Sangue Winchester escrita por N Baptista
Dean abriu os olhos lentamente, sua cabeça latejava, ele olhou ao redor e só encontrou Natale sentada mexendo no computador:
- Cadê o Sammy?
- Bom dia, Bela adormecida! – A garota falou alto o que fez com que Dean pusesse a mão na cabeça de dor – Desculpa! Ele saiu, mas não sei pra onde, foi antes que eu acordasse.
- O que você está olhando aí? – Ele perguntou se levantando e tentando ver a tela do laptop
- Não sei direito, pensei em começar a investigar, mas não sei o que procurar.
- Você só caça pelo computador?
- E por livros.
Dean riu:
- O que foi? – Natale não estava entendendo.
- O carro está aí?
- Sim, o Sam saiu a pé. Por que?
- Vou te ensinar um jeito novo de caçar.
Quando Natale deu por si, o Impala estava parando em frente ao bar que Sam e Dean tinham ido na noite anterior:
- Está fechado. – A garota se virou para Dean.
- Não estamos aqui pra beber, estamos aqui pra fazer perguntas... – Ele olhou bem a garota – Você tá parecendo uma criança. Tenta prender o cabelo – Ela fez o que ele disse – Ficou pior!
Natale deu um tapa de leve no braço dele e soltou o cabelo de novo. Dean saiu do carro e fez sinal para a garota sair também, os dois foram andando em direção a porta que estava fechada, e o mais velho bateu no vidro, saiu de lá de dentro um homem de barba que dizia:
- Estamos fechados! – O homem olhou Dean de cima a baixo – Você não é o cara que levou uma surra ontem? Ainda tem sangue seu no balcão cara.
Natale abafou o riso com as mãos, mas Dean não gostou de ser a piada:
- A noite de ontem foi meio confusa – Disse Dean se virando para o homem – Eu só quero fazer umas perguntas. Posso?
O homem analisou Dean mais uma vez:
- Como eu disse, ainda tem sangue seu no balcão, se limpar pode fazer as perguntas que quiser.
Dean estava agora com um pano em uma mão, uma esponja na outra e um balde com água e sabão ao seu lado, limpava as (quase impossíveis de sair) manchas de sangue seco:
- Ela é a sua filha? – O homem perguntou para Dean, mas olhava para Natale.
O Winchester confirmou com a cabeça e o homem se virou para a garota:
- Não segue o exemplo do seu pai não em garota.
- Pode deixar! – Natale riu.
- Posso fazer as minhas perguntas agora?
- Fala. – O homem se virou para Dean.
- O senhor sabe tudo o que aconteceu na confusão de ontem certo?
- Na confusão, antes dela, depois... o que quer saber?
- Quando eu cheguei tinha um cara comigo, você viu?
Ele assentiu com a cabeça:
- Sabe me dizer se ele voltou mais tarde?
- Você devia de estar muito bêbado! Um cara alto, de cabelo castanho? Sentou na mesa com você e tudo.
Dean olhou para Natale e depois voltou a esfregar o balcão:
- Quando eu fui falar com aquela mulher – Disse Dean – Para mim pareceu que ele tinha sumido. Sabe para onde ele foi?
- Saiu pela porta dos fundos – Respondeu o homem – Um funcionário meu foi jogar o lixo fora e deve ter visto melhor.
- E a onde está esse funcionário? – Natale se manifestou.
- Quando voltou começou a agir esquisito e disse que não estava se sentindo bem, foi em bora antes da sua briga começar.
- sabe dizer a onde ele mora?
Com o endereço em mãos, os dois Winchesters estavam agora parando o carro em frente a uma casa mal cuidada e cheia de tralha no quintal, Dean bateu na porta e um rapaz de aparência jovem os recebeu:
- Eu sou o agente Smith e essa é a agente Carter – disse Dean mostrando dois distintivos – Queremos fazer umas perguntas.
