My Friend, My Love escrita por Marcela


Capítulo 2
Lágrimas de Chuva


Notas iniciais do capítulo

A música que acompanha esse capítulo é Some Hearts da Carrie Underwood, aqui está ela, para quem quiser ouvir pelo youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=kaQzqlZS93E [Narração: Marcela]



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Minha respiração estava quase ofegando, minhas mãos quase tocando seu corpo molhado e meu coração quase saindo pela minha boca, quando um simples suspiro acabou com nosso romantismo. Fechei os olhos quando ele grudou mais ainda nossos corpos gelados, senti sua boca colar em um de meus ouvidos; ele suspirou também. Não dissemos nada, apenas ficamos em silêncio. Logo senti algo molhado e quente tocar meu rosto, percebi que eram gotas que caíam dos olhos verdes de Eduardo.

 

- D-du, tá chorando? - Acariciei seus cabelos.

 

Ele não respondeu. Senti seu coração bater descompassadamente dentro de seu peito, colado ao meu. Logo escutei alguns soluços abafados escaparem da sua boca trêmula. Edu levou suas mãos másculas até minhas costas e roçou seu nariz gelado em meu pescoço. Apertei as pálbebras, fazendo com que as lágrimas quentes e teimosas rolassem pelo meu rosto choroso. Entrelaçei meus dedos em seus fios um tanto dourados e ele deixou nosso abraço cada vez mais apertado.

 

 

I've never been the kind that you'd call lucky
Always stumbling' around in circles
But I must have stumbled into something
Look at me
Am I really alone with you?
Eu nunca fui do tipo que você chamaria de sortuda
Sempre tropeçando por aí em círculos
Mas eu devo ter tropeçado em algo
Olhe para mim
Eu estou mesmo sozinha com você?

 

 

- N-não quero deixar de te ver. - Ele hesitou - Não quero ir embora e te deixar aqui Má.

 

Mordi os lábios inferiores da minha boca trêmula de frio, fazendo com que gotas de choro contínuas caíssem ainda mais, pulando dos meus olhos cor de mel e lambendo minha face cansada. Eduardo tinha o melhor abraço de todos, isso eu não podia negar. Quando ele tentou recuar e descolar nossos corpos, eu puxei-o de volta para mim e suspirei.

 

- Fica, fica comigo. - Respirei fundo - Não vá, eu não quero.

 

- Se desse, eu juro que ficaria aqui com você, minha melhor amiga, meu amor.

 

- Meu melhor amigo, meu amor. - Repeti.

 

Não demorou muito para levantarmos e caminharmos, deixando pegadas de nossos pés da areia molhada. Ele estava do meu lado quando enlaçou nossos dedos das mãos e correu comigo até a calçada. Seu rosto havia ganhado vida, seu humor já não era mais o mesmo de alguns minutos atrás. Um sorriso torto se desenhou em sua face quando eu ri, com muita vontade, assim que ele me pegou no colo e correu pela rua que era beijada pela chuva gelada.

 

 I wake up feeling like my life's worth living
Can't recall when I last felt that way
Guess it must be all this love you're giving
Never knew never knew it could be like this
But I guess

Eu acordo sentindo que minha vida vale ser vivida
Não consigo me lembrar da última vez que me senti assim
Acho que deve ser todo esse amor que você está dando
Nunca soube nunca soube que poderia ser assim
Mas eu acho

 

 

- Infelizmente você vai ter que me aturar por mais essa noite inteira! - Ele gritou, ainda com um sorriso no rosto.

 

- Eu vou adorar! - Gargalhei, fazendo-o rir também.

 

Ele me levou em seu colo até uma lanchonete daquela rua e entramos lá, mesmo molhados. Percebi que todos ali nos fitavam, assustados, pois chegamos gargalhando; pareciamos dois retardados alegres. Eduardo me colocou no chão logo na entrada e me puxou para dentro do local, ainda rindo. O piso de linóleo preto brilhava com as luzes, um tanto escuras, do ambiente romântico. Não demorou muito para escolhermos uma mesa no canto do espaço, um tanto isolada das demais.

 

Não pedimos nada para comer naquele momento em que a garçonete abusada veio até nossa mesa. A folgada "secou" meu amigo, quase deixando ele magrinho, magrinho. Entreguei a ela um olhar assassino e Eduardo riu, zoando com a minha cara. Logo ele entrelaçou nossos dedos novamente e os apertou com carinho; corei quando ele me mandou um beijo soprado.

 

- Ai ai, adoro quando você fica assim, sem graça. - Ele sorriu contente, segurando o queixo com as mãos.

 

 Some hearts
They just get all the right breaks
Some hearts have the stars on their side
Some hearts just get lucky sometimes
Alguns corações
Eles apenas têem as paradas certas
Alguns corações têem estrelas do seu lado
Alguns corações só dão sorte as vezes

 

Não disse nada, apenas ri, sem graça. Os minutos foram se passando e nós dois não comemos, absolutamente, nada; Eduardo riu, notando nosso tédio mortal. Ele pegou nas minhas delicadas mãos, ainda geladas pelo frio, e me puxou para fora da lanchonete. Tirou sua blusa, mesmo estando molhada, e colocou na minha cabeça, antes de saírmos do local.

 

- Não quero que você fique gripada. - Disse, arrumando a veste encharcada em mim.

 

- Mas isso não vai ajudar em nada. - Estava quase rindo do seu cavalheirismo "maravilhoso".

 

- Finja que vai e corre. - Mostrou a língua pra mim enquanto me puxava.

