Rachel…

Ciúmes sentimento de possessividade em relação a algo ou alguém, sentimento gerado pelo desejo de conservar alguém junto de si ou por não conseguir partilhar afetivamente essa pessoa; sentimento gerado pela suspeita da infidelidade de um parceiro.

Ok, eu nunca senti ciúmes da Alex, e não estaria me preocupando em sentir isso agora se ela não tivesse esquecido a droga do celular em cima da cama enquanto se arrumava para trabalhar, e ele não parasse de tocar a mais de meia hora incomodando meu sono. Levantei pronta pra xingar quem quer que fosse que tinha tanta pressa em falar com ela, mas recuei quando vi o nome no visor. Emily.

Não, não é ciúme. Não sou uma pessoa ciumenta, mas quando você descobre que uma garota deixou mais de cinco mensagens pra sua namorada, você quer saber o que é, certo? Não por ciúmes, mas sim por curiosidade e foi por curiosidade que pela primeira vez, invadi a privacidade de Alex e comecei a ler as mensagens.

Coisas como "Posso te encontrar hoje a noite" e "Você não pode me ignorar pra sempre" não faziam muito sentido pra mim. Escutei a porta do banheiro abrindo, fechei as pressas o celular jogando no lado da cama de Alex, e deitei no meu lado.

– Desculpa amor, eu te acordei?

– Você não, seu celular. – Alex o pegou parecendo checar as chamadas. – Quem esta te querendo assim tão cedo? – Não perguntei esperando que ela falasse a verdade, só queria saber qual mentira ela usaria.

– Ninguém importante. – ela guardou o celular no bolso e como fazia todos os dias antes de ir trabalhar se aproximou me dando um beijo. –Te vejo a noite

Alex foi pro trabalho me deixando sozinha naquele apartamento imenso. Certo eu exagerei. Era um pouco maior e mais confortável que o antigo, e era mais perto do teatro, mas não era perfeito pelo menos não pra mim porque Alex adorava aquele lugar. Quando aceitei morar com ela e começamos a procurar por um apartamento só nosso, fiz apenas uma exigência. Ficaria em qualquer lugar, pagaria o preço que fosse desde que, claro, fosse perto de Lauren.

Ter uma amiga por perto era a melhor opção quando precisasse de um lugar pra fugas e pedidos de conselhos, o que eu precisava muito agora, então sai daquele apartamento chato e vazio que eu não gostava, e fui bater na porta da minha velha amiga onde era sempre bem acolhida.

– Vai embora Rachel. – ok,nem sempre

– É assim que você vai me receber toda vez que resolver te visitar?

– Você não escolheu ir morar com a Alex? Por que não aproveita seu apartamentinho novo então?

– Achei que você fosse ficar feliz com o apartamento só pra você.

– Mas quem disse que eu nao estou feliz?! Posso trazer quem eu quiser aqui sem me preocupar em encontrar alguém usando meu quarto ou dormindo na minha cama.

– É eu também sinto saudade de morar com você. – disse finalmente entrando na sala e sentando no sofá.

– Eu sei que sente afinal você fica mais aqui do que la, e é exatamente por isso que tenho certeza que você não veio aqui só pra matar a saudade então a que devo a honra?

– Queria te pergunta uma coisa.

– Claro que sim Rach, se você não namorasse a Alex, ficaria com você numa boa.

– Bom saber, mas não é essa a pergunta, apesar de que você não esta completamente errada, tem a ver com a Alex.

– Então diz qual a pergunta que tem a ver com minha amiga apaixonada.

– O que vocês conversam quando eu não estou por perto?

– Por que Rach, depois de todo esse tempo resolveu sentir ciúmes da gente?

– Lauren será que dava pra você conversa serio pelo menos uma vez?

– Não, desculpa não consigo fazer isso, mas porque a pergunta?

– Queria saber se ela já falou com você sobre alguma Emily? – Lauren pareceu um pouco surpresa com minha pergunta.

– Sim é a ex-namorada da Alex. Pelo que ela me contou, as duas tiveram um final bem chato. Por que ela nunca falou com você sobre ela?

