Wolfs Journey escrita por Yuuna


Capítulo 4
Cap. 3


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, mil desculpas pela demora!!
Minhas provas começaram, e com três por semana fica meio difícil de achar tempo pra escrever...
Espero que o cap valha a pena, nem que só um pouquinho~ s2



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Acordei sem saber bem onde estava. Ao mover-me, senti o corpo doer a ponto de eu me perguntar por quanto tempo dormira. Abri os olhos lenta e preguiçosamente, acostumando-me à luz solar que invadia meus olhos. Sentindo que enxergava devidamente, levantei-me, alongando-me. Só então dei falta da lobinha que eu colocara para dormir ao meu lado.

Saí da fenda, meio preocupada sobre o paradeiro de Luka. No entanto, aliviei-me ao vê-la nadando no lago, animada. Sorri à minha maneira lupina, e aproximei-me. Ela estava tão entretida que nem pareceu notar-me sentada à beira do lago, observando-a se divertir. Apenas longos instantes depois, ela finalmente olhou em minha direção, eu pude ver o brilho em seus olhos ao me ver.

– Onee-sama, você acordou! – disse, animada, e nadou até a margem. Saindo do lago, ela mal chacoalhou o corpo para livrar-se do excesso de água, e pulou em minhas costas, equilibrando-se ali e mordendo-me a orelha delicadamente. Eu fiquei completamente sem reação.

A verdade é que após quase dez anos de isolamento do resto do mundo, eu me esquecera de como era me relacionar com alguém. Luka estava ainda entretida com minha orelha, quando chacoalhei um pouco e ela caiu no chão, sentando-se à minha frente ainda mais animada que antes.

– Ahn... – comecei, sem jeito. – Bom dia... Luka.

Tentei uma voz simpática. Devo ter conseguido.

– Bom dia! – respondeu instantaneamente, fazendo uma pequena pausa em seguida. – Onee-sama, como você se chama? – perguntou-me, tímida. Consegui sorrir.

– Miko... Pode me chamar de Miko. – ela sorriu animadamente mais uma vez, e começou a remexer-se sentada.

– Miko-sama! – disse, apenas. Eu definitivamente não sabia muito bem como lidar com um filhote como aquele. Fiquei encarando Luka, completamente perdida. – Miko-sama... Estou com fome... – disse, tímida novamente.

Quase me desesperei. Se mal sabia como cuidar de mim, como cuidar também de um filhote? Praguejei mentalmente pela minha ideia de levar Luka comigo. Mas, ao mesmo tempo, eu não conseguia me arrepender de tê-la tirado de lá.

– Ah! – tentei. – Eu... Eu vou encontrar algo para você, tudo bem?

– Ok! Vou te esperar quietinha.

