Voltando A Viver escrita por DuhPaiva


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá,
Obrigada a quem comentou, a quem não comentou e leu. Deixo agora o primeiro capitulo, espero aquele review para saber o que acharam e me fazer voltar.
Boa leitura ;D



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/215623/chapter/2

A claridade do amanhecer de mais um dia começava a aparecer e o sol dava sinais de mais um dia caloroso e simples de primavera. Os segundos iam passando enquanto eu continuava ali, presa a tempos passados e memorias perdidas. O passado acarreta uma infinidade de sabedorias e realidades que nos permitem viver o presente, algumas situações passadas se tornam pequenas diante de novas situações, mas outras nos marcam para sempre e, a cada novo dia, o viver passa a sobreviver. Eu me sentia perdida e sem rumo futuro, o vazio que me consumia há exactamente dois anos se tornava hoje insuportável.

Dois anos de sobreviver num presente onde ele já não se encontrava, um presente em que a cada segundo minha mente o idolatrava e meu coração o procurava. Nenhuma palavra, nenhum telefona ou carta haveria sido trocada, mas eu ainda podia ouvir o tom da sua voz, o toque de suas mãos, o bater do seu coração e o cheiro da sua pele. Eu continuava a guardar o mesmo sentimento no meu peito, aquele que um dia eu vivi em plenitude, mas que perdi. Todos os dias, eu lutava contra as horas e via minhas amigas trabalharem arduamente para que eu voltasse a ser feliz, mas o meu coração não estava completo, o vazio que sentia dentro de mim ganhava vida e não me deixava ultrapassar ou seria eu que não queria?! Não sei exactamente o que queria ou não, elas até me arrastavam para festas e comemorações da empresa, mas eu me via cercada de pessoas e mais pessoas, continuando a sentir-me em plena solidão.

A certeza que nada seria o que um dia foi me consumia a alma, eu sabia que tudo aquilo aconteceu por minha culpa. Eu tinha destruído o que me mantinha de pé, eu tinha afastado quem tantas vezes me quis ajudar, me estendendo a mão e entregue o seu coração, quem tanta vezes me chamou à razão, tentando a custo que eu o ouvisse… a obsessão e doentia fixação que minha mente criou não quis ver, nem ouvir. Então, neste dia, o meu mundo caiu e, somente aí, eu entendi!

Rose e Alice se mostraram as melhores amigas que uma pessoa pode sonhar e desejar, embora a situação não ter sido fácil e eu complicar muito mais, elas se mantiveram ali comigo. Hoje, eu posso dizer que graças às duas e seus namorados, eu me reergui, lutei e voltei a ser a Bella de outrora. Talvez, neste espaço de tempo e as aprendizagens que adquiri me tenham feito ver as coisas de formas distintas e perceber que o mundo não é tão profundo como pensei. Assim, a cada dia que passava as duas nunca me deixavam em casa a amargurar pelas saudades ou solidão, me arrastavam pelos shoppings repletos de pessoas ou para um simples lanche, jantar ou cinema. Jasper e Emmett se tornaram os cavalheiros que me guiavam e me mostravam que na amizade tudo podia significar. Em festas, eles não se mostraram nada incomodados e me arrastavam para a pista de dança, sobre olhares risonhos de Rose e Alice. Entendi então que “eles eram aqueles que mesmo sem genes iguais pertenciam à minha família, os meus irmãos de coração”.

– Bellinha, amiga do meu coração, você hoje está pensativa demais! Combinei agora com Rose irmos ao Vivaci comprar os nossos vestidos para a festa da empresa na sexta. Logicamente, você virá connosco… - Bella a olhou incrédula.

– Alice, eu… - Bella não queria ir e numa tentativa inglória tentou argumentar.

– Nem tente encontrar uma desculpa, eu e Rose estamos esperando por você. – Bella suspirou e se rendeu. Alice sorria grande ao perceber que, mais uma vez, convencera a amiga.

– Vamos lá, Alice. – Disse mostrando um sorriso. – O shopping que nos aguarde, nós vamos entrar para arrasar e sexta ninguém nos pára! – Alice gargalhou.

