Quando A Caça Vira O Caçador escrita por Padalecki, Samuel Sobral


Capítulo 8
Sete - Jenny


Notas iniciais do capítulo

Experimentem escutar essa musica na hora de ler!
http://letras.terra.com.br/lifehouse/95986/traducao.html
É a música tema da Jens!
Finalmente vocês começaram a entender toda essa obscuridade!
Até mais ver!
By: Paula Padalecki e Sam Sobral



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Pressão.

Eu estava vivendo sobre pressão nesses últimos dois dias.

Segundo a técnica, a Sra. Ross, minha carta dos Buffalos Bills estava parada no correio de New Jersey, por uma falha em um numero qualquer. O que queria dizer que eu fora aceita para o treinamento de férias na faculdade, e eu deveria estar feliz.

Não estava.

A grande parte disso era Oliver, que continuava desaparecido. A torcida vinha com a parte de Oliver, que era a minha base. Com uma base desaparecida, não havia como eu fazer os saltos. Então, é claro, Sra. Ross obrigou-me, e a Debby e Brenda também, a organizarmos na sexta uma competição entre as bases reservas para elegermos uma nova base para mim.

Algo, bem lá no fundo, dizia-me que essa base seria fixa, e não temporária. Oliver não voltaria, e, caso voltasse, não seria o mesmo. Não é fácil explicar tal sentimento, eu simplesmente o sentia.

Eu e minhas colegas nos reunimos na sala da Sra. Ross depois de quatro horas de competição e começamos a discutir quem poderia ser a nova base dos Westoncats. No final, deduzi que Matthew O’donnel seria nossa melhor aposta, mesmo sendo da turma do nono ano. Com seus 1,90 de altura, músculos definidos, e o melhor nadador de toda a escola, teríamos chance nas nacionais.

Com isso já totalmente decidido, eu liberei minhas assistentes e o convoquei até o ginásio. Eu usaria o pouco do tempo que tinha para treinar com ele, e então finalmente me veria livre disso tudo.

Matthew, ou Matt, como gostava de ser chamado, adentrou no ginásio e sorriu para mim. Não pude evitar sorrir de volta, afinal, que garota não se sentiria atraída por aqueles olhos cor de chocolate e aqueles cabelos sedosos de mesma cor?

Suspirei quando ele se aproximou mais.

– Tudo bem, capitã? – Ele perguntou. A voz grossa e suave ao mesmo tempo.

– Claro. E você, pronto para treinar, Westoncat?

– Sempre.

Treinamos durante uma boa meia hora, e eu começava a me sentir segura nos braços de Matt.

– Bom é isso. – Eu disse enquanto pousava de leve no tablado. – Você está dentro.

Seus olhos brilharam com intensidade.

– Mesmo?

– Mesmo. – Afirmei.

Num movimento muito rápido, Matt me abraçou. Fiquei um tanto quanto sem graça, mas o abracei também.

– Parabéns.

– Obrigado! Então... é só? Posso ir embora?

– Pode ir embora. Treinamos todas segundas, quartas e sextas na hora do intervalo, e nas terças e quintas o treinamento é depois da escola. Até segunda.

– Até, capitã! – Disse ele enquanto piscava o olho para mim, e seguia em direção ao vestiário masculino. Virei-me para a esquerda e fui ao feminino. Tomei um banho rápido e coloquei roupas leves.

Encontrei Mason depois da saída, no caminho para casa, e ele estava tão concentrado em seus pensamentos, que o assustei. Foi legal assustá-lo. As sobrancelhas dele ficavam juntinhas.

Depois houve todo aquele rolo com Oliver, e nosso pais... e então...

Ansiedade.

Não havia nada presente em mim, além disso. Nada de medo do evento com o Oliver e o lobo. Ou a insegurança para com o meu relacionamento com o Mason. Minha mente havia colocado tudo isso em segundo plano agora.

Aquele olhar que eu havia passado ao Mason estava começando a perder o sentido agora. Quer dizer, eu havia passado uma segurança que eu nem menos tinha? Eu me sentia tão fútil agora quanto nos tempos em que eu fingia ser alguém que não era. Só que era pior, pois eu estava fazendo isso com o Mason.

De novo.

Desde que começamos a se unir novamente, Mason acabou ficando mais importante para mim do que ele era ou foi. Era como se, caso eu fosse má com ele, ele pudesse escorrer por minhas mãos como areia e desapareceria de novo da minha vida, como ele quase fez anteriormente. Eu precisei dar aquele olhar a ele, mesmo que não fosse sincero. Mesmo que eu me sentisse mal por estar mentindo, eu não iria arriscar deixar ele desamparado agora.

Mas bem que eu estava precisando de apoio, também.

