Mentiras dos garotos escrita por JuliaTenorio


Capítulo 3
Capítulo três - Juliet Campbell


Notas iniciais do capítulo

E aí, pokemons? Como anda o mundo de vocês? Não tenho nada importante para falar, só que bem, vocês são tão fofinhas, merecem milhões de beijos! Falo lá embaixo, se divirtam crianças!



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Juliet

Só estou interrompendo suas irritantes aulas do dia para dizer: parabéns Extreme Chasers! Vocês venceram, como sempre. Por mim nem teria o trabalho de parabeniza-los já que a vitoria foi fácil, ok, ok não jogem tomates em mim! Só acho que não foi muito emocionante... Mas bem, eu não entendo nada de basquete, então podem mesmo me mandar calar a boca. Até amanhã queridos ouvintes! Teremos grandes surpresas.

Virei-me para o Sr. Eastwood, o diretor do colégio, e soltei um sorriso de sarcasmo.

–Feliz?

–Pode voltar para sua aula, Senhorita Campbell.

Bufei irritada e sai da sala de rádio para minha aula de trigonometria, não sei por que fui matriculada nas aulas mais chatas do ensino médio. Depois da aula de laboratório onde eu tenho como parceiro a criatura da luz, trigonometria estava no topo da minha lista de aulas insuportáveis.

E com a sorte que eu tinha, nem minha melhor amiga estava lá para me ajudar. Entrei na sala sem pedir licença e sentei na única cadeira vaga na classe, bem ao lado de um garoto esquisito, emo, eu acho, que seja, é um garoto, ou seja, é a escoria da humanidade.

–Abram seus livros na pagina 321! – o Sr. Mathews gritou se virando para a classe, ele não era muito de falar, mas não suportava ouvir barulho na classe – Quem não tiver trazido o livro divida com seu colega ao lado, não quero ouvir barulho, apenas façam os exercícios passados. Agora!

Revirei os olhos, cara mais autoritário esse, ein?

Poxa, não acredito que isso aconteceu de novo. Já bastava o dia estar um saco, minha melhor amiga estar namorando meu maior inimigo, eu ter perdido metade da aula de inglês, agora eu esqueci meu livro de trigonometria no armário? Bem, acho que ir pedir para buscar para o Sr. Mathews já é pedir demais. Respirei fundo, me virei em direção ao garoto estranho ao lado e sorri.

–Você pode dividir o livro comigo?

Ele me olhou por dentro dos cabelos negros e extremamente lisos que estavam na sua cara, quase com curiosidade.

–Qual seu nome?

Estranhei a pergunta, não queria ficar conversando e ser mandada para fora de sala pelo Sr. Mathews.

–Juliet Campbell.

–Como Romeu e Julieta – ele sorriu – bonito nome.

Ele deu um pequeno sorriso, empurrando o livro na minha direção, sorri agradecida e tratei de responder as questões no meu caderno. Quer dizer, ou pelo menos tentei, né? Por que eu nunca fui um gênio em matemática, quem costuma fazer matemática avançada é a Penélope e não eu.

Em que quadrante está (-2,4)?

Como diabos esse professor espera que eu saiba resolver isso? Nem ao menos eu sei o que é quadrante! Imagina saber qual quadrante esse número aí está?

–Não sabe resolver, né?

Procurei pela voz vinda do submundo e encontrei o garoto estranho que eu nunca tinha visto na vida antes de precisar dele me perguntando.

–É por isso que eu odeio trigonometria.

Ele se aproximou da minha banca e começou a rabiscar alguma coisa no meu caderno, bem embaixo da pergunta, esperei, por que não tinha lá outra opção.

Quadrante II

Olhei para ele, tentando parecer séria.

–Jura? Nem imaginei.

Ele soltou um sorriso e o pior é que eu realmente estava tipo, espantada, um garoto tão bonitinho, emo inclusive, saber mais de trigonometria que eu? Eu esperava que todos os garotos bonitos fossem burros ou acéfalos.