– Eu acho que sim, mas foi há muito tempo, e na ocasião eu achei que estava tonta não prestei muita atenção.

– Você achou que estava tonta?

– Longa historia. O que importa é que essa garota vem mandando mensagens pra Alex.

– Inocentes?

– Claro que são por isso vim conversa com você.

– Que bonitinho, você fica sarcástica quando esta com ciúmes.

– Eu não estou com ciúmes, eu só percebi que nunca me preocupei muito em saber sobre o passado dela, quem ela era, o que ela fez, quem ela namorou.

– Serio que vocês nunca falaram sobre isso?

– Bom ela sabe sobre meu passado, ela estava la quando eu comecei a ter algo parecido com uma vida. Agora sobre o dela a única coisa que sei é que a mãe dela morreu durante o parto, e o pai em um acidente de carro, e foi por que Finn me contou. Fora isso, não sei nada sobre quem ela era antes da gente se conhecer.

– Talvez a Alex não goste de falar sobre o passado por que é difícil pra ela reviver esses momentos. – mesmo parecendo impossível Lauren começou a falar serio. – Olha vai por mim, você não precisa se preocupar com quem a Alex era e sim com o que ela é. Uma garota completamente apaixonada por você.

– É você esta certa.

– Eu sempre estou certa. Então sem mexer com o passado?

– Ok sem mexer no passado. – não ia adiantar render assunto com Lauren então concordei, mas é claro que não ia simplesmente esquecer aquilo.

– Já que você esta aqui, que me ajudar a passear com os cachorros?

– Adoraria, mas tenho que ir ensaiar. – disse levantando do sofá. – Melhor ir logo antes que chegue atrasada. Te mais Lauren, e obrigada pelo conselho.

– Vou adorar se você segui-lo. – Acenei para Lauren da porta e confesso que nem me importei com o que ela disse e fui pro teatro.

Os ensaios foram um tanto cansativos, todos pareciam distraídos, inclusive eu, como se já não tivesse feito a peça dezenas de vezes. Com tantos erros e cenas sendo feitas e refeitas, acabei saindo do teatro quando já eram quase 22hrs. Pelo menos consegui um taxi rápido.

Entrei em casa indo direto para o quarto. Pra minha surpresa Alex não tinha chegado ainda e foi impossível não me lembrar daquela mensagem, ela só pode ter ido se encontrar com essa tal de Emily. Me deitei e decidi que não iria dormir enquanto Alex não chegasse e me desse uma ótima explicação e ate que não demorou muito. Uns dez minutos depois, escutei o barulho da porta e Alex entrando no quarto.

–Achei que você trabalhava ate as 18hrs.

– Me desculpe, tive uma reunião importante depois do trabalho. - aquilo parecia uma grande mentiria e já ia começar o interrogatório quando reparei que ela estava com o rosto triste, os olhos fundos.

– Você estava chorando?

– Não, só estou muito cansada, foi um longo dia.

– Será que a gente podia conversa um pouquinho?

– Claro só vou tomar um banho primeiro, você espera?- fiz que sim com cabeça. – A propósito fiz reservas pra gente comemorar seu aniversario naquele restaurante que você adora. Era pra ser um jantar romântico, mas a Lauren também vai então a gente deixa o romantismo pra depois.

– Ok.

Enquanto Alex tomava banho fiquei pensando o que poderia ter acontecido nesse encontro pra deixá-la daquele jeito. Ou talvez ela estivesse mesmo falando a verdade e realmente chegou tarde por causa de uma reunião importante no trabalho. Repetir aquilo parecia ainda mais mentira. Era coincidência de mais receber aquela mensagem e ter uma reunião no mesmo dia.

Depois de um tempo Alex saiu do banheiro com a carinha um pouco melhor e deitou do meu lado.

– Como foi o ensaio hoje?

– Deu tudo errado, nem parecia eu mesma. Errei as falas, esquecei as letras das musicas, um desastre. Não seria surpresa se o diretor me substituísse.

