POV Agatha

 Eu não sei onde Emily se enfiou o dia inteiro, mas eu também não quero saber. Passei o dia com a Malu e realmente estou gostando dela, ela é muito legal para uma filha de Ares.

 De noite Emily não apareceu e eu comecei a ficar preocupada, não disse nada ao meu pai, se não ele iria entrar em depressão, mas disse para ele que ela devia ter ido dar uma volta e eu espero que seja isso mesmo. Vai ver ela se encontrou com Nico e daí não tem volta, ela vai demorar mesmo.

 Decidi não esperar por ela, então acabei pegando no sono rapidinho, já que eu estava muito cansada.

 Acordei com um barulho vindo do lado de fora da casa. Monstros. Foi à primeira coisa que me veio na cabeça. Olhei para o relógio, tinha passado uma hora desde que eu tinha ido dormir. Peguei minha espada e olhei pela janela, eu não via nada. Decidi ir até lá embaixo.

 Quando cheguei ao quintal da casa vi Emily caída no chão, corri até ela.

-Você está bem? – eu perguntei deitando sua cabeça em meu colo - Algum monstro te atacou?

-Não – ela disse com dificuldade e levou a mão dela até a sua perna pressionando – Eu caí da arvore.

 A primeira coisa que eu quis fazer naquele momento era dar um soco na cara dela.

-Eu aqui toda preocupada em proteger nossa família de um monstro e você apenas caiu da arvore? O que você estava fazendo lá em cima? – eu disse indignada.

-Vendo as estrelas – ela disse – Mas pare de fazer perguntas, só me ajude. Acho que machuquei minha perna.

 Levantei Emily do chão, ela era muito pesada, e ajudei a levá-la até o sofá dentro de casa. Subi correndo até o quarto do meu pai.

-Pai – eu gritei batendo na porta – A Emily se machucou.

Ele logo apareceu meio sonolento e preocupado.

-Monstros? – ele perguntou olhando para os lados.

-Não – eu disse – Ela caiu da arvore.

Meu pai fez a mesma careta que eu fiz e desceu as escadas.

-Será que se eu der Ambrósia ou néctar ajuda? – eu perguntei enquanto meu pai olhava a perna de Emily e ela gemia de dor. Em pouco tempo Malu e Cíntia já tinham chegado.

-Não – meu pai disse – Acho que ela quebrou a perna mesmo. Precisamos ir até o hospital.

-Nessa hora da madrugada? – Malu perguntou.

-Eu vou – meu pai disse – Alguém precisa carregá-la. Cíntia fique aqui com Malu, ok? E tome cuidado.

 Cíntia apenas confirmou com a cabeça, preocupada e subiu as escadas com Malu.

-Eu vou junto – eu disse e peguei uma bolsa e uma blusa, iria de pijama mesmo.

Meu pai pegou Emily no colo e colocou no banco de trás do carro. O trajeto inteiro só se ouvia Emily reclamando de dor.

 POV Emily

  Passamos quase a noite inteira no hospital, que estava lotado. Eu preferia ir até a enfermaria do acampamento do que ficar em um hospital nojento de mortais. Mas tivemos que esperar para sermos atendidos por um medico que examinou minha perna e disse que estava quebrada, o que já era meio obvio. O medico teve que engessar do meu pé até meu joelho e disse que eu só poderia me movimentar através de muletas ou cadeira de rodas. E eu preferi as muletas.

 Agatha ficava dizendo o tempo todo que eu só dou trabalho para meu pai, e o mesmo dizia que ele iria me ajudar a todo o momento. Eu fiquei meio triste, porque amanhã o Jake e o Nico iriam chegar e eu não poderia aproveitar muito com a perna quebrada!

 Chegamos em casa e fomos direto dormir, já que já era três da manhã e meu pai tinha que acordar cedo para trabalhar.

 Acordei com o sol quente batendo em meu rosto, um ótimo dia para andar pela rua com meu namorado, ou ir à piscina, mas isso não seria possível, por que: minha perna estava quebrada!

 Mas o lado de bom de tudo isso era que hoje é sábado, meu pai não estaria em casa o dia todo porque ele trabalha, Agatha não vai desgrudar de Jake e eu teria meu Nico só para mim.

 -Agatha – eu disse – Acorda! Me ajuda a levantar!

Ela murmurou algo que eu não consegui identificar e voltou a dormir.