O meu entusiasmo se resumia a zero, contudo eu há muito desisti de “discutir” com Alice por motivos como estes. Afinal, ela e Rose só pretendiam me fazer feliz e eu devia isso a elas. Assim, eu e as meninas fomos ao dito shopping e a diversão foi total, a alegria e o entusiasmo das duas a cada prova de vestidos me contagiava e acabamos a rir às gargalhadas. A escolha não fora nada fácil, Alice foi a que demorou mais tempo para se decidir entre dois vestidos, igualmente elegantes e belos, mas a escolha recaiu sobre um vestido rosa que salientava seu peito num decote com pequenos detalhes trabalhados num cor prata que realçava a resplandecência do tom de pele e, por fim, realçava a sua cintura fina e delicada num corte preciso e com uma racha discreta de lado. Pelo contrário, o vestido de Rose era em um tom roxo no seu esplendor, no peito um glamuroso brilho que caia sobre as costas num estilo exuberante e contrastava em pleno com a pele clara e cuidada da mesma. Assim, neste ciclo, eu fui a que menos problemas tive, embora as duas me tenham feito vestir trezentos mil modelos diferentes. Depois de uma maratona de vestir e despir, resolvi ficar com o vestido vermelho. O vestido era realmente bonito e elegante, ele tinha um decote que favorecia o meu peito e suas alças prendiam atrás do pescoço, a minha cintura era delineada pelo mesmo e favorecido pela aplicação de uma lista em prata, as costas ficavam desnudas até um pouco acima da cintura num bico elegante. O vestido era realmente bonito e eu me sentia linda nele, como a algum tempo eu não me via.

– Acorda Bella, você está aí parada perante o espelho sem sequer piscar… em que tanto pensa? – Perguntou Alice divertida, enquanto Rose calada a observava.

– Admirava o vestido Alice, ele é realmente muito bonito. – Disse num sorriso pequeno.

– Meninas, o que acham de irmos agora lanchar qualquer coisa e depois alugar um filme e assistirmos lá em casa? – Sugeriu Rose tentando aliviar Bella dos questionamentos de Alice e poder ter algum tempo para saber o que passava na cabeça da amiga à minutos atrás, embora a certeza ela já a tivesse.

– Óptima ideia Rosita… Vamos lanchar então, mas tem que ser tudo light. Afinal, sexta é o grande evento e os vestidos já estão à medida, nem uma graminha a mais ouviram? – Disse Alice fazendo as amigas gargalharem.

– Vamos sim, mas eu quero um lanche consistente. Vocês as duas esgotaram as minhas forças nesta correria de vestir e despir. – Disse Bella divertida.

– Até parece que você não foi modelo Bellinha… - Disse Alice sem se aperceber a força das suas palavras. O sorriso simples que Bella tinha no rosto desapareceu de imediato.

As amigas se olharam e Alice estava estática com as suas próprias palavras, não fizera com consciência, mas pronunciara aquilo que lembrava momentos angustiantes a Bella. Então, numa tentativa de resgatar o clima simples e suave de outrora, Rose interveio.

– Eu concordo Bellinha, essa correria esgota mesmo as nossas forças e você Alice deixa de manias. Uma grama a mais não fará diferença, que tal irmos naquela pastelaria que tem aquele bolo de chocolate fofo?! Humm…

– Esse bolo é delicioso, eu acho que vou comer duas fatias… - Disse Bella tentando esquecer as palavras de Alice e superar aquilo. Ela sabia que a amiga não fizera aquilo para a magoar e não queria ver a expressão de culpa na sua face.

– O que estamos a fazer aqui ainda? – Disse Rose rindo e arrancando sorrisos das outras.

As três amigas foram então à procura daquele bolo que tanto gostavam e lancharam entre conversas banais e descontraídas. Alice e Rose notavam a cada sorriso de Bella que esta se esforçava para esquecer o que tinha sucedido e, por isso, se viam obrigadas a não tocar no assunto.