– Não tem que se preocupar com isso, você é a melhor parte da peça.

– Você diz isso por que é minha namorada.

– Será que eu mereço tanta sorte? - disse me dando um beijo que me fez sentir mal por pensar que ela estivesse me traindo. - Então sobre o que você quer conversa?

– Sobre coisas que já passaram.

– Isso é alguma espécie de crise de idade por que você vai ficar mais velha amanha?

– Não, por que não é sobre o meu passado e sim o sobre seu.

– Meu passado, por quê?

– Por que nunca falávamos sobre isso. Você nunca me conta suas historias.

– Quer saber a historia mais importante da minha vida?

– Claro que sim.

– Era uma vez eu, e ai encontrei você, o resto não importa.

– Isso é lindo, mas ainda quero saber mais.

– Por que esse interesse repentino sobre meu passado?

– Acho que eu tenho o direito de saber com quem eu durmo.

– E eu acho que você mexeu no meu celular, estou certa? – Alex sempre respeitava minha privacidade, e ate hoje, eu sempre havia respeitado a dela. Não queria admitir o que tinha feito e dei graças quando o telefone começou a tocar. – Salva pelo gongo.

– Vou atender o telefone e quando voltar conversaremos mais sobre isso.

– Se você demorar muito quando voltar, eu já estarei dormindo e diz pra Lauren que isso não é hora de ligar pra casa de ninguém.

Levantei da cama e fui ate a sala atender ao telefone. Alex tinha razão àquela hora só podia ser Lauren com algum problema, mas não era.

– Alo. Alooo. – não estava com saco pra trote. –Ei estou te ouvindo.

– Você ainda pensa em mim? – aquela voz me causou arrepios, e ainda que ficassem anos sem ouvi-la, era impossível não reconhecê-la

– Quinn? – tu-tu-tu-tu

Coloquei o telefone de volta no gancho com a esperança que ele tocasse de novo o que não aconteceu, então depois de me recuperar voltei pro quarto e deitei na cama sem dizer nada.

– Ei,não quer mais conversar? - De repente saber sobre o passado de Alex não era mais tão importante, não tinha mais cabeça para aquela conversa.

– Podemos falar disso depois. Você esta cansada, precisa dormir. – dei um beijo no rosto de Alex e deitei de costas pra ela.

– Rachel quem era no telefone? – o que tinha acontecido era tão inacreditável que respondi a única coisa que poderia explicar.

– Foi engano.

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Quinn…

Acordei com a luz do sol esquentando meu rosto. Finalmente o inverno tinha passado e junto com ela toda aquela tristeza. Não quer dizer que estava feliz, ainda tinham algumas coisas que precisavam ser resolvidas, mas minha vida estava começando a entrar nos eixos, falando profissionalmente.

Alem do jornal, comecei a fazer alguns trabalhos por fora, como por exemplo, o que tinha agora e me obrigou a acorda cedo no meu sábado de folga, nem o fato de que as fotos eram para a nova revista de uma conhecida loja de Lima que vende roupas intimas femininas conseguia me animar a acorda cedo.

Desci as escadas sem me preocupar com o barulho. Já conhecia a rotina da casa e sabia que uma hora dessas, Hiram e Leroy estariam caminham no parque como faziam todos os finais de semana. Tomei rápido o café que eles deixaram pra mim, peguei minhas coisas e sai correndo de casa já que depois da briga devolvi o carro pro meu pai. Era orgulhosa demais para ficar com qualquer coisa que ele tivesse me dado e não iria jamais pedir os Berrys afinal eles já faziam muito me deixando morar na casa deles.

Pra minha sorte o local não era muito longe. Era um antigo armazém que estava abandonado há algum tempo, mas tinha o efeito perfeito para boas fotografias. Confesso que me senti importante quando cheguei e não precisei me apresentando já que Johnny, o produtor que tinha me contratado, fez isso a todos com certo entusiasmo. Havia umas dez pessoas ali entre maquiadores, pessoal da produção e as modelos, uma em especial não parava de me olhar.

