Laços Fraternos: Megera escrita por MyKanon


Capítulo 8
VIII - Convite




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_ Martha.

_ Ah... Martha Albuquerque?

_ Exato. E a sua...

_ Catharina Santiny.

_ Ah! Legal. Bom, mas Lorrayne, se não for intromissão minha, por que é que você estava na sala da Geni ontem?

_ Alguns problemas que me deixaram chateada. Só. E você? Por que fica com ela?

_ Às vezes minha mãe só pode me buscar depois da uma... Por isso, fico com ela, conversando, ajudando... Ela é muito legal!

_ Também achei.

Nesse instante aproximou-se Caroline. Olhando com desprezo para Lorrayne, perguntou ignorando Layane:

_ Você por acaso encontrou minhas amigas? Ah, com certeza não. Deve estar muito preocupada com seus problemas financeiros, tanto que precisa até de ajuda psiquiátrica...

Layane apurou o olhar e perguntou inocentemente:

_ Caroline? Não lembra de mim?

A menina a olhou de baixo a cima e mudando sua feição para uma mais agradável, empolgou-se:

_ Layane! Quanto tempo!

A garota estendeu os braços para abraçar Layane, que ignorou seu cumprimento e disse:

_ Nossa, você realmente vai da mal a pior heim? Puxa...

Caroline fechou os braços e seriamente perguntou:

_ Por que está me tratando assim, amiga?

_ E por que você trata tão mal as pessoas que não conhece? Que covardia!

Sem graça, Caroline tentava se explicar:

_ Espere aí, Layane! Foi essa talzinha quem começou! Logo no primeiro dia de aula foi super mal educada comigo!

E Lorrayne também aproveitou para se explicar:

_ Oras, por favor, você e suas amiguinhas estavam rindo de mim, e o que fiz foi apenas me defender! Desde então vocês não me deixam em paz!

_ E o que você queria que eu fizesse depois de você me tratar tão mal? Sorrir e perguntar “Como vai?”. Se toca, garota! – Explodiu Caroline.

Tentando contornar a situação, Layane puxou Lorrayne para outra direção enquanto dizia:

_ Foi bom te reencontrar Carol...

A garota ficou parada no corredor, com a expressão estarrecida. Lorrayne gostou muito daquela atitude de Layane, mas não podia dizer a ela. Layane poderia achar que Lorrayne realmente gostava de provocar Caroline. Perguntou:

_ Amigas de muito tempo?

_ Nada! Quando o pai dela foi para o exterior trabalhar coma minha mãe, a gente se conheceu, mas então ele foi despedido, e voltaram pro Brasil... Mas isso, acho que tem uns bons dois anos...

“Que sorte!” Pensou Lorrayne.

E assim passaram-se algumas semanas. Lorrayne se identificava cada vez mais com Layane, e até com seu primo Renan. Durante uma conversa entre os três, Lorrayne comentou:

_ Puxa, Layane, sua mãe deve mesmo ser muito legal...

_ Minha tia Martha é realmente um amor de pessoa! – respondeu Renan prontamente.

_ É... só o Eduardo parece não gostar muito de nós... – Lamentou Layane.

Indignada, Lorrayne perguntou:

_ Nossa, e por quê? Vocês me parecem pessoas super bacanas!

Renan e Layane entreolharam-se. Layane desviou o olhar, e Renan deu sua explicação:

_ Ah, Layane... Meu irmão é um garoto cheio de problemas... Ele é muito rebelde. Acho que nunca superou a perda de nossos pais... Não é que ele não goste da gente... Ele só é muito isolado... Ele conversa muito pouco. Muito menos com a tia Martha.

_ Ah, puxa... Ele deve ser uma pessoa muito triste... – Lorrayne pensou alto.

Layane soltou uma gargalhada e disse:

_ Que nada! Ele é um chato! Na escola ele tem os amigos e as “minas” dele! É pura frescura! Ele é meio que contra a burguesia ou o modo confortável de viver, por isso é desanimado com a vida... Bom, mas não tomemos nosso tempo falando do meu querido primo Dudu! Lorrayne, eu queria te convidar para ir lá em casa! Alugamos alguns filmes que acabaram de sair, tomaremos uns refrigerantes e comeremos umas pipocas... Topa?

Lorrayne ficou imóvel. E agora? A chance de talvez conhecer sua verdadeira mãe... E sua mãe de criação, a deixaria ir? E se deixasse? Teria coragem de ir?

Layane olhou para a mesma direção que Lorrayne olhava. Perguntou:

_ Ei, Lorrayne? Como é? A idéia é tão esplêndida assim?