A tarde passou rápida e de forma plena. A companhia das meninas sempre me fazia acreditar e ser feliz, no entanto aquela frase de Alice ainda martelava na minha mente e aqui sentada na varanda, sentindo o frio do Outono bater em minha face e as luzes das casas ao longe, faz mil pensamentos rolar. Eu jamais esquecerei o passado e ninguém jamais imaginará a dor que a lembrança do mesmo me provoca. Talvez um dia eu posso vê-lo novamente e dizer tudo que guardo em meu peito, a dificuldade que tem sido, que o meu sentimento continua intacto e que a saudade de outrora me atinge a cada momento. A aproximação da data em que tudo se transformou me deixa ainda mais angustiada, triste, desolada.

A semana começou atarefada e com ela a rotina que preenchia os dias e os meses de trabalho. Os dias muitas vezes se tornavam pequenos para a quantidade de trabalho que a empresa tinha, mas tudo conseguia transcorrer com alguma normalidade. Salientando que sexta-feira estava perto e, consequentemente, a grande celebração também. Hoje, quinta-feira, o dia estava pior que qualquer outro… os telefonemas duplicaram, os papéis triplicaram e as chamadas dos directores tornaram-se uma constante, pois tudo tinha que estar perfeito amanhã. A grande novidade que agora se comentava por todos os corredores era que na festa dois novos membros do conselho de administração seriam apresentados. Enfim, novos chefes e novas ideias… Cada dia acho mais que as “cunhas” e “ligações de amizade ou familiares” são privilegiadas.

– Bella, o diretor ligou e precisa que você vá ao gabinete dele com urgência. – Disse Jessica entediada, enquanto Bella a olhava cansada. Era a terceira vez que John a chamava.

– Tudo bem Jessica, obrigada. – Agradeceu. - O horário de expediente nunca mais termina hoje, a minha paciência está praticamente esgotada. Lá vou eu novamente falar com John. – Murmurou Bella, respirando fundo, após Jessica ter saído.

***

O relógio batia as 20 horas quando Bella enfim deixava sua sala e se dirigia ao elevador, encontrando no caminho a amiga Rose, igualmente exausta do dia atarefado.

– A sua cara não está das melhores Rose. – Disse Bella numa tentativa fracassada de fazer piada.

– Acho que o mal é geral hoje, a sua também não está. – Disse Rose num suspiro cansado, enquanto entravam no elevador que as levariam ao térreo.

– Hoje o John me chamou três vezes pelo mesmo motivo, ele está stressado com a festa e nós que aguentamos. Ainda por cima, ele queria despedir um funcionário só porque fez uma encomenda e o fornecedor trouxe a mercadoria trocada. Que loucura!

– Eu passei pelo mesmo, não consegui fazer os lançamentos e muito menos verificar as contas, porque a cada cinco minutos me ligava a perguntar pormenores sem nexo. Esperemos que amanhã ele não enlouqueça de vez.

As duas riam e rumaram aos seus carros que estavam estacionados lado a lado. Despediram-se com desejos de um descanso sossegado pelo resto da noite.

No caminho para casa, Bella se perdia em vários pensamentos relacionados ao dia. Contudo, ao entrar em casa a paz que a inundou foi gratificante e ela aproveitou para se “afundar” de corpo e alma no chuveiro. Enfim, um bom banho e um jantar leve para depois cair na cama, mas quando abriu o armário se deparou com o vestido e seus planos de uma noite calma foram em vão.

– Eu dava tudo para não ter que ir a essa festa, mas Alice e Rose jamais deixariam. Uma sexta-feira sentada no meu sofá, enrolada no cobertor, comendo uma pipoca e vendo uma comédia romântica era o que queria. – Disse para si mesma, enquanto observava o vestido.

O dia de sexta-feira nascera ensolarado e com uma brisa fresca a pairar no ar. Bella levantara-se sem vontade, este dia marcara a sua vida há dois anos e até hoje a perturbava. Felizmente, hoje não tinha que ir trabalhar e poderia passar o dia fazendo nada como sempre acontecia. Arranjara-se e rumara até à sua paz pessoal – o mar – a tranquilidade que a brisa, o murmurar das ondas a enrolar na areia e o cheiro da maresia, lhe acalentavam o coração e apaziguavam a alma.

