Narrado por Daniel:

Estava surpresso por vê-lo, Porque ele aparece justo no momento errado ? ...

Olhei torto para Demétrius que permanecia parado na sala de Julie.

– O que veio fazer aqui? - Perguntei.

– Vim te dizer que já sei de tudo. - Estremeci ao ouvir sua resposta, porém, continuei parado.

– ... Não sei do que está falando, e eu tenho mais o que fazer... - Ameaçei subir as escadas e deixar Demétrius sozinho.

– Julie... Esse nome refresca a sua memória?... - Me virei e o encarei. - Esse nome te ajudou a lembrar?

– ... - Não o respondi.

– Bom, acho que você se esqueceu das regras espectrais... relacionamentos amorosos com os vivos não são permitidos...- Demétrius começa um discurso, mas o interrompi.

– Quem te falou que eu e a Julie temos um relacionamento??? - Perguntei, nervoso. Ele sorriu torto e continuou;

– Daniel, eu sei de tudo.

– Então também deve saber que eu a amo. - Retruquei. - Eu vou ficar com ela Demétrius, e ninguém vai me impedir.

– Lindo Lindo Lindo.... - Ele bate palmas, ironicamente, me deixando ainda mais nervoso. - Acho que é preciso te lembrar, que... você é um FANTASMA.

Respirei fundo, não podia perder a calma.

– Não me importo em ser o que sou. - Sussurrei.

– Bom... Mas, Daniel... sabe que as regras espectrais...

– NÃO ME IMPORTO COM AS REGRAS, NUNCA AS SEGUI! EU VOU FICAR COM A JULIE!

– Não vai não. - Responde ele frio, respirei fundo, não queria gritar de novo para o chefe da Policia Espectral.

–...- Fiquei calado.

– Só há um jeito de vocês dois ficarem juntos. - Demétrius sorri, fiquei curioso para saber, então perguntei.

– Que jeito?

– Se a Julie deixar de ser humana... - Demétrius ri. - Em outras palavras, se ela morrer.

– Você não tem juizo ?! Que merda... - Reclamei.

– Eu ? - Demétrius riu. - Eu não tenho juizo...? Daniel, essa é a unica maneira. Você não disse que quer ficar com ela?... Estou te fazendo um favor, pode ficar com ela pelo resto da eternidade, mas... a Julie não será humana. Simples;

Me sentei no sofá da sala, e abaixei a cabeça, indignado. Ninguém além da Bia sabia do nosso relacionamento, e Beatriz é viva, ela nunca iria dizer nada a Demétrius. Como ele descobriu?

– A Julie nunca teria uma vida normal com você. - Demétrius me provocava.

– Eu sei. - Sussurrei, mas ele não me ouviu;

– Bom, Daniel. Faça a sua escolha, ou você termina tudo, diga que nunca a amou, pise no coração dela, ou então... você a mata e os dois pombinhos podem 'viver' felizes para sempre.

– Mas que mente doentia teria a capacidade de tirar a vida de alguém?... - Fiz uma pergunta retórica, eu estava perplexo com a proposta de Demétrius.

– Você tem.... 24Hrs para pensar. - Demétrius olha para seu relógio de pulso.

– Não... não preciso pensar, jamais pensaria duas vezes sobre isso. - Respirei fundo. - Vou terminar tudo. - Demétrius sorriu malignamente ao me ouvir.

Demétrius some. Abaixei a cabeça, ainda na sala da Julie e fiquei pensando no que passamos juntos.

* Nesse momento, estava um pensando no outro, Juliana estava deitada em sua cama. Pensativa, ela já havia se decidido: A viva iria esquecer Nicolas de uma vez, pois o que ela estava sentido por Daniel, era mais forte. *

Subi as escadas, a porta de seu quarto estava aberto, já era noite, devia ser umas nove para dez horas da noite, sei que Juliana dormia tarde, bati na porta, mesmo estando aberta. Ela gemeu, como se mandasse eu entrar, porém, nem ao menos se virou da cama para ver quem batia.

– Julie. - Sussurrei. A mesma me encarou, ainda no escuro, ela se levanta da cama que estava deitada e se senta.

– Daniel. - Percebi que ela sorriu, Julie me abraçou, sinceramente não esperava por aquilo, aproveitei o abraço, mas não durou muito, lembrei das palavras de Demétrius e me soltei. - Disculpa... - Diz ela, me olhando.

Julie liga a luz de seu abajúr, era uma luz fraca. Mas consegui ver o seu rosto.

– Disculpa porque ? - Perguntei;

– Eu te tratei mal, disculpa. - Ela toca no meu rosto, fechei os olhos.

Me aproximei lentamente de seu rosto, já com os olhos abertos, dei delicados beijos sobre sua face, bochecha, queixo, testa, nariz... Julie aproveitava o carinho.

– Não tenque se desculpar... - Sussurrei, soltando seu rosto.- Mas, eu preciso conversar com você.

Julie sorriu, naquele momento, não queria ver aquele lindo sorriso para mim, pois eu sabia que eu o desmancharia.

– Pode falar.

Respirei fundo.

– Julie, eu estava errado. - Começei.

– Errado? Errado em que?

– Eu estava errado sobre meus sentimentos, na verdade... acho que não existe sentimento.

– Como assim?

Suspirei.

– Somos de mundos diferentes Julie... eu sou um fantasma, você é uma humana.

– ...- Julie não respondia, mas seu sorriso já não estava estampado no rosto. Continuei.

– Nunca daria certo. - Olhei para baixo, não iria ter coragem de encara-lá, acabei avistando a rosa que ela ganhou, na mesinha do abajúr.

Nicolas... - Eu pensava, sou esperto, sei que foi ele que mandou aquela rosa, e sei que Juliana ficaria bem melhor ao seu lado, e não ao meu.

Me lembrei do sorriso lindo e perfeito que Julie deu para Nicolas.

– Daniel... você não está termi... - A interrompi.

– Terminando? Julie... nós nem começamos.

– O que sente por mim então Dan?...

Sinto tudo, sinto tudo por você Julie, mas infelizmente, não posso expressar tamanho a sentimento.

– ... Acho, que...

– RESPONDE! - Ela grita. Fiquei em silêncio por um tempo... - O QUE SENTE POR MIM ? - Julie me encarava.

Olhei para baixo. Eu não teria coragem de magoa-lá assim, mas eu faria de tudo para protege-lá.

– Queria que você fosse como o Nicolas... - Julie sussurrou, mais baixo do que o normal, mas mesmo assim, consegui ouvir.

– Não me compare a ele.

– Quer saber Daniel? Não sei onde eu estava com a cabeça... nós dois? Juntos? Nós nos odiamos... E você...

– Eu?... - Fiz uma pausa, esperando Julie concluir sua frase. Mas ela fica em silêncio. - Eu sei, eu sou um fantasma.

– Era só isso que você queria me dizer? Que é um fantasma?... - Julie pergunta ironicamente.

– Não, eu queria dizer também, que não sinto nada por você. - Menti. Julie virou o rosto.

– Eu também queria te dizer uma coisa. - Ela começa. - Eu ainda estou apaixonada pelo Nicolas. - Julie diz, com a voz fraca.