * *

Sango e Miroku haviam se aproximado muito nos últimos tempos, mas a revelação que fizeram à toda a vila fora surpreendente do mesmo jeito: Eles planejavam se casar. Era realmente maravilhoso pensar que estavam se entendendo tão bem após tantas discussões, mas aquilo causara um vazio muito grande no peito de Kagome.

Mesmo assim, ela demonstrara-se feliz por ajudá-los com os preparativos e por mais que tudo fosse ser muito simples, logo todos estavam entretidos com o acontecimento e trabalhando para que aquele fosse o melhor casamento que a vila já vira.

Kaede estava fazendo muita falta na vila e todos perguntavam por ela principalmente naquele momento importante, mas algo no coração da nova Miko dizia que a senhora tão admirável não mais fazia parte desse mundo. De todo modo, a vida precisava continuar.

Foi numa linda noite amena de primavera que Miroku esperou por Sango próximo ao altar improvisado, iluminado por dezenas de tochas incandescentes. Era tudo bonito demais para os olhos de quem visse.

Sango caminhava de encontro ao noivo que, de tão impaciente, correu até onde ela estava e a carregou no colo às pressas até onde ela realmente deveria estar, provocando risos aos que estavam em volta.

Kagome, que estava à frente do casal celebrando a união de ambos, sorriu genuinamente feliz com aquilo. Havia um brilho digno de amor nos olhos dos seus amigos e com isso ela soube então que não estavam agindo precipitadamente; Era aquilo que deveria ocorrer.

— Sango-sama, você está realmente certa sobre unir-se à este homem? — Kagome disse em tom sereno.

— Não podemos simplesmente ir para a parte em que estamos casados e todos comemoram? — Miroku reclamou baixinho, levando uma cotovelada de Sango.

— Eu estou certa disso, Kagome-sama. Como nunca antes. — Ela riu.

Miroku, contrariado pela demora da cerimônia, que na verdade era muito breve visto que Kagome nunca havia casado alguém, logo disse que aquilo era algo concreto e já estavam casados pelas graças de Kami-sama. Tampouco Sango teve tempo de protestar, já estava sendo levada no colo por Miroku que possuía um brilho malicioso no olhar.

— Kami-sama entenderá minha urgência! — Miroku berrara antes de sumir com a noiva para dentro da cabana.

Shippou ria divertido da cena, sabendo que para o houshi cada segundo a mais de espera era como um martírio; Já havia esperado por Sango durante muito tempo.

A atenção de Kagome foi desviada para um vulto próximo à trilha em que Miroku distanciara-se. Sim, um mero vulto, pois a imagem que vira jamais poderia estar ali sem emanar youki algum. Ela vira Inuyasha a sorrir-lhe de modo doce, mas ela sabia que Inuyasha havia corrompido a Tama. Era insano considerar que ele estivesse ali agora.

* * *

O modo como Kagome estava tão linda e madura foi a primeira coisa que atraiu a atenção de Inuyasha quando ele chegou à vila; A segunda foi Sango e Miroku se casando, algo totalmente inimaginável e que ele jamais acreditaria se não tivesse visto com os próprios olhos. Se é que a cerimônia interrompida pela pressa do houshi pudesse ser chamada de casamento.

A Miko o vira ali, sabia disso principalmente pelo modo como ela saíra aturdida sem rumo exato após tê-lo descoberto tão próximo. Ele riu por saber que mesmo diante de tudo que já ocorrera, ela não mudara seus sentimentos por ele. Era apenas isso que precisava saber agora.

Assim, partiu em direção da garota sem pressa ou preocupação com mais nada. Em seu peito jazia a Shikon no Tama pronta para ser entregue para aquela que a protegeria com a própria vida e que seria protegida pela vida do hanyou. A idéia era apaixonadamente perfeita.

Kagome estava há alguns metros além da vila, correndo cada vez mais rápido em direção ao Poço Come-Ossos. Ela não estava pronta para encontrar Inuyasha agora, não depois de tudo que ele havia feito. Ao chegar a frente do poço sorriu aliviada por não poder ver ou sentir a presença de Inuyasha mais. Como era tola, aquilo realmente deveria ter sido apenas uma ilusão da sua mente.

Não havia porque fugir e agora seu coração clamava pelas lembranças doces do hanyou. Logo, partiu em passos lentos em direção à Go-Shin Boku, sorrindo feliz diante do lugar em que encontrara Inuyasha pela primeira vez.

Era estranho estar ali de novo após tanto tempo ter se passado. Kagome nunca mais fora até ali e agora entendia a razão disso; Aquele lugar lhe causava pensamentos que iam além de sua compreensão, mas que ela gostava de denominar como saudades. Sim, sentia saudade de Inuyasha tanto pelo companheirismo que haviam tido na busca da Shikon no Tama como do seu modo inconscientemente protetor, do amor que batia no seu peito juvenil pelo garoto.

