Quando cheguei novamente há sede, o dia já havia amanhecido, e como eu já tinha imaginado, todos estavam em casa, provavelmente dormindo. Mas eu não disse que isso estava acontecendo, disse que eu achava que era isso o que estava acontecendo. Calma aí, eu já explico.

   A sede estava rodeada de latas de tinta, todas empilhadas. Se alguém imaginou que isso poderia ser uma boa barreira, como um muro quem sabe, errou feio.

   Uma única lata estava sozinha na calçada. Como qualquer pessoa com problemas mentais, resolvi dar um chutinho nela. O problema é que o meu chutinho saiu forte demais, batendo em uma pilha de outras latas. Como conseqüência, o lindo muro de latas desmoronou, fazendo com que muitas pessoas aparecessem no meio do escuro da manhã – sarcástico, não?

   Pois é, elas ficaram bem bravas.. Mas para minha sorte, Jack apareceu – ainda de pijama – no meio da rua, tranqüilizando o resto da cambada.

   - Quando você disse que chegava hoje mesmo, imaginei que seria um pouco mais tarde, querida. – disse ele esfregando o rosto.

   - Eu também pensei que seria assim.

   - Mas e ai, fez o que eu pedi?

   - Sim.

   - Algo saiu do controle?

   - Mais ou menos..

   - Como assim?

   - Então, eu cheguei lá procurando pelo tal Johnson. Ok, o achei, era um morador de rua. Mas o problema, é que ele percebeu que eu tinha segundas intenções, e tentou me matar.

   - Continue. – Jack passava a mão por sua barba rala, interessado na história.

   - Um homem ouviu meus gritos, e foi brigar com o cara. Ai o mendigo conseguiu convencer o cara de que eu era má, e tive que matar os dois.

   - Ah. Mas alguém viu a cena?

   - Não.

   - Legal. Só vai querer fazer esse serviço, mesmo?

   - Depende. Você vai me pagar se eu continuar fazendo trabalhos?

   - Sim.

   - Quanto?

   - Bastante.

   - Então ta, quem é o próximo?

   - Primeiro preciso te apresentar um amigo meu, precisarão fazer um trabalho juntos.

   - Ele já acordou?

   - Não, mas vou lá chamá-lo.

   - Ta..

   Jack entrou pela porta de uma casa. – não Mustend, pela janela! Idiota demais..  – Alguns minutos depois voltou, trazendo um garoto de mais ou menos a minha idade, vestindo coturnos, calça preta justa, e terno. Seus cabelos eram repicados um pouco abaixo da orelha, tingidos de vermelho, olhos de um tom muito bonito de verde com azul. Inteiramente bonito.

   - Mustend? O que você está fazendo aqui? – disse ele.