Quando A Caça Vira O Caçador escrita por Padalecki, Samuel Sobral


Capítulo 2
Um - Jenny


Notas iniciais do capítulo

Mais um pra vocês, divirtam-se.



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Escuridão.

Essa era a palavra que poderia descrever todo o cenário. Até mesmo o homem – sem nenhuma noção da última moda, vestindo panos negros e rasgados que lhe encobriam boa parte do corpo – sentado no tronco enquanto tocava uma flauta para as sombras da floresta.

Eu me encontrava em uma clareira, a melodia que saia da flauta era doce, bonita. Mas havia algo errado nela. Era aquele tipo de doçura que esconde algo ruim.

Uma forma escura, que transluzia fracamente a luz do luar e que levava uma foice em mãos saiu do meio das sombras. Dois pontos vermelhos brilhantes examinavam tudo ao redor.

O flautista parou de tocar seu instrumento e sorriu para a criatura.

– Que bom que veio.

– O deseja, mestre? – Perguntou a criatura enquanto fazia uma reverencia desajeitada.

– Nós precisamos nos assegurar que o descendente do último clã passe pela fase de Transição.

– Claro, meu soberano.

– Já estou certo que a menina Clein é realmente poderosa, por ser uma puro-sangue e já ter passado pela Transição.

Eu realmente não sabia o que estava acontecendo, mas o fato de o homem com vestes rasgadas e sujas usar o nome de minha família me fez ter certeza de que aquela conversa me interessaria.

– E o garoto, mestre? – Perguntou a criatura enquanto olhava fixadamente para a flauta do homem, como se a mesma fosse sua droga particular.

O flautista suspirou e olhou para a grande bola branca que era a lua. A clareira ficava cada vez mais escura, os únicos pontos iluminados do lugar eram o homem e a criatura.

– É nesse ponto que eu queria chegar, caro ghoul. Hyles é um mestiço, e eu não estou muito certo de seus poderes. Por isso preciso que vá até a casa dele e o vigie. Hoje é o início da Transição para ele, isto é, se ele tiver algum sangue de caçador nas veias.

– E devo matá-lo mestre?

– Não, a não ser que ele não tenha os poderes. – Ele esclareceu. – Não podemos matá-lo... Ainda. Não com os anciões lá, eles ainda têm os poderes.

– Sim mestre. – Murmurou o Ghoul enquanto desaparecia nas sombras.

Então o flautista começou a tocar sua flauta novamente, mas dessa vez a melodia era mais grotesca, era triunfal.

É, meu pesadelo fora assim.


Eu não conseguia raciocinar, estava uma confusão em minha mente. Eu não coseguia acreditar que tivera um sonho assim novamente, o tipo se sonho sem sentido e confuso.

Francamente, eu não tinha tempo para isso.

Dei os últimos retoques em minha cama e me deparei com meu espelho.

– Oh, puxa... – Murmurei enquanto me aproximava de minha imagem.

A garota de cabelos ondulados e castanhos claros e olhos castanhos que me olhavam de maneira minuciosa parecia exausta. Seu pijama do ursinho Pooh estava colado em seu corpo.

Suspirei.

Uma sensação esquisita se apoderava de meu corpo, era como se eu estivesse sendo observada. Olhei estupidamente para a minha janela, mas somente vi o vento de Weston Ville atingir minhas cortinas.

– Pare, Jennyffer, isso é muito insano. – Murmurei novamente, dessa vez tomando o percurso de meu banheiro.

Despi-me e joguei o pijama suado no cesto de roupas sujas. Entrei no Box e liguei o chuveiro. A água jorrava quente em minhas costas, nuca e braços, massageando-os. Era uma sensação boa, me deixava calma e relaxada. Fazia-me pensar, o que seria bom, caso eu quisesse pensar. Não podia fazê-lo.

Coisas ruins me acontecem quando eu penso, principalmente quando penso em meus pesadelos. Eu os vinha tendo durante toda a noite, no decorrer da semana mais desgastante de toda a minha vida. E olhe que estou incluindo a os treinamentos de lideres de torcida nisso.

