A Dança Da Morte (Terror) escrita por CrisPossamai


Capítulo 1
Capítulo 1




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Sam estava com o rádio no máximo, mesmo, assim não dava para dizer que a qualidade sonora fosse grande coisa, mas, com certeza estava alto. Sam havia sido vidrado em rock alternativo antes da H1N4, mas, coisas assim já não tinham importância. Mesmo seu enorme radio já não passava de lixo. Além do amontoado de baladinhas, só havia duas estações no ar que eram possíveis de sintonizar. Ele estava de mãos dadas com Quinn, Tina e Mike estavam a frente e, Puck tinha disparado na corrida e estava fora das vistas. Rachel vinha por último preguiçosamente. Deveria ter brigado mais uma vez com o idiota do namorado.

_ Você me ama? – a baixinha tinha perguntado – É isso que eu quero saber, você me ama? – Rachel precisava de reafirmação constante, principalmente, naquele mundo virado de cabeça para baixo.

_ Ah, Rachel, não sei... – desdenhou o garoto que ainda conservava o estúpido moicano.

_ Você não presta – ela disse, colocando a mão no rosto.

_ Olha, querida, me desculpa... Eu...Ah, vamos, Rachel... Você não vai chorar, não é?

_ Cala a boca! – pelo tom de voz, ela com certeza ia chorar de novo. Sem saída, ele apressou o passo e disparou pela praia deserta.

O pequeno grupo parou na beira-mar para uma pausa. Sempre era preciso fazer uma pausa. Antes da epidemia, a praia vivia abarrotada de gente. Turistas, gente fazendo piquenique, crianças brincando, adolescentes se esbaldando e pessoas vermelhas pelo sol escaldante. Mas, agora, toda a sujeira e a multidão tinham desaparecido. O oceano devorara tudo e não havia gente para voltar a sujar a praia. Só aquele grupo, que não era suficiente para fazer tanta zona.

A areia era branca e formava dunas, marcada apenas pela linha da maré alta. O luar costurava sombras na forma de crescentes e com elas cobria tudo. A torre abandonada dos salva-vidas erguia-se branco como um esqueleto a uns 50 metros de distancia. E o espetáculo das ondas, das ondas noturnas, lançando grandes explosões de espuma, arrebentando sobre a areia até onde a vista alcançava, em ataques intermináveis.

A música que soava no rádio animou o casal de loiros. Que sorte, eu estou apaixonado pela minha melhor amiga. O garoto cantarolou a música baixinho e arrancou um sorriso da namorada. Às vezes, parecia tudo acontecera ainda ontem. O concurso de duetos do Glee Club e a apresentação que culminou no primeiro encontro romântico da dupla de oxigenados. Sam faz uma imitação precária de algum ator esquecido e ela revira os olhos antes de soltar outra gargalhada. Eles se completavam, afinal, apesar da insanidade que se abatera sobre o planeta.

Noah Puckerman olha aborrecido para a felicidade alheia e pigarreia. O casal entende o recado e tenta conter a estranha euforia trazida por uma recordação tão boba. Esta deveria ser a noite de Finn, mas Finn pegou a gripe e ficou para trás antes mesmo de abandonarem Ohio. Finalmente, Rachel alcança os amigos e dá uma risadinha ao identificar a canção, ainda com a marca das lágrimas plenamente visível no rosto. O judeu desarma a carranca e começa a andar na direção da praia um pouco mais rápido do que o habitual.

_ Espera ai! – Mike gritou – Puck? Ei, Puck, espera!

Tina se joga nos braços do namorado e impede que o asiático siga o companheiro para dentro das águas. Rachel releva a discussão anterior e aprova a iniciativa do antigo encrenqueiro de Lima.

_ Vem correr comigo, baixinha! – ele diz a ela com o tradicional sorriso torto.

_ Por que? – a judia provoca.

_ Só porque é gostoso correr na praia.

