Zayn narrando:

Enquanto eu tentava descansar eu observava Aline dormindo. Ela tinha se sentado longe de mim e Harry para não ter perigo de cair em um de nós e ter uma briga, mas mesmo assim eu ainda conseguia vê-la. Não seria sincero se falasse que ela parecia um anjo dormindo, até porque nunca vi nenhum. Ela parecia mais uma criança bagunceira, que depois de um dia inteiro correndo estava finalmente descansando. Uma mecha do cabelo estava no rosto e eu podia ver como ela encolheu as pernas pra não tocar em nenhum de nós; sua respiração estava calma, embora eu pudesse ter certeza que ela estava tendo pesadelos com aquele homem. E por falar nele, quase tinha me esquecido que o motivo de estarmos todos juntos no carro trancado era ele. Fiquei pensando no quanto tudo aquilo era estranho: o carro quebrar, Louis não vir nos ajudar, Niall e Aline encontrarem um velho louco...

Logo comecei a ouvir coisas do lado de fora do carro. Tentei não fazer barulho pra me movimentar e fui ver o que era. Era uma mulher simples e um pouco velha, aparentemente indo para o trabalho. Porém, quando viu nosso carro, começou a vir em nossa direção.

- Gente, ta vindo uma mulher aqui, acordem! - falei, com medo que se Aline acordasse e visse uma pessoa desconhecida na janela, começasse a gritar.

- Que mulher? - Niall falou ainda sonolento.

- Aquela - nem precisei apontar. Ele já estava do lado do carro.

- Oi, o que aconteceu aqui? Precisam de ajuda? - Ela perguntou inocente.

- O carro ta com uns problemas desde ontem e até agora a gente ainda não conseguiu ninguém para ajudar - Eu expliquei.

- Estão desde ontem aqui? - ela perguntou espantada.

- Sim.

- Não estão com fome ou sede?

- Estamos morrendo moça - disse Nay, fazendo bico.

- Nossa crianças! Vem, vamos lá pra casa, lá vocês ligam pra alguém e comem um pouquinho - ela sorriu simpática.

- Obrigado - agradeci e tentei sair do carro. Coisa que não deu muito certo, porque parecia que a cada hora que passava, minha perna piorava.

- Quer ficar no carro Zaza? - Harry me perguntou ironicamente. Ridículo!

- Não, relaxa, eu consigo - respondi tentando ser educado para não assustar a mulher.

- Ótimo, venham, minha casa é descendo essa estrada - a mulher falou e fez sinal para que seguíssemos ela. - A propósito, meu nome é Suzane.

No meio da caminhada (extremamente dolorosa pra mim) ouvi Aline sussurrando pra Nayara que estava com um mal pressentimento. Confesso que fiquei com dó dela... Ainda estava em choque.

Enquanto andávamos, o tempo ia esfriando e a vegetação ficava maior, cada vez com mais árvores e grama.

- Já estamos chegando? - perguntei, já não aguentando mais a dor.

- Sim sim, é logo ali - ela apontou pra algum lugar, mas eu não consegui enxergar.

Mais 5 minutos de caminhada e Suzane parou.

- Então, eu tenho umas roupas em casa, importam-se se eu levar só as meninas primeiro? Para elas se vestirem? - a mulher perguntou calma.

- Ah, não precisa não moça, já até passou o frio - Nayara respondeu, agora parecendo com medo.

Ouvi um grito ao fundo e me surpreendi com a familiaridade da voz, parecia ser do Liam.

- Isso foi um grito? - perguntei, começando a estranhar a situação.

- O que? Não! - A mulher respondeu rápido.

- Eu também ouvi - Aline falou - olha moça, onde é sua casa? Se for muito incomodo a gente volta pro carro, ta tudo bem!

- Minha casa é logo ali... Mas quero levar só as meninas primeiro, é mais fácil entendem?

- Mais fácil do que? - perguntei me virando de costas. E foi aí que vi um homem alto e velho, com aspecto sujo, nos encarando.

Aline deixou escapar um grito, o que chamou a atenção dele. Ele foi em direção a ela, que por sua vez começou a correr, mas a mulher a segurou.

