Coração que Renasce da Dor escrita por Akahime


Capítulo 7
Capítulo IV - Conversas entre Hyuugas


Notas iniciais do capítulo

Gomen pela demora, sou o caos ambulante... Mas espero que gostem das cenas a seguir, as fãs de romance vão gostar, hehe...
Beijos para Nathy, Sayuri e Gustavo. Saudades docês!!! XD
Capítulo especialmente dedicado a Line (Daijo-line) que me falou que AMA NejiHina, ^^ Espero que goste, flor!



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Coração Que Renasce da Dor

 

 

 

 

by Aka-chan

 

 

 

Capítulo IV - Conversas entre Hyuugas

 

 

 

O canto dos pássaros entrou em seus ouvidos como uma música distante e triste, fazendo-a despertar, aos poucos, de seu sono sem sonhos. Os raios do sol lhe beijavam as faces agora menos pálidas, lhe trazendo calor mesmo em meio aquela grande quantidade de cobertas acumuladas sobre si.

 

A cabeça parecia ter acabado de emergir de águas profundas, os membros doíam em resposta aos seus mínimos movimentos e a visão estava um tanto turva e embaçada, impedindo que esta conseguisse reconhecer a figura a poucos metros dela, que estava assentada sobre uma almofada na posição de lótus, parecendo cochilar. 

 

Gemeu baixinho, ao tentar se assentar sobre a esteira larga sob seu corpo debilitado, tentando não fazer muito barulho, mas foi o suficiente para acordar a outra, que despertou, esfregando os olhos e, sorrindo, se arrastou preguiçosamente até ela. Hinata ergueu os olhos e deparou-se com um par de orbes perolados, iguais aos seus, que a fitavam curiosos e aliviados. 

 

- H-hanabi... – Disse ela, num fio de voz, tentando elevar um pouco a cabeça. 

 

- Bom dia, nee-chan... Ou melhor, boa tarde! Que bom que acordou. Estávamos preocupados... 

 

- E-eu... Estou em casa?  - O tom era de medo misturado à perplexidade pela declaração da irmã, que normalmente agia com indiferença e seriedade típicas dos detentores do Byakugan, bem diferente da forma amigável e sorridente que se mostrava no rosto bem a sua frente. Não sabia bem no que acreditar naquele momento, se na razão ou em seus olhos.  – Mas como? 

 

- Claro que está em casa, nee-chan, para mais onde carregaríamos um dos nossos feridos em batalha? – Hanabi apertou sua mão, num gesto fraterno. – Nos pregou um grande susto, sabia? Por pouco não se juntou aos nossos antepassados... Mas eu sabia que você tinha um espírito forte de luta... 

 

- M-mas... Como cheguei até aqui? E... – Hinata respirou fundo com dificuldade, tentando não demonstrar a tristeza de seu espírito. – O que aconteceu com o... o... – Não conseguiu proferir o nome daquele que amara por tanto tempo sem soluçar e verter algumas lágrimas teimosas.  

 

Tentou se assentar mais uma vez, mas a dor veio forte e aguda, quase a fazendo desmaiar. Hanabi veio em seu auxílio, arrumando diversas almofadas atrás da irmã de forma que esta se apoiasse nelas, mas com uma expressão de desaprovação na face desta pela insistência da irmã. 

 

- Cuidado, nee! Seus ferimentos ainda não foram totalmente curados, sabe como é... O chacka da Kyuubi é mais forte que qualquer outra força normal, mesmo para as nossas técnicas secretas... 

 

Ao ouvir a palavra “Kyuubi”, a mais velha se agitou novamente no futon, o que gerou uma careta involuntária de dor em seu rosto enquanto esta tentava abafar os gemidos derivados das queimaduras quase cicatrizadas. 

 

- Mas que teimosa, eu não falei para tomar cuidado? 

 

A outra reclamou, se irritando ao perceber a inquietação da irmã. Entendia os motivos que levavam Hinata a estar tão desesperada e triste, mas de nada adiantaria se preocupar com os mortos agora. A vida dela era a prioridade no momento, e não deixaria que ela se esquecesse disso.  

 

- Você quase morreu, eu não estou brincando... Passou a tarde e a noite toda com febre alta... Se não fosse o nii-san, nem sei como você estaria agora... 

 

-Neji-nii-san? 