Correram e, logo, ela ficou para trás, ofegando e gritando para que o rapaz fosse mais devagar. Ele ri alto e sente a arrebentação gélida bater contra o corpo. As ondas eram como espuma de vidro preto. Ela para por um momento e joga longe as sandálias e se apressa para alcançar o baderneiro dentro do mar sem ligar para a temperatura baixíssima do oceano. A liberdade rugia nas veias dos adolescentes.

E então, o frio dilacerou o bom humor do casal e todos se acomodaram ao redor da fogueira, feita de forma improvisada pelo asiático. Tina se agarrava ao namorado na esperança de encontrar algum o calor, Sam e Quinn de pé ao lado, de mãos dadas ainda olhando para o mar. Puck revira os olhos pela eterna ceninha dos loiros e tenta se livrar da areia impregnada na camisa gasta de um time qualquer de futebol. Distraído, esbarra nas pernas da judia, cai e tem sua cara esfregada na areia, enquanto a baixinha ria. Era o acerto de contas. Levantaram e sorriram us para os outros.

_ Bela fogueira, Mike! – Sam disse.

_ Valeu. Vocês acham que eles conseguiram passar por Nova Iorque? – o chinês perguntou.

 _ Não sei. Já faz uma semana desde que conversamos pela última vez... Mas, as linhas telefônicas estão uma merda... Acho que Santana vai dar um jeito de chegar aqui.

A maioria consente com a fala do moicano e outra música conhecida é ouvida através do som rudimentar. Rachel se apressa em achar o tom exato e cantar We Are Young, sendo imediatamente seguida por Tina e Quinn. Puck dá de ombros e suspira cansado. De qualquer modo, ele não achava a menor graça nessas pequenas lembranças. Estava atrás da direção do velho Impala quando encontraram Finn, semi-consciente e delirando. Sua cabeça estava inchada, do tamanho de uma bola de futebol americano e a veia do pescoço saltada. O melhor amigo estava contaminado e não duraria muito. Então, o grupo lhe conduziu ao único hospital ainda em funcionamento do Condado e não demorou muito para que a confusão se alastrasse pela unidade médica e o caos imperasse. A única alternativa era abandonar o amigo e seguir viagem antes que a cidade fosse sitiada. Puck precisou, literalmente, arrastar Rachel até o carro e disparar pela rodovia com Mike e o restante dos amigos na sua cola. Quilômetros a frente, o bloqueio militar e separação do comboio de Lima.

O veiculo com Santana, Brittany, Mercedes e Rory seguiu para o leste, a moto pilotada por Matt foi alvejada por tiros e explodiu. O caminho de Sam foi cortado por três militares e o loiro só conseguiu sobreviver graças a manobra arriscada efetuada pelo asiático. Ninguém nunca imaginou que o sereno dançarino pudesse ser tão fenomenal ao volante. Por isso, o Sam se tornou tão grato ao asiático e estava certo de viver intensamente cada segundo conquistado a mais. É claro que nenhum outro acreditava realmente naquela bobagem, mas, a conversa foi ficando cada vez mais séria. Era coisa nova a se fazer e, finalmente, o grupo cedeu e aceitou a sugestão de migrar para o litoral.

Afastados da loucura que se tornara o centro do país, os sobreviventes se estabeleceram na belíssima Charleston, na Carolina do Sul. Durante todo o tempo em que perambularam pelos Estados Unidos, Rachel permaneceu no seu canto, apática, murmurado qualquer coisa sobre a Broadway. Os olhos dela ficavam cada vez mais distantes e ela demorava a responder aos amigos. Aquilo estava tirando Noah Puckerman do sério. No terceiro dia na cidade, o judeu lotou o carro com bugigangas e Sam Evans pulou empolgado com um velho rádio nos braços. Na mesma noite, se instalaram em uma casa qualquer na beira-mar e o dono do moicano apareceu com um aparelho de dvd e uma coletânea de antigos musicais. Os amigos jantavam e a loira não se entusiasmou com a nova aquisição eletrônica.

_ Nós não temos eletricidade, esqueceu Puck? – Quinn provocou o rapaz, que deu de ombros.

_ Achei um gerador no restaurante da esquina e consegui arruma-lo... Só precisamos manter um bom estoque de combustível.

