My Dear Devil escrita por ana_christie


Capítulo 2
Capítulo 2




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Meu cabelo inteiro caiu ao meu lado, e ao lado da cabeça dele. Minhas mãos estavam apoiadas sobre seu peito, e estávamos numa posição que... hmm eu poderia sentir todo o seu corpo..

...todo o seu corpo!

Os olhos dele estavam bem abertos (diria extremamente abertos), tão abertos que poderia até dar certa deformação ao seu belo rosto. Seus lábios estavam semi-abertos, e eu podia sentir sua respiração bater em mim.

E eu?

Eu já nem mais respirava!

Parecia que ele fazia isso por mim, pelo tamanho calor que surgia em meu rosto.

E kami-sama... era incrível olhar diretamente em seus olhos.

Aqueles olhos azuis cristalinos. Eu poderia até mesmo mergulhar neles...

Mas logo seus olhos voltaram ao normal, semicerrados.

- Sabe, eu poderia ficar assim a manhã inteira, mas eu tenho, infelizmente, outros assuntos para tratar -  não é que o maldito tinha que abrir a boca para estragar tudo!?

Mas realmente ele estava certo, porque eu não me levantava de cima dele!

Levanta, Usagi.. LEVANTA!!

Senti minhas bochechas arderem e finalmente consegui me levantar em dois tempos.

Mas eu precisava fugir dali! Não queria me encontrar com os olhos do miserável novamente.

Enquanto ele se levantava, dei três passos para a esquerda e tomei meu rumo correndo que nem um bicho assustado, deixando o besta do Chiba para trás.

Só que logo me dei conta... já havia passado da minha sala, o que me fez segurar meus passos, e minha respiração acelerada.

Dei meia volta.

Juro que tentei não erguer meu olhar... JURO MESMO!

Mas foi impossível! Do chão, lentamente, ergui meu olhar para frente, e lá estava ele.

Parado.

No mesmo lugar.

Tinha uma mão no bolso, e podia jurar que ele sorria de lado. Voltei rapidamente para baixo. Segurei minha respiração e meu coração, que batia aceleradamente em meu peito.

E voltei a andar na direção "dele", infelizmente.

Para “ajudar” em minha fuga, o miserável estava parado ao lado da porta. Da minha sala!!!!! Eu não podia acreditar.. era muuuuuuiiiittttaaaaa sorte num mesmo dia.

MESMO!

Apenas os meus passos eram ouvidos. Não me atrevi a olhá-lo. Não mesmo! Não daria esse gostinho a ele. Não demonstraria que eu estava nervosa!!

E por que raios eu estava nervosa?

Eu não sentia nada por ele! Bem, sentir, eu sentia. Sentia muuuuuuiiiiiitttaaa raiva dele! E se ele não fosse tão alto, eu o surrava agora mesmo, já que ele está sozinho sem aqueles inúteis dos amigos dele!

Parei a alguns passos dele.

Estávamos assim:

Eu aqui.

Ele logo ali.

E minha sala no meio da gente, entende?

- Ah, er... - falei sem jeito, já que estávamos em silêncio. - Minha sala – apontei com o dedo e dei um passo largo para frente, aproximando-me da porta.

Ergui meu braço e segurei a maçaneta, ficando de frente para porta... e de lado para ele.

Podia ver pelo canto dos olhos que ele continuava ali, apenas me fitando. Não falava nada, neca de pitibiriba. Nenhuma coisa...

Por que ele não ia embora?

Lentamente bati algumas vezes na porta, e evitei olhá-lo.

Silêncio.

Não podia ouvir ninguém do lado de dentro. Bati novamente, e senti minhas bochechas ficarem vermelhas. Teria errado a sala de novo?

- Todos os alu - ouvi a voz rouca dele surgir novamente.

 - Hã? - voltei para ele.

Erro! ERRO!!

Encontrei-me com seus olhos azuis perfeitos.

Ele apenas sorriu pela minha distração, e colocou o celular em seu bolso.

 - Todos os alunos estão no anfiteatro, você deveria ir para lá... - ele cruzou os braços e encostou-se na parede, fitando-me intensamente. - Mas se você preferir... podemos ir para outro lugar. Cancelo tudo que tenho para hoje, só por você.