Depois do delicioso banho que tomara, coloquei o uniforme de chefe das lideres de torcida da Weston High School e sai de meu quarto.

O cheiro de waffles fez meu estomago roncar.

Me direcionei para a cozinha, descendo as escadas, onde uma mulher robusta, de sedosos cabelos loiros que lhe caiam em ondas até a cintura, usava um avental com os dizeres "Mãe número 1" e fazia o café da manhã.

– Oi mãe. – Murmurei, sentando-me em minha cadeira e olhando faminta para meu prato de waffles.

Ela me deu um beijo na bochecha e afagou meus cabelos.

– Teve bons sonhos? – Ela perguntou.

“Mais um obscuro sonho no qual eu escuto um louco falar, por quê?”

Mas o que respondi foi:

– É, tive.

Isso pareceu convencer minha mãe. Ela pegou seus bacons, ajeitou os cabelos e se sentou a minha frente. Nosso café da manhã foi silencioso, como sempre. Nós não tínhamos muito que conversar, mas eu até gostava disso. Do silêncio. Era bom, para variar.

Depois que terminamos o café, minha mãe resolveu subir para fazer sua higiene pessoal. Quanto a mim, primeiro teria que ver a correspondência no correio.

Respirei fundo antes de pousar a mão na maçaneta e girá-la, abrindo assim a porta. O ar de Weston estava úmido hoje.

Instantaneamente meu olhar se dirigiu para a floresta Mighan, a escura e ruidosa floresta dos arredores de Weston Ville. Como se fosse possível, ela estava ainda mais sombria hoje.

Quando voltei para a cozinha, despejei o conteúdo de nossa correspondência na mesa.

– Vamos ver... – Murmurei remexendo nas cartas. Eu esperava fazia um mês a carta de universidade dos Buffalo Bills, a carta que me tiraria da vida monótona de líder de torcida da cidade pequena de Weston.

Não havia nada sobre a universidade, o que era trágico, mas achei outra carta endereçada a mim.

Na carta dizia, em letras cursivas e elegantes, o seguinte:

Para: Jenny e Família.

De: Mason e Família.

Nos presenteie com sua presença hoje, às sete da noite, para comemorarmos o aniversário de quinze anos de Mason Hyles, numa celebração singela.

Local: Casa dos Hyles.

Ah, ótimo. Acho que essa é a deixa para falar sobre o Mason. Ele era meu melhor amigo de infância, do tipo grudento e inseparável. Nós líamos e brincávamos juntos. Aí chegou o colegial, e eu me tornei uma garota super popular enquanto ele havia se tornado um nerd assumido. Eu não poderia ser amiga dele se quisesse subir na vida.

No momento em que eu pensei, apenas pensei, em jogar a carta no lixo, minha mãe apareceu toda sorrisos, pegou a maldita carta de minhas mãos e disse:

– Hoje às sete da noite. Que ótimo!

Eu não conseguia acreditar.

– Mãe, fala sério. Eu sou a capitã das lideres de torcida! Não seria prudente eu ir nessa festa ridícula dele.

– Vocês já foram melhores amigos, podem tentar voltar a ser. O Mason é tão sozinho. Tadinho...

Revirei meus olhos dramaticamente e fui em direção à escada.

– Falou certo, mãe. Nós éramos melhores amigos. No tempo em que eu era tão nerd quanto ele. Não vou nesse aniversário maldito.

Dizendo isso dei as costas para minha mãe e segui para meu quarto. Eu precisava terminar de me arrumar.

Passei a maquiagem que me deixava com cara de desinteressada e patricinha, ou melhor, de chefe de torcida. Fiz a higiene pessoal e voltei para onde minha mãe se encontrava, dessa vez, na sala.

Ela parecia um pouco chateada. Nunca soube o porquê de minha mãe querer tanto que eu fosse amiga de Mason, ela simplesmente fazia o possível e o impossível para nos deixar inseparáveis.

Sem pronunciar nada além de um “vamos” mal-humorado, nós seguimos para o Camaro velho com a pintura amarela corroída de minha mãe. Ela pisou no acelerador e logo nós já estávamos no caminho para a escola.