 

Hinata, mesmo ainda um pouco sonolenta, não pode deixar de notar a citação do gênio Hyuuga na fala da irmã. Estranhou a presença repentina do primo na vila, faziam muitos dias que ele fora designado para uma missão importante no país da Água. Apreciava muito a companhia dele, lhe trazia calma e segurança, embora muitas vezes percebesse uma estranha mudança de humor deste em certos momentos, passava de tranqüilo e atento para retraído e frio de uma hora para outra, sem nenhum motivo aparente. Ela não sabia o que o levava a estas mudanças repentinas, mas estava feliz em ter o primo novamente em Konoha. E agradecida também. 

 

-Hai. – Hanabi balançou a cabeça, enquanto verificava se a febre não havia voltado, já que percebera um leve rubor nas faces da irmã. – Foi ele que te encontrou caída em meio aos escombros, junto ao... – Ela hesitou, sabendo que era necessário tocar neste assunto. - Sinto muito, minha irmã... 

 

A tempestade no peito de Hinata explodiu em fúria e lágrimas, não podendo mais ser sufocada. Ao ver a tristeza voltar aos olhos perolados da outra, a menor mandou as favas seu lado Hyuuga frio e indiferente: sem hesitação alguma abraçou a irmã mais velha, deixando que esta derramasse sobre si toda a dor e angústia que tomava seu interior ferido.  

 

Assim ficaram ambas, por muito tempo. Uma, soluçando qual uma criança nos braços da caçula, desmanchando-se em confissões silenciosas e desejos guardados; a outra, assumindo um papel que não era seu, o de consolar e proteger aquela criatura antes tão cheia de sonhos e planos, agora delicada e frágil como na infância, uma boneca com o coração quebrado. 

 

***** 

 

O show de cores que se mostrava sobre o horizonte era fantástico e emocionante, o vermelho vivo de fogo se misturava perfeitamente com o amarelo cintilante dos últimos raios de sol e com os variados tons de azul que começavam a tomar conta do céu, anunciando a despedida do sol e o início do reinado das trevas noturnas sobre a terra. 

 

A princesa Hyuuga olhava o espetáculo, embevecida com a beleza da cena que tinha diante dos olhos perolados. Levantara da cama há algum tempo e, mesmo contra a orientação médica, resolvera andar um pouco, mesmo que fosse apenas em seu quarto semi-iluminado pelas velas. O peito ainda latejava a perda do amado, sua alma estava dolorida e sensível devido a isto, mas olhando para a vila ela não conseguia parar de admirar ainda mais Uzumaki Naruto. Ele sacrificara sua vida em prol da segurança daqueles que amava, renunciando assim ao seu sonho já realizado de ser Hokage e até mesmo ao sentimento que confessara em seus últimos momentos. 

 

Uma brisa fria fez seu corpo estremecer por um momento, desviando sua atenção do crepúsculo e do show de cores sobre o horizonte. Foi aí que percebeu que não estava sozinha no quarto, sentia um chacka diferente do seu, que oscilava em certos momentos. Devido a sua fraqueza, demorou um pouco para reconhecer a presença familiar de seu salvador. Ela sorriu, ainda sem se virar. 

 

- Konban wa, nii-san... Há quanto tempo está aí, escondido nas sombras? 

 

O Hyuuga, percebendo que fora descoberto, corou, embora ela não percebesse isso devido a pouca iluminação. Entrara no quarto para verificar se Hinata já estava melhor, mas ao vê-la encostada a janela, com o ar sonhador, não pôde deixar de ficar admirando-a. Sob a luz das velas ela parecia um anjo que perdera as asas, bela e triste, e sua vontade de consolá-la e tomá-la em seus braços aumentava a cada instante que a observava em silêncio. 

 

Foi saindo devagar de seu esconderijo, tomando cuidado para que ela não percebesse o estado em que se encontrava; afinal, ela estava com uma camisola de algodão lilás que ressaltava as curvas generosas de seu corpo, e ele tinha um grande respeito pela prima, mas mesmo assim era homem, fato que se agravava devido a seus sentimentos secretos por ela.

 

Respirou fundo, tomando novamente controle de si mesmo, não queria demonstrar o que sentia. 

 

Ainda não. 

 

- Konban wa, Hinata-sama. Não muito tempo, só vim para verificar se está melhor. Já estou de saída, não se preocupe. 

 

Virou-se, sentindo-se pior por vestir novamente a máscara de frieza que ela derretera há muito tempo. Porém, só teve tempo de encostar a mão na porta para abri-la, quando uma voz suave e melodiosa chegou a seus ouvidos. 