– Eu queria poder ter uma nova hipótese, eu queria poder te ver novamente, eu queria voltar no tempo e jamais te perder… - Suspirou olhando o horizonte e as benditas lágrimas crescerem em seus olhos. – Eu queria tanto poder saber se pelo menos você está feliz. Se você conseguiu seguir em frente, ver o quanto seus olhos permanecem com aquele brilho e o sorriso sublime.

A saudade começara a pesar em cada linha do seu ser, a presença daquele sentimento fluía nas veias do seu corpo e as lembranças faziam o seu ser voar. Apesar de doer em seu peito, o desejo que ela tinha de poder vê-lo e ter outra hipótese de ser feliz, parecia ser superior às forças.

– Acho que você deveria esquecer isso, quando eu acho que de certa forma você está ultrapassando e progredindo, você recai e me deixa a pensar. – Disse Rose que chegara ao seu lado, sem Bella sequer perceber.

– Você me assustou, não sabia fazer barulho. – Rose deu um sorriso mínimo e suspirou.

– Eu chamei, mas você parecia estar em outro lugar e em outra altura. Você estava com os pensamentos em alguns anos atrás, quando você ainda era você! – Bella olhava a amiga perplexa e sem saber o que dizer.

– Eu não consigo ser eu a 100%, Rose. Eu queria voltar no tempo, recuperar a minha vida e corrigir os meus erros… eu não esqueci, eu posso simplesmente tentar viver a vida, mas quando a noite abate e a solidão me atinge, tudo volta. Você e Alice me ajudam muito nesta batalha, no entanto eu queria poder dizer que esqueci. Eu tento e eu minto para mim, para vocês, para o céu e o mundo, mas tudo continua aqui. – Disse pondo a mão encima do peito.

– Bella, a vida passa e você a vê passar sem palavras, sem alegria, sem vida. Ele não volta, ele não está aqui, se dá uma segunda chance. Quando acordei hoje de manhã, eu sabia onde te encontrar… eu podia te deixar aqui a amargurar, mas eu não consigo. O passado não volta, você errou e aprendeu com isso. Agora conviva com isso e seja feliz, não se prenda ao passado, nem às lembranças dele. Aprenda e siga! – Disse Rose em desalento de ver a amiga há dois anos assim.

– Eu sei. – Disse as únicas palavras que sua voz permitiu, já que lágrimas de angustia e pesar escorriam por seu rosto branco de sofrimento.

Rose, abraçou a amiga, num acalento e consolo. Ela sabia de toda a história e embora achasse que tudo foi repentino e desnecessário, ela entendia o lado dele e agora o dela. Bella sempre fora uma menina alegre divertida e apaixonada, o seu amor por ele transbordava em cada célula do seu corpo e ele nunca ficou atrás nesse mesmo amor. No entanto, as circunstâncias da vida e as opções incompreendidas os separaram. Até hoje, Rose, Alice, Emmett ou Jasper ouviram o seu nome ou souberam se estava vivo ou morto. Conviviam com a saudade de um amigo que por escolha do destino se afastou e que torcem um dia rever. Um amigo que em cada circunstância estava lado a lado, um amigo que se desdobrava para os ajudar. A alegria em uma noite fria de inverno e a loucura em uma noite de verão.

– Desculpa, Rose. Eu não queria que você me visse assim, eu prometo que vou esquecer e seguir em frente. – Deu um sorriso fraco, na tentativa de convencer a amiga.

– Não prometa, Bella. Você tem que querer essa mudança, não o faça por mim ou pelos seus amigos. Faça-o por você mesma. Se dê uma chance e eu acho que você podia começar pelo Mike, que é louco por você.

– Ahhh não, nem me fala. O Mike é um chato, todos os santos dias, ele me liga. Desde aquele jantar que vocês inventaram e que alguém decidiu dar o meu telefone sem autorização, ele me liga. Não quer nada em concreto, às vezes me convida para sair e até aceitei um deles, mas não deu certo.