Foi uma viagem rápida e chata, como em todas que minha mãe fazia comigo. Claro, tirando as “viagens educacionais” que nós fazíamos quando eu era mais nova e não tinha muita coisa pra fazer. Minha mãe me mostrava tudo: desde animais, até caminhos secretos pelas florestas.

Mas isso não vinha ao caso agora. Eu havia chego à escola.

– Tchau mãe. – Murmurei antes de sair e fechar a porta com força exagerada.

O carro seguiu para o estacionamento, a poucos metros de distância, parando numa vaga para professores. É. Minha mãe era a minha professora. E sim, isso era tão ruim quanto parecia ser.

– Hey Jens. – Uma voz masculina perguntou. – Como é que vai, gata?

Era Oliver, assim que dei os primeiros passos no pátio principal. Ele era do time de torcida também. Era um garoto afro-americano, muito atraente, alto e musculoso, seus deadlocks caindo nas costas. As roupas dele nunca estavam folgadas, o que me fazia suspirar a cada vez em que estava perto dele.

– Oi, Oliver. – Eu disse, inevitavelmente sorrindo.

Logo comecei a cumprimentar meus amigos da torcida e os jogadores de futebol, que estava à espera das aulas começarem. Todos queriam falar comigo, todos me convidavam para festas superlegais.

Eu não gostava daquilo. Era puro fingimento. Você pode me chamar de superficial, falsa, e várias outras coisas, mas eu tinha que fazer isso. Era chato ser popular, confesso. Mas eu precisava jogar o jogo deles se quisesse entrar para as animadoras de torcida do Buffalo Bills.

– Hey, Jens. – Chamou Roger, o bad-boy da escola, enquanto eu me dirigia para os corredores. Era o capitão do time de futebol, só para melhorar. Mesmo assim, ele era burro como uma porta. Eu não precisava de mais gente assim ao meu redor. – Que tal sair comigo qualquer dia desses?

Ser popular não queria dizer que eu tivesse que fazer alguma coisa assim, aliás. Eu gostava de manter meu posto de "inalcansável", o que era uma boa desculpa para não sair com aqueles caras nojentos do time de futebol.

– Nos seus sonhos. – Respondi sorrindo.

Depois me virei para Brenda e Debby, minhas principais colegas de torcida (não necessariamente amigas), e disse:

– Vamos.

As aulas em Weston High School eram chatas, como qualquer outra coisa em Weston. A única que se salvava era a de inglês, curiosamente a aula de minha mãe.

Mesmo assim, foi tudo rotineiro. Tive que me sentar ao lado de Mason, mas eu não conversei muito com ele, como minha mãe queria. Apenas dizias meus “hm”, “uhum” e “aham” nas horas certas e copiava a lição que mamãe passava no quadro negro.

Minha mãe parecia nervosa, olhando pelas janelas a cada dois minutos. Isso era... Esquisito, considerando que minha mãe era a pessoa menos preocupada de todas.

O resto de minha manhã se seguiu monotonamente. A não ser na hora do intervalo, que tive que ensaiar a pirâmides com meus colegas de torcida. Nós nos amontoamos na quadra e eu esperei que os murmurinhos cessassem. Quando o fizeram, coloquei minhas mãos na cintura e segui até o rádio.

– Pirâmides e desmontes em um minuto. Quero duplas e trios. Comecem! – Ordenei em meio a musica que saia pelo aparelho ao meu lado.

Todos os presentes da High School se amontoaram nas grades que cercavam a quadra de esportes, as garotas invejando a mim e as outras meninas, enquanto os garotos nos desejavam.

O único garoto do colégio inteiro que não estava presente era Mason. O nerd provavelmente estaria lendo seus livros engordurados e nojentos em algum lugar. Isso realmente não me importava.

Não mais.

O sinal soou e tivemos que parar com as acrobacias. Jogamos nossos pompons de lado e seguimos para nossas respectivas aulas. Foi tudo chato novamente. Até que... Finalmente aquela tortura acabou e eu só teria que esperar minha mãe novamente para ir para casa.