_ Que ótimo, cara! Podemos assistir um dvd? Rachel, você quer escolher algum? – a judia sai do próprio mundo e apanha o Mágico de Oz.

No meio da sessão, Tina cantarola a música e Rachel ri. Aquilo realmente a estava deixando empolgada. Quando os créditos começaram a rodar e os adolescentes rumavam para os quartos, Puck desceu a pequena escada de pedra que dava acesso a praia e se sentou na areia sem dar a devida importância para a presença da judia logo atrás de si. Ela lhe tocou o ombro, inclinou-se na sua direção e o beijou. Ele a abraçou e foi então que Rachel passou a encarar com realismo a situação. Finn estava morto, seus pais desaparecidos, a sociedade em ruínas e a única coisa que pareceu ainda reconfortante eram os braços em torno de sua cintura.  

_ Você ainda tem cerveja, Sam? – Puck pergutou.

_ Tem mais ou menos umas cinqüentas latas bem atrás de você. – rebate o loiro amistosamente.

_ Não queria me mexer. Com a baixinha despachada em cima de mim, eu teria que fazer toda uma manobra para alcançar a maldita lata.

Rachel estapeou o ombro do rapaz, que apanhou a cerveja jogada pelo amigo. Finn estaria completando 18 anos agora. O judeu não queria pensar no melhor amigo, por isso, se concentrou nas melodias tocadas pelo violão de Sam. Mike sugere um rock alternativo, o loiro erra as primeiras notas e abandona o instrumento, que é imediatamente recolhido pelo cara do moicano. Puck adorava aquele violão e precisa se concentrar em alguma coisa pelas próximas horas. A judia pede que ele toque Need You Now e arranca um sorriso dele. As vozes se combinavam perfeitamente bem naquela balada. As músicas conhecidas são reproduzidas e o grupo se reveza na cantoria... Aquilo parecia um belo programa para o final de semana, senão fosse pela caótica tragédia. Sam e Quinn tinham-se afastado e caminhavam com os braços ao redor da cintura um do outro na beira da água. A visão era legal. O lance deles era bacana.

_ Puck, acho que devemos dar um pulo no centro amanhã... Dar uma olhada naquela loja de caça. – sugere o asiático com o tom de voz mais sério. No tom de voz centrado o bastante para que a namorada mantivesse certa distancia dele. Tina não gostava daquele tom.

_ Você ta pensando em caçar, Chang? – desdenha o bad boy.

_ Nessa região? Acho que vocês conseguiriam no máximo, pescar alguma coisa. Mas, não estamos com falta de comida, não é? – Rachel se preocupa.

_ Estamos bem de comida, por enquanto. Só estive pensando... Nós estamos isolados sem a menor ideia do que tem acontecido no país. Acho que seria bom estarmos preparados para tudo, certo? – prega o chinês.

_ E desde quando você sabe usar uma arma? – a fala de Puck apreende as garotas.

_ Meu tio era militar... Eu gostava de tiro ao alvo... De qualquer forma, teremos tempo suficiente para aprender... O que você acha?

_ Faz sentido. Não estou a fim de passar por outro bloqueio militar desarmado. – Puck limita a resposta.

_ Então, é isso? Vamos andar armados a partir de agora? Isso não está certo! – Quinn reclama e encara o namorado em busca de apoio. Era inútil. Desde a separação do grupo, Mike e Puck se revezavam na tomada de decisões. O loiro encolhe os ombros.

_ Eu também fui contra isso... Mas, não posso tirar a razão dos garotos, Quinn. – Tina se ressente pela dura realidade.

O bad boy dá mais um gole na cerveja e joga a latinha longe. A loira bufa pela resolução indesejada e desaparece para dentro do abrigo com o namorado em seu encalço. As garotas seguem o mesmo destino. O dono do moicano ri. O casal oxigenado assumiu a reconciliação quando ainda estavam ensaiando para as Nacionais, cerca de uma semana antes da competição ser cancelada e um mês antes de suspenderem as aulas e começarem a levar os corpos em caminhões de lixões e enterra-los em valas comuns.

