Os meses passaram rapidamente e logo o inverno tomou conta do castelo. Os corredores estavam frios e os jardins estavam cobertos com uma fofa camada de neve. Estávamos na semana do natal e todos os alunos estavam se preparando para ir para casa.

Estava no dormitório, terminando de arrumar o meu malão junto com Dominique e Roxanne, enquanto ouvíamos Patrícia contar de suas aventuras indecentes com o Thiago.

- Sério gente, ele é muito foda. – ela falava, enquanto sorria maliciosa.

Nós apenas riamos da cara dela. Eles eram um casal exótico, mas combinavam. Muito. E ficavam lindos juntos.

Terminamos de arrumar as malas e fomos nos encontrar com os garotos na sala comunal. Todos iriam passar o natal na casa da minha avó. Inclusive Patrícia e a família, Daniel e Escórpio com seus pais.

Saímos do castelo e entramos em uma carruagem. Eu, Escórpio, Thiago, Patrícia, Alvo, Dominique, Roxanne e Daniel. Hugo havia entrado em outra cabine, junto com Rose, Gabriel e uma garota da corvinal com quem ele estava se atracando.

- Ó silêncio que nos pertuba. – Patrícia bufou.

- Verdade, por que estamos quietos? – Dominique perguntou.

- Não sei. – foi a vez de Roxanne perguntar.

- Lilian? – Alvo me chamou.

- Oi. – olhei para ele.

- Tá tudo bem?

Sorri maliciosa.

- Tudo ótimo. – disse, batendo na perna do Escórpio.

- Ai! – ele exclamou.

- Que gay, senhor. – Thiago estava rindo, acompanhado de Daniel.

- Gente, eu queria viajar. – falei.

- Pra onde?

- Seilá, pra algum lugar onde pudéssemos ir sozinhos.

- Seria legal. – Rox comentou sorrindo. – Thiago e Patrícia podem nos levar, eles já são maiores de idade.

Os dois se entreolharam e reviraram os olhos. Eu ri.

- É só falar com os outros primos pra ver o que eles acham.

- Ia ser muito foda. Todos nós, sozinhos, num lugar, sem compromisso nenhum. – Daniel falou, sorrindo.

- E ainda poderemos ir a festas... – Roxanne disse, sorrindo largamente.

- E ver garotos... – continuei.

- E dançar, e cantar e ver gatos na praia sem camisa... – Dominique suspirou.

- E ainda por cima, sem ter os pais pra acharem ruim com a gente. – Patrícia concluiu nossos pensamentos.

Os quatro garotos nos olharam indignados e resolveram entrar no jogo, mas nós já tínhamos chegado a Hogsmead. Nessa hora a carruagem parou para embarcarmos no trem. Logo achamos uma cabine e nos acomodamos.

- O que vocês iam dizer mesmo? – perguntei.

- Ah sim – Thiago pareceu se lembrar. – Nós vamos poder jogar muito quadribol...

- Falar sobre mulheres e futebol... – Alvo continuou.

- Observar as meninas de biquíni... – Daniel parecia estar sonhando.

- E ainda por cima, poderemos ver todas as meninas com roupas de verão, curtas e justas. – Escórpio terminou, sorrindo para mim.

Mas ao contrário do que eles esperavam, nós não surtamos nem nada. Apenas os olhamos com cara de desprezo.

Passou algum tempo até que eles resolvessem se pronunciar.

- Não vão dar crise de ciúmes? – Escórpio perguntou, erguendo uma sobrancelha. Olhei para ele, sorrindo.

- Não. – disse.

- Oh meu Merlin, o mundo vai acabar! – Alvo exclamou, balançando os braços.

Passamos o resto da viagem irritando os garotos até que o trem parou na estação e nós descemos. Tipo, quase metade do trem se dirigiu ao mesmo lugar. Iriamos direto para a casa da minha avó, usando uma chave de portal. Os adultos já estavam nos esperando lá.

Assim que chegamos, vimos o jardim enfeitado com vários pinheiros e enfeites coloridos. Todos estavam reunidos em uma mesa colocada embaixo da tenda no jardim, pois é óbvio que não caberia todas as pessoas dentro da casa.

Fomos recebidos por abraços calorosos e depois fomos guardar as nossas coisas. Arrumei meu quarto, que eu dividia com Rox, Patrícia e Dominique e desci junto com elas para o jardim. Os meninos já estavam lá, conversando sobre o que? Isso mesmo, quadribol.

