Carreirista do Distrito 2 escrita por MaysileeDonner


Capítulo 1
Distrito 2


Notas iniciais do capítulo

A fic não ta boa, nos próximos capítulos eu vou detalhar mais.
Caso não tenha lido a trilogia, no final eu vou colocar algumas definições para as palavras que tiveram um *.



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É amanhã. Amanhã é o Dia da Colheita*, mesmo vivendo no Distrito 2*, sendo uma Carreirista*, eu espero não ir para os Jogos esse ano.

Moramos em Panem*, havia treze Distritos*, cada um tem uma função, diferente, porém, todos servem a Capital*, onde há o governo e vivem as pessoas ricas, os Distritos não tem nomes, são chamados por números. Um dia, aproximadamente a 74 anos atrás, houve os Dias Escuros*, o Distrito 13 tentou causar uma rebelião, acabou que ele foi exterminado pela Capital, que para mostrar o seu poder, ela criou os Jogos Vorazes, onde um casal entre 12 e 18 anos são sorteados ou podem se voluntariar para participar dos Jogos, eles são jogados numa arena onde tem que lutar até a morte, o ultimo sovrevivente é o vitorioso. O Vitorioso ganha comida, dinheiro e uma casa na Aldeia dos Vitoriosos*. Aqui no Distrito 2 é comum se voluntariar, sempre há vencedores, a maioria tem grandes chances de ganhar.

Todos me dizem que eu não teria chance nenhuma de vencer, que eu não tenho altura o suficiente, que eu não tenho força, mas eu deixei de ligar para o que falam. Eu treinei. Ainda treino muito, um dia irei ganhar esses jogos, vou ser forte como minha mãe era.

Ela e meu pai se conheceram aos 16 anos, nasci quando ela tinha 17, meu pai ia se voluntariar e ganhar os jogos naquele ano, ia conseguir uma casa, comida e dar uma boa vida para mim e minha mãe, só que o inesperado aconteceu, ela foi sorteada e ele ficou porque eu não tinha ninguém, ela jurou que iria voltar, mas não voltou, ela ficou entre os três últimos tributos*, mas não conseguiu, foi morta pelo tributo do Distrito 4. Meu pai é muito aberto, ele acha que se guardar tudo isso só para ele, ele não aguentaria, ele me conta tudo sobre ela. "Linda Evelin Messer" repetia sempre que falava sobre ela. Eu não sei se isso é bom ou ruim, saber da morte da minha mãe ou como ela era, eu nem a conheci, praticamente.

O sol está quase se pondo e eu continuo aqui, treinando. É proibido se preparar para os Jogos, a Capital só finge que não vê isso, afinal, somos do Distrito 2, forneçemos armamentos e treinamos Pacificadores, sem nós, a Capital não seria nada, simples assim. Digamos que somos os "queridinhos" dela. Posso até dizer que vivo bem aqui, ela precisa manter os especialistas em armas felizes, não? Por isso, ela concede algumas regalias para nós, por exemplo, eu nunca passei fome, tem energia durante a noite e uma boa parte do dia e outras coisinhas assim.

Como eu disse, a maioria dos jovens do Distrito 2 treinam desde cedo, praticamente a vida toda até completar 17 ou 18 anos e se voluntariar, eles vão para vencer. Aqui, sempre nos disseram para projetarmos aos outros tributos "arrogância e brutalidade", temos que causar medo e ir atrás das armas mais mortais.

Vejo a noite nascendo pela janela da Academia, não vou voltar tão cedo para casa, sou a única ali. Não estou com cabeça para ouvir meu pai falar dela, de novo.

Eu realmente não sou forte e nem sou tão alta como as outras Carreristas, mas mesmo assim acredito que posso ganhar, porém tenho grande habilidade com facas, treino elas desde os noves anos, posso acertar um alvo a metros de distância.

Escuto um barulho e vejo a sombra de alguém, Cato. Cato é o melhor da academia*, é forte, alto, mais velho... Confesso, se eu fosse com ele para a arena, não teria chance nenhuma, ainda mais depois de tudo o que ele fez por mim. Como eu mataria alguém que eu amo? Somos perfeitos juntos.

