My Friend, My Love escrita por Marcela


Capítulo 13
Diferenças Indiferentes


Notas iniciais do capítulo

A música que acompanha esse capítulo é The Climb da Miley Cyrus, aqui está ela, para quem quiser ouvir pelo youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=NG2zyeVRcbs

[Narração: Marcela]



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 Não podia negar que meu coração batia cada vez mais forte quando o moreno me beijava, ou ao menos me olhava, fitando-me com seus azuis de anil, mas era fato de que aquilo não estava certo. Eu não podia me entregar tão fácil à um jogo inútil, desistir sem tentar - eu, definitivamente, não podia me apaixonar por duas pessoas ao mesmo tempo.

 

- Já chega. - Disse, descolando seus cálidos lábios de minha boca rosada e o empurrando para trás, não brutalmente - Não dá mais para continuar assim... Você... E eu... Não podemos...

 

- Não podemos o que? - Ele franziu o cenho e sua face ficou rígida - Não podemos nos amar?

 

- Não é isso! - Minha voz saiu espontaneamente - Só não quero... Magoá-lo.

 

- Me magoar? Você não vai e eu te garanto.

 

I can almost see it
That dream I'm dreaming but
there's a voice inside my head saying
You'll never reach it
Eu quase posso ver
O sonho que tenho sonhado
Mas há uma voz dentro da minha cabeça dizendo
Você nunca alcançará

 

De repente senti como se aquele colar que ficava em meu pescoço, com o nome de Eduardo escrito num pingente, pesasse uma tonelada. Todo arrependimento de não ter feito tudo o que eu tinha direito de fazer, me corroia por dentro do peito. A sensação de desespero apertava meu coração, esmagando-o aos poucos. Meus olhos amendoados fitavam o azul profundo de Marcos e ele pegou em minhas mãos, delicadamente.

 

- Você podia namorar comigo... - A sua voz saiu como um sussurro e um sorriso bobo se desenhou no canto direito da boca avermelhada.

 

Por dois segundos senti meu coração parar de bater. O moreno era tão diferente do loiro, não só pela cor do cabelo, mas pelas suas atitudes. Marcos era decidido e agia, na maioria das vezes, por impulso; já o Du tinha um coração dócil e romântico - eu sabia que ele nunca faria nada de que eu não quisesse. Por mais que eu sentisse uma forte atração pelo meu mais novo amigo, eu tinha certeza de que não seria feliz ao seu lado.

 

- Por favor, não vamos misturar as coisas - Fitei o chão - tudo está ficando complicado demais para mim... Você sabe que... Eu gosto de outra pessoa.

 

Every step I'm taking
Every move I make Feels
lost with no direction
My faith is shaken
But I, I gotta keep trying
Gotta keep my head held high
Cada passo que eu dou
Cada movimento que faço parece
Perdido e sem direção
Minha fé está abalada
Mas eu, eu vou continuar tentando
Tenho que manter minha cabeça erguida

 

Sem responder nada, suas mãos envolveram minhas costas, me rodando e eu pude ficar de costas para ele. Observei nossos corpos colados pelo espelho da sala. Seus braços entrelaçados apertavam minha barriga e seu corpo começava a gingar de um lado para o outro, levando-me junto no seu compasso. Os meus cabelos oscilaram, beijando minha face e Marcos escondeu seu rosto nos mesmos, mas sem parar de dançar suavemente. Logo ele me fez rodar ao redor de meu próprio corpo, mas sem que eu saísse do lugar. O movimento fez com que eu ficasse de frente para o garoto, quase selando as bocas novamente, mas me afastei rapidamente e continuei a dançar com meu parceiro, ensaiando para a peça musical.

 

***

 

Uma semana havia se passado e o sábado havia chegado. Olhei-me no espelho mais uma vez e notei estar um pouco cansada, pois minhas olheiras já estavam profundas e pesavam embaixo de meus olhos. A calça jeans estava um pouco justa, mas confortável e se encaixava adequadamente em meu corpo, realçando meu quadril e a blusa cavada combinava perfeitamente para aquela ocasião, juntamente com o meu tênis. Dei uma última olhada no relógio que já marcam quase nove horas da noite e ajeitei os cabelos. Logo desci correndo até a porta da frente, onde meu pai já estava com o carro à minha espera - sentei-me no lado do carona e seguimos até a festa da Lígia.

 

Os portões continham lâmpadas reluzentes e bastante brilhantes, mas não de diversas cores, apenas as de tonalidades agradáveis. Algumas árvores descansavam quietas fora do local e oscilavam as vezes, mas bem de leve. Me senti relaxada, embora soubesse que Marcos estaria ali também. O lugar era agradável e cheio ao mesmo tempo. A piscina estava vazia, porém fazia calor. Despedi do meu pai e segui em frente. Ainda no jardim dava para escutar a música alta, que não me recordava o nome naquele momento. Lígia me recepcionou bem animada e eu lhe dei os parabéns, mas ainda continuei como se não houvesse festa. Acho que o meu visual ajudou um pouco no papel de zumbi da festa. Resolvi pegar um pouco do ponche, que tinha um cheiro esquisito, mas tomei de vez sem notar o que era.