Depois que arrumei toda a iluminação, Johnny chamou as modelos vestindo as roupas da loja, praticamente nuas. Tive que respirar fundo para começar a tirar as fotos. Johnny era muito exigente e ficamos quase três horas trabalhando. Quando enfim acabou nos dois sentamos para ver como ficaram as fotos e selecionar as melhores. Ele ficou muito satisfeito, me pagou mais do que havíamos combinado e disse que contaria comigo para outros trabalhos alem de me indicaria para conhecidos.

Enquanto recolhia meu material, a modelo que o tempo todo ficou me encarando, se aproximou, começou a brincar com minha câmera e perguntou olhando para minha barriga.

– Quantos meses?

– Cinto quase seis. – respondi meio tímida e nervosa por ela estar mexendo na minha câmera.

– E cadê o pai?

– Eu preferia que não tivesse um. Foi coisa de uma noite, um erro que cometi tentando esquecer outra pessoa.

– Entendi então você esta solteira?

– Sim, e agora estou focada apenas no meu trabalho e em cuidar do meu filho.

– Que pena.

– Por que?

– Significa que vou ter que esperar quase quatro meses pra te convidar pra sair. – fiquei muito surpresa para esboçar alguma reação, ainda mais quando ela chegou mais perto e colocou um pedaço de papel no bolso da minha camisa – Fique com meu telefone, caso você mude de idéia. A propósito, eu adoro crianças. – ela deu uma piscadinha e virou indo embora junto com o resto do pessoal. Aquilo era muito para um sábado de manha. Peguei minhas coisas e voltei para casa.

Quando cheguei, Leroy e Hiram estavam na cozinha começando a preparar o almoço. Coloquei minhas coisas na mesa e fui ate eles dar um abraço com fazia todos os dias, uma relação que nunca tive com meus pais de verdade.

– E então querida como foi o trabalho?

– Melhor impossível. O produtor adorou as fotos, me pagou mais e disse que me indicaria para outros trabalhos.

– Que bom Quinn, estamos felizes de ver que você esta descobrindo outras maneiras de usar seu talento.

– Sabe outra coisa que descobri? Mesmo com esse barrigão tem gente que me acha atraente. – os dois trocaram olhares sem entender o que estava dizendo. – Eu explico, uma das modelos ficou me olhando durante as fotografias. Quando acabamos ela começou a puxar papo, disse que queria me convidar pra sair e colocou um papel com o telefone dela no meu bolso. Acreditam nisso? – mais uma vez eles se olharam, mas não parecia por interesse na minha historia e não era.

– Muito legal Quinn, mas falando em telefone, você me lembrou uma coisa. A Santana pediu que deixássemos para ela o novo numero da Rach, por que amanha é...

– O aniversario dela.

– Isso. – Hiram sorriu ao perceber que não tinha me esquecido da data, como se eu pudesse. – Mas não estaremos aqui pela manha, será que você poderia entregar pra ela? – ele terminou me passando o papel com o numero.

–Claro, entrego sim. - peguei o papel e guardei no meu bolso.

– Obrigada Quinn, agora continue contando sobre o trabalho. – eu não tinha mais cabeça pra aquele assunto.

– Quer saber a gente pode falar disso depois, acho que vou me deitar um pouco.

– Ok querida te chamamos quando o almoço estiver pronto.

Sorri e subi as escadas pro meu quarto que era no final do corredor, o mesmo que Rach tentou me deixar na noite em que dormimos juntas, e sempre passava pelo quarto dela para ir para o meu. A porta estava sempre fechada, e por muitas vezes eu ficava ali parada, mas nunca tive coragem de abrir, de certa forma tinha medo do que as lembranças daquele quarto poderiam me causar. Continuei andando ate chegar ao meu quarto e me deitei, não que estivesse com sono, só não queria pensar.