Ajeitou o suporte de flechas que caía do seu ombro direito e retirou a pressão dos dedos que seguravam o arco como se sua vida dependesse daquilo, por mais que o extinto auto-protetor ainda estivesse ali a rondando.

Diferente do que Inuyasha temera, Kagome não havia atravessado a barreira do poço rumando para a sua Era. Ela estava ali ainda, próxima o suficiente para tocar, sorrindo tímida diante da imagem da imensa árvore onde Inuyasha ficara preso durante tanto tempo.

Ignorando qualquer coisa ele simplesmente apareceu na frente da garota, causando a ela grande espanto, mas alívio ao mesmo tempo. Ela estava muito mais linda do que sempre fora, ele concluiu com um sorriso nos lábios. Estava ali a pensar nele e poderia ter feito aquilo diversas vezes em sua ausência.

— O que você faz aqui, Inuyasha? — Até mesmo a voz dela parecia mais madura, não havendo mais em si o toque juvenil de antes.

— Eu apenas precisava te ver. — As palavras saíram de sua boca queimando como ácido.

Kagome riu diante da frase pronunciada pelo hanyou dando um passo a frente. Ele realmente achava que ela era estúpida o bastante para cair naquilo? Já havia passado a época em que até o mero olhar direto de Inuyasha lhe causava arrepios.

— Eu cresci e deixei de acreditar em contos lúdicos.

— Deixou de tentar ser feliz também? — Riu inocentemente. — Eu precisava lhe entregar a Shikon no Tama, só isso, se te fizer bem.

Kagome deixou de observar tão fixamente o rosto do hanyou para olhar o brilho reluzente da jóia no seu peito. Não estava corrompida, por alívio. Ela não fazia idéia do que havia acontecido, mas algo fizera Inuyasha retomar a consciência e sua forma natural.

— Me desculpe, Kagome.

— Eu não posso. — Ela abaixou a cabeça por um momento, mas logo estava forte o suficiente para encará-lo. — Gostaria de poder esquecer tudo e perdoar você, mas não consigo.

— Sei que agi mal, mas deveria acreditar que estou disposto a fazer diferente agora.

— Eu mudei muito, Inuyasha. Já você continua com o mesmo coração de garoto que batia no seu peito. — Riu. — A vida lhe deu derrotas pelas costas, mas nem assim você aprendeu.

— Kagome, não é assim...

— O que você vê? É por isso que está aqui. São os mesmos trajes, são as mesmas expressões, o mesmo dever. Também existe a mesma frieza. Kikyou, não é?

Sim, Kagome estava idêntica a Kikyou. Aquilo até doera no peito do hanyou no primeiro segundo em que pusera os olhos nela, mas ele aprendera a lição, por mais que ela não pudesse crer. Estava ali por ela.

— Eu percebi. Depois de tanto tempo eu percebi que você sempre esteve ao meu lado, independente do que eu fizesse. — Ele procurou aproximar-se, mas a garota apanhou uma flecha e lhe apontou em seu arco, fazendo-o parar.

— Inuyasha, você me traiu. Traiu meu coração apaixonado por você, traiu minha confiança ao roubar a Shikon de mim, traiu a necessidade que eu tinha de te ver presente na minha vida. O TEMPO PAROU QUANDO VOCÊ FOI EMBORA, INUYASHA! — Ela parou por um momento e respirou fundo, voltando a si. — Depois de toda a dor que eu passei, ainda te ressuscitei quebrando todas as regras. Achei que seria diferente. E sabe o que você fez? Você me traiu de novo.

Kagome estava certa. Ele agira do pior modo possível, isso era verdade, mas não achava que estava fazendo tanto mal assim à ela. Por mais que seus atos tivessem causado tanta devastação no agora frio coração da Miko, ele precisava ser perdoado para viver em paz.

— Você nunca disse que me amava. — Inuyasha derramou lentamente a primeira lágrima, vendo que Kagome ainda estava inflexível.

— Você sempre pertencerá a Kikyou. Seus olhos quando a viam ganhavam um brilho diferente, você mesmo torna-se outra pessoa ao ouvir sobre ela. Eu jamais teria tentado roubar essa sua felicidade; Apenas me permiti sonhar.

— Me perdoe, Kagome. Por favor.

— Me perdoe você, Inuyasha, pelo que vou fazer agora.

Antes que pudesse sequer emitir alguma reação, a Hama no Ya deslizou suavemente pelo arco de Kagome atingindo em cheio o peito do hanyou. A Miko permitiu-se chorar ao ver as expressões de Inuyasha seladas novamente na Go-Shin Boku, tendo a Shikon no Tama sido extraída de onde a poderosa flecha atingira.

Ela apenas ficou ali ajoelhada ao chão chorando por todas as palavras que Inuyasha dissera, olhando para o seu rosto sereno e pedindo a Kami-sama para que tudo ficasse bem agora. Fora uma decisão difícil, mas enquanto a Tama existisse e Kagome fosse a sua protetora, nenhum dos dois jamais poderia viver em paz.


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