-Agatha – eu repeti, dessa vez um pouco mais alto – Eu preciso tomar banho e etc.

Nada.

-AGATHA! – eu gritei e ela murmurou outra vez. Peguei meu travesseiro e taquei nela, que gritou e  levantou a cabeça do travesseiro.

-O que foi? – ela perguntou muito irritada.

-Me ajuda a levantar!

-Não! Se vira – ela disse e voltou a dormir.

-Ótima irmã você é – eu disse – E o pior é que daqui duas horas seu amor vai estar aqui e você ainda está de pijama e com cara de sono!

 Agatha levantou da cama sem dizer nada e eu estava me controlando para não rir. Ela me ajudou a sair da cama e a me posicionar nas muletas e depois ela desceu, dizendo que iria tomar café enquanto eu tomava banho.

 Não preciso descrever o quanto foi difícil tomar banho com o pé quebrado, né? Quem quebrou o pé deve saber o sacrifício.

 Desci depois de uma hora e quinze minutos e Agatha já estava surtando dizendo que não daria tempo dela se arrumar. Eu já estava trocada, e desci para tomar meu café.

-Bom dia – eu disse para Cíntia e Malu que estavam sentadas a mesa.

-Bom dia – Cíntia disse – Como está seu pé?

-Melhor – eu disse dando de ombros e pegando uma torrada.

-Está feliz por seu namorado vir aqui hoje? – Cíntia perguntou.

-Sim, bastante! Obrigada por fazer a cabeça de meu pai.

-Magina – ela disse – Acho que Agatha também está feliz.

-Ela está doida – eu disse rindo.

Malu pegou sua mochila.

-Tchau mãe – ela disse.

-Para onde você vai? – eu perguntei.

-Para casa da minha amiga.

Meus Deuses! Muito obrigada! Agora não vou precisar me preocupar com ela! Uhhu! Estou muito feliz!

-Que pena – eu disse fazendo a melhor cara triste que podia.

-Fica tranqüila – ela disse com um sorriso falso – Volto logo depois do almoço.

Droga.

 Fiquei sentada no sofá por meia hora, só esperando os meninos chegarem. Quando deu 10h em ponto a campainha tocou. Acho que eu já imaginei o que aconteceu: Nico e Jake estavam loucos para nos verem e estavam esperando na porta a um tempo, olhando o relógio, e quando deu 10h em ponto tocaram a campainha. Mas eles não eram os únicos loucos, porque Agatha ficou esperando do lado de dentro e mal a campainha tocou, ela já tinha aberto a porta.

 -Jake! – ouvi Agatha gritar na porta e eu ri.

Pouco tempo se passou e Nico entrou na sala sorrindo. Mas logo que ele viu o meu pé, ficou preocupado.

-O que aconteceu com você, meu amor? – ele perguntou vindo até mim – Algum monstro?

-Não – eu disse dando um selinho nele, que se sentou ao meu lado – Cai da arvore.

Nico deu uma risada fraca e me beijou, como eu estava com saudades disso!

-Desculpa – eu disse – Agora por causa do meu pé quebrado não vamos poder aproveitar o final de semana.

-Que isso – ele disse – Dá para aproveitar e muito.

Agatha e Jake apareceram mas logo subiram para o quarto.

-Ai tem coisa – eu disse sorrindo e Nico me acompanhou.

Cíntia apareceu na sala.

-Cíntia – eu disse – Esse é Nico.

-Olá! – ela disse – Muito prazer.

-O prazer é meu – Nico disse.

-Emily – ela disse – Estou indo ao supermercado e depois vou comprar umas coisinhas. Não coloquem fogo na casa! E cuidado com o seu pé!

-Eu cuido dela – Nico disse e eu sorri.

 Cíntia saiu da casa e nós ficamos em um silencio constrangedor.

-Onde está seu pai? – Nico perguntou.

-Foi trabalha – eu disse – Volta de noite.

Nico ficou satisfeito por um momento, mas depois sorriu.

-O que nós vamos fazer? – ele perguntou.

-Que tal isso: eu pego um cobertor, faço pipoca e nós ficamos abraçadinhos no sofá vendo um filme que eu aluguei.

-Vou adorar – Nico disse me beijando.

-Eu faço a pipoca

-Nem pensar, seu pé está quebrado! Eu faço tudo!

-Ta bom – eu disse sorrindo enquanto esperava ele pegar tudo.

Esse final de semana vai ser ótimo!