Por causa de sua insinuação, abri meus olhos e pisquei várias vezes, dei um passo atrás e virei de costas para ele.

- Anfiteatro? - repeti, sem virar uma única vez para ele, e voltei a correr em direção ao local citado. - É a melhor opção! - e corri, corri tanto. Com medo do que aquela mente diabólica do Chiba poderia inventar.

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De fato.

A massa de alunos estava no anfiteatro, mas todos já estavam saindo em direção à suas respectivas salas. Avistei alguns alunos da minha sala e os segui silenciosamente. Meu coração batia forte em meu peito, extremamente forte, enquanto eu me lembrava do meu "momento" com o Chiba.

Ele era realmente uma desgraça que eu não queria encontrar em meu caminho novamente.

Definitivamente o que a maioria das garotas falam sobre ele é verdade... Chiba deixa você completamente sem fôlego!

Coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha. Precisava arrumar meus odangos! Mas no momento só depois do horário do lanche, que não via a hora que chegasse (apertei minha barriga). Já estava morrendo de fome!

Olhei para frente e percebi que já estava chegando perto de minha sala. Sorte minha que Chiba não estava mais lá.

Suspirei aliviada.

Espero não me encontrar mais com ele...

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O sinal da hora do lanche soou, e foi o melhor som que já ouvi em toda a minha vida!! Minha barriguinha agradece...

Peguei minha pastinha com lanche e caminhei para fora da sala. Andei lentamente em direção à saída do pátio, e percorri meu caminho de sempre em direção ao meu lugar especial!

Não. Eu não tinha amigos ali.

Preferia ficar sozinha, era melhor. Juro que tentei fazer amizade com alguns alunos no começo, mas acabei me sentindo mal na companhia deles. Pois praticamente todos agiam da mesma maneira que Chiba. Debochados, individualistas, etc, etc.

De longe vi a minha mesa perto de uma estrondosa árvore. Ao chegar ali, coloquei minha comida nela e sentei num banquinho. Inspirei o ar daquela manhã para dentro dos meus pulmões.

Ahhh que dia lindo!

Peguei meus cabelos e os separei, começando a fazer meus odangos lentamente. Fechei os olhos, sentindo o sono novamente chegar. Enrolei uma parte dos meus cabelos e prendi do lado da minha cabeça, peguei a parte restante e fiz o mesmo, colocando na posição do outro. E levantei minhas mãos, me espreguiçando.

Aaahhnnn que bom é se espreguiçar...

Foi então que uma sensação incômoda começou a me alarmar. Sabe aquela sensação de que alguém está te observando? Olhei para os lados, mas não havia ninguém.

Soltei a respiração novamente e dei de ombros para quem quer que fosse e comecei a comer minha comidinha.

É maravilhoso sentir o sabor da comida, é ótimo, especialmente se for mama quem faz. A comida parece entrar levemente dentro de mim, e assim o meu estômago para de reclamar.

Depois de algum tempo, e já satisfeita, eu descansei... apoiando minhas mãos no banco e jogando meu corpo um pouco para trás.

Naquele dia havia um belo sol. Seus raios batiam em meu corpo, e eu me sentia aquecer.

Fechei meus olhos.

Sem querer, aqueles olhos azuis voltaram à minha memória.

Abri meus olhos rapidamente.

De novo?

O que há comigo, que não paro de pensar nos olhos daquele infeliz?

Brr... voltei a sentir aquela mesma sensação de antes, meu corpo formigou. E certa ansiedade tomou conta de cada parte do meu corpo.

Olhei para os lados.

Dessa vez descobriria quem era o hentai que estava me observando!

Virei minha cabeça em direção aos prédios que estavam logo após a cerca de arame alta. E comecei a observar cada janela.

Até que finalmente me deparei com uma janela em especial. Alguém observava de lá.

Era ele novamente.

Abri meus olhos, surpresa.

O maldito estava encostado na janela, e parecia realmente sério enquanto me observava. Mas ele não estava só.

Seus outros quatro amigos também estavam lá, e fitavam-me com a mesma intensidade. Diferente dele, os outros tinham sorrisos que não me agradavam nem um pouco em seus lábios.