– E ai, Clove? - Cumprimenta ele.

– E ai, Cato? - Retribuo.

– Treinando muito? Deveria estar em casa com seu pai, é o que os jovens fazem, descançam e passam o dia com a família antes da Colheita. - Ele começa a destruir um boneco e me tira um sorriso do rosto.

– Haha, olha quem fala - zombo.

Ele sempre me defendeu, lembro quando eu entrei aqui, aos oito anos, alguns garotos mais velhos me mandaram ir embora, disseram que eu não poderia treinar, então, Cato chegou "Ela pode treinar aqui como qualquer um, quem deveria ir embora são vocês, porque eu não preciso andar em grupo para arrancar dentes de alguns covardes" Ele me pareceu esnobe, mas fiquei agradecida, foi a partir daí que nos tornamos amigos. Eu não sabia fazer nada, nem pegar numa arma, ele me ajudou em tudo, até descobrir meu talento com facas.

– Já pensou se fôssemos para os Jogos juntos? - indaga ele.

Balanço negativamente afastando a idéia.

– Sem chance.

– Porque? E se a sorte não estiver ao nosso favor? - Comenta ele.

– Não, Cato. Só um sai vivo. Se formos juntos, um de nós ira morrer. - Explico.

– Eu morreria - Susurra ele.

Porque ele está tão sentimental? Porque está agindo assim?

– Não, eu morreria. Você é melhor do que eu, a chance é maior. - Defino.

– Clove, presta atenção: Se eu morrer, ninguém irá sentir minha falta, eu só sou um garoto bruto da Academia. Você, não. Você precisa voltar para seu pai, ele a ama, não suportaria te perder. Por amor.

Por um momento eu pensei que ele não estava do amor do meu pai. Não, estava louca. Porque ele olharia para mim?

– Entendeu? - Continua ele - Eu não tenho ninguém, não tenho para quem voltar, sério, ninguém mesmo sentiria minha falta.

"Poderia voltar para mim, eu sentiria sua falta" completo mentalmente.

– Para com essa conversa! - Interrompo - Um dia seremos vitoriosos e pronto. Vou ir para casa. Vai me acompanhar ou não?

Eu saio dali e Cato me segue.

Estava frio lá fora, por isso, ele me empresta seu casaco, que fica grande demais e bate no meu joelho. Ele começa:

– Você fica linda assim...

Eu rio, como se fosse uma brincadeira. Nunca existiu nada entre eu e Cato.

Chegando em casa, ele logo entra e cumprimenta meu pai:

– Olá, Sr. Martin.

– Oi Cato - Meu pai responde sem tirar os olhos daquele álbum de fotos.

Maldito álbum de fotos, tinha que ser fotos da minha mãe, sempre me faz lembrar o quanto eu queria que ela estivesse aqui, para ter alguém com quem conversar, que me entendesse.

Devolvo o casaco e Cato vai saindo:

– Até amanhã? - Balanço a cabeça positivamente e ele sai de lá, subo as escadas até o meu quarto e o observo ir embora.

Tomo um banho e troco de roupa, deito minha cabeça no travesseiro e começo a pensar naquela conversa na Academia e como o dia será difícil amanhã, até adormecer.

Dia da Colheita. Eu levanto da minha cama e olho pela janela, vários pacificadores vagam pelas ruas do Distrito 2 e vejo do outro lado da rua Cato. Eu gosto dele, eu acho. Ele acena para mim e atravessa a rua.

Troco de roupa e coloco uma calça com estampa militar e camiseta preta. Confortáveis. Detesto outros tipo de roupas, como vestidos, saias, eca. Calço os coturnos, que com o tempo, ficaram perfeitos para mim.

Ele bate na porta e eu desço do meu quarto para abrí-la:

– Oi Clove. – Ele sorri.

Sorrio de volta.

– Oi, e ai? Com medo dos jogos?

– Claro que não, eu ainda vou ganhar. – Ele sorri.

Eu penso de novo naquela conversa, será que ele ainda se lembra? Pelo modo como ele disse que iria ganhar, parece que não.

– Hã, posso entrar? – Cato pergunta.

– Ah, claro. – Saio da frente para que ele possa entrar.