–Obrigada – disse sorrindo – qual é o seu nome?

–Levi.

Escutei o sinal tocar e todos saírem como os animais que eram da sala de aula. Peguei minhas coisas e me levantei, aquela era a ultima aula do dia, o que significava apenas uma coisa: Liberdade.

–É bom saber que um garoto nesse mundo ainda tem esperanças.

Pisquei para ele e sai da sala em busca da minha carona para casa, esbarrando nos mais diversos tipos de pessoas que adoravam ficar na minha frente. Como não vi Penélope em lugar nenhum imaginei que ela já estava em seu carro e que provavelmente Kathy já estava com ela.

Cara, eu tenho que começar a anotar a dez razões para que Juliet Campbell precisa de um carro.

Vi o New Beatle amarelo e único daquela escola parado bem na frente do estacionamento em uma vaga privilegiada e sai aos galopes, quer dizer, galopes não por que eu não sou um cavalo, mas pulando até o carro de Penny.

–Penny meu amor! Eu te procurei em todos os lugares! Onde você estava?

–Oi Jules.

Foi quando notei que meu lugar, bem ao lado do banco de motorista, já estava ocupado.

–Espero que você não se importe Juliet, mas o Blake vai voltar com a gente. O carro dele deu problema e ele morra no seu condomínio.

Olhei para Blake irritada, nem ligando para o fato de Kathy estar ali ou não, o que ela estava no final das contas.

–Você rouba minha melhor amiga e ainda quer roubar meu lugar, Walker?

–Ei, não precisa ficar assim, é só um lu...

–Cale a boca! Eu não quero saber de nada que venha de você, cabeça de bagre.

Dei as costas para eles, mas lembrei-me que Kathy estava ali e me virei de novo.

–Leve a Kathy para casa, por favor, eu vou arranjar outra carona por que eu não consigo ficar no mesmo ambiente que esse ser.

–Juliet!

Não adiantou nada ela me chamar, já eram quatro da tarde e pelo menos não estava quente, então se minha melhor amiga tinha esperanças que eu voltasse ela estava muito enganada. Por que nem se ela fizesse a cena de Romeu e Julieta, em que Romeu fica na sacada da casa dos Capuleto, eu voltaria.

Afinal Blake estava conseguindo o que queria, se já não tinha todo o meu ódio alguns dias atrás, agora tem. E é direcionado exclusivamente para ele.

Só havia um grande problema nisso tudo, com quem eu voltaria para casa? Se minha melhor amiga se virou para o lado negro da força, eu não tenho mais nenhuma carona. Nenhuma das pessoas que eu conheço morram para aquelas bandas de Tampa.

Quer dizer, nem todas...

Caminhei rapidamente atrás dos jogadores de basquete que riam e conversavam em conjunto no estacionamento, com sorte ele ainda não havia ido embora, quando vi a criatura da luz parado no capô da sua hilux quase fiquei com medo, não de Mathews, mas do que meus amigos iriam pensar se me vissem com ele.

–McGreen.

É, eu tento não chamá-lo de criatura da luz em público.

–Ei docinho, que cara triste é essa?

–Me dá uma carona para casa?

Perguntei com a voz mais doce que já pude soltar ignorando todos os outros caras do time, por mais que Mathews fosse um babaca assediador ele era mais confiável do que qualquer outro garoto que eu conheço. Ele assentiu, abrindo a porta do carro para mim.

–Valeu caras, a gente se vê depois.

Ele disse e entrou no carro, os amigos dele logo se dispersaram, olhando estranho para mim.

–Acho que seus amigos não gostam de mim.

Disse fitando Dylan Evans, que me olhava como se eu fosse a rainha do caos pronta para incendiar aquele colégio.

–Eles acham você gostosa, mas tem medo de você.

–Pelo visto você é o único que não tem.