Não esperava que depois do que aconteceu no casamento, Rach viesse correndo para meus braços me perdoando. Sabia que teria que procurá-la para esclarecer as coisas e na pior das hipóteses poderíamos ser amigas, mas quando recebi a noticia que ela ia morar com a Alex, fui obrigada a desistir. Estava livre do Finn, meus pais sabiam que eu era gay e apaixonada por ela, nada me impedia de procurá-la, eu estava sozinha e esse era o problema. Eu estava sozinha, ela estava mais junto de Alex do que nunca, seria muito egoísmo da minha parte ir atrás dela agora? Mas qual seria a reação dela? E se ela estivesse esperando que eu fizesse isso? Meus pensamentos foram interrompidos quando os berrys me chamaram para almoçar.

Desci, me juntei à eles a mesa e almocei sem dizer uma palavra. Hiram e Leroy respeitaram meu silencio e conversaram coisas triviais entre eles. Terminei e voltei para meu quarto, parecia que todas as perguntas que evitei durante todos esses meses vieram de uma só vez. Com a cabeça cheia delas, sem perceber acabei adormecendo.

Quando acordei já era noite e tudo estava escuro, ate de mais. Assustei ao olhar o relógio e ver que já passavam das 23:40, resolvi tomar um banho e esfriar a cabeça, mas meus pensamentos acabavam voltando em Rach. Sai do banheiro e enquanto trocava de roupa, deparei com o telefone que deixei em cima da cama e mais um turbilhão de perguntas vieram na minha cabeça. Poderia ligar e apenas dizer parabéns afinal antes de estragar tudo nos éramos amigas, e se o assunto rende-se poderia perguntar por que ela não quis saber o motivo de ter dito não para Finn, alias pra começou de historia por que ela foi ao casamento? Ela já me superou ou esperava realmente que eu dissesse não? Não aguentava, mas essas perguntas, e só tinha um jeito de saber a resposta.

Tomei coragem e peguei o telefone, mas quando comecei a discar os números a coragem passou. Meu coração parecia desesperado em saber as respostas, enquanto minha cabeça dizia que o melhor era esquecer e entre a razão e emoção apertei o botão de chamada.

Maybe this decision was a mistake
You probably don't care what I have to say
But it's been heavy on my mind for months now
Guess I'm trying to clear some mental space
I would love to talk to you in person
But I understand why that can't be
I'll leave you alone for good, I promise
If you answer this one question for me

I just wonder
Do you ever
Think of me
Anymore
Do you?

Swear that I'm not trying to start no trouble

Tell your girlfriend she can relax
I'll leave you alone for good,I promise
There's a question I just got to ask

I just wonder
Do you ever
Think of me
Anymore
Do you ?

I know what we have is dead and gone
Too many times I made you cry
And I don't mean to interrupt your life
I just wonder, do I ever cross your mind

I just wonder
Do you ever
Think of me
Anymore
Do you ?

Meu coração disparava a cada toque do telefone e simplesmente parou quando ela finalmente atendeu.

– Alo? Alooo? Ei eu estou te ouvindo.

– Você ainda pensa em mim?

– Quinn? - a resposta veio mais rápido do que pensava e no susto acabei desligando o telefone, sentindo uma mistura de felicidade por ouvir a voz dela dizendo meu nome e tristeza por não ter conseguido falar mais nada.

Larguei o telefone e fui pra sala sabendo que não ira conseguir dormir depois do que aconteceu. Liguei a TV e deixei passando qualquer coisa que tivesse aquele horário e foi assim que à noite caiu e amanheceu. Estava tão distraída que nem notei quando Santana entrou na casa e ficou acenando na minha frente.

– Hello, terra chamando Quinn.

– Ah ei Sant, nem vi você entrando.

–É eu percebi isso, aconteceu alguma coisa?

–Não por que?

– Então é normal você assistir teletubbies?

– Não, só deixei no canal, mas nem prestei atenção no que estava passando. – disse desligando a TV.

– E cadê os donos da casa?

– Saíram ontem à noite e devem chegar só à tarde. Eles deixaram o numero que você pediu.

– Que numero?

– O do telefone da Rach, que você pediu para eles te passarem por causa do aniversario dela.