Saindo de seus devaneios, Lorrayne respondeu:

_ Oi? Ah, me desculpe, só estava pensando se minha mãe deixaria eu ir. Acontece que estamos meio brigadas...

Renan se precipitou:

_ Eu e Layane falamos com ela quando ela vier te buscar! Pode ser?

_ Ah, não! Não dá! Acontece que eu tenho que falar com ela do meu jeito... Tá?

Conformada, Layane concordou:

_ Tudo bem... Mas, se ela deixar, ela te leva, ou minha mãe vem te buscar?

_ Não Layane, não se preocupe com isso, ela me leva. Você só me dá seu endereço...

_ Então tá!

Layane rasgou um pedaço de papel e anotou seu endereço e telefone. Quando o sinal bateu, só teve tempo de dizer:

_ Me liga pra dizer se vai ou não, beleza?

_ Ah... Tá... Beleza!

Layane e Renan se despediram de Lorrayne e seguiram cada um para sua classe. Lorrayne não se agüentava de entusiasmo. Até a aula de física com o professor Valter, que gostava de mandar os alunos se “virarem” quando não entendiam algum exercício, e a de artes com a professora Márcia que vivia recitando poemas e detestava ser interrompida, foram possíveis de agüentar sem muito esforço por Lorrayne. A aula de química já foi diferente. Lorrayne teve de fazer um esforço sobre-humano para fingir que não via a professora Carmem falando mal dela com Caroline e suas amigas.

Finalmente o sinal tocou, e como se fosse por causa do barulho, todas as idéias e decisões de Lorrayne se perderam. Não estava mais com coragem de conhecer sua verdadeira mãe. Não se sentia preparada para tal. Recolheu seu material muito rapidamente. Na verdade não o recolheu, o jogou de qualquer maneira na mochila, a jogou nas costas e foi a primeira a sair. Corria para a sala da professora Geni, onde esperava encontrar Layane. Quando trombou com alguém. A pancada foi tão forte que caiu no chão. Meio tonta ouvia as desculpas:

_ Perdoe-me, não te vi, e você veio tão rápido.

O garoto a ajudava a se levantar. Após ajudá-la, e perguntar se estava tudo bem, o garoto exclamou:

_ Ah, é você, Lorrayne!

A garota olhou, olhou, até reconhecê-lo. Era Marco Aurélio, de sua classe. Um rapaz alto e esbelto. O rosto bonito e os cabelos ajeitados num meio topete desmanchado por causa do encontrão. Mal humorada, respondeu:

_ É, parece que sou. Agora, vê se toma mais cuidado para não derrubar mais ninguém!

_ Desculpa de novo! Mas, me diz, você foi quem pôs moral na professora Carmem, não foi?

_ Não ponho moral em ninguém, colega, só falo o que penso. Agora, com licença, tenho mesmo que ir.

_ Espere... – Lorrayne já estava distante, quando o garoto gritou -... Quero que saiba que tem todo meu apoio para botar moral em qualquer professor!!!

Lorrayne continuou seu caminho, até chegar à sala de Geni. Bateu na porta, e a professora a abriu. Quando a reconheceu, abriu um sorriso e perguntou:

_ Olá querida! Veio continuar aquela nossa conversa?

_ Não... Sinto muito... Só estou procurando pela Layane, a senhora a viu?

_ Oh, claro! Está aqui comigo.

Layane veio de dentro da sala correndo e abraçou Lorrayne. Disse para Geni:

_ Olha, professora, era dela que eu estava falando!

_ Oh! Claro! Mas, então meninas? Querem conversar mais à vontade?

Lorrayne começou:

_ Não precisa professora... Layane, eu só queria dizer que... A respeito de eu ir à sua casa...

_ Ah! Que bom, eu também queria falar sobre isso com você! Minha mãe ligou no meu celular, e diz que faz questão de ir te buscar! Ela está ansiosa para te conhecer!

_ Ah... Está? Bom... Não é preciso ela me buscar...

_ Tudo bem, não faz mal... Mas, puxa, eu fiquei tão empolgada que nem te deixei falar, o que você veio dizer?

_ Ah... Nada de importante. Só vim avisar que já estou indo, e que ligo para você... Tá?

_ Claro! Tchau! Ficaremos esperando impacientemente!

Layane despediu-se animadamente de Lorrayne, que deixou a sala de Geni e foi até o carro de sua mãe, que como sempre perguntou antes de dar a partida:

_ E aí? Como foi seu dia?

Lorrayne ainda estava meio que hipnotizada com sua visita à casa de Layane. Catharina não insistiu muito. Continuou o trajeto calada.

No meio do caminho, Lorrayne avisou:

_ Hoje vou à casa da Layane.

Continua


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