 

- Curtindo a noite? - Estremeci assim que seus braços fortes envolveram meu corpo carinhosamente.

 

- Acabei de chegar, Marcos. - Respondi como se fosse algo óbvio à ser dito.

 

- Então vem comigo que eu vou te animar! - Antes de me puxar as forças pelo braço, o moreno selou seus lábios na minha bochecha e o sangue subiu rapidamente em minha face, me fazendo corar de leve.

 

There's always gonna be another mountain
I'm always gonna wanna make it move
Always gonna be an uphill battle
Sometimes I'm gonna have to lose
Ain't about how fast I get there
Ain't about what's waiting on the other side
It's the climb
Sempre haverá uma outra montanha
Eu sempre vou querer movê-la
Sempre será uma batalha difícil
Às vezes eu terei que perder
Não tem a ver com a rapidez que eu vou chegar lá
Não tem a ver com o que estará esperando do outro lado
É a subida

 

Acho que demorei para notar que nossos dedos estavam enlaçados em um laço imperfeito, mas assim que percebi puxei minha mão e descolei nossos corpos, embora ainda continuasse à segui-lo. Observei um pouco mais o lugar e notei que não haviam muitos adultos por ali - alguns deviam ser os familiares. O moreno me levou para o meio da pista de dança, onde vários jovens dançavam acompanhando o ritmo da música animada. Suas mãos percorriam minha cintura e as minhas descansavam em seus ombros largos, mas eu ainda fitava o chão, um pouco desanimada, apenas acompanhando seu compasso, mais uma vez. De repente meu celular começava a vibrar e os dedos, procurando pelos bolsos o aparelho, dançavam pelo ar. Ao tê-lo em mãos, atendi a chamada rapidamente, após ver o nome que estava desenhado na pequena tela do aparelho.

 

- Alô, Edu? - Minha voz trêmula saiu um pouco alta, chamando a atenção de Marcos, que me entregava um olhar tenso.

 

 - Vai estar em casa hoje? - A voz parecia nervosa e chorosa.

 

- V-vou... Mas acho que... Só mais tarde. Por quê?

 

 - Preciso te ver, falar com você! Eu... Eu sinto um vazio no meu coração, Marcela.

 - Não... Não chora! - Implorei ao perceber que o loiro estava desesperado do outro lado da linha - O que... O que está acontecendo?

 

 - Eu te amo. - Aquelas foram as últimas palavras que eu pude ouvir antes de ser deixada falando sozinha, mais uma vez.

 

- Eu... Também... Te amo. - Sussurrei, apertando o botão para finalizar a conversa.

 

The struggles I'm facing
The chances I'm taking
Sometimes might knock me down But
no, I'm not breaking
I may not know it
But these are the moments that I'm gonna remember most, yeah
Just gotta keep going
and I
I gotta be strong
Just keep pushing on
'Cause
As lutas que estou encarando
As chances que estou escolhendo
Ás vezes podem me empurrar pra baixo
Mas, não, eu não desisti
Eu posso não saber ainda
Mas esses são os momentos que
Eu vou mais me lembrar, yeah
Só tenho que continuar
E eu...
Eu tenho que ser forte
É só continuar lutando
Pois...

 

Fitei o chão antes de voltar a olhar o rosto frustrante de Marcos que pairava tenso ao meu lado. Algumas lágrimas não hesitaram em escorrer pela minha face e molharem minha blusa - enxuguei-as depressa para evitar constrangimento. De longe, Lígia me observava incrédula, me fazendo seguir até um banco e me sentar. Qualquer que fosse o acontecimento que havia ocorrido e que o Eduardo não quisera me contar por telefone, tinha me deixado de cabeça para baixo, sem reações para saber o que fazer naquele momento. Não conseguia entender o por quê dele ter me perguntado se estaria em casa hoje, nem ao menos entender porque ele chorava descontroladamente, mas eu estava um pouco mais feliz por ter escutado o tão esperado ‘eu te amo’ que eu já não ouvia há muito tempo atrás.

 

- Você está bem? - Marcos me abraçava delicada e confortavelmente, e eu afundei meu rosto em seu peito.

 

Não queria chorar, mas a incapacidade de lutar contra as lágrimas quentes que insistam em pular das amêndoas dos meus olhos, era mais forte do que eu mesma. Tentei parecer feliz, mas para mim, a noite havia acabado naquele momento.

 

***

 

Ao entrar no carro, retirei os tênis, que, literalmente, estavam me matando. Descansei a cabeça no encosto do banco e fechei os olhos. Meu pai me olhou diferente e riu abafadamente. Voltei o meu olhar à ele e o mesmo continuou o percurso até em casa. Ao chegar, corri para dentro da residência, abrindo a porta e me deparando com uma imagem indiferente sentada no meu sofá com os olhos inundados, assim como os meus.

 

- Eduardo?

 

Fim do décimo terceiro capítulo.

Oi pessoal! Obrigada pelo carinho e pelos comentários maravilhosos que vocês me deixam! Aqui está mais um capítulo que acabou de sair do forno, hahahaha. Continuem mandando seus reviews e dando 5 estrelhinhas! kkk' Espero que tenham gostado! Beijos da Tia Marcela. :)


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