Comecei a caminhar aleatoriamente para fora da clareira. Luka adentrou a fenda e ficou ali, como ela dissera, quietinha. Completamente adorável. Mas agora eu estava por mim mesma, e precisava de comida para duas.

~~~~

Eu tentava usar de tudo o que podia pensar estar a meu favor; fato, audição, visão, velocidade. Mas nada parecia me ajudar. E eu não queria decepcionar minha... Irmãzinha na primeira tentativa. Tanto ela quanto eu precisávamos comer, e eu conseguiria resolver aquela questão.

Foi quando meus sentidos alertaram-me de que algo se aproximava. Instintivamente, esgueirei-me por entre a vegetação mais baixa e fiquei esperando pelo dono dos ruídos que ouvira. Animei-me quando avistei três coelhos, grandes e rechonchudos, passando bem à minha frente. Talvez eu devesse ter pena, mas eu estava faminta.

Avancei em um salto. Os coelhos se assustaram e começaram a se desorientar, correndo cada um para um lado. De primeira, avancei com a boca em um deles e cravei-lhe os dentes firmemente no pescoço. Deixei-o largado no chão, e avancei para o segundo. Agarrei-lhe pelas costas, rasgando-lhe como fizera com o primeiro. O terceiro havia ido embora.

Olhei para o cenário que acabara de criar. Olhei para os dois coelhos, cujo pelo embebido em sangue fora outrora branco. Olhei para minhas patas, inteiramente sujas de terra pela correria desorientada. Eu acabara de matar, e não estava me sentindo mal por tal feito. Tentei repreender a mim mesma, mas era impossível. Por fim, peguei as duas carcaças com a boca e comecei a voltar para a clareira, onde Luka estava à minha espera.

Encontrei-a espreitando-me de dentro da fenda. Ela saltou animada e veio em minha direção, curiosa pelo que eu tinha em minha boca. Confesso: fiquei temerosa sobre o que ela pensaria a respeito de eu matar aqueles animais, a respeito de ter que comê-los. Ela era tão nova... Mas, para meu alívio, ela apenas farejou brevemente as carcaças que larguei no chão, e começou a devorar uma, avidamente. Sorri, aliviada, e por fim comi o outro coelho, e um pouco mais tarde, o restante do que Luka não aguentara. Ela parecia feliz, então eu também o estava.

Foi quando me dei conta de que ela ainda tinha aquela pequena caixa metálica acoplada em suas costas. Olhei para o equipamento com repugnância. Enquanto ela terminava de comer, posicionei-me atrás dela, e com cuidado, removi o aparelho, jogando-o para qualquer lado. Ela imediatamente começou a rolar no chão, aliviada.

– Obrigada, Miko-sama! – disse-me. Eu apenas lhe sorri. Estava entretida na pequena diversão de minha... Irmãzinha, quando meus sentidos novamente me alertaram de algo. E eu entendi que não ficaria lá para descobrir o que se aproximava.

Infelizmente, não tive tempo para sequer pensar em sair dali. Apenas senti um cheiro completamente indesejável, e no segundo seguinte, eu pegara Luka pelo pescoço, levando-a para dentro da fenda. Não que fosse seguro, mas era nosso refúgio, e se nos encolhêssemos bem ao fundo, e déssemos sorte, não nos achariam. Aliás, ele não nos acharia. Mesmo que estivesse perto, eu preferia acreditar na ideia de que Claude não seria capaz de nos achar ali.

Olhei para Luka com olhos de súplica. Ela pareceu entender, e encolheu-se entre minhas pernas dianteiras. Eu fiquei apenas a olhar para a entrada da fenda, rezando para que Claude fosse logo embora. Eu não sabia desde quando ele estava ali, na floresta, nem por qual objetivo. Mas eu tinha uma ideia bem clara que não seria agradável se ele nos encontrasse, principalmente porque fora eu quem destruíra seus planos.

Os segundos se arrastavam. Claude andava pela clareira, sorrateiro, como se analisasse cada centímetro daquele ambiente. Foi quando me dei conta de que deixara as carcaças de coelho do lado de fora e, junto a elas, para meu desespero, também deixara a placa de metal que retirara das costas de Luka.

A vontade de ir até a entrada da fenda e ver o que estava acontecendo me era tentadora. Mas eu nunca colocaria Luka em perigo, e muito menos abriria mão de nossa recém-conquistada liberdade. Com isso, eu apenas tentava imaginar o que estava por acontecer naquele momento. Eu praticamente parara de respirar, como se o movimento de meus pulmões fosse dedurar nossa localização, ou me atrapalhar em ouvir o que se passava do lado de fora.

Claude estava furioso. Praguejava incessantemente, desejando-me no inferno. Lamentava-se por eu ser tão ingrata a ponto de fugir de onde era o meu lugar. Até que ele parou de repente de falar. Meu coração gelou pelos segundos que seguiram, mais parecendo longas horas de pura tortura psicológica, até que ouvi o barulho de algo sendo amassado e quebrado pesadamente, por mãos e pés completamente tomados pelo ódio.

Luka encolhia-se ainda, com o rosto afundado da pelagem de minha barriga. Eu estava completamente imóvel, enquanto o barulho cessava. Claude arfava, voltando a praguejar. Até que, de repente, tudo simplesmente parou. Sua voz ofegante e raivosa, seus passos pesados e desorientados, o barulho de metal sendo destruído. Tudo simplesmente parou.

Eu ainda estava com medo. Não sabia o que aconteceria se saíssemos dali. Mas, após longos minutos naquela fenda, decidi que era melhor ver o que acontecera do lado de fora. Certifiquei-me de deixar Luka ali dentro, e coloquei a cabeça para fora. De fato, a clareira estava vazia. Saí por completo de nosso abrigo, e instantaneamente olhei para onde estavam as carcaças e a placa de metal – mais precisamente, o que sobrara dela. E em verdade, era só aquele pedaço se metal amassado que estava ali; as carcaças haviam desaparecido junto com Claude.

Eu estava completamente indignada, curiosa, confusa, e com certo medo. Medo de não saber o que acontecera, o que aconteceria. Levei meu focinho ao chão e me coloquei a farejar, mas não havia ali nem um rastro sequer da presença de Claude, o que só me atiçou ainda mais. Minha mente estava quase perdida em perguntas, quando Luka me acordou de meu quase-transe.

– Miih-sama? – chamou com a voz baixa, deixando claro seu medo ainda forte. Olhei para sua direção imediatamente, e lá estava ela, com a cabecinha para fora da fenda.

– Está tudo bem, Luka. – disse, tentando a voz mais calma possível. De alguma forma, vê-la ali, bem e a salvo, animara-me completamente. – Venha cá.

Ela sorriu animadamente à sua maneira lupina, e correu em minha direção. Não consegui evitar sorrir-lhe de volta, acompanhando seu trajeto até atirar-se contra meu peito, aninhando-se ali. Eu olhava-a aconchegar-se em minha pelagem, tão pequena, tão inocente, tão pura. Senti meu coração aquecer-se.

De qualquer maneira, mesmo que estivéssemos no embalo daquele carinho, eu sabia que não podíamos mais ficar naquele lugar. Nós teríamos que partir. Para onde? Eu não sabia. Nós tínhamos que sair dali, apenas isso. Coloquei-me a andar, saindo da clareira com Luka logo atrás de mim. Naquele momento, eu tinha apenas uma certeza: eu protegeria Luka, custasse o que custasse, e defenderia nossa liberdade com garras e dentes enquanto me fosse permitido.



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Notas finais do capítulo

É, é isso~
Mais uma vez, espero que tenha ficado bom! ):
Vou tentar postar o próximo o mais rápido possível~
Desculpem qualquer coisa!
Kissu!



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