Um Segredo Revelado escrita por Srta Snape


Capítulo 10
Uma cirurgia eterna


Notas iniciais do capítulo

Gente quero agradecer os reviews, fiquei muito feliz que tenham gostado da fic e me acompanhado até aqui, espero que gostem desse último capítulo,é simples, mas bem legal.... bjusss a todos....



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Capitulo 10 – Uma cirurgia eterna

- Meu Deus!

- Alguém chame uma ambulância!

- O que houve com ele?

- Ele está vivo?

Todas as exclamações gritadas pelas vozes das pessoas ao seu redor chegavam a seu ouvido, mas não eram processadas pelo seu cérebro. Eram apenas gritos, gritos descontrolados em meio a um grave acidente de transito.

Ele deveria gritar? Deveria sentir medo ou tristeza? Deveria fazer algo além de ficar ajoelhado ao lado do corpo do homem de cabelos negros em meio aos destroços segurando um chapéu vermelho de papai Noel?

Seus olhos verdes viram a mulher chegar perto e mais uma vez exclamar “Ai meu Deus“, mas não reagiram quando ela encostou em seus ombros e lhe disse para se distanciar. “A ambulância está chegando” foi o que ela disse e talvez ele devesse ter se alegrado, mas não se alegrou, apenas continuou ajoelhado e olhando para ele desacordado no meio das ferragens, havia sangue em seu rosto e cacos de vidro em seus cabelos, ele queria tirá-lo de lá, caçar cada pedaço de vidro que pudesse estar nele, mas não podia, tinha medo de encostar nele e piorar sua situação.

Harry franziu a testa percebendo que não sentia dor, que mesmo com a ligação forte não havia dor em seu corpo, só há poucos minutos quando um aperto em seu coração lhe disse claramente que algo acontecera. Talvez Hermione pudesse lhe explicar depois, mas por hora apenas imaginava que como Snape estava desacordado ele não podia sentir nada, talvez quando acordasse a dor voltasse também. Sorriu bobo ao pensar que pela primeira vez na vida ele queria sentir dor.

Os bombeiros chegaram logo e retiraram Harry de perto das ferragens. Rapidamente trabalharam no caminhão retirando o motorista que não estava muito ferido só desorientado e afastando-o do outro carro. Foi preciso uma grande ferramenta para cortar os metais que prendiam Snape e quando eles conseguiram foi preciso rapidez para colocá-lo em uma maca, havia sangue, muito sangue no corpo dele e Harry queria chegar perto, tocar em seu rosto, mas não deixaram. Snape foi posto em uma ambulância.

– Espere, eu vou junto – Disse Harry para o paramédico.

– Você o conhece?

– Sim, por favor me deixe ir junto – Pediu.

– Tudo bem, suba na ambulância.

Harry estava subindo no veículo quando viu uma coisa no chão, contrariando o paramédfico e correndo entre as pessoas ele se aproximou do carro e retirou o gorro vermelho no meio dos destroços voltando rapidamente para a ambulância que partiu com rapidez em direção ao hospital local. Ele tentou não se desesperar, mas ver Snape deitado naquela maca, com sangue e os paramédicos tendo que correr com ele pelas ruas movimentadas só o deixava pior. Sem saber se podia Harry estendeu a mão e segurou a de Snape, estava gelada, muito mais do que normalmente, e estava inerte como se estivesse...morta. Não, não podia estar, tinha que estar bem, eles estavam entrando no estacionamento do hospital, logo tudo estaria resolvido.

Os paramédicos correram com Snape para dentro e Harry teve que ficar na sala de espera. Fazia pouco tempo que estava ali, mas parecia que fazia meses talvez até anos. Harry não conseguia visualizar a imagem de Snape acidentado, com sangue por todo seu corpo, quase morto sendo tirado pelos bombeiros. Ele só conseguia ver a imagem do professor rabugento que o destratou na primeira aula em Hogwarts, que o maltratou durante anos e que sempre o olhava com ódio. Só conseguiu parar de se lembrar desses momentos angustiantes quando o médico do hospital saiu da sala de cirurgia após ter entrado com Snape há mais de três horas.

- Senhor Potter?

- Sim.

- Tudo bem com o senhor?

- Por que não estaria?

- O senhor estava em estado de choque quando chegamos ao local do acidente e ainda está segurando o chapéu que estava nas mãos do senhor Snape. Ele é muito especial para você?

- Ele é meu professor – Respondeu secamente tentando evitar a verdadeira resposta que queria dar – Como ele está?

- A cirurgia demorou um pouco, mas conseguimos salvá-lo, por hora – Acrescentou suspirando. O médico indicou um banco para Harry se sentar ao seu lado. Harry sentou e viu o médico o olhar diretamente em seus olhos infantis e medrosos.

- Tem um mas, não tem? Deu algo errado. – Disse Harry.

