(Continuando do ponto de vista de Lilian)

Mamãe passou a mão em meus cabelos e saiu correndo até a cozinha. Ela voltou trazendo um copo d’água, ela me disse:

-Querida, tome isto e se acalme.

Minha mão tremia, não sei se era de nervosismo ou de susto, aliás, todo o meu corpo tremia!Queria que Sophia acordasse, estava com medo de ela estar morta. Tomei todo o que eu consegui tomar e perguntei á minha mãe:

–Mãe, e a Sophia, o que fazemos?

Ela me olhou com seu olha tranquilizante e disse:

–Se acalme minha querida, primeiro tenho que conversar com você. Vou levar Sophia para a cama lá em cima.

Então, ela subiu as escadas levando Sophia para algum quarto. Eu fiquei esperando-a sentada no sofá, ainda tremendo. Queria ligar para a Sra. Collins (mãe da Sophia) para avisa-la, mas, me segurei, pois achei que minha mãe saberia o que fazer.

Depois de algum tempo, minha mãe desceu as escadas e sentou-se em meu lado:

–Querida, tem uma coisa muito séria que eu preciso conversar com você.

Ela fez uma pausa dramática e disse:

–Seu pai... Preciso explicar as coisas sobre ele mais especificadamente. Eu tinha acabado de terminar a faculdade e ele, misteriosamente, apareceu em minha formatura!Ele ouviu que eu tinha sido a melhor aluna da classe então, ele veio me seduzir falando coisas sem sentido sobre minha mãe, eu não entendi nada!Mas, após disso você sabe... E depois que você nasceu ele disse que era pra eu enviar você para esse endereço.

Ela me mostrou um papelzinho que parecia velho, estava todo rasgado.Estava escrito assim:

Colina meio-sangue

Long Island,Nova York

Olhei assustada, não entendi nada!Meu pai, que eu nunca tinha visto, queria me mandar para seilá-aonde !Eu não queria ir:

–Mãe, e se eu não quiser ir?

Ela passou a mão em meus cabelos e disse:

–Ele disse também que você ficaria segura lá.Você não quer que isto que aconteceu agora aconteça novamente,não é?

Eu fiz que não com a cabeça. Deitei-me no colo de minha mãe e ela continuou passando a mão em meus cabelos. Lembro-me que mamãe sempre dizia que eu tinha os cabelos dela e os olhos de meu pai, talvez um dia descobrisse se isso é verdade.

Ponto de vista de Sophia:

Estava em uma sala clara, uma mulher adulta estava sentada tomando chá em uma linda cadeira brilhante.Ela tinha cabelos e olhos claros e uma expressão bondosa.Por algum motivo ela parecia minha avó.Sem medo,eu fui até ela e disse:

-Vovó, é você?

Ela sorriu, seu sorriso era tão branco que quase me segava.Ela disse tranquilamente:

-Olá, nem tinha percebido sua chegada. Sente-se. -Ela fez uma pausa, que deu tempo para eu me sentar, e continuou-Me mandaram conversar com você.

Momento “What?”.Aquela mulher era maluca? Quem queria que essa desconhecida conversasse comigo? Sem medo,perguntei:

-Como assim,conversar comigo?

Que mulher que só sorri para me deixar cega!Ela sorriu novamente e disse:

-É conversa rápida,mas séria.Vamos direto ao ponto:essa frase você precisará decifrar:Música toca,todo o seu mudo está,leva-los em segurança é seu trabalho,não desista e será recompensada,saberá o que fazer.

Tentei decifrar na hora, mas não conseguia. Desisti, pois a imagem estava se tremeluzindo e se transformando em um quarto verde com roxo,normal.Consegui ouvir as últimas da mulher:

-Só descubra as primeiras coisas, o resto tudo você saberá.

Não estava mais no “Quarto claro”,eu estava em um quaro conhecido,o quarto da Lili!

Levantei-me,e me lembrei do que tinha acontecido,aquela “galinha”,ela me fez conversar com uma mulher que me deixava cega!Desci as escadas e vi Lili e sua mãe.Lili estava deitada no colo da mãe,que fazia cafuné nela.Quando me viram,elas arregalaram os olhos e eu disse:

–Acordei, e ai o que aconteceu?Preciso ligar pra minha mãe?Para o meu irmão?

A mãe de Lili sorri e disse:

–Vamos leva-la para casa. Explicarei tudo á sua mãe lá,tudo certo?

Eu assenti e nós fomos a caminho de minha casa.O que será que ela falaria para a minha mãe?