Porém, quando cheguei até a sala dos professores, minha mãe me informou que eu teria que ir sozinha para casa, ela precisava falar urgentemente com os outros professores.

O modo de como ela disse aquilo... Não foi convincente. Ela estava realmente nervosa e com medo. Duas coisas que dificilmente minha mãe demonstraria para mim com tanto fervor.

Não era um bom sinal.

Mesmo assim, dei de ombros e concordei em ir andando mesmo. Debby quis me dar carona na picape de sua mãe, assim como Brenda no Prius de seu pai, mas eu não aceitei. Queria andar um pouco, respirar, admirar a paisagem.

Mais uma vez tive aquela sensação de estar sendo observada. Percorri o caminho todo até minha casa olhando para trás e para os lados e nada vi, mas aquela sensação ainda continuava ali. Eu quase podia ouvir os passos pesados atrás de mim, acompanhados por uma resiração sinistra. Uma última olhada para trás: nada.

Eu estava começando a enlouquecer com isso.

Cheguei em casa e me tranquei no quarto. Fui até a janela e olhei um pouco para o céu. Ele estava calmo e lindamente sombrio, como sempre.

***

– Jenny, acorde. – Ouvi a voz de minha mãe inundando a escuridão – Jenny, vá se trocar, se não ficaremos atrasadas para o aniversário. Jenny!

Abri meus olhos de supetão, foi só então que percebi que dormira encostada no parapeito da janela.

– Que aniversário? – Perguntei enquanto coçava os olhos.

– Ora, o de Mason é claro! Vamos, já separei uma roupa adequada para você.

– Mãe... Já disse que eu não vou ao aniversário. – Argumentei.

– E eu não pedi sua opinião. – Tornou minha mãe rispidamente. – Vá se trocar. Agora. – E saiu de meu quarto, fechando a porta atrás de si.

Pisquei meus olhos duas vezes. Minha mãe não costumava ser grossa daquela maneira, principalmente comigo. Por que raios ela queria que eu fosse ao aniversário? Parecia que, caso eu não fosse, o mundo acabaria.

Mais que droga!

Sem nem um pingo de animação, tomei banho e coloquei a roupa que minha mãe escolhera. A roupa adequada consistia em uma calça Jeans escura, uma blusa rosa bebê de babadinhos e um par de sapatilhas também rosas.

Amarrei meu cabelo com uma caneta qualquer que eu achara em meu criado mudo e sai de meu quarto.

Minha mãe se encontrava trajada em vestes verde-oliva e sapatos pretos de salto alto. Ela tinha um embrulho vermelho em mãos.

– Vamos? – Perguntou ela me entregando o presente.

O peguei com violência e bufei.

– Eu tenho escolha?

Atravessamos a rua e minha mãe apertou a campainha da casa de Mason, o nerd.

Robert Hyles, pai de Mason, nos atendeu rapidamente. Seus olhos azuis profundos brilharam quando ele nos viu. Ele sorria. Robert usava um casaco de couro marrom por cima de uma camiseta social branca. Jeans e botas de caminhada completavam seu visual. Se Mason tivesse mais qualidades do pai além dos olhos azuis e uma incrível fixação por mitologia, eu ainda seria sua amiga.

– Jenny! Megan! Que bom que vieram. – Ele disse.

– É, tanto faz. – Eu disse enquanto entregava o presente para ele e passava por debaixo de seu braço, entrando em sua casa.

A família inteira de Mason estava lá, mas nada de amigos do colégio. Mas isso eu já esperava. Mason não tinha amigos. Ele achava que eu era sua amiga.

O pobre coitado não sabia o quanto estava enganado.

Cumprimentei seus familiares amigavelmente, usando meus talentos de futura atriz mais bem paga de Hollywood.

Eu ouvi Mason antes de vê-lo.