- Vocês não tem outro assunto não? – perguntei.

- Sim. Podemos falar sobre mulheres. – Thiago deu de ombros.

Patrícia o fuzilou com o olhar.

- Que mulheres, Potter?

-Aquelas mais complicadas, ciumentas, irritadas, lindas, gostosas, sensuais e que nós chamamos de namoradas.

- Awwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwn. – exclamamos juntas, fazendo cara de ursinho de pelúcia. Menos Roxanne é claro, que apenas olhou para eles e disse:

- Eu não sou a namorada de nenhum de vocês, oxe.

- Ih, Daniel, eu te falei que você tava iludido. Ela não é tua namorada, cara. Conforma-se. – Escórpio deu tapinhas no ombro de Daniel, que o olhou irritado.

- O Dani sabe. – ela sorriu para ele, que sorriu de volta. – Nós dois somos ficantes, porque apesar de “estarmos juntos”, não somos exclusivos.

- Isso ai. – ele concordou sorrindo.

Nós nos entreolhamos, e tínhamos certeza de que o pensamento que rondava nossas cabeças era o mesmo: “esses dois ainda vão assumir esse amor reprimido”.

Depois de comermos bem e darmos boas risadas, fomos nos arrumar. Afinal, o baile de natal do ministério seria hoje.

Eu, Roxanne, Patrícia e Dominique entramos no quarto e eu fui tomar banho primeiro. Em aproximadamente uma hora, todas já estávamos de banho tomado. Dominique tratou de fazer nossas unhas, enquanto Rox ficava responsável pelo cabelo, Patrícia pelo figurino e eu pela maquiagem. O baile começaria às dez horas.

Terminamos de nos arrumar e Roxanne exclamou:

- U-A-U. Estamos gatas!

Dominique usava um vestido tomara-que-caia- azul e rodado que descia até dois dedos acima do joelho. O vestido possuía pequenos bordados delicados com pedrinhas brilhantes. Nos pés ela usava um salto prata. O cabelo estava solto em leves cachos com uma presilha prendendo a franja. Os olhos estavam demarcados pela sombra perolada e pelos cílios postiços.

Roxanne era mais ousada. Usava um vestido vermelho frente única, justo, que descia até metade das coxas. Nos pés um salto preto de quase 15 cm. O cabelo estava preso em um coque com alguns fios soltos e a franja jogada de lado. Nos olhos, uma sombra cobre, que destacava os olhos castanhos.

Patrícia usava um vestido preto, mais justo (não tanto quanto o de Roxanne) que tinha o mesmo comprimento do vestido de Dominique. Nos pés, um sapato pink. Os cabelos estavam naturais, com os costumeiros cachos, desta vez mais destacados por uma poção da minha mãe. A maquiagem era cinza esfumada com glitter e o delineador preto fazia o papel de destacar seus olhos.

Já eu usava um vestido verde, justo até o quadril e depois se abria em uma saia rodada que ia até a metade das minhas coxas. Usava um sapato também preto, mas com tiras que envolviam meu tornozelo. Usava sombra preta esfumada e meus cabelos estavam soltos, completamente lisos, com a franja jogada sobre o olho direito.

- Estamos mesmo. – concordei, me olhando no espelho e sorrindo.

Olhamos no relógio e já era dez e meia. Descemos e os meninos nos olharam meio abobados, mas logo foram empurrados pelo meu pai que nos olhava repreendedor pela demora. Entramos no carro. No total, foram 4 carros para levar todo mundo, todos ampliados magicamente.

Assim que chegamos no salão de festas do ministério, que estava todo decorado com esculturas de gelo e pinheiros de natal, cada casal foi para um lado.

- Você tá linda. – Escórpio sussurrou, para depois me beijar, me tirando do chão.

- Você também. – sorri. Ele estava maravilhoso, usando seu terno preto, mas deixando os cabelos bagunçados. Ele sorriu torto me fazendo arrepiar. – Mas eu preciso ir ao banheiro.

Dei um selinho nele e fui em direção ao banheiro. E o meu erro foi não perceber que tinha alguém me seguindo.

Entrei no banheiro e enquanto ajeitava meu cabelo, pude ouvir o barulho de alguém entrando e trancando a porta.

- Hoje você é minha. – pude ouvir Luke Zabine dizer, me abraçando por trás. Olhei assustada, mas a última coisa que eu vi foi ele colocando algo contra a minha boca. Depois disso, só lembro de tudo ter ficado escuro.