Estamos sozinhos em casa. Aqui só mora meu pai e eu, ele nunca fica em casa em Dia de Colheita, acho que ele sente falta da mamãe. Na colheita anterior, ele saiu de casa cedo, eu o segui para ver o que ele ia fazer, então ele se escondeu atrás de alguns materiais de construção e começou a chorar, aquilo foi surpreendente para mim, ele sempre me passou a imagem de ser uma pessoa forte. Eu me aproximei e perguntei o que estava havendo:

– Clove, não era para você me ver assim. Fraco. Não seja como eu, seja forte, forte como a sua mãe era. Eu não posso perder você também. Vai, volta para casa. – Ele ordenou.

Aquelas palavras me assombraram por muito tempo. Eu ainda vou vencer os jogos, mostrar para ele que não vai me perder, eu vou ser forte, como minha mãe, por ela.

– Clove? Oi? Ta bem?

Eu me pego pensando no que meu pai falou e lembro que Cato está ali, me observando.

– Tudo ok, só estou meio nervosa, afinal, hoje é Dia da Colheita, né?

Então ele fez algo que eu não esperava, ele se aproximou e me abraçou. Como se ele mesmo fosse me proteger. Cato era uma das únicas pessoas com que eu conversava, mas nunca tivemos “algo”. Eu só conversa e pronto, nem se sequer apertávamos as mãos um do outro, quando mais um abraço. Era estranho.

– Hey, não fica assim, pequena. – Ele tentava me acalmar.

Ele sempre me chamava assim, “pequena” ou “baixinha” sempre ficava brincando comigo por eu ser mais baixa que ele, mas agora foi diferente, ele usou como um apelido carinhoso. Eu fiquei sem reação, aquilo era incomum para mim, tudo que consegui fazer foi retribuir o abraço. Nós ficamos ali, por alguns minutos, ele me fazia sentir segura, se afastou de mim e me deu um beijo na testa:

– Bom, é melhor eu voltar para casa.

– É... – Não sabia o que falar, queria que ele ficasse ali, comigo.

– Nos vemos daqui a pouco, então? Na praça?

– Tudo bem, até daqui a pouco. – Eu aceno, ele já estava do outro lado da rua.

Clove, Clove, Clove, o que está acontecendo com você? Seja forte, não existe amor.

Mas eu não me contive, ele era tão... perfeito. Fiquei observando-o pela janela, indo em direção a sua casa até sua sombra sair do meu campo de visão.

Quando me dou conta, meu pai já está em casa:

– Você gosta dele, né?

O que? Aquilo me pegou de supresa.

– Er... Claro que não! Somos amigos.

Subo correndo para meu quarto para não ter que responder mais perguntas constrangedoras. Fiquei quase meia hora sentada, olhando para alguns objetos da minha mãe, só um pingente com uma foto dela e uma pulseira, que eu nunca usei, mesmo não gostando dessas coisas, mesmo não valendo muito, tinha imenso valor sentimental para mim, só isso sobrou dela e aquele albúm de fotos, que nunca tive coragem de olhá-lo, só uma espiada ou outra quando meu pai ficava observando-o.

Olho pela janela e vejo que o número de Pacificadores aumentou e desço, meu pai apenas me olha e nos dirigimos para a praça. "Que a sorte esteja ao nosso favor, mesmo" penso.


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Notas finais do capítulo

Dia da Colheita: É quando são sorteados os nomes dos tributos para irem aos Jogos.
Distrito 2: Distrito é onde a Clove e Caro moram.
Carreiristas: São dos Distritos 1, 2 e 4, são aqueles que tem mais chance de vencer.
Panem: É como se fosse um nome "país". Adeus EUA, Canadá e bla bla bla.
Distritos: São como os "Estados", tipo SP, RJ e bla bla bla.
Capital: É onde o governo fica, eles vivem bem lá, só há pessoas ricas.
Dias Escuros: São os dias que houve a guerra entre o D13 e a Capital.
Aldeia dos Vitoriosos: É como se fosse uma bairro, la as casas são boas, tem até telefone.
Academia: Foi o nome que eu dei para onde os jovens treinam "clandestinamente".



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