– Não, não pedi. Eu tenho o telefone da Rach, ela mesma me passou poucos dias depois do casamento e mesmo que não tivesse não faz o menor sentido já que eles poderiam me dizer na hora que eu pedi, é só um telefone não é o numero da conta bancaria, não precisaria escrever em um papel e te pedir pra me entregar. – Sant parou de falar como se estivesse terminado o raciocínio, e a conclusão foi à mesma que a minha. – A menos que...

– Eles armaram pra mim. Sabiam que eu ia acabar fazendo alguma coisa se ficasse com esse numero.

– E você fez?

– Bom eu liguei pra ela.

– O meu Deus, eu não acredito que você fez isso,você realmente mudou? O que ela disse?

– Bom ela demorou um pouco pra atender e eu já estava quase desistindo e...

– Quinn para de fazer drama e pula pra parte que realmente importa.

– Ok, ela atendeu eu perguntei se ela ainda pensava em mim, ela disse meu nome e eu desliguei o telefone. Fim.

– Isso, foi só isso? É você não mudou tanto assim.

– Eu assustei na hora ta legal.

– Ta bom, não esta mais aqui quem falo. Mas e ai o que você acha que vai acontecer agora?

– Não faço ideia Sant, não faço a mínima ideia.

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Alex...

Quase quatros anos namorando com Rachel me transformaram em uma pessoa muito mais paciente, por que com tantas qualidades admiráveis ela tinha que ter um imenso defeito . Rachel não era pontual. Talvez por já saber disso não estaria preocupada ou talvez estava triste de mais para me irritar com mais um atraso de Rachel, já que parte de mim no fundo realmente não queria que ela fosse. O mesmo não podia dizer de Lauren que há um tempo brincava de bater um garfo no copo e fazia um barulho chato com a boca, aquilo sim estava me irritando.

– Lauren eu juro por Deus que se você fizer isso mais uma vez eu vou quebrar esse copo na sua cabeça. – ela parou, ficou me encarando e parecendo uma criança teimosa , bateu mais uma vez como se estivesse me desafiando. Levantei da mesa segurando o copo.

– Ta bom já parei, já parei não precisa ficar nervosa, não é culpa sua eu morrer de tédio com a sua namorada... – ela checou o relógio. –... Uma hora e meia atrasada.

– Ela já deve estar chegando.

– Claro que já, afinal quem não se atrasa tanto assim pra um encontro?

–Você sabe como é a Rachel

– Sei, mas 1h30 é muito ate pra ela. – Lauren disse tirando o celular do bolso.

– O que você esta fazendo?

– Ligando pra ela, ou você acha que vou esperar a noite toda? – fiquei esperando prestando atenção na conversa. – Rach onde você esta, já tem quase duas horas que estamos te esperando. Como assim você não vem? E o que eu tenho a ver com isso, você só pode estar brincando. Ok, eu falo com ela. – Lauren desligou o telefone e me olhou meio sem graça. Preferi não dar a ela o trabalho de passar a noticia.

– Ela não vem não é?

– Parece que o pessoal do teatro fez uma festa surpresa pra ela.

– Ah claro, o pessoal do teatro, eles roubaram o celular dela também? Não! Mas ela não podia mandar uma droga de uma mensagem avisando que não viria? Tinha que me deixa igual uma idiota aqui esperando por ela?

Levantei empurrando a mesa e sai praticamente bufando do restaurante. Não aguentava mais segurar aquela dor e comecei a chorar enquanto caminhava pela rua. Lauren veio correndo atrás de mim e puxou meu braço antes que chegasse à esquina.

– Alex espera, por que você esta chorando, a Rach já furou com você outras vezes, é só um jantar.

–Não Lauren, não é só um jantar. – disse tirando uma pequena caixinha do meu bolso.

– Você ia pedi-la em casamento?

– Não mais. Comprei isso quando Emily me falou do tratamento. Pensei que se eu tivesse uma chance, não ia esperar nem mais um minuto pra chama a Rachel de minha esposa, mas não estou melhorando Lauren.

– Quanto tempo? - os olhos dela se encheram de lagrimas e senti ódio por ela ter ouvido aquela mensagem infeliz quando foi me visitar, era o tipo de sofrimento quem não queria que ninguém sentisse alem de mim.