- Como sabe?

- Se você vivesse tudo que já vivi, se passasse tudo que já passei, se tomasse decisões difíceis como já tomei e ouvisse verdades angustiantes e cruéis como já ouvi, você saberia que sempre que alguém ou você mesmo diz que tudo está bem, no fundo quer dizer que não saiu tudo bem e que algo pode dar errado, que tem algo que vai atrapalhar aquilo que para você era um lugar seguro para se segurar, para se prender.

- Você é bem maduro para alguém da sua idade, mais do que os meninos de dezessete anos que ficam esperando sentados onde você está. Está certo, temos um problema, apesar de conseguir curar os ferimentos graves e a hemorragia, ele perdeu muito sangue e precisa de um novo rim, precisamos de um transplante urgente.

- Mas?

- Mas o sangue dele é raro, não há informações de que tipo que é, não temos nenhum doador compatível e sem o transplante ele poderá morrer em algumas horas. Em meus vários anos de medicina jamais encontrei alguém com um sangue como o dele. Acho que somente se houvesse um doador direto como....

- Um filho – Completou Harry.

- Exato, um filho. Caso contrário seu professor pode morrer.

- E tem complicações?

– Sim. A cirurgia que faremos é complicada. Temos o risco de morte alta.

– Qual dos dois tem mais chance de morrer?

– Na verdade os dois podem. Sabe se ele tem um filho?

– Ele tem um. É um aluno dele, um menino que não sabia que era seu filho até pouco tempo, que o odiava por não saber o motivo real dele o tratá-lo mal. Ele sempre pensou que fosse por que o seu temível professor o achava irritante, prepotente, metido e várias outras coisas, mas o real motivo era que o professor odiava um homem que estudou com ele anos antes e sempre que olhava para seu aluno via seu inimigo.

– Mas agora se arrependeu de tudo que já pensou do professor.

– Depois que descobriu que ele era seu verdadeiro pai, ele negou-se a aceitá-lo e o tratou como culpado pelos anos que sofreu nas mãos de seus tios que o acolheu de mau gosto depois que sua mãe morreu. Ele era cego demais para enxergar os mínimos detalhes do carinho que seu pai queria lhe dar – Fechou os olhos lembrando-se dos olhares, dos toques, das falas doces e caridosas, de tudo que Snape fizera depois da noticia – Os olhares carinhosos, a preocupação, a dificuldade que ele tinha quando tentava demonstrar seus sentimentos mais profundos que agora seu filho gostaria de ouvir.

Harry terminou de falar com lágrimas nos olhos e não percebeu que o médico segurava sua mão com força como dando um apoio para ele continuar falando, para desabafar tudo que estava preso em sua garganta.

– Preciso de seu sangue para um teste. Se você for compatível poderá salvá-lo.

– Que bom.

– Você é um bom filho Harry, ele tem sorte.

O médico sorriu e chamou uma enfermeira que tirou o sangue de Harry. Enquanto os exames eram feitos Harry ficava olhando para o grande relógio rezando para que seus ponteiros voltassem, pois se voltassem tudo seria diferente, porque se voltasse ele não estaria ali.

O que estava fazendo na ocasião? Porque agira assim?

Se pudesse voltar, se pudesse corrigir algo, jamais teria saído daquele carro. Teria dito a ele, teria confessado o sentimento que cresceu rapidamente nele, tão rápido que chegou a assustar de uma forma que queria negar.

Mas como negar uma coisa verdadeiramente intensa. Como negar o fato de querer aceitar. Por que não teve coragem de admitir? Onde estava a sua coragem?

Deixou-o sofrer por medo de admitir que sentia o que ele sentia, que queria o que ele queria.

– Mas agora não estou com medo – Disse para si mesmo.

Faltavam apenas alguns minutos para a cirurgia e ele pediu para ficar sozinho com Snape, apenas alguns momentos e doeu tanto vê-lo naquela mesa.

Desacordado.

Frágil.

Seu rosto estava leve sem sua expressão mal-humorada, seus cabelos negros estavam espalhados pela mesa. Nem parecia ele, era diferente, era apenas um homem repousando, dormindo com tubos em sua boca e aparelhos a sua volta.

Harry se aproximou como se tivesse medo que alguém além daquele homem o ouvisse.

– Não tenho mais medo de dizer, de confessar que tudo que fiz é idiotice, que agi de forma errada. Eu deveria ter confessado que eu queria. Que eu no fundo aceitava, eu acreditava e até cheguei a pedir que tudo aquilo fosse verdade. É novo para mim como sei que é novo para você e agora eu só penso no dia em que eu fui baleado e aparatei em sua casa, pois sabia que era lá que eu queria ir. Para seu lado, para minha família, para meu pai.

Ele limpou sua lágrima que caiu no rosto dele e se despediu com um peso no coração.