Natale olhou para Dean como quem diz “Quando você ia me contar dos distintivos?”, mas Dean ignorou e manteve a pose de agente federal. O rapaz que parecia ser ignorante olhou para Natale com desconfiança, mas deixou que os dois entrassem:
- Então, em que posso ajuda-los? – Dava pra ver que ele estava nervoso.
- Já viu esse homem? – Dean mostrou uma foto de Sam que ele tinha guardada.
O rapaz começou a tremer e devolveu a foto dizendo:
- Não... Eu nunca vi ele antes.
- Eu sei que você está mentindo Erick. É Erick não é?
O rapaz confirmou e Dean continuou:
- Pois é, o seu patrão contou pra gente, e contou também que você encontrou esse homem ontem nos fundos do bar...
- Eu só tinha ido jogar o lixo fora, juro pra vocês. – Ele começou a chorar.
- Acreditamos em você – Natale tentou acalma-lo – Só nos diga o que você viu.
Erick respirou fundo algumas vezes e depois disse:
- Vocês não acreditariam em mim.
- Experimente. – Disse Dean.
- Está bem. Como vocês sabem, eu fui jogar o lixo fora, esse cara tinha saído pela porta dos fundos, mas isso sempre acontece “os caras bebem de mais, ficam enjoados, o banheiro está ocupado e eles vão vomitar no beco que tem atrás do bar”, mas dessa vez foi diferente, ele não sabia que eu estava lá e foi muito estranho.
- O que foi tão estranho? – Natale estava impaciente.
- Ele virou um bode.
- Um bode? – Dean não estava acreditando.
- Pois é – O rapaz continuou – Virou um bode preto e saiu andando pela cidade.
Natale virou a cabeça de lado para esconder o riso, mas Dean não achou graça:
- Você está fazendo piada com a gente?
- Não – Erick se encolheu na poltrona em que estava sentado – Juro que foi isso que aconteceu.
De volta ao motel, Dean estava sentado a mesa mexendo no computador do Sam enquanto Natale estava jogada no sofá:
- Desiste Dean, a coisa mais sinistra que você pode encontrar que tem alguma coisa a ver é a cabra macabra.
- O que?
- Nada não. – Ela ficou quieta.
Os dois fizeram silêncio por um tempo e de repente Dean começou a rir sozinho:
- o que foi? – A garota sentou direito.
- Nada, eu só tava imaginando a cara dele quando viu aquela coisa virar um bode.
Natale também imaginou e começou a rir, ficaram os dois rindo com aquilo na cabeça por um tempo. Natale olhou para o relógio de pulso e viu que já eram 4h da tarde:
- Onde será que está o Sam em?
Dean também consultou o relógio:
- Não faço ideia. Você não viu mesmo pra onde ele foi hoje de manhã?
- Não Dean, eu estava dormindo.
Dean pegou o celular e tentou ligar para o irmão, já tinha feito isso várias vezes ao longo do dia, mas o telefone de Sam estava desligado:
- Acho melhor a gente ir procurar por ele. – Disse Natale preocupada.
- Então tá, eu vou pegar o carro.
Dean saiu na frente e deixou Natale para desligar o computador e trancar a porta, a garota estava indo para o estacionamento encontrar o pai quando viu Sam atravessando a rua:
- Onde esteve o dia todo? Nós ficamos preocupados.
- Ah, eu estive investigando. – Ele respondeu.
- Sério, nós também. Por onde você começou?
- Eu fui até o mercado... – Ele pensou antes de continuar falando – Você tinha razão, viram mesmo o Dean por lá. Parece que alguma coisa se fez passar pelo nosso irmão.
Natale tomou um susto com o GRANDE ERRO dessa frase e foi aí que percebeu que aquela pessoa com quem ela estava falando não era o verdadeiro Sam. A garota tentou disfarçar e foi se afastando aos poucos daquele falso Sam e nesse momento ouviu o barulho de pneus derrapando no asfalto e a criatura foi atropelada pela traseira do Impala:
- Os freios não funcionaram – Disse Dean colocando a cabeça para fora da janela – Está tudo bem?
