POV Emily

 Trancada no meu chalé pensando na vida. Esse é meu status ultimamente. Eu andei pensando bastante no que Agatha tinha me dito sobre eu tentar melhorar a minha vida. É claro que ela tem razão, mas eu acho que ninguém consegue fazer isso de um momento para o outro. É bem difícil acabar um namoro decepcionada e logo depois já estar saltitando feliz pelo acampamento.

 Mas isso não quer dizer que eu não vá tentar. Talvez eu o esqueça totalmente, o que eu acho bem difícil, ou eu entre em outra, ou até mesmo fique feliz sozinha, mas também pode ser que eu fique trancada no meu chalé para o resto de minha vida, chorando e morando com seis gatos. E tenho que admitir, eu não quero isso para a minha vida.

 Outra coisa: hoje é meu aniversario.

 Eu não queria que ninguém soubesse, mas a Agatha contou para uma filha de Afrodite e já viu no que deu. Vai rolar uma festa daqui à uma hora para mim e eu estou deitada em minha cama abraçada com meu travesseiro olhando para o nada.

 Ouvi a porta sendo aberta. Agatha espiou toda sorridente perguntando se eu estava pronta, mas quando me viu ela bufou e abriu a porta com tudo vindo até mim. Ela estava linda, com um vestido preto que se destacava bem em seu corpo branco como a neve.

 Ela veio até mim e se sentou ao meu lado. Me olhou bem nos olhos.

-Por que você ainda não se trocou? – ela perguntou.

-Eu preciso mesmo ir?

-Claro!

-Ninguém vai reparar se eu não for!

-Como não? A festa é sua!

-Tudo bem – eu disse me levantando – Você venceu.

 Fui até meu armário, mas parei na metade no caminho.

-Não sabe o que vestir, né? – Agatha adivinhou e eu afirmei com a cabeça.

 Ela me ajudou a achar uma roupa e me arrumar em menos de uma hora. Vesti uma saia florida com uma regata preta. Simples e bonito. Ela me maquiou e deixou meus cabelos soltos. Fazia tempo que eu não me arrumava. Esses dias eu só usei moletom, calça e tênis. Calcei um salto e me surpreendi com o resultado.

-Sabia que se arrumar ajuda na autoestima? Por que você acha que eu vivo toda arrumadinha toda hora? – Ela perguntou tirando o espelho da minha mão.

É, a Agatha só se arrumava toda para aumentar sua autoestima.

-Vamos? – Ela perguntou.

-Obrigada – eu disse e ela sorriu. – Vamos.

 A festa foi no chalé de Apolo. Estava bem decorado para uma simples festa. Tinham tecidos, bexigas e faixas nas cores prata e preto. Uma combinação perfeita, o único problema é que me lembrava Nico.

 Acho que o acampamento inteiro estava lá, não sei se só por causa da festa, ou por minha causa. Alguns dançavam, outros conversavam e outros se beijavam, tudo normal.

-Olha – Agatha disse se virando para mim – Esqueça só por essa noite tudo o que aconteceu, mostra esse sorriso lindo que você tem e aproveita, divirta-se. É o seu aniversario, e nada pode estragar.

 Sorri e ela sorriu de volta enquanto me abraçava. Depois foi Jake me deixando sozinha. O que eu faço agora?

 Senti duas mãos taparem meus olhos, odeio essa brincadeira. Tirei as mãos e virei para trás.

-Oi Beck! – eu disse tentando sorrir.

-Oi Emily! Já está se sentindo melhor?

-Sim – eu menti. – Um pouco.

-Que bom! Fiquei preocupado. – Ele disse um pouco sem jeito.

-Não precisava! – Falei realmente agradecida por ele esta ali.

-Vamos dançar? – Ele esticou a mão.

Pensei um pouco e cedi, como Agatha disse, eu precisava me divertir.

 Eu e Beck ficamos dançando por um tempo, nada de mais. Por um momento eu até me diverti, mas é claro que isso não dura para sempre. Qualquer coisa me fazia lembrar o Nico.

 Algumas pessoas até me deram presentes. Ganhei um vestido de Agatha, uma pulseira de Beck, uma concha do mar linda para meu quarto do Jake, Melissa me deu uma fivela linda de cabelo, e Percy e Annabeth me deram um livro (que eu nem vi qual era).

 Enfim, todos se divertiram e eu estava sorrindo, fiquei bem orgulhosa de mim, mas era obvio que eu estava fingindo. Cantaram parabéns para mim com um bolo bem bonito e depois voltaram para a festa.

 Os filhos de Apolo cantaram algumas musicas e eu até acompanhei. Mas em algum momento eu resolvi parar, porque fingir daquela maneira estava me fazendo mal.

 Fui até Agatha, que estava em um momento meloso com o Jake, e a puxei para um canto.

-Acho que eu vou embora – eu disse.

Ela ficou triste, mas entendeu.

-Quer me dizer o por quê?

-Por que eu estou cansada, já fiquei bastante aqui.

-Tudo bem – ela disse me abraçando.

 - Obrigada, Agatha. – Falei baixinho.

 - É isso que as irmãs fazem, não é? – Ela sorriu encantadora.

 Fui para meu chalé, que tinha sido totalmente reformado, e percebi que ninguém reparou a minha partida da festa.  Tirei aquela roupa e tomei um banho para tirar aquela maquiagem, coloquei meu moletom com um short e penteei meus cabelos.

 Quando sentei em minha cama, percebi que em cima de meu travesseiro tinha um embrulho. Outro presente. De quem seria?

 Tinha um embrulho preto com um laço vermelho, o que chamou minha atenção. Resolvi abrir de uma vez e depois ler o cartão.

 Quando abri, me surpreendi. Era uma caixa. Ela era toda branca com detalhes em prata. Quando abri, dentro era veludo preto e tinha uma bailarina com um vestido preto. Dei corda e a bailarina começou a rodar ao som de uma musica linda. Era uma caixa de musica.

 Deixei a musica tocar enquanto lia o cartão.

Não esquecerei você. Nunca.

Fique bem.

Feliz aniversário.

Nico

 Só podia ser brincadeira. Quando me dei conta algumas lagrimas caiam de meus olhos. Ele se lembra de mim. Quer dizer... Ele não vai me esquecer. Do mesmo jeito que eu não esquecerei ele. Ele me pediu que eu ficasse bem, acho que ele não gostaria nada que eu ficasse trancada em meu chalé para o resto de minha vida. Mas por que ele fez aquilo então?

 Mesmo assim… Eu estava muito feliz. Com certeza esse foi o melhor aniversario, o melhor presente do dia. Deitei em minha cama e com um sorriso no rosto acabei dormindo com uma linda musica que me acalmava vindo de uma caixinha de musica.