Daylight escrita por Queen Julia, Zigmund


Capítulo 3
Capítulo 1




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A luz do sol penetrou o quarto e iluminou o pequeno ambiente que ficava no segundo andar da casa. O recinto estava vazio, apenas com a cama e quatro caixas de papelão que continham roupas e pertences pessoais de sua habitante.


Sophie abriu os olhos com certa dificuldade quando o despertador irritante começou a tocar, indicando que já eram sete horas da manhã. Ele tinha que se arrumar.


Depois de se levantar, ela vestiu-se com as habituais roupas pretas em meio de vários e longos bocejos. Pegou as caixas de papelão, empilhou-as em seus braços magros e claros e andou em direção das escadas em espiral. Desceu com muita dificuldade, tentando se equilibrar, mas, apesar de seus esforços, ela tropeçou no ultimo degrau. Instantes antes de suas coisas se espalharem pelo chão do hall de entrada elas pararam de uma forma mágica. Apenas com um pensamento, Sophie conseguiu fazê-las parar.


Por mais estranho que aquela situação fosse, ela não se surpreendeu. Coisas como aquela aconteciam sempre com ela. A primeira vez fora quando ela tinha apenas sete anos. Ela estava brincando com suas bonecas e acidentalmente esbarrou na mesa, derrubando um copo de yogurt. Misteriosamente a bebida desapareceu antes de atingi-la em cheio. Mas a única ocasião que ela realmente se importara foi quando estava no acampamento escolar, onde uma cobra atacou seu dormitório e ela falou com o animal. Ela compreendeu os estranhos ruídos que ele fazia.


Sempre que se lembrava da primeira vez que compreendeu uma cobra, estremecia de angustia, mas ela não conseguia sentir medo delas, simplesmente se assocializava com o animal. Solitária, apreensiva, observadora e, às vezes, sentia vontade de extravasar sua raiva nas pessoas à sua volta.


Sophie acordou de seu transe de lembranças e foi em direção da cozinha, depois de deixar as caixas no hall. Lá sua família estava reunida tomando café da manhã. Susan, sua mãe, era uma mulher alta e estava em ótima forma. Tinha rosto simétrico e cabelos loiros curtos e repicados. Charles, seu pai, tinha cabelos levemente grisalhos, que anteriormente tinham sido de um castanho tão escuro que parecia preto. Seus olhos eram grandes e verdes. Por fim, tinha Angelina. Sua irmã mais nova de dez anos tinha longos cabelos castanho claros e olhos castanhos hipnotizantes.


– Bom dia, gente. – Disse Sophie – Eu estou com uma sede... Quando vamos ao aeroporto? Estou louca para dormir no avião... – Completou, enquanto enchia um copo com suco de laranja gelado.


– É o que eu diga.... – Disse Angie.


– Olá, filhinha! – Cumprimentou Sra. LeFleur – Coma rápido, sairemos daqui a exatos vinte minutos.


Angelina, que estava meio dormida, foi em seu quarto e desceu as ultimas caixas do andar de cima. Os homens da mudança já haviam terminado de carregar o caminhão e estavam no meio do caminho para o aeroporto internacional de Paris.


Depois de comer, Sophie deu uma ultima olhada em sua casa, ou melhor, sua ex-casa, e disse um adeus baixinho. Trancou a porta e correu para a van que a aguardava na frente da propriedade. Se sentou no banco de trás e foi em direção do aeroporto, dando adeus a sua vida na França.


**


Chegando ao aeroporto, a família saiu da pequena van para descarregar as caixas e as malas. Carregaram cinco carrinhos de mão que levavam os pertences e foram em direção da fila, que estava pequena. Apesar da aparência, eles demoraram trinta e cinco minutos para que pudessem ser atendidos na cabine de check in.


Angelina só fez uma coisa durante esse tempo todo. Desde que saíram da casa ela só reclamava.


– Mamãe, eu estou com fome! – dizia ela.


– Papai, eu quero dormir!


– Soph, onde é o banheiro? Eu estou apertada!


Ninguém aguentava mais de alguns minutos ao lado dela, portanto faziam tudo que ela pedia, para que a ladainha não continuasse. Apesar dos esforços, ela sempre encontrava outro motivo para recomeçar suas reclamações.


Finalmente o relógio bateu dez horas, o avião iria decolar em breve. Assim que a família LeFleur se acomodou nos assentos desconfortáveis do avião, caíram imediatamente no sono. Como na noite anterior, Sophie foi a ultima a dormir.


Ela fechou o moletom verde exército e vestiu sua inseparável jaqueta de couro preta. Suas botas de caminhada foram largadas no chão assim que ela ligou seu iPod touch. Selecionou uma musica de rock pesado e ficou encarando a tela do aparelho, que estava decorada com a foto de uma serpente verde com enormes e profundos olhos amarelos.


Ela se perdeu em seus pensamentos e caiu no sono com um ponto de interrogação na cabeça. “Algo irá acontecer...” pensou “Muito em breve...”.


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