Minha mãe e eu anadamos mais um pouco na grama, até estarmos na entrada do galpão vermelho. Ela retirou seu casaco da trava e então retirou o pedaço de madeira. Tão rápido quanto ela fez isso, minha mãe abriu as portas duplas, só o suficiente para podermos entrar.

O cheiro de mofo lá queimava minhas narinas, mas eu não deixei com que minha mãe percebesse isso. Eu estava evitando fazer contato com ela, porque sabia que perderia o controle caso a olhasse nos olhos. Então eu simplesmente a deixei continuar andando, indo logo atrás.

Ela apontou para uma cadeira vazia numa das mesas de leitura, enquanto andava sem destino pela biblioteca. Eu obedeci, perdendo-a de vista enquanto ela virava numa das estantes.

Naquele silêncio, eu não sabia no que pensar. Minha mente estava se tranqüilizando, mas minhas idéias ainda estavam desordenadas. As coisas que tinham acontecido pareciam sem resposta agora. Eu estava realmente disposta a tentar acreditar no que minha mãe iria dizer.

Minha mãe retornou, trazendo consigo a adaga vermelha que eu tinha visto durante minha pesquisa com o Mason e um rolo de ataduras para o meu pulso. Eu tive que obrigar minha mente a acreditar no que viesse a seguir agora. Porque eu tinha quase certeza que seria difícil. Muito difícil.

Megan sentou-se à minha frente na mesa, seu rosto muito sério. Mas aquela expressão de seriedade estava virada para a adaga e não para mim. Era como se houvesse algo ali que pudesse inspirá-la.

Enfim ela se preocupou em amarrar as ataduras no meu pulso, muito firmemente. Seu cérebro estava definitivamente em outra coisa além daquilo. Mas, assim que ela acabou de enrolar as ataduras ao redor do meu pulso, seu olhar finalmente estava em mim.

– Jenny, eu... Eu não sei por onde começar. – Ela finalmente virou-se para mim, seu semblante triste agora. – Eu poderia começar por qualquer coisa, mas... Existem algumas coisas que você não vai entender primeiramente. E eu não sei se quero confundir você, falando coisas se nexo...

– Então simplesmente diga. – Cortei. – Eu vou tentar acompanhar você. – Sorri. Eu tinha certeza absoluta de que seria difícil de acreditar agora.

– Tudo bem, então. – Ela ficou satisfeita com a minha reação. – Bem, vamos lá... Do começo... – Ela fez um rápido semblante pensativo. – Somos caçadores.

Eu não disse nada. Em parte porque não sabia se tinha realmente ouvido o que ela havia dito e em parte porque estava obcecada em deixá-la falar tudo antes de interrompê-la.

– Mas não caçadores comuns, não. – Ela estava incentivada a falar, percebendo que eu estava lhe dando espaço. – Caçadores especiais, que caçam criaturas especiais.

Ok. Agora eu estava realmente incitada a dizer alguma coisa e minha mãe estava esperando alguma reação desse tipo, mas eu não iria falar. Minha mente estava voltando a ser uma bagunça, mas eu não ia deixar que isso atrapalhasse no meu entendimento.

– Ah... – Ela parecia desconcertada agora com o meu silêncio. – Você está aceitando tudo muito rápido, e eu gosto disso, mas... Pode falar, qualquer coisa. Não se reprima. Tenho a sensação de que, caso você não expressar suas dúvidas agora... Você pode não entender muito bem.

Pensei por alguns segundos. Tentei imaginar uma pergunta que não expressasse o meu pânico crescente. Eu finalmente estava começando a entender o que ela estava querendo dizer. Era algo que explicava muita coisa, eu admito, mas era meio difícil de acreditar que fosse verdade. Mesmo assim, eu tinha que ser fria. Descobrir tudo o que pudesse explicar as coisas estranhas que tinhas acontecido, e juntá-las até que fizessem algum sentido. Mesmo que fosse algo que não fizesse sentido. Eu tinha que perguntar algo que o Mason perguntaria.

– Você disse... “Caçadores especiais”... A que tipo de “caçador especial” você se refere?

Ela pensou mais um pouco.

– Especial por dois motivos: E o primeiro motivo está em nós, os caçadores. Temos habilidades especiais, diferentes de qualquer caçador comum. Nós vemos melhor que qualquer outro. Sentimos melhor que qualquer outro... Somos caçadores superiores. – Ela pausou, para ter certeza de que eu estava ouvindo. – E o segundo motivo está no que caçamos.

Parei para raciocinar. Eu já entendia o que ela estava querendo dizer. Fazia sentido, até. Isso explicava o porquê de eu me sentir mais disposta, mais resistente... Mas eu precisava de mais explicações, para me situar no que ela estava dizendo. Mesmo que eu soubesse que algo além do imaginável estava por trás de tudo aquilo... Mas isso era difícil de acreditar. Tracei mais uma pergunta.