– Não deu certo porque você, Dona Isabella, não quis. – Disse risonha, enquanto se encaminhavam para os carros.

– Acho que Alice perde a noção das horas, já está tarde e ela ainda nem ligou! – Disse Bella, mudando de assunto.

– Mudando de assunto… Tudo bem, eu hoje nem falo mais. Já te dei o sermão de hoje, amanhã completo. – Disse numa gargalhada, sendo acompanhada por Bella. – Vamos logo, ela não deve demorar a ligar e se isso acontecer, a bronca vai ser muita.

As duas rumaram para casa de Bella, onde combinaram se encontrar e prepararem-se para a festa que decorria no inicio da noite. Bella seguia ouvindo música e pensando nas palavras que Rose lhe tinha dito, a amiga tinha toda a razão naquilo que dissera. Ela tinha que seguir em frente, ela tinha que se dar uma chance, ela tinha que dar uma chance ao seu coração. Passado sempre será passado, então hoje, ela se divertiria e se Mike estivesse lá, ela tentaria.

Chegando a casa, viu o carro de Alice estacionando. Ela e Rose chegaram mesmo a tempo de não ouvirem um sermão e, como costume, as duas tinham que omitir que tinham estado juntas. Apesar de serem todas amigas, Alice não gostava de ficar de fora das conversas, pensando sempre que a excluíam dos assuntos. Na verdade, ninguém excluía ninguém, mas voltar a falar do mesmo assunto iria perturbar Bella e seu pensamento, assim tudo permaneceria igual.

– Olá, Olá, Olá. Vocês estão prontas para começarmos a nossa sessão de beleza? – As duas riram da alegria e excitação com que Alice saltitante disse aquilo.

– Boa tarde, Alice. Sim, nós estamos bem e você, pelo jeito, está eléctrica. – Alice sorriu.

– Lógico, nós temos que estar radiantes logo e vamos arrasar. Emmett e Jasper passam aqui para nos levar, acho que Mike irá connosco também. – Disse olhando com malícia para Bella.

– Sério? – Bella tentou parecer animada, embora Rose soubesse a verdade. – Fico mais descansada, não irei entrar sem companhia ou então, acompanhada de dois cavalheiros com as suas damas, ficaria um escândalo. – Gargalhou.

– Vamos entrar ou não, Bellinha? Temos muito trabalho pela frente e já começa a ser tarde.

– Concordo com a Alice, daqui a pouco os meninos estão aí e nós nem na metade estamos.

– Façam de conta que estão nas vossas casas. – Disse Bella, divertida.

As três amigas seguiram para dentro de casa e começaram de imediato a sessão de beleza. Tudo era feito ao pormenor e Bella era supervisionada e preparada pelas amigas. Rose e Alice eram peritas em roupas e “maquiágem”, então sempre ajudavam Bella nesse campo, resultando sempre numa obra-prima esplêndida. Quando Bella se olhou no espelho nem acreditou, ela estava linda, bonita, esplêndida. Os seus olhos brilhavam ao observar o belo trabalho que as amigas fizeram nela, hoje ela se sentiu realmente bonita. Embevecidas, as amigas observavam Bella abrir um sorrio gigantesco.

– As minhas palavras fugiram… Eu não sei o que dizer. Vocês me transformaram, eu me sinto realmente bonita. Obrigada, minhas amigas, muito obrigada. – Disse ainda vendo o seu reflexo no espelho. – Agora, vocês tem que terminar de se arrumar, eu ajudo. – Disse virando-se para as amigas.

– Só falta vestir o vestido e estamos prontas, Bella. Enquanto você tomava seu banho, nós fizemos a nossa “maquiágem” e agora vestimos esses lindos vestidos. – Disse Alice enquanto se vestia.

Alguns minutos depois, as três amigas encontravam-se prontas e lindas. Nessa mesma hora, chegaram os seus príncipes encantados – Jasper, Emmett e Mike. Os três ficaram alguns segundos babando nas suas garotas, quando Emmett resolveu falar.

– O que vocês fizeram com as nossas miúdas? – As três sorriram cúmplices.

