Wolfs Journey escrita por Yuuna


Capítulo 3
Cap. 2


Notas iniciais do capítulo

Acho que não há nada a dizer sobre esse cap...
Espero que não tenha ficado nada confuso aqui.
Boa leitura!~



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O tempo continuava a passar, e eu continuava na mesma situação. Há cerca de três meses, se é que eu ainda tinha noção de tempo, eu parara de tentar fugir daquela câmara. Claude já me parabenizara pelo bom comportamento, e eu praguejava mentalmente que ele fosse para o inferno a cada vez que dirigia a palavra a mim. Hyuna não voltou a entrar no laboratório, pelo menos não enquanto eu me mantinha acordada, e vez ou outra eu me perguntava o que acontecera a ela. Não que eu me importasse, mas eu ainda era curiosa.

Se eu queria sair dali, precisava de um plano, e mais que isso, de muita observação. Eu precisava estudar cada passo de Claude no laboratório, a fim de prever seus passos futuros e pensar num plano compatível. E uma coisa que observei, era que mais ou menos uma vez por semana, uma pessoa era tirada de sua câmara, na forma animal, e era deixada na maca por três dias, desacordada, para exames. Claude se certificava de sedá-la, e conectar os fios ligados a seu corpo em uma máquina ao lado da maca, e por três dias ele coletava amostras de pelo, sangue, saliva. Fazia suas observações, vez ou outra modificava alguma substância oferecida a ela, e voltava a colocá-la na câmara.

Eu observara esse processo de, pelo menos, 12 experiências. Recordava-me de algumas, cujas informações eu lia de onde estava. Mikaru, uma garota de 14 anos, cuja forma animal era uma gata preta; Sora, um garoto de 17, cuja forma animal era um lagarto; e algumas outras. Uma delas, porém, me chamou a atenção dentre muitas; Luka, uma garotinha de apenas sete anos, cuja forma animal era também um lobo, de pelo preto e olhos amarelos.

Talvez pelo fato de termos a mesma forma animal, ou pelo fato de ela ser tão nova quanto eu era quando entrei para aquele pesadelo, eu me simpatizei com aquela garotinha. Por isso, nas semanas que se seguiram depois que ela passou pelos dias de teste, eu passei a observá-la diariamente enquanto estudava os movimentos de Claude. Passei a analisar o que fazia durante as horas que se arrastavam, se parecia feliz ou triste, se sentia alguma dor. Passei a analisá-la com um esmero e uma preocupação não meus.

E eu ainda esperava pelo momento certo de escapar. E, alguns dias após os testes em Luka, eu decidi que a tiraria de lá comigo. Ainda não sabia como, mas estava disposta a pensar em um jeito.

Com mais algumas observações, entendi mais ou menos qual era a ideia de Claude com aquelas experiências e pesquisas. Ele pretendia criar animais com DNA modificado (mais resistentes, e que vivessem tanto quanto humanos) a partir da genética humana. Se desse certo, e ele conseguisse que abandonássemos nossa racionalidade, nós nos reproduziríamos e ele sairia vendendo suas crias por aí, para laboratórios renomados e famílias privilegiadas. Completamente ridículo.

Mas, por mais ridículo e sem noção que Claude parecesse aos meus olhos, eu não estava interessada em fazê-lo parar. Se foi uma coisa que mudou muito em mim naqueles anos em que fiquei naquele lugar amaldiçoado, foi minha personalidade, e eu não tinha me tornado uma adolescente muito legal. Meu egoísmo simplesmente me dizia que eu deveria apenas me safar dali, e de quebra, levar Luka comigo. Meus interesses, e ponto.

De qualquer maneira, eu já tinha parte de meu plano formulada. Eu só precisava encaixar nele a parte em que eu tirava Luka dali e fugia com ela. Infelizmente, meus pensamentos foram interrompidos por aquele desgraçado.

Claude entrou no laboratório, como sempre fazia, e foi diretamente para a minha câmara. Ele apenas me olhava e sorria daquele jeito que eu tanto odiava. Segundos depois, ouvi o tão conhecido “bip” do aparelho em minhas costas, e uma onda de choque me assolou, no mínimo quatro vezes mais forte do que a corrente mais elétrica com a qual eu já tinha lidado. Para piorar, ela fora tão longa que eu achei que fosse morrer, mas ela só me deixou inconsciente.

Acordei em uma maca. A primeira coisa que notei, era que eu deveria estar sedada, mas acabara de acordar. A segunda observação foi que parte de meu plano estava concluída; a verdade é que eu planejava me fingir de sedada com uma quantidade pequena de anestésico, que não seria suficiente para me manter desacordada por mais que algumas horas, mas já que eu estava acordada, parecia que essa parte do plano me fora facilitada.

Analisei minha situação. Todos os fios presos a uma máquina, ao lado de um computador com informações que entendi como minhas. Assim que minha visão me permitiu, comecei a ler o que estava na tela. O que consegui identificar foi que eu estava com 16 anos – eu errara minha previsão em cerca de cinco ou seis meses-, e pelo que entendi, era uma das experiências preferidas de Claude. Eu reagira muito bem a todos os testes que fizeram em mim até aquele momento, e fora uma das que melhor se adaptou à forma animal. Ótimo, bom saber. Agora, eu precisava sair dali.