_ O pessoal se comporta como se estivéssemos no colégio, não é? – Puck dá de ombros – Você andou calado essa semana... Dá para ver que está remoendo alguma coisa.

_ Não estou, não. Já temos um bocado de drama por cortesia da Rachel.

Os dois riem da mentira mal contada.

_ É claro que está. Aposto que está lembrando do Finn, do aniversário dele... E remoendo que deveríamos ter esperado mais naquele hospital. Por mais que você sabe que seria burrice e estaríamos todos mortos.

_ Não importa, cara. E seja honesto, você acha que os outros ainda estão vivos?

Ele deu de ombros e sinalizou que entraria na casa. Puck seguiu observando as ondas indo e vindo. A observação de Mike tornava tudo real outra vez. Já estavam no final de agosto e, em algumas semanas, o frio do outono começaria a se aproximar. Seria hora de procurar algum abrigo de verdade. Inverno. Talvez, mortos lá pelo Natal, talvez, todos. Na sala de estar de alguém com o rádio velho de Sam no alto de uma estante cheia de dvd de musicais e o sol fraco do inverno cobrindo o tapete com os padrões sem sentido das vidraças da janela. A visão foi tão clara que fez o encrenqueiro estremecer. Ninguém deveria pensar sobre o futuro, porque talvez não houvesse nenhum e estivessem apenas caminhando sobre as próprias sepulturas.

O rapaz desceu até a arrebentação e olhou o mar de perto. Não havia nada além das corcovas inquietas e moveis das ondas, cobertas por delicados cachos de espumas. O estrondo da arrebentação era imenso ali embaixo, maior do que o mundo. Era como estar de pé dentro de uma tempestade de relâmpagos. Ele fechou os olhos e girou sobre os pés descalços. A areia estava fria e úmida. E se fossem as últimas pessoas naquele estado ou mesmo nos Estados Unidos. E daí? Aquilo continuaria enquanto houvesse uma lua para atrair a água.

Vencido pelo cansaço, ele resolveu encerrar a noite e aproveitar a mordomia da pequena mansão que invadiram. Puck riu ao imaginar que nunca seria capaz de comprar uma casa como aquela de forma honesta, no mundo de antigamente. Ele deu de ombros e trancou a porta. Rachel estava sozinha na sala assistindo a Bela e a Fera pela enésima vez. O rapaz não estava com disposição para ouvir os mesmos comentários e apenas estendeu a mão para a garota, que ainda teve paciência para desligar a aparelho e se encaminhar para as escadas e, respectivamente, o quarto. A própria Rachel havia escolhido o quarto dos dois logo após terem se beijado e compreendido que estavam devidamente juntos. Ele sabia que a garota merecia algo melhor, algum romantismo, porém, ninguém estava mais contando a pontuação do jogo. Puck tentava agir da melhor forma que sabia e por isso, a abraçou assim que Rachel deitou-se do seu lado. O que não impediu que ela tivesse sonhos horríveis e ele poderia jurar que ouviu o nome de Finn diversas vezes.

O rapaz não dormiu e precisou se levantar o meio da madrugada. O relógio marcava 3h50min, mas, tinha parado. As ondas da arrebentação golpeavam a areia com um estrondo. Maré alta. Ele poderia jurar que faltava pouco para o amanhecer. Era agradável sentir a brisa do mar, era uma sensação de tranqüilidade em meio ao caos. Apesar de tudo, ele não queria morrer e estava farto de perder seus entes queridos.

Então, ali estavam com toda a raça humana exterminada, não por armas atômicas ou biológicas ou poluição ou alguma coisa grandiosa desse tipo. Apenas a gripe. Ele riu amargamente e apanhou outra cerveja. O seu desejo era colocar em algum lugar uma placa de cinco quilômetros de comprimento. E em grandes letras em alto relevo o aviso diria, para ajudar algum alienígena aterrissando por aqui. APENAS A GRIPE.

Ele jogou a lata por cima do corrimão, imaginando se Rachel conseguia se desprender do antigo namorado em algum ponto. A voz da menina lhe chamando ecoa pelo corredor. Ela estava de pé, na porta, usando somente a camiseta dele.