– Um mês, dois se eu tiver sorte.

– Então você vai contar pra ela a verdade?

– Não essa, não queria nem que você soubesse, mas vou contar sobre a Quinn e vou terminar com a Rachel.

– O que? Por que Alex? E se ela entender o que você fez, e se ela te escolher?

– Ela não vai me escolher Lauren. É a Quinn que ela ama, sempre vai ser a Quinn – parei me lembrando do telefonema da noite passada – E a Quinn sente o mesmo. Agora que ela não tem mais medo dos pais e esta livre do Finn, eu me tornei o único obstáculo na relação das duas, e não quero ser uma ancora na vida da Rachel impedindo ela de realmente ser feliz. Seria egoísmo da minha parte ficar com ela sabendo disso. – acenei para um taxi que estava passando.

– Alex pensa bem, vocês estão juntas há quatro anos, deve significar alguma coisa.

– Quatros anos que nunca foram sobre ela se apaixonar por mim, e sim sobre ela esquecer a Quinn e ela não esqueceu. O que eu fiz foi ocupar o lugar de outra pessoa e eu não posso mais. – disse entrando no taxi. – Te mais Lauren.

Me despedi entrando no carro. Cheguei rápido em casa, troquei de roupa e me deitei sentindo alem da tristeza, um cansaço que já vinha me incomodando há alguns dias. Como o sono não vinha minha cabeça se encheu de pensamentos e como uma forma de expressa-los comecei algo que era comum naquela casa, por parte da Rachel. Comecei a cantar.

I don't wanna
Waste the weekend
If you don't love me
Pretend A few more hours
Then it's time to go
As my train rolls down The East coast
I wonder how You'll keep warm
It's too late to cry Too broken to move on

A drop in the ocean
A change in the weather
I was praying That you and me
Might end up together
It's like wishing for rain
As I stand in the desert
But I'm holding you
Closer than most 'Cause you are my heaven

Heaven doesn't seem Far away anymore
Heaven doesn't seem far away

Parei ao ouvir a porta abrindo e pouco depois Rachel entrar no quarto. Fingi que estava dormindo quando ela se aproximou e tentando não fazer barulho foi ate o banheiro. Aproveitei para olha o relógio que já apontava mais de duas hrs. Ela voltou, deitou do meu lado e colocou a mão no meu ombro.

– Alex, Alex você esta acordada?

Continuei calada, mesmo sabendo que não poderia evitar aquela conversa por muito tempo, só não queria começar aquilo as duas da manha. Pra minha sorte, Rachel desistiu de me acordar, acomodou-se na cama e dormiu.

Amanheceu e eu já estava acordada antes do toque do despertador. Fiquei deitada esperando ate que desse horário, apertei o botão evitando que o barulho acordasse Rachel. Levantei, fui me arrumar para ir para o trabalho, peguei minhas coisas e ao contrario do que costumava fazer, sai sem dar um beijo nela.

Meus últimos dias foram péssimos e quando pensava que não podia piorar meu celular começou a tocar, e antes que recusasse mais uma vez a chamada, dei de cara com Emily sentada no meu escritório me esperando.

– Tive que vir pessoalmente já que é claro que você esta se recusando a falar comigo.

– O nome disso é criar distancia Emily, você deveria saber já que é mestre nisso.

– Eu só estou tentando te ajudar Alex.

– Eu sei e agradeço por isso, mas como você já deve saber não esta adiantando muito. Não preciso mais da sua ajuda, ninguém mais pode me ajudar.

– Você não pode desistir assim tão fácil.

– Quem é você pra falar de desistir quando foi a primeira a me abandonar pra começo de historia? – percebi que estava descontando minha raiva em Emily, ela não tinha culpa, realmente tentou me ajudar, só não deu certo. – Me desculpe, não devia estar brigando com você, mas isso acaba aqui. Não quero mais que você me procure, quero passar por isso sozinha e quero que você respeite minha decisão. - Só de lembrar aquilo já voltava a chorar. Emily se aproximou.