Claude não estava na sala; melhor para mim. Porém, quando tentei me levantar, senti-me fraca demais para mover-me. Suspirei, frustrada. Continuei tentando, até que reuni forças para me colocar de pé naquela maca. Ao mover-me, senti alguns fios se desprendendo de meu corpo, o que foi um pouco incômodo depois de anos com eles acoplados à minha pele, mas fiquei feliz por me livrar deles.

Porém, como tudo estava bom demais para ser verdade, a porta do laboratório abriu. Claude entrou, e assustou-se ao me ver livrando-me de todos aqueles fios. Ele imediatamente gritou algo que não consegui entender, e começou a correr em direção à maca. Por impulso, saltei. Porém, minha não-experiência em andar sobre quatro patas fez-me desequilibrar e cair de qualquer jeito sobre um dos computadores. Minha pelagem molhada por aquele líquido esverdeado adentrou a máquina imediatamente, e só meu peso já havia danificado alguma parte da aparelhagem quando o computador começou a falhar.

- NÃO!! – gritou Claude, e então eu entendi perfeitamente que tinha atrapalhado alguma coisa em seus planos.

Desci de cima da máquina recém-danificada e consegui ficar de pé. Logo em seguida, ouvi um som vindo de todas as câmaras ali presentes, e então todas elas começaram a se abrir. Eu não sabia se me concentrava naquela cena, que ao mesmo tempo era perfeita e zoneada, ou se prestava atenção em Claude, que tentava arrumar o computador. Acabei por ignorar o desgraçado, e olhar para aquele tanto de animais que se acostumavam à ideia de estarem livres. Mais de 40 animais, que meus olhos podiam contar, se livravam de máscaras de oxigênio, fios e mais fios, e se ajudavam com o adorno nas costas que tanto nos machucara com aqueles choques.

É, meu plano dera mais certo do que eu previra. Meu orgulho fora também vencido, e eu estava maravilhada com a cena que era o pior pesadelo para Claude.

Parei de olhar como uma boba para aquela cena, quando lembrei-me de Luka. Dentre os outros lobos ali presentes, eu procurava por ela. Um filhote como aquele, mesmo livre, corria riscos em meio àquela confusão. Claude se desligara de mim, aproveitei para acostumar-me com a ideia de andar sobre quatro patas. Aprendi na marra, correndo pelo laboratório em busca de Luka.

Encontrei-a embolada em seus fios, que haviam se mesclado a outros fios soltos. Usei de meus dentes para cortar a maioria deles, e arrancar-lhe aqueles que ainda a prendiam a pele, e quando a encontrei livre, agarrei-a pela nuca com a boca, e busquei por uma saída. A maioria dos outros havia já saído pela grande janela que ali ficava, e foi para lá que me dirigi. Saltei, e me vi pela primeira vez fora daquela casa que fora meu lar e prisão nos últimos anos. Luka estava meio embriagada em minha boca, talvez pela rapidez com que tudo acabara de acontecer. De qualquer maneira, estávamos livres, e assim que me encontrei no chão, a única coisa que consegui fazer foi correr para longe.

~~~~

Corri enquanto minhas pernas me permitiram. Eu podia estar fragilizada, mas ainda tinha a resistência de um lobo naquele momento. A casa em que estávamos ficava basicamente no meio do nada, porém há alguns quilômetros havia uma grande floresta, e logo estávamos dentro dela.

Parei em uma clareira. Havia ali um pequeno lago, e ao lado deste, uma pilha de pedras cuja fenda acolheria perfeitamente um animal ainda maior que um lobo. Adentrei ali, e deixei Luka acomodada em um canto. Ela estava praticamente desmaiada. Agradeci por não ter que me preocupar com ela naquele momento, e me dirigi ao lago.

Pulei de uma vez ali dentro. Era até razoável em profundidade, eu mal tocava o fundo. Mergulhei, livrando-me dos resquícios daquele líquido esverdeado que eu repugnava, e bebi o máximo de água que aguentei. Quando senti-me satisfeita, saí do lago, chacoalhando meu corpo para livrar-me do excesso da água, e voltei para a fenda. Deitei ao lado de Luka. Fiquei olhando para ela por longos minutos. De alguma forma, tê-la ali comigo me deixava ainda mais animada, mesmo que eu não entendesse por quê.

Mal aconcheguei-me e deitei a cabeça, o sono e o cansaço me tomaram de uma vez. Não me importava mais com a hora, a data ou qualquer outra coisa; eu só queria descansar. Aquela foi a primeira vez em muito tempo, que dormi bem. Dormi confortável, aliviada, feliz, gozando de minha liberdade recém-conquistada. Pelo menos naquele momento, era apenas isso que me importava.


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Notas finais do capítulo

Okaay, foi isso~ (:
Espero que tenham gostado (ou que não tenham odiado -q)
Chu~~ s2



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