Laços Fraternos: Megera escrita por MyKanon


Capítulo 7
VII - Suspeita




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Parou em frente à porta de Geni. Bateu. A professora abriu a porta. Perguntou:

_ Pois não, querida?

_ Professora... Eu... Não entendi direito o dever de casa... Não ficou muito claro para mim...

_ Ora, entre, entre. Você é a...

_ Lorrayne, professora.

_ Oh, entre Lorrayne.

Lorrayne acompanhou a professora, e sentou-se em uma cadeira, seguindo suas ordens. Geni perguntou:

_ Está bem acomodada?

_ Sim, professora.

_ Agora, me conte, qual o seu problema.

_ O dever de casa...

_ Tem certeza?

_ Como a senhora sabe que não é esse meu problema?

_ Lindinha, todos vêm aqui, com problemas, usando os deveres como pretexto. E muitos acabam saindo daqui com mais um problema: desperdiçaram uma chance.

_ A senhora tem razão.

_ Então, me diga, o que há de errado?

Lorrayne pensou por mais alguns instantes, se deveria contar ou não, mas se convenceu que poderia dar certo. Mas também se lembrou da doutora Rosana. Era a mesma coisa. Por que não sentia rancor por aquela senhora como sentia da doutora? E a resposta veio rápida e claramente: Catharina havia levado-a para Rosana. E naquele momento, tudo que Catharina fazia, era errado.

_ Eu... Faz uns três meses, descobri algo que me deixou como estou hoje.

_ Como você está hoje?

_ Totalmente o oposto do que realmente sou... Eu sempre fui uma pessoa simpática, sempre fui uma ótima aluna, sempre tive muitos amigos, sempre me dei muito bem com a minha mãe...

_ E por que você mudou?

_ Porque eu descobri umas coisas aí...

_ O que descobriu, te faz sofrer?

_ Muito.

_ E você acha que alguém tem culpa?

_ Acho! Minha mãe! Ela devia ter me contado antes! Será que ela não sabia, que se um dia eu descobrisse, podia sofrer muito?

_ E você já parou para pensar nas razões que teve para esconder isso de você?

_ Não.

_ Talvez, assim como você está sofrendo agora, ela achou que você poderia sofrer, e tentou poupá-la.

_ Mas não conseguiu. Ela... Ela ainda não sabe que eu sei.

_ E ela não notou essa sua mudança?

_ Sim, notou. E sempre me pergunta por quê, mas eu não respondo.

_ Por que? Não quer que ela saiba que você sabe?

_ Não.

_ Por que?

_ Não sei. Não sei o que pode acontecer.

_ E se não conversar com sua mãe sobre isso, talvez nunca saiba, e nunca resolva esse problema.

Lorrayne olhou a professora com espanto. Como ela conversaria com sua mãe? Realmente, a professora não poderia ajudá-la. Alguém bateu na porta. Lorrayne levantou-se. A professora disse:

_ Não se preocupe. É uma amiguinha minha. Todos os dias ela fica aqui comigo até a mãe chegar.

Geni levantou-se e abriu a porta. Lorrayne ficou muito mais aliviada, quando viu Layane. A garota entrou sorridente na sala e correu a cumprimentar Lorrayne:

_ Lorrayne! Que bom te encontrar aqui! O que faz aqui?

Meio sem-jeito, Lorrayne disse:

_ Bom, eu estava conversando com a professora Geni... Mas, tenho que ir, já passou da hora...

_ Fique mais um pouco, para conversarmos... - pediu Layane.

_ Eu realmente não posso, minha mãe já está me esperando. Com licença, e obrigada, professora.

Lorrayne abriu a porta e saiu. Catharina já a esperava, e como habitualmente, perguntou:

_ Olá, querida, como foi a aula?

E como habitualmente, não recebeu resposta alguma. Deu a partida e seguiu para casa. Inesperadamente, Lorrayne disse, quase que satisfeita:

_ Hoje tive um dia melhor.

Catharina hesitou. O que deveria fazer? Sorrir? Fazer outra pergunta? Ou agradecê-la por falar? Disse:

_ Que bom. Espero que não tenha nenhuma outra advertência...

_ Por favor, não estrague meu dia.

_ Fico feliz com essa notícia... Hã... Mas... O que foi que fez de bom hoje?

_ Nada de especial. Conheci uma garota simpática.

_ Pensei que isso já houvesse acontecido antes...

_ Ela é muito parecida comigo. Também temos nomes parecidos.

Catharina diminuiu a velocidade. Sabia muito bem quem era aquela garota. Perguntou:

_ Qual o nome dela?

_ Layane Albuquerque.

_ Gostou dela?

_ Gostei. Eu realmente a achei muito legal.

_ Que bom... E ela tem irmãos?

_ Por que está tão interessada? Conhece essa garota?

_ Lorrayne, só estou tentando puxar assunto, já que é um milagre você falar comigo!

_ Certo. Não puxe mais.

_ Quer saber, você é quem sabe.

Catharina estacionou e Lorrayne desceu. Na mesma hora Catharina partiu. Lorrayne entrou. Aquilo estava ficando realmente complicado. Será que sua mãe conhecia Layane Albuquerque? Seria ela sua irmã? Lorrayne tinha que saber. Ansiava pelo dia seguinte, como nunca antes.

No dia seguinte, Catharina levantou e deparou com Lorrayne no corredor, que parecia muito nervosa. Surpresa perguntou:

_ Já está pronta?

_ Sim, já.