– Mas... – Minha mente estava no limite, mas eu continuei. – Você disse... Nós? Você está me incluindo nisso?

– É. Você chegou a um ponto... Crucial. – Ela me olhou como o Mason havia me olhado hoje mais cedo: Como se eu pudesse ser destruída pelo que viesse a seguir. – Eu sou uma dessas caçadoras. E é... De família.

– Então eu também... – Pisquei fortemente. Acreditar no que minha mãe estava dizendo estava ficando mais pesado a cada segundo. – Você não pode estar tentando dizer isso...

Minha mente entrou num colapso de idéias. Todas as coisas estranhas sem explicação... Tudo o que havia acontecido... Não poderia ser essa a resposta. Por mais que as coisas estivessem estranhas, aquilo que minha mãe estava dizendo...

Mas era minha mãe, não era? Porque ela mentiria para mim? Ela havia mentido antes, também. Aquela era a verdade, eu podia sentir na sua voz. Ela estava lutando contra o seu próprio impulso de não falar sobre aquilo. Ela não poderia estar mentindo agora, depois de um ataque como aquele, onde não havia como esconder alguma coisa.

Além do ponto racional da coisa, algo dentro de mim estava gritando que aquilo era a verdade mais pura que poderia ser contada a mim. Meu corpo começou a formigar, como se aquela fosse a verdade que eu esperei a vida inteira para ouvir.

Mas boa parte do meu cérebro dizia que não era isso. Mesmo que tudo indicasse para essa verdade, era algo muito mirabolante. Estranho, até. Eu não sabia mais o que pensar. Inconscientemente, eu comecei a correr dali.

Cruzei as portas duplas, sem nem olhar para onde estava indo. Minha mente estava em plena atividade. Era como se tudo no qual eu acreditava estivesse se diluindo diante dos meus olhos. O ghoul era real. Aquele lobo gigante também. Meus sonhos não eram fantasias afinal. Todas aquelas sensações...

Inerte em meus pensamentos, eu não percebi o montinho de grama que havia no gramado. Um tropeção, sim. Eu caí com tudo no chão. A dor que eu sentia agora serviu de incentivo para que eu chorasse de vez.

Ouvi minha mãe gritando em algum lugar atrás de mim, enquanto sentava-me na grama fria. Meu joelho estava sangrando, tal como meu queixo. Eu me sentia uma criança que acabara de receber uma desilusão forte, como descobrir que o papai Noel não existe.

Mas as lágrimas que escorriam por meu rosto estavam levando mais do que a dor interna e externa que sentia. Estavam clareando as coisas. O que minha mãe disse estava finalmente fazendo sentido. Era real.

Megan sentou-se ao meu lado. Pela primeira vez no dia, ela não estava preocupada com meus ferimentos. Preocupada comigo, mas não com meus ferimentos. Seu olhar estava distante, focado no céu cinzento. Ela estava se perguntando se tinha ou não feito a coisa certa.

– Você está bem? – Ela perguntou, secamente. – Desculpe, eu não deveria ter te contado... Eu...

– Tudo bem, mãe. – Tranqüilizei. – Você fez a coisa certa. Eu só acho que... Que é muita coisa para digerir num dia só. Apenas me diga uma coisa, está bem?

– O quê? – Ela perguntou, sua voz ficando mais animada.

– Isso tudo que você me disse... – Parei para pensar. Por mais que aquilo fosse estranho... – É verdade, não é?

– Sim. – Ela disse, com o maior tom de solenidade que ela pôde juntar.

Ela iria continuar, mas aquela era a resposta que eu queria. Nada mais por hoje. Por mais que eu acreditasse, não era por completo. Ainda.

Ainda em silêncio, eu me levantei, sem me preocupar com a dor latejante no meu joelho ou a ardência no meu queixo. Eu estava com mil e uma coisas na cabeça, e a dor não estava entre elas.

Entrei em casa, largando os sapatos na base da escada. Enquanto subia, ia largando uma peça de roupa, até que havia chegado ao banheiro. Foi um dos banhos mais longos da minha vida, se quer saber. Um banho que estava lavando minha mente. Eu tinha uma nova realidade, podia sentir.

Por mais que aquilo parecesse irreal, por mais que parecesse fantasioso, eu acreditava. Desde o início, eu sabia que havia algo além de estranho nos acontecimentos. Só não sabia a intensidade desse “além”. A única coisa que eu podia fazer agora era acreditar. Acreditar na minha mãe. Acreditar naquilo tudo.

– Caçadora... – Repeti para mim mesma, sorrindo enquanto as gotas do chuveiro faziam o contorno das minhas bochechas.

Eu não tinha mais dúvidas sobre o que era real agora.



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Notas finais do capítulo

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