Ele deu de ombros, Mathews já sabia onde era a minha casa o que deixava tudo mais fácil. Depois de alguns segundos vi a criatura da luz me fitar estranhamente e me perguntei por que ainda não havíamos batido.

–O que foi?

–Estou procurando um problema, quer me ajudar?

Ri dele e vi Mathews voltar a dirigir como uma pessoa sensata.

–Você quer saber por que eu pedi carona logo a você? – ele assentiu – seu amiginho pegou carona com a nova namorada.

–Penny?

Olhei para ele como se quisesse dizer “tá na cara né?”.

–Vocês tem que parar com essa historia de se odiarem, Blake nem ao menos sabe por que te odeia.

–Eu tenho meus motivos.

Ele suspirou e logo havíamos chegado a minha cara, Kathy devia ter acabado de chegar quando eu abri a porta da hilux e pulei para fora.

–Obrigada, Mathews.

Não olhei para ele e só entrei em casa, procurando por almoço e pela minha irmã. Eu estava morrendo de fome e por sorte Frida havia acabado de fazer um bolo com calda de morango, entrei na sala de estar para ver Kathy sentada olhando para o seu pedaço de bolo, ela andava bem estranha ultimamente. Por que Kathy simplesmente não era assim tão quieta, era muito tímida é claro, mas não quieta.

–Então, qual é o mal que lhe aflige?

Ela levantou seu olhar para mim, parecia cansada, até triste. Sempre pensei que nossos pais haviam trocado nossos nomes, eu devia ser a Katharine, a mulher irritada e de personalidade forte de Megera Domada, e não Juliet, a doçura em forma de pessoa de Romeu e Julieta. Havia alguma coisa de muito errada ali, talvez fosse até uma ironia.

–Você não iria gostar de saber.

–Pode falar, depois da minha melhor amiga começar a namorar Blake Walker, acho que nada pode ser pior.

Ela suspirou, olhando para o lado oposto a mim, não querendo me fitar de jeito nenhum.

–Acho que estou apaixonada.

Acho que estou chocada.

–Como assim? Por quem?

Perguntei caindo na cadeira, garotas normais ficariam felizes de ouvir isso, mas vale te alertar que eu não sou normal, por que garotas normais não se recusam a se apaixonar, garotas normais não odeiam garotos, garotas normais não tem medo de se machucar.

–Levi Patterson.

–Quem?

–Um garoto que tem uma banda punk rock, ele é tão educado Jules! Tão diferente desses garotos.

Talvez ele seja um alien, vai saber. Por que garotos não... Ok, eu acho que vocês já entenderam o que eu acho de garotos.

–Você conhece ele?

–Só um pouco na verdade, o conheci quando fui com a Heather no show deles, sabe, a umas duas semanas atrás.

Tentei lembrar-me do fato, mas minha memória é pior do que chuva no Arizona.

–Eu quero conhecer esse garoto. Espero que ele não tenha o dobro da sua idade.

–Ele tem a sua idade Juliet! – ela revirou os olhos - Você está começando a soar como o papai.

Revirei os olhos, se Kathy queria me deixar magoada, ela havia conseguido isso com sucesso.

–Desculpa se eu me preocupo com você.

–Jules... – ela tentou olhando para mim com cuidado, com medo de ser mordida talvez – Eu sei que você se preocupa comigo, eu sei que não quer que nenhum garoto me machuque, você sempre foi uma mãe para mim. Mas eu não sou mais uma menininha.

–É a minha menininha.

Eu provavelmente diria isso, por que sim, Kathy é minha menininha, mas o dono da voz era outro. Um homem de um metro e oitenta, cabelos castanho espessos, com alguns fios braços, a pele clara, os olhos incrivelmente verdes, ainda mais verdes que os de Kathy. O cirurgião chefe do hospital geral de Tampa, muito bonito para um homem de quarenta e dois anos, muito requisitado e ocupado para as enfermeiras assanhadas.

–Papai!

Gritou Kathy o abraçando, ela sempre fora muito afeiçoada ao nosso pai. Vi ele devolver o abraço a ela e soltei um sorriso.