_ Vou me trocar, e logo vamos.

_ Ótimo.

Lorrayne entrou no quarto e bateu a porta. Pegou o diário e escreveu:

Diário, são apenas seis da manhã, mas já não agüento mais de tanto nervosismo. Ontem conheci uma garota super simpática na escola, que por sinal, era a minha cara! Quando falei para Catharina, ela se mostrou um tanto interessada, e então não paro de pensar que aquela garota pode ser uma parente minha, talvez minha irmã! Talvez tenha sido por isso que Catharina me colocou nesse colégio. Preciso saber se a mãe dela se chama Suzana, e também

A garota pensou um pouco antes de continuar escrevendo:

preciso vê-la. Ver minha mãe. Toda vez que penso nisso, uma única pergunta me vem na cabeça: POR QUE ELA NÃO ME QUIS? POR QUE ME DEIXOU COM ESSA ESTRANHA?

Logo saberei. Tenho que falar com Layane (a garota que conheci). Mas tenho que ser cuidadosa, não posso sair soltando "Querida irmãzinha!!!", por nada desse mundo posso deixar que ela saiba sobre isso. Imagina se não tivermos nada a ver uma com a outra? Tenho que ir.

Lorrayne fechou o diário e abriu a porta. Catharina estava na cozinha tomando café. Lorrayne desceu até lá, comeu algumas bolachas, e ficou esperando por Catharina, que percebendo sua aflição, perguntou:

_ Qual o problema, Lorrayne?

_ Não há problema algum.

_ Você está muito inquieta. Nunca esteve tão apressada para chegar à escola. O que foi?

_ Nada! E se tem algo, é um assunto meu.

Catharina nada disse. Terminou seu café e retirou a mesa, enquanto Lorrayne pensava se deveria pedir desculpas. Resolveu que não. Lembrou-se que por culpa daquela mulher, não conhecera sua verdadeira mãe. E talvez não tivesse tido a vida boa que devia ter.

Finalmente saíram. Como de costume, antes Catharina conversou muito discretamente com uma mulher ao telefone.

Lorrayne estava tão preocupada em encontrar logo com a tal de Layane, que nem se importou com as aulas de matemática e geografia. A de matemática, até correu normalmente, até o estojo de Lorrayne cair, e ela ser acusada pelo professor, de estar tentando ser o centro das atenções; A de geografia, como sempre. A professora passava algumas coisas no quadro, e insistia em explicá-las. Adorava chamar Lorrayne para que respondesse alguma coisa. A única aula que Lorrayne realmente gostou, foi a de inglês. Michael, um professor inteligente, simpático, e lindo, segundo Lorrayne. “Ah... Se eu fosse um pouquinho mais velha...”.

Quando o sinal tocou, Lorrayne já estava com todo seu material arrumado. Não teve tempo nem de ouvir as reclamações de Caroline quando passou e lhe deu uma trombada com a mochila “sem querer”. Correu para o quadro de horários, precisava saber de que sala Layane saía. A última aula de Layane era matemática para desgosto de Lorrayne, que se tornou maior ao ver que já não havia ninguém na sala. Então achou que seria uma boa idéia ir para o mesmo local onde se conheceram. Lorrayne se aproximou do pé da escada, e felizmente a encontrou. Mas não estava sozinha... Talvez aquele fosse seu primo Renan. “Uau, é realmente uma gracinha!” Pensou Lorrayne. Mas logo se repreendeu “Não, esquece isso!”. Na verdade, Lorrayne achou melhor nem se aproximar. Afinal, não seria nada legal interromper uma conversa descontraída, sem nem ter certeza do que queria falar. Disfarçou, virou-se e começou a andar. Atrás ouviu uma gritaria:

_ Ei, Lorrayne! Aonde você vai? Espere aí!

E logo sentiu uma mão em seu ombro. Virou-se e deparou com Layane, que animada cumprimentou:

_ Oi! Tudo bem?

_ Ah, claro! E você?

_ Muito bem, obrigada! Venha aqui, quero te apresentar meu primo Renan!

Layane arrastou Lorrayne até o garoto e a apresentou:

_ Renan, esta é Lorrayne, minha sósia, Lorrayne! Sósia, este é Renan, meu primo preferido!

Mais de perto, Lorrayne pôde confirmar a opinião que tivera sobre o garoto.

Renan era um rapaz alto, os cabelos castanhos claros, quase loiros e olhos verdes. Lorrayne o cumprimentou com um ligeiro “Oi”. Puxando conversa, o garoto disse:

_ Nossa, mas você é realmente a cara de Layane!

Layane riu, e, puxando Lorrayne para uma outra direção, disse a Renan:

_ Bom, Renan, nós vamos indo. Temos muito que conversar... Tudo bem?

_ Claro. Para variar, minha priminha me abandona mais uma vez!

Layane fez uma careta e virou-se. Conversou com Lorrayne como se fossem grandes amigas, por muito tempo. Mostrando um piercing em sua língua para Lorrayne, disse:

_ Olha só! Foi a maior batalha para convencer minha mãe!

_ Ela não queria que você fizesse?

_ Não. Eduardo ela deixou numa boa! E olha que ela fez aqui no beiço! Eu ainda fiz muito por fazer numa parte que ninguém vê!

_ Vai ver ela só esteja querendo... Sei lá, preservar você...

_ Lorrayne, faça-me o favor! Que nada! É que ela acha que é coisa para homem...

_ Ah, é? Puxa... E o nome da sua mãe mesmo é...

Continua


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