- Essa vai ser a primeira amor? - a mulher, Suzane, perguntou de um jeito nojento.

- Não sei - o homem tirou uma faca de dentro da blusa - Você tem família amor? - ele perguntou pra Aline, perto do rosto dela. Ela começou a tremer e lágrimas escorriam pelo seu rosto.

Parecia que todos nós estávamos colados no chão. Estávamos surpresos demais para nos mexer, gritar ou correr. Tudo que eu queria era tirá-la dali e ir para o mais longe possível.

- Ah, você é a garota muda não é? Lembro de você ontem em casa... - o homem insistiu. - Então sim, você vai ser a primeira a morrer.

-ESPERA! - gritei involuntariamente. Harry me olhou e acenou com a cabeça para um pedaço de pau no chão. Assenti em resposta, sabendo de imediato o plano. - Solta ela, pra que fazer isso? - perguntei desesperado para ganhar tempo.

- Porque eu gosto de sangue!- o homem respondeu simplesmente, fazendo um corte leve na mão dela. Aline gritou e fez com que todos ficassem chocados com a crueldade. Olhei pro lado e Nay estava chorando, abraçada fortemente a Niall, que tentava não chorar pra consola-la. Do outro lado estava Harry, já com o pedaço de pau, e antes que eu piscasse ele tinha acertado o homem. 

Depois disso todos correram: eu peguei Aline, que tinha caído no chão. Niall correu atrás de Suzane e amarrou as mãos dela com algo que Nay tinha dado pra ele. E Harry batia no homem com o pau, com uma força exagerada.

- Harry, larga ele, você vai mata-lo. Vamos embora!!! - Niall gritou do outro lado.

- NÃO! Eu acho que os outros estão presos em algum lugar aqui! - Nay falou gritando, completamnte assustada. - Niall, você lembra onde era a casa?

- Sim - Niall falou e correu em direção a casa.

Eu tentei ignorar a dor forte na minha perna, peguei Aline no colo e os segui. Chegamos na casa e corremos para dentro. Procurando em todos os cantos e apurando os ouvidos tentando ouvir os gritos. Logo Nayara achou uma espécie de porão e o abriu. Estavam todos lá dentro, desacordados.

- O que a gente faz? Não da pra levar todos no colo! - Harry perguntou desesperado.

- Então a gente acorda eles - Coloquei Aline no chão e corri até a cozinha, procurando desesperadamente um copo. Quando achei, enchi de água e voltei. Nem pensei se aquilo poderia fazer mal ou não. Simplesmente derrubei água em cima de Louis e corri de volta para encher mais, logo todos estavam fazendo isso e aos poucos eles foram acordando.

O problema é que Lorena e a namorada do Louis estavam fracas e não conseguia ficar de pé.  Liam estava ainda tonto, somente Louis estava bom. 

- O TELEFONE DO QUARTO FUNCIONA, CHAMEM A POLÍCIA, A AMBULÂNCIA, QUEM QUISEREM, MAS CHAMEM ALGUÉM - ele gritou desesperado. Só aí percebi que o desespero era porque as meninas estavam com vários cortes, alguns ainda sangrando. 

- Liam - me abaixei perto dele - vamos lá cara! Acorda, a gente precisa de você! Vamos lá! Pela sua garota, levanta. - pedi com toda a fé que consegui reunir.

Harry tinha acabado de voltar do quarto, anunciando que já tinha ligado para a polícia. 

Percebi então que não conseguiríamos voltar com todo mundo.

- Tranquem todas as portas e as janelas. Agora! - falei com o máximo de controle que podia ter.

- Não vamos embora? - Nayara perguntou, já soluçando de tanto chorar.

- Não enquanto não vier ajuda! Não temos condições. - olhei para as paredes e vi as armas que Niall e Line tinham comentado - se armem!

- Mas ninguém sabe atirar - Harry protestou.

- ENTÃO APRENDAM! - gritei sem paciência.

Trancamos tudo e esperamos a policia chegar. Foram os 20 minutos mais longos da minha vida. Quando eles chegaram e viram nosso estado, nem fizeram perguntas. Nos colocaram na viatura e fomos levados para algum hospital. Desmaiei antes de chegar lá.