– Ah amor, não sei, não. Você bem que poderia ficar comigo e deixar a outra lá. – Disse Rose se aproximando e dando um selinho em Emmett.

– Tentadora a sua proposta. – Disse em tom de desafio.

Os outros gargalharam pela brincadeira dos amigos, mas o olhar queimador de Mike em Bella estava a deixando sem jeito. Alice e Jasper, Rose e Emmett encaravam discretamente a reacção dos dois, mas tudo o que viam era uma Bella inquieta.

O ambiente que se gerou por alguns instantes naquela sala era perturbador, Mike permanecia quieto com seu olhar queimando pelo corpo de Bella, já Bela permanecia com o olhar preso no chão e o rosto levemente rosado. Emmett no seu elegante smoking preto resolveu ajudar a amiga e quebrar a inquietude da mesma.

– Você está belíssima, acho que irá ofuscar as outras senhoras convidadas. Elas que se cuidem, pois os cavalheiros irão estar de olhos em você. – Bella riu envergonhada.

– Fala isso porque é meu amigo.

– Na verdade, Emmett tem toda a razão Bella. Você está linda, mas poderíamos ir andando e você comprovava isso mesmo por você mesma. – Sugeriu Jasper.

Os seis amigos dirigiram-se então para a festa que durante uma semana, os tirou a paciência, esgotou suas forças e os stressou ao máximo. Contudo, ao chegar à festa e observar cada mínimo detalhe daquele lugar, tudo tinha sido minuciosamente estudado e trabalhado.

A grandiosidade dinâmica daquele lugar merecia uma apreciação cuidada de cada olhar que naquele salão entrava. A cada paço, os olhares de surpresa e admiração preenchiam os rostos dos convidados.

O salão estava em um tom branco sujo contrastado com o azul-marinho discreto que fora colocado em cada mesa e em detalhe nas cadeiras. As cores e a iluminação combinavam na perfeição com os pequenos detalhes presentes que davam o toque final à realeza da beleza daquele lugar. A iluminação era precisa e suave em quase todo o decorrer do salão, contudo em alguns pontos a fluência da luz incidia com mais intensidade. Uma das paredes era preenchida por enormes janelas que contemplavam o jardim florido e gracioso que possuía lá fora. Esta vista e a noite estrelada que se fazia presente faziam a imagem parecer um quadro de beleza retratado. No lado oposto e um pouco afastados estavam as mesas redondas milimetricamente colocadas e arranjadas, onde se encontrava cartões com singelas palavras de reconhecimentos pelos anos de companheirismo, dedicação e amizade com que todos colaboravam para o sucesso de hoje. A última mesa era enorme e retangular. No centro desta, o símbolo da empresa se fazia presente, antecipando o facto de esta pertencer à administração.

O grande palco em madeira e com milhentos instrumentos organizados, antevia a música que se faria presente após o jantar. Contudo, a parede atrás do palco era adornado por um enorme painel projetável.

– A decoração está esplêndida. A empresa de decoração fez um trabalho extraordinário, acho que esta comemoração irá ser fantástica. – Disse Alice deslumbrada.

– Na verdade, esta festa ficará para a memória, segundo John. Ele comentou comigo que haveria uma razão a mais para esta comemoração e essa seria a grande surpresa da noite. Confesso que fiquei curiosa, o que será a surpresa?! – Disse Bella com o olhar perdido por entre tamanha beleza.

– Acho melhor não especularmos sobre o assunto, senão todos vamos ficar curiosos e eu não gosto nada disso. – Todos riram da cara pedinte de Rose. – Vamos procurar a nossa mesa, o lugar já está repleto de pessoas.

A mesa dos amigos ficava bem perto da mesa principal onde John e os seus sócios iriam ficar. Haviam dois lugares a mais nessa mesa, este facto não passou despercebido aos demais que comentavam uns com os outros, num murmurinho desajeitado. Todos os convidados se encontravam curiosos com a tão falada novidade e aqueles lugares só aumentara tal curiosidade.