– Não vou respeitar sua decisão, eu te deixei uma vez Alex e não vou deixar de novo. – ela me puxou para um abraço que tentei recusar, mas ela continuava me segurando,por fim acabei cedendo.

– O que esta acontecendo aqui?

Nos separamos de imediato ao ouvir a voz de Rachel. Em todos esses anos ela nunca foi ao meu trabalho um dia sequer, era espantoso ela saber onde era minha sala, mas la estava Rachel parada na porta vendo aquela cena.

– Rachel essa é a Emily.

– A é com ela que você teve uma reunião importante de trabalho outra noite?

– Quer saber eu vou embora. – Emily disse saindo da sala quando Rachel a parou.

– Não, não fica. Parece que vocês estão muito ocupadas. – disse indo embora enquanto Emily me observava sem dizer nada.

Me sentei colocando a mão no rosto, com certeza não podia ficar pior. Decidi que era melhor resolver as coisas de uma vez, aquela conversa não podia mais esperar. Sai correndo do escritório e fui pra casa atrás de Rachel torcendo pra que ela não fosse tão dramática e sumisse pelas ruas de Nova York, e ela não foi.

Abri a porta e a encontrei sentada no sofá, com os braços cruzados e a expressão fechada.

– Me senti mal por ter furado com você ontem e resolvi fazer uma visita no seu trabalho achando que você estivesse chateada, pelo visto eu estava enganada.

– Rachel precisamos conversar.

– Não precisa se explicar Alex, já entendi tudo.

–Não vim pra me explicar Rachel, vim pra terminar com você. – ela levantou do sofá sem entender o que eu estava dizendo.

– Como assim terminar comigo? Você vai me trocar por aquela garota?

– Não tem nada a ver com a Emily. Eu nunca te trai.

– Então é por que? Porque não te encontrei ontem? Caramba Alex eu estava com meus amigos.

– Claro seus amigos. Eles te conhecem Rachel? Sabem sobre sua vida? Sabem que eu sou mais que uma amiga que você divide o apartamento?

– Então é por isso? Por que não andamos de mãos dadas pela rua, por que não aparecem fotos de nos duas em capas de revistas?

– Não Rachel, eu quero terminar por que eu não posso cobrar que você seja sincera comigo quando eu não estou sendo sincera com você.

– Do que você esta falando?

– Eu sei que a Quinn te ligou noite passada. Eu fiquei chateada por você não ter me dito mas ai eu lembrei que eu sabia porquê ela estava te ligando. – Rachel sentou de novo e me aproximei sentando do lado dela. – Aquela noite que a gente dormiu junto pela primeira vez, vocês tinham um encontro, e é provável que a Quinn iria, é provável que ela estava realmente disposta a mudar pra ficar com você, e isso só não aconteceu por que meu irmão conseguiu umas fotos de vocês duas, e chantageou a Quinn dizendo que iria mostrar para o pai dela se eles não voltassem. Por isso ela não foi ao encontro, e é por isso que ela não te impediu de ir embora. – sabia que aquilo era muito pra ela, então dei um tempo pra Rachel processar aquelas informações.

– Quando você descobriu isso?

– No dia do casamento.

– E só me contou agora? – ela começou a levantar o tom da voz.

– Eu tentei de contar, mas você disse que não queria saber nada sobre ela.

– E você não achou importante insistir?

– Não por que ela escolheu ficar em Lima e você escolheu voltar pra Nova York, escolheu morar comigo.

– Eu não teria escolhido se soubesse disso. – aquelas palavras saíram como um tiro pra mim, e mesmo sabendo que não estava longe de acontecer eu queria morrer naquela hora.

– No fundo eu sempre soube Rachel, mas não pensava que ouvir você dizendo iria doer tanto.

Levantei do sofá, peguei uma blusa e meu celular em cima da mesinha e fui em direção da porta.

– Alex espera aonde você vai?

– Não precisa se preocupar, eu volto pra buscar minhas coisas.

Bati a porta indo embora não só daquele apartamento, mas também da vida de Rachel.