– Te vejo logo – Sussurrou e deu um beijo na testa gelada de Snape.

Chamou os médicos e se preparou para a cirurgia. Cada passo ficava mais pesado, cada segundo o ponteiro do relógio ficava mais lento.

A mesa de cirurgia era fria e desconfortável, as luzes acima de sua cabeça eram fortes e as mãos dos médicos eram puro nervosismo.

– Senhor Potter – Falou o médico novamente – A cirurgia é complicada, mas rápida. Tem certeza que quer continuar?

– Sim.

– Certo, então quero que conte de dez a zero – Disse o médico colocando a máscara de anestesia.

– Dez, nove, oito, sete, sei...

Harry sentiu seu corpo relaxar na maca e seu consciente o abandonar. Ele vagou pelos mais diferentes lugares, viu e reviu as mais diferentes pessoas. Mas só uma lhe importava, só uma lhe pedia para voltar, só uma o esperava. E ele estava lá, ele o aguardava dormindo com a cabeça pousada em seu peito e a mão segurando a sua. Era belo. Um perfeito anjo repousando. Acariciou-lhe os cabelos rebeldes e o chamou ao longe.

– Potter? – Chamou devagar – Potter.

Os olhos verdes se abriram devagar, Harry mexeu a cabeça sentindo um leve desconforto no pescoço, mas esqueceu qualquer dor quando olhou para a cama e viu Snape olhando-o confuso. Harry lhe sorriu fraco e se aproximou devagar.

– Oi. Como se sente? – Perguntou olhando os aparelhos e acariciando os cabelos negros.

Snape não respondeu a principio, apenas olhou para Harry e franziu a testa sentindo o carinho do menino.

– Bem, eu acho, meus olhos doem e mal consigo me mexer. O que houve? – Perguntou Snape tentando levantar.

- Fique deitado. – Disse Harry pegando um copo de água e ajudando-o a tomar um gole para a garganta seca – No dia em que você foi me levar na casa dos meus tios houve um acidente, um caminhão bateu em seu carro, você teve problemas de hemorragia e teve que transplantar um rim.

– Quem foi meu doador?

– Eu, seu sangue de bruxo é raro para os humanos, precisava de outro sangue de bruxo compatível, eu era a única escolha.

– Mas...

– Não tem mas, eu fiz, está feito. O problema foi que você entrou em coma depois, os médicos não sabiam quando acordaria, por sorte passou apenas uma semana e meia desacordado, por isso seus olhos e corpo doem.

Snape fechou os olhos sentindo as dores incomodas. Os dois ficaram em silêncio durante um grande tempo até o doutor entrar no quarto.

– Senhor Snape, que bom que acordou, vejo que está bem disposto – O médico olhou os aparelhos e examinou Snape rapidamente – Vamos fazer alguns exames para ver se está tudo certo, deixaremos você em observação mais uns dois dias e depois poderá ir para casa.

– Não gosto de médicos – Disse Snape após o doutor sair – Prefiro os medibruxos.

– Eu sei, mas eles são competentes e conseguiram salvar você, é o que importa.

– Sim, é o que importa – Disse Snape melancolicamente deitando mais confortavelmente na cama.

– Você não quer ir embora?

– Não sei. Não tenho pressa de ir para casa, não há motivos para voltar – Confessou – Não mais.

– Severus – Chamou Harry sentando ao seu lado – Desculpe

– Por que devo desculpá-lo?

– Por eu ser tão... tão...

– Grifinório?

– Exato

– Sempre disse que a grifinória estragava as pessoas.

– Mas sou sonserino também – Acrescentou sorrindo – Estou feliz por isso.

Inesperadamente Harry o abraçou forte. No segundo dia Snape já estava arrumado quando Harry entrou em seu quarto no hospital.

– Vamos para casa? – Perguntou.

– Vamos – Respondeu Snape – Estou com fome.

– Não se preocupe, Lyni caprichou no jantar de Natal.

Harry não havia mentido. Lyni fizera um belo banquete para eles comemorando o Natal mais do que atrasado.

– Mestre, mestre, como o senhor está mestre? Lyni ajuda o senhor sentar.

– Não se preocupe Lyni, estou bem, obrigado.

– Mestrezinho fico feliz de ter voltado. O senhor recebeu uma carta.

Harry abriu a carta que recebeu e leu com atenção.

– É um convite de Rony. Ele quer que eu passe a última semana de janeiro com ele, mas não vou.

– Por que não?

– Acha mesmo que vou sair e deixar um pai sonserino e teimoso sozinho depois de uma cirurgia por trouxas?

– E acha que quero um filho grifinório e hiperativo cuidando de mim?

– Sim, formaremos uma bela dupla.

Os dois sorriram e Lyni quase desmaiou ao ver seus dois mestres juntos.

Pai e filho

Juntos

Para sempre

Fim


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