A garota olhou em baixo do carro e viu um bode preto caído:
- Você tinha razão Dean. EU AMO ESSE IMPALA!
Eles tinham amarrado o bicho em uma das camas, e quando a criatura acordou a primeira coisa que Dean fez foi perguntar pelo irmão, mas o bode apenas virou a cabeça:
- Eu to falando com um bode. – Sussurrou Dean pra si mesmo.
- Dean. – Natale mostrou ao pai que a cabeça do bicho estava apontando para o armário.
Os dois se aproximaram de vagar e abriram a porta, encontrando Sam todo amarrado com lençóis. Dean tirou a mordaça do irmão que gritou:
- Por que demoraram tanto?
Dean tentava desamarrar Sam enquanto este se debatia e soltava fogo pelas ventas:
- Esse bicho vai me pagar! Fada de araque!
- Fada? – Natale não estava entendendo nada, e Dean também não.
Finalmente livre Sam se explicou:
- Eu virei a noite pesquisando o que poderia ser essa coisa, e quando finalmente descobri ela me amarrou e trancou no armário. É uma Pooka, ou Pwca, uma fada travessa que adora colocar as pessoas em confusão.
- Por que nunca ouvimos falar? – Perguntou Dean.
- Não chega perto de cidades, normalmente age no campo a onde apronta com viajantes desavisados. Subiu no carro quando ele morreu no meio da estrada.
- Como um bode subiu sem que a gente visse? – Natale teve o seu momento de inocência.
- Ele muda de forma Natale. – Dean respondeu a pergunta da filha.
- Só que tem uma coisa – Sam sorriu e o Pooka tremeu – Se você capturar um desses, ele tem que obedecer uma ordem sua. E aí, o que vai ser?
Os três pensaram por um tempo enquanto a criatura ficava cada vez mais desesperada:
- Como fui eu quem capturou, acho que devo dar a ordem. – Disse Dean.
- Correção – Disse Natale – Foi o Impala que pegou.
- E de quem é o Impala? – Dean e Natale se desafiavam com o olhar.
- Eu acho – Interrompeu Sam – Que como eu descobri o que essa coisa era, descobri sobre a ordem, e passei o dia inteiro trancado no armário, tenho o direito.
Dean e Natale concordaram e ficaram quietos, Sam se aproximou do bicho que estava com a respiração curta e acelerada, assim como as batidas do coração:
- Eu quero que você desapareça daqui e nunca mais interaja com qualquer ser humano.
A criatura deu um longo suspiro, parecia realmente aliviada:
- Como quiser. – Disse o Pooka se soltando e desaparecendo em meio a uma fina neblina que se formou no quarto, mas logo se dissipou.
Na manhã seguinte, os três Winchesters estavam se preparando para ir em bora da cidade e Natale foi colocar as mochilas no carro, o que deixou os dois irmãos sozinhos:
- Toda aquela conversa no bar... – Dean não sabia bem como falar – Foi a criatura não é?
- Por que, o que ele falou?
- Falou de como se sentia com essa história toda da Natale.
- O Pooka é um ser “mágico” quero dizer “espiritual”, pode não saber o que está acontecendo ao seu redor, tanto que não sabia de que forma a Natale era da família, mas percebe o que se passa dentro das pessoas.
- Ah, ainda bem – Dean sorriu – Porque ver você expondo os sentimentos daquele jeito não pegou bem pro teu lado, eu tava quase pensando que você ia mudar de time.
- Tá legal Dean. – Sam se levantou e saiu do quarto.
Quando ficou sozinho, Dean olhou pela janela e viu o irmão e Natale guardando as coisas no carro:
- Nós vamos ser uma família de novo Sammy, eu prometo.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Espero que tenham gostado da conclusão, e para o próximo caso EU PROMETO uma grande surpresa atemporal