_ Não deixei você dormir a noite inteira, não é? Acho que eu deveria levar as minhas coisas para outro quarto.

Ele não disse nada. Havia momentos em que ainda conseguia lamentar por tudo aquilo. Puck sentia que a garota merecia realizar seus sonhos de estrelado, ser reconhecida e aplaudida e não passar o resto de seus dias em um mundo condenado. Finalmente, ele encarou a judia e gesticulou negativamente com um movimento de cabeça. Depois passou o braço pelos ombros dela e beijou o topo da sua cabeça. Ela fez um barulho de soluço sufocado e começou a voltar para dentro do quarto.  

_ Você gostaria de dar uma volta na cidade? – ele arriscou – Descobri uma loja de música no centro, seria divertido... Você poderia encontrar novas músicas, meu repertorio no violão é bem pequeno, sabe? Poderíamos reunir o pessoal lá... Ensaiar alguma coisa... Você comentou que sente falta de tocar piano...

_ Às vezes, parece que foi ontem... O início do Glee Club, a confusão na primeira seletiva, todos os problemas... As vitórias... Às vezes, parece que foi ontem... Outras vezes, parece que são as memórias de outra pessoa. – ela ponderou e chorou novamente.

_ Odeio quando você fica deste jeito... – ele falou calmamente – Amanhã, nós estamos pensando em passar naquela rádio... Tentar captar algum sinal mais longo... Quem sabe, os telefones funcionam e conseguimos contato com os outros?! Sei que é difícil, Rachel... Mas, acho que é hora de construirmos novas lembranças...

_ Acho que podemos tentar, não é? – ele sorri de volta e vira-se para o horizonte – Você vem para a cama?

_ Daqui a pouco, querida.

Ela se deitou e pareceu dormir rapidamente. Puck compreendia a sensação descrita anteriormente pela namorada, acontece que ele preferia esquecer e ficar olhando as ondas. O mar estava mesmo forte e o céu completamente estrelado. Era bonito de se ver e Puck gostava da sensação de calmaria. Ele sempre sonhou em morar perto da praia, dormir com o barulho do mar, acordar com o ar marinho, poder pegar algumas ondas e tocar violão ao redor da fogueira com os amigos e alguma garota bonita. Como naquela noite. Ele poderia ser feliz assim, senão temesse pela vida a cada segundo.

As ondas se aproximando, se aproximando, se aproximando. Sem limite. Limpas e profundas. Ele joga a cabeça para trás e passa a mão pelo moicano. Por que ainda mantinha o mesmo penteado? Tinha feito aquilo para impor a sua figura de bad boy e havia se tornado parte da própria identidade. Quanta idiotice! Ele riu alto e lembrou do alvoroço nos corredores ao aparecer com o cabelo totalmente raspado, aquilo tinha sido três anos antes da realidade e da pandemia chegando do sudeste da Ásia e cobrindo o mundo como uma mortalha. Em janeiro, ele quase cortou o cabelo para mostrar mais maturidade e ganhar pontos com Shelby. Puck fecha os olhos e sente o vento marinho atravessar o seu corpo e ousa rezar. Não por ele ou pelos amigos. Afinal, a maioria já tinha completado os 18 anos e poderia se virar dignamente... A dúvida era se a pequenina Beth merecia ou teria alguma chance de sobreviver em um mundo tão detonado. Por isso, Puck reza e deixa que as lágrimas corram pelo rosto. O choro vale pela filha que nunca mais teve notícias, pelo melhor amigo que não pode salvar, pelos amigos que não sabia se veria novamente, pela família que sucumbiu na epidemia e pela garota que dormia pacificamente em sua cama.

Ele coloca o rosto nas mãos e o aperta, sentindo a pele, sua granulação e sua textura. Tudo estava estreitando tão depressa e, tudo era tão miserável – não havia dignidade naquilo. Por isso, mesmo um cara como Noah Puckerman que não costumava rezar, se permitia unir as mãos e orar. Não por ele, Noah imaginava que não valeria a pena... Mas, por todas as coisas e pessoas que perdeu e ainda perderia pelo caminho.


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