O idiota havia derrubado o prato de salgadinhos que estava carregando. Ele olhava para mim enquanto pegava os salgadinhos do chão de madeira e os amontoava no prato novamente. Mason entregou o prato de salgadinhos para Katie, sua tia, e se aproximou de mim. Seu visual – camiseta pólo verde, jeans escuros, e um par de Converse – o deixavam menos patético do que ele era habitualmente.

– J-Jenn. Tudo bem?

Revirei meus olhos.

– Estaria melhor se estivesse em outro lugar.

Mason sorriu como se achasse graça da alfinetada que eu acabara de dar nele.

– É, não posso dizer que a festa está muito divertida. Eu convidei alguns de seus amigos também, do futebol e da torcida, mas eles disseram que estariam muito ocupados para vir.

Foi a minha vez de rir.

– E você, sendo o bobão que é, acreditou neles. Fala sério Mason! Quem, em nome de Deus, iria querer vir para a festa do maior idiota de Weston?

– M-mas... Mas você veio...

– Correção: Eu fui obrigada a vir. Poderia estar fazendo qualquer coisa mais produtiva lá em casa. Limpando os dejetos de meu cachorro, por exemplo.

– Você não tem cachorro. – Sua voz estava trêmula.

– Exatamente.

Nós nos encaramos durante algum tempo. Mason não conseguia aceitar que agora eu era a garota mais popular da escola, e isso queria dizer que eu nunca mais iria andar com ele. Se eu iria sentir falta das risadas que dávamos enquanto líamos seus livros sobre mitologia grega? Iria, mas logo superaria isso, como todas as perdas que sofri.

Então, ele correu dali. Ok, agora eu realmente me senti culpada, então eu o segui até o quintal traseiro de sua casa.

Seus olhos por trás dos óculos estavam marejados. Ele não merecia ser tratado assim.

– Desculpa por descontar minha raiva em você, Mason. Eu só... – Eu não podia completar a frase.

Se eu contasse a verdade, que eu não queria estar aqui, eu iria magoá-lo. E eu não poderia mentir para ele. Não agora. 

Então, antes que eu pudesse escolher cuidadosamente minhas palavras, um assobio sombrio inundou a até então silenciosa floresta à nossa frente. Assim como Mason, eu vasculhei a floresta atrás de algo que pudesse ter causado isso.

Aquele foi o momento em que eu mais desejei não ter ido àquela festa.

Era quase invisível. As poucas partes de seu “corpo” (se é que aquela coisa tinha um) que eram visíveis eram as que refletiam o fraco brilho da lua. Mas uma forma estava bem delineada: uma foice, no que poderia ser a mão direita da coisa. Ela tinha dois pontos vermelhos na extremidade de cima, provavelmente seus olhos, que infelizmente não pareciam tão vazios quanto o resto do seu corpo.

A criatura do meu sonho.

Estava ali, parada, olhando para o... Mason? Aquilo não poderia ficar mais estranho. Infelizmente, ficou. A criatura se dissolveu, deixando uma fumaça branca onde ela estava.

Mason se virou para mim, parecendo tão assustado quanto eu estava.

– Você viu, não viu? – Ele tinha a voz mais trêmula do que quando eu dei um “sacode” nele.

– Não... – Eu disse olhando para ele. – Eu não vi nada.

Mason piscou.

– Como? Você pareceu ver.

Antes que eu pudesse discordar de sua afirmação, a cabeça do pai de Mason apareceu por entre a janela da cozinha. Ele sorriu para nós.

– Está na hora de cortar o bolo. Vamos?

Nós nos entreolhamos e seguimos o percurso que nos levava até a mesa de doces na sala da casa de Mason.

O garoto de óculos nem se importou em cantar o próprio parabéns, – como ele sempre fizera em toda a sua vida – ele só ficou lá, me encarando, como se esperasse que isso fosse mudar alguma coisa.

Eu não vira nada naquela floresta. Nada. Ou era nisso que eu queria acreditar.

O resto da festa foi tranquila, é claro, tirando o fato de que Mason olhava o tempo todo para a janela, mesmo que ela não desse para a floresta, como se esperasse ver aquela coisa outra vez.

Mas ela não veio. 

Eu só podia estar ficando louca.



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Notas finais do capítulo

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