 

- Espere, nii-san... Gostaria de agradecer por ter me salvado... Hanabi me contou que foi você que me tirou dos escombros... Arigatou. 

 

Sem voltar seu rosto para ela, suspendeu a respiração e respondeu, o coração ainda queimando. 

 

- Não foi nada, Hinata-sama... Eu só fiz o meu dever. 

 

“Dever. Maldita palavra que não me permite tê-la. Para ela, sou só o ‘nii-san’, aquele que a protege a mando do clã desde a infância. Nada mais.” 

 

Hinata, naquele momento, surpreendeu-se. Por um instante pensara que o primo se preocupava com ela e se sentira bem com isto, mas a última frase, principalmente a parte do ‘dever’ feriu fundo o seu peito. Ela detestava o que esta palavra significava. 

 

- Não, nii-san, eu... – Ao desencostar do parapeito e tentar chegar até o moreno, concentrada no desejo de prolongar a conversa e demonstrar seu agradecimento a ele, Hinata se desequilibrou. As pernas não pareciam responder-lhe, fazendo-a cair e soltar um gemido baixo. 

 

Neji, que estava de byakugan ativado, verificando se a área estava segura e se ninguém o veria sair do quarto da futura líder dos Hyuugas, percebeu o passo em falso da amada e não pensou duas vezes. Como um raio, o gênio da família secundário lançou-se em seu auxílio, segurando-a pela cintura a centímetros do chão de madeira. Num impulso, puxou-a para cima, aproximando os corpos de ambos.  

 

Hinata sobressaltou-se com as sensações que se apossaram de si ao sentir as mãos fortes e quentes do primo em sua pele, um toque que lhe agradava e ao mesmo tempo a envolvia numa mistura de sensações desconhecidas. Não conseguia olhar nos olhos prateados de Neji, o medo e a vergonha alternavam-se, sentia-se estranhamente febril e confusa, afinal, o que era aquilo que sentia? 

 

Por sua vez, ele se esquecera de sua decisão anterior de se manter afastado e não conseguia se mover, parecia ter sido possuído por outra pessoa, não conseguia deixar de olhar a delicadeza daquela que povoava seus mais secretos sonhos. Desejava tocar naqueles cabelos de seda pura e na pele de marfim tomada pelo rubor, doces qualidades da mulher que tomara seu coração aos poucos. 

 

Um arrepio percorreu suas costas, despertando-a daquele transe. O barulho de passos atravessando o largo corredor também fez com que ele percebesse o que fazia. 

 

- Hinata-sama, está bem? – Neji pedia a Kami naquele momento que ela não percebesse o rubor em suas faces e nem o volume anormal que se formara logo abaixo de seu umbigo. 

 

- H-hai... Foi só uma tontura, já passou... – Ainda sem poder olhar nos olhos dele, sinalizou com a cabeça que estava bem. – Poderia me soltar agora? 

 

- Claro. Gomen ne, Hinata-sama. 

 

Neji libertou-a do abraço, dando-lhe o espaço necessário para se movimentar. Esta começou a caminhar em direção a cama, mas depois de alguns passos não conseguiu se segurar, tendo novamente o auxílio de seu guardião. 

 

- Com licença, Hinata-sama. Eu a ponho sobre o futon, se me permitir... 

 

“Que ousadia a minha!” 

 

- H-hai... Arigatou, Neji-nii-san... – Ao dizer isto, Hinata corou, sem saber o motivo. 

 

Delicadamente, com medo de machucá-la, Neji ergueu a prima e colocou-a em seus braços, carregando-a pelo quarto até a cama aonde ela repousara anteriormente. Mais uma vez ele sentiu o coração ser inundado de plena felicidade ao tê-la em seus braços. Mais uma vez ela sentiu-se amparada e protegida como um bebê, embora isso lhe trouxesse sensações como vergonha e timidez novamente a superfície de seu ser. 

 

Devagar, ele depositou seu precioso tesouro sobre a cama, tomando o cuidado de deixá-la o mais confortável possível. Assentou-se por um momento num canto da cama, puxando uma das cobertas que estavam aos pés do colchão e cobriu-a, enquanto ela observava cada um dos movimentos dele. 

 

“Tão gentil... Nunca vi Neji-nii-san tão carinhoso e atencioso comigo...” 

 

Ele se levantou, já lamentando se afastar novamente dela. Abriu a boca para se despedir, quando sentiu a mãozinha macia de Hinata puxar-lhe pelo kimono. 

 

- Por favor... Fique um pouco, Neji-nii-san... 