–Você chegou mais cedo, alguma coisa aconteceu?

–Nada precisa acontecer para eu querer ficar mais tempo com as minhas filhas.

Papai disse dando um beijo na minha cabeça. Levantei uma sobrancelha, meu pai querendo ficar mais tempo com adolescentes malucas e indisciplinadas? Ok, esquece esses adjetivos, a única maluca e indisciplinada aqui sou eu.

–Conta outra Dr. Eliot Campbell, você não foi demitido, foi?

Ele riu, sentando á mesa conosco. Frida logo apareceria.

–Não, não. George pediu para cobrir meu turno.

George era o melhor amigo do meu pai e padrinho de Kathy, como cirurgião vivia pedindo para cobrir os plantões do meu pai para poder sair com sua namorada nova, que para o meu ver era só mais uma vagabunda querendo pegar dinheiro dele.

–Tio George, sempre fazendo isso! – Kathy exclamou feliz, olhei para o papai, pelo visto ele não havia escutado nada sobre ela estar “apaixonada” – Frida fez um bolo maravilhoso, você tem que provar papai!

Ela disse puxando-o para ir à cozinha, como a casa era grande, chamar Frida não era uma boa ideia, pois ela nunca escutaria. Olhei eles adentrarem o resto da casa e segui para o meu quarto, me jogando na minha cama, o céu estava aos poucos escurecendo e provavelmente eu passaria a noite inteira assistindo The Big Bang Theory com Kathy e papai, mas antes eu queria um tempo só para mim.

Coloquei a reprise de The Reality of Boys! Para passar enquanto eu tomava banho, o som de Sidney Sheldon fazendo o publico rir com seu mais novo convidado me dava ânsias de vômito. Como uma mulher pode se render tanto a publicidade? Ela não vê que tudo o que diz não passa de mentiras? Que essa “realidade” dos garotos que ela tanto conta não é verdadeira? Garotos não são assim, garotos não são tão educados, não tem tantas respostas, garotos são...

Garotos são algo que eu nem ao menos sei a resposta.

Não sei por que isso veio a minha mente, não que eu tivesse parado de pensar que eles são a escoria da humanidade, mas é que... Eu sou racional poxa, posso ter esse ódio muito grande e com explicação, mas meu argumento, ainda assim, não tem fundamento. Como eu posso dizer que garotos não prestam se eu mal convivo com eles?

Tudo bem, Blake Walker ainda é um idiota, narcisista com o ego gigantesco, mas veja bem, não são todos os garotos que são assim, Blake é o rei dos idiotas, mas Mathews, a criatura da luz e melhor amigo dele, apesar de um assediador nunca foi o tipo de que ilude garota nenhuma, ele sempre foi educado, prestativo e um bom amigo. Como eu posso dizer que Mathews é a escoria da humanidade? Simplesmente não dá.

E aquele garoto que eu esqueci o nome da aula de trigonometria? O garoto foi tão legal, me emprestou o livro, dividiu suas respostas sem querer nada em troca, ele foi legal simplesmente por que ele é legal.

Ok, minha mente está fervendo agora, já faz mais de cinquenta minutos que eu estou embaixo da água quente, deve ser isso.

Mas é que... Só uma coisa se passa pela minha mente agora. E é que se eu quero estar certa dos meus argumentos, eu tenho que prová-los.



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Notas finais do capítulo

Goooooostaram? Espero que sim e que me avisem né, gente linda? E aí, me contem, como anda o domingo de vocês? Eu sei, minha felicidade é estranha, mas é que amanhã não tem aula *dança da vitoria* e mesmo que eu esteja com meu coração em pedaços, mas aliviado nesse momento, eu to até feliz. Acho que é a reprise de pokemon passando na TV, deixa pessoas problemáticas como eu assim, feliz.
Ok, parei, beijos pra todos, até o próximo capitulo.
Coooooomentem!



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