Os três permaneciam na mesa redonda numa conversa animada, mas alguns segundos alguma das mulheres se via perdida a apreciar aquele ambiente. No entanto, meia hora depois de estarem todos devidamente acomodados, John e os outros administradores chegaram e, como não podia deixar de ser, John falou aos seus convidados agradecendo a cada presença e que lamentavelmente os seus novos sócios só poderiam aparecer depois do jantar, já que o seu voo se atrasou.

John encontrava-se com um sorriso no rosto de plena satisfação, mas quando o mesmo pronunciou que haveria dois novos sócios, as caras surpresas começaram a surgir. Os comentários que se ouviam na empresa eram verdadeiros, afinal. Alguns nem tinham palavras e o olhavam admirados, outros murmuravam e especulavam quem seriam eles.

– Quem será? Agora é que minha curiosidade está no auge! Meu Deus, eu espero que os novos sócios não sejam daqueles velhos que não nos permitem fazer nada e nem dar opiniões. – Disse Rose em uma careta curiosa e pensativa.

– Concordo. O trabalho com John é bem vai fluente que era quando entrei para a empresa, quando ele ainda tinha apoio do pai. John aceita sugestões e consegue ver perspetivas diferentes da dele. Quando propõe algo e eu discordo, eu contraponho e ele não impõe aquilo que propôs, ele analisa o que eu disse e a sua proposta. No final, acho que acabamos por juntos encontrarmos uma solução viável para a situação ou problema. – Disse Bella.

– Meninas não comecem a especular, quando acabarmos de jantar logo veremos. Nunca vos vi tão curiosas assim, credo! – Disse Alice, ainda mais curiosa que as outras.

– Lógico, você nem é tão ou mais curiosa que elas… não é verdade D. Alice? – Todos riam da brincadeira de Jasper.

O jantar transcorria normalmente, os garçons percorriam o salão de lés a lés a servir e a perguntar se desejam ou necessitam de algo mais. O ambiente estava acolhedor e a descontração reinava. Tudo na mais perfeita ordem.

A sobremesa era retirada das mesas pelos garçons e a música começava a preencher o ambiente. Uma música calma que fazia companhia a conversas interessantes entre os demais convidados. Algumas pessoas saiam para os jardins para fumar o seu cigarro, apanhar um pouco da frisa que se fazia presente naquela noite ou, simplesmente, acompanhar algum familiar, amigo ou companheiro.

– Eu vou ao toalete. – Disse Bella.

– Eu te acompanho, Bella. – Disse Rose.

As duas amigas dirigiram-se ao toalete, algumas pessoas retocavam maquiagem e comentavam sobre a festa, outras falavam sobre a grande novidade que estava por vir. Assim, a música calma fazia-se presente, enquanto tudo rodava na mais perfeita sincronia, tudo estava no mais perfeito lugar… certamente esta seria marcada pela festa do ano da empresa. A empresa estava em peso nesta, o John e seus familiares estavam resplandecentes.

– Vocês demoraram! Pensei que tinha acontecido alguma coisa… - Disse Alice num tom chateado.

– Tivemos que esperar pela nossa vez, Alice. O toalete estava cheio. – Disse Bella com compreensão.

– Acrescendo ao facto que ouvimos mil e um comentários acerca a novidade de John sobre os novos sócios. As pessoas estão todas ansiosas para saber quem são! – Disse Rose.

– Eu acredito que sim, afinal isto influencia o trabalho de cada um. – Comentou Alice, suspirando de curiosidade.

Neste momento, a música foi desligada dando lugar à voz de John. As luzes estavam fixadas na sua figura em um terno cinza escuro e bastante elegante, enquanto este começava os agradecimentos, mais uma vez, e pronunciava que iria apresentar os seus novos sócios.

– Gostaria agora da atenção de todos os presentes. Como é de conhecimento geral, a empresa terá dois novos sócios e eu gostaria de vos apresentar o Dr. Carlisle Cullen e o Dr. Edward Cullen. – Disse John, orgulhoso.