 

Travou-se uma luta interna dentro do gênio Hyuuga. Uma parte de si o mandava sair dali feito um furacão, fugindo assim de seus sentimentos e das conseqüências que eles lhe trariam posteriormente. Outra lhe dizia para esquecer o que guardava dentro de si e se resignava em ser sempre apenas o protetor da família principal, enquanto tornava-se apenas mais um shinobi frio e atento aos seus deveres. E outra lhe falava para se assentar e ficar ali, mesmo que seu coração gritasse de dor ao não poder tê-la para sempre. 

 

Aceitou o terceiro conselho. 

 

Hinata sorriu ao perceber que o primo amolecera um pouco aquelas feições duras e sérias de sempre. Estas lhe lembravam os tempos passados, principalmente o torneio chuunin, que, a seu ver, seria doloroso demais.  

 

Ele incomodou-se com o silêncio. Queria poder ficar ao lado dela sempre, mas seu silêncio forçava-o a encará-la, a olhar em seus belos olhos perolados, o que era ao mesmo um deleite e uma tortura sem igual. Resolveu quebrar o encanto daquele olhar que tanto o perturbava. Tossiu e começou. 

 

- O que deseja de mim, Hinata-sama? 

 

Ela riu, mesmo sendo um riso fraco, já que estava um pouco abatida e começava a sentir sono. 

 

- Nada, nii-san. Só queria saber como está, o que anda fazendo... Faz muito tempo que não conversamos... 

 

- Verdade. Eu estava em missão com  Shikamaru-taichou no País da Terra, nada com que deva se preocupar... 

 

-Que bom que voltou a salvo. 

 

Neji sentiu seu coração vibrar de felicidade, mas logo aquietou-se. Não havia nada a comemorar, a situação ainda não mudara. 

 

- Arigatou, Hinata-sama... Bom, como se sente depois de tudo? 

 

A voz dela falhou, enquanto os olhos desta começaram a brilhar devido as lágrimas que ela inutilmente tentava segurar. 

 

- Eu... Eu estou... Ah, Neji, se a dor que sinto aqui dentro fosse igual a que sinto pelo corpo, não haveria motivos para tristeza... Mas tudo aqui dentro dói... 

 

Mais um ato impensado, mais um impulso não controlado. Neji abraçou Hinata, amparando as lágrimas dela sobre seu kimono. Ela rendeu-se, sem mais detê-las, abraçando forte o primo. 

 

Depois de algum tempo, um pouco corada, soltou-se e se encostou à parede atrás do futon, encolhendo-se como se desejasse desaparecer. 

 

-Gomen por não ser tão forte como você, nii-san... 

 

-Não há motivos para se desculpar... Eu... Eu sei que você o amava, então... Não deve ter vergonha de suas lágrimas... – Neji não acreditava no que ele mesmo dizia. – Tome. – Colocou a mão sob seu próprio kimono, retirando dali uma jóia azul. – Este era o símbolo do sonho do Uzumaki. Acho que ele gostaria que ficasse com você. 

 

Hinata enxugou as lágrimas para ver a peça. Realmente, era o colar que pertencera ao Shodaime, depois a Godaime, sua neta Tsunade, e finalmente ao herdeiro do Yondaime, Uzumaki Naruto, que se tornara, com muito mérito, o Rokudaime de Konoha. Tomou a jóia em suas mãos e ficou admirando-a, lembrando-se de cada momento que passara ao lado de seu amado, mesmo que este não soubesse o que se passava dentro de seu coração. Apertou-a junto ao peito e soltou um suspiro. 

 

- Arigatou, Neji. – E, esforçando-se um pouco, pousou os lábios rosados sobre o rosto do primo. Este, embora surpreso pelo beijo, sorriu. Ajeitou, mais uma vez, as cobertas de Hinata, levantou-se e beijou sua testa, depositando ali seu coração. 

 

-Descanse, Hinata. Mandarei que as empregadas tragam um chá verde para você mais tarde. Agora descanse, você precisa se recuperar. Oyasumi nasai. 

 

Com isso, saiu do quarto, enquanto ela virava de lado, entrando, mais uma vez, no mundo dos sonhos. 

 

Pela primeira vez, desde a morte do amado, não teve pesadelos. 

 

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Olá, pessoal! Depois de séculos (sorry), volto com esta história que tanto amo. Espero não deixá-los mais tanto tempo esperando.

Mas nunca se sabe.

Com reviews eu posso escrever mais rápido, que tal?

Super beijos para todos! 

 

Aka-chan


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