 

Lá fora estava caindo o mundo, literalmente. As ruas já estavam, praticamente, quase desertas e nós corriamos nas calçadas de mãos dadas. Não demorou muito para Edu encontrar uma poça e pular nela, espirrando água em mim e fazendo seus tênis sujos tomaram um belo banho. Me juntei a ele e começei a pular também; ele riu, contente. Logo Edu pegou minhas mãos novamente e correu sem parar. Seus passos eram largos e rápidos, ao contrário dos meus, o que dificultava a situação.

 

- Corre boba! - Ele ria - Vamos nos molhar.

 

- Já estamos molhados Du. - Ri também.

 

Ele gargalhou e me colocou de cavalinho em suas costas, outra vez. Suas mãos envolveram minhas coxas, me prendendo em seu corpo forte. Senti meu corpo estremecer e os pelinhos dos meus braços arrepiaram com o seu ato. Contornei seu pescoço com minhas mãos trêmulas de frio e me segurei firme para não cair de seu colo. Eduardo me ajeitou e apertou os passos, enquanto eu descançava minha cabeça em seu ombro largo.

 

 Now who'd have thought someone like you could love me
You're the last thing my heart expected
Who'd have thought I'd ever find somebody
Someone who someone who makes me feel like this
Well I guess
Agora quem iria pensar que alguém como você poderia me amar
Você é a última coisa que meu coração esperava
Quem iria pensar que eu algum dia encontraria alguém
Alguém que alguém que me faz sentir assim
Bem eu acho

 

 

- Não abuse do meu cavaleirismo em! - Ele zoou.

 

- Cala a boca e corre. - Caçoei, rindo.

 

- Vá vá, eu sei que tá super aconchegante aí, sua tonta. - Sorriu feliz.

 

Eu não disse mais nada, apenas fechei os olhos, deixando as lágrimas das nuvens beijarem meu corpo já molhado. Senti um vento gelado bater contra meu corpo e fazer meus cabelos grudarem no meu rosto. Notei que Eduardo foi diminuindo os passos aos poucos e logo me colocou no chão, descolando nossos corpos.

 

Não demorou muito para eu reconhecer o lugar onde nos encontrávamos naquele momento. Aquele parquinho vazio me trazia diversas lembranças da minha infância. Olhava para os lados e flashes de algumas cenas me passavam pela cabeça. Da época em que éramos duas crianças inocentes, à uns oito anos atrás, e nós dois vivíamos brincando aqui, o cenário de várias passagens da minha vida e do meu amigo também.

 

A chuva havia cessado um pouco e agora chorava fraca. Levantei a cabeça e deixei as suas lágrimas geladas beijarem meu corpo. O barulho da ferrugem do balanço ecoava em meus ouvidos sensíveis me fazendo acordar da distração. O garoto dos olhos de um verde bonito, relaxava no brinquedo, desenhando na areia molhada com os pés. Suas mãos envolviam a corrente e seus dedos, nelas, deslizavam devagar. Seu cabelo de um leve tom dourado grudava em seu rosto triste e cansado. Seus dentes brancos e brilhantes mordiam suavemente os lábios inferiores de sua boca vermelha. Mordi os meus também, sentando no balanço vago ao seu lado.

 

 

Some hearts
They just get all the right breaks
Some hearts have the stars on their side
Some hearts just get lucky sometimes
Alguns corações
Eles apenas têem as paradas certas
Alguns corações têem estrelas do seu lado
Alguns corações só dão sorte as vezes

 

 

- Vamos ficar com gripe sabia? - Tentei cortar o silêncio.

 

- É. - Ele respondeu monotonamente.

 

- Por que... - Hesitei - Por que me trouxe aqui?

 

- Onde mais eu poderia passar o último dia, dos meus treze anos, com você? - Ele riu, sem vontade.

 

Eduardo tinha dezesseis anos e eu quinze; nos conhecíamos desde quando ele tinha três e eu dois, pois nossas mães eram amigas também e engravidaram, praticamente, quase na mesma época. Na realidade, eu era apenas dez meses mais nova que o Du. Crescemos juntos e apaixonar pelo meu melhor amigo, quase irmão, não estava nos meus planos. Gostar de alguém que iria se mudar para outra cidade estava fora de cogitação. Seu Fernando, pai do Eduardo, havia ganhado uma promoção irrecusável e tinha que mudar de onde morava agora para outro local.

 

Meu amigo tinha me contado que a cidade era um tanto bacana; havia muito comércio e grandes construções, mais ou menos como aqui, mas muito mais movimentada e maior. Os shoppings não o alegraria, pois Du não era muito de sair nesses locais, assim como eu. Praias não teria, pois não era litoral. Acho que ele ia vegetar em casa todos os dias, com a rotina: casa - escola, escola - casa. O máximo que faria era usar o computador um pouco, nada muito viciante, assim não corria o perigo de ir mal nas provas. Torço para que o Edu se acostume lá, mas vou sentir saudades das nossas conversas, nossas risadas, passeios e, principalmente, dele.

 

- Não tinha lugar melhor. - Respondi, ao sentir as lágrimas tentarem escapar novamente, enquanto peguei em sua mão trêmula, entrelaçando nossos dedos.

 

Fim do segundo capítulo.

 

Owin *O* espero que estejam gostando pessoas lindas do meu coração s2 *____* só para avisar, acho que vou variar a narração ao decorrer dos capítulos.
Tipo assim, alguns capítulos são narrados pela Marcela, outros pelo Eduardo, entendido? :)
Comentem o que acharam, kissu :*


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