Os olhares dos presentes vagueavam à procura destes dois desconhecidos, mas havia cinco pessoas que paralisaram quando seus novos foram pronunciados. Os cinco amigos questionavam-se internamente se teriam ouvido bem o que John disse, mas os olhares que ambos trocavam parecia confirmar tal facto. No entanto, quando os olhares pousaram nas duas pessoas que agora sorriam e subiam ao palco para cumprimentar John e os presentes é que a realidade se abateu.

Naquele palco estava o amigo que há tempos não viam, um amigo que ferido fugiu do mundo que os unia e deixou tudo. Um amigo de quem todos sentiam a falta, aquele amigo que estava no lugar certo na hora certa quando um deles necessitasse. Um amigo querido que muitas histórias partilhavam, um amigo que estava igual e tão diferente. A seriedade que carregava no olhar e a postura que adotara quando cumprimentará John fazia antever as mudanças que o tempo o exigia e o passado o consumia.

Naquele pequeno pedaço de tempo, a mente de Bella rodava e a saudade ardia no seu peito. O olhar estava preso naquele menino/homem que ela tanto ansiava ver, naquele por quem seu corpo clamava, seu coração batia e sua mente buscava. A vista começava a ficar embaçada pelas lágrimas que teimavam em cair de seus olhos, seu peito apertava e o ar começava aos poucos a se tornar escasso. Ela sentiu os olhos dos amigos em si e palavras serem pronunciadas por cada um, mas sua mente não as ouvia, não as percebia. Sua alma estava somente ligada a ele, aquele que um dia tanto fez sofrer, aquele que imperceptivelmente afastou da sua vida.

O ambiente que permanecia no salão era atento e curioso, todos observavam Carlisle e Edward enquanto John apresentava formalmente os dois e exponha os objetivos que pretendia para o “novo ano” que iria decorrer na empresa. Tudo se intensificou quando Carlisle tomou a frente e começou a falar.

– Boa noite a todos. Como John disse, eu serei o seu novo sócio e trabalharei em parceria com todos vocês, com alguns mais diretamente que outros, mas serei como um colaborador. Quero aprender com vocês e espero que aprendam comigo, esta é a minha forma de trabalhar e acho que a mais correta. Não esperem de mim, um velho rezingam – disse, arrancando risos dos demais. – mas sou exigente naquilo que faço. Tenho a certeza que nos daremos bem, as informações que possuo é das melhores, por isso aproveitam o restante da festa. Obrigada. – Disse terminando o seu discurso e passando o microfone para Edward.

Naquele momento, o coração de Bella deu um salto… o ar antes escasso começava a faltar e tudo piorou quando sua voz suou. As memórias de outros tempos passavam pelos olhos dela como flashes, os risos, os carinhos, as palavras de amor trocadas, os toques, os simples olhares… tudo se resumia agora a lembranças, mas tê-lo assim tão perto intensificava o sentimento que há tanto trancava no peito.

– Boa noite. Quase tudo foi dito por John e Carlisle, o que encurta e muito o meu discurso. – Disse meio envergonhado e arrancando risos. – Assim, eu espero que trabalhemos em sincronia e que tudo corra pelo melhor. Os nossos objetivos devem ser os mesmos, trabalhar em conjunto e alcançar o objetivo. Agora aproveitem a festa e divirtam-se, na segunda lá estaremos.

Os discursos estavam terminados e a música começava a suar, contudo Edward se mantinha estático no cimo das escadas que lhe permitiam sair do palco. Seus olhos estavam agora presos numa menina/mulher que há dois anos não via. Aquela que tanto amará e por quem tanto sofrerá, mas agora frente a frente com ela, todo o sofrimento parecia esvair-se como uma simples nevoa. Ela estava tão diferente e tão igual… ela estava na verdade melhor que a lembrança que sua mente preservava dela. Então, os seus olhares se cruzaram e todo o passado, o sentimento, a saudade estava presente. A vontade de abraça-la e toma-la nos braços percorria o seu corpo quando percebeu as lágrimas derramadas por esta.

O mundo sumiu ao redor de Bella e Edward que se perderam no olhar de cada um e enquanto tentavam acalmar o coração que parecia querer sair. Os dois ainda mantinham o sentimento de outrora, mas com o peso de lembranças e consequências.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!