Eles se encontravam no 2º andar do prédio da parte do Ensino Superior, e pude reparar que um deles dirigia-se a Chiba. Pelo que entendi, era algo como "acho que agora ela nos notou.. " ou alguma coisa parecida. Os quatro novamente riram, e eu franzi meu cenho.

Hã?

Por acaso eles estavam tirando sarro de mim? Falavam de mim?

Pisquei algumas vezes com o cenho franzido. A melhor forma para isso era ignorá-los. Arrumei a minha pastinha ao mesmo tempo em que ouvi o sinal tocando para informar que havia sido finalizado o recreio.

Com a pasta fechada, olhei novamente para onde se encontravam, mas não estavam mais lá. Pareciam fantasmas, os miseráveis.

Corri de volta para a minha sala, tomando cuidado para não esbarrar em ninguém. Porque, depois de hoje de manhã... aff... não quero repetir.

Sentei em minha carteira e esperei o professor entrar. Algumas alunas conversavam sobre o quanto o dia estava horrível, pois Chiba não havia aparecido nenhuma vez nos corredores ou não havia espancado ninguém. As outras garotas apenas suspiraram tristes, e eu apenas revirei os olhos, irritada.

E depois dizem que isso era o futuro da nação!? Dá para acreditar? Eu fico pensando, será que existe algum cérebro numa pessoa desta? Pois, poxa! Ela consegue andar, falar... mas será que é só para isso que a massa encefálica dela funciona? Ficar triste por algo como isso não aparecer?? Argh..

- Abram seus livros na página 34 - o professor mal entrou e já começou a dar aula.

Olhei para o relógio de parede, e... faltava muuiiittto tempo para que a aula acabasse.

#####

Saí da sala lentamente, apertei mala em minhas mãos e sorri. Finalmente aquele terrível dia havia terminado. Passei pelo lotado corredor e fui em direção aos armários.

Parei no armário com o número 13 (número da sorte e dia do meu aniversário) abri e coloquei alguns livros que eu não iria utilizar. Tirei outra bolsa lá de dentro.

Olhei dentro da bolsa e confirmei... minhas sapatilhas estavam lá...

Hoje também voltavam as minhas aulas de balé! Fazia um bom tempo também que eu não dançava.

E eu amava o balé. Amo balé. Adoro dançar. Sentir o ritmo da música penetrar cada parte do meu corpo e a sensação de leveza surgir em cada músculo, pensando que voar seria possível.

A escola de balé é outro lugar mais requintado do qual participo. Só que, dessa vez, foi pelo meu próprio suor! A escola de balé que eu frequento é a melhor da cidade. E por anos tinha sonhado entrar. Mas para conseguir entrar ali foi muito difícil. Muitos anos de suor e dor em meu corpo.  Porém tudo valeu à pena. Pois agora faço parte dela.

Graças às aulas de balé não serem em BlackMoor, era um tanto longe de lá, mas, como meu horário seria em algumas horas, eu não tinha tanta pressa assim em chegar lá.

É claro que eu passaria fome (sem almoço... só com aquele lanchinho que eu tive de manhã) mas, pela dança, eu poderia deixar isso de lado.

Amo dançar.

Saí do prédio e caminhei lentamente pelo pátio, e sorria, pensando no bom dia que começaria agora.

Desci algumas escadas com meus pensamentos longe e olhei para o lado.

Estava passando pelo estacionamento, por aqueles carrões importados com vários e vários alunos mauricinhos com o som ligado ao máximo, e patricinhas com seus dentes brilhando, sentadas nos confortáveis bancos, mostrando suas joias e celulares caros para suas amigas.

Blé...

Não suportava isso... tanta hipocrisia.

Virei meus olhos para o lado e, despercebida, parei num outro carro. Não sabia qual era a marca, mas pelo modelo e estilo deveria ser o mais caro de todos que estavam estacionados ali.

Fiz um bico. Tava imaginando aqui que, se eu tivesse todo aquele dinheiro, poderia pagar todas as contas de mamãe e comprar uma casa melhor para ela. Poderia até mesmo mudar de escola e, bem, ir para qualquer lugar melhor que aqui.

Levantei meus olhos e parei no grupinho que estava ao lado.

E bem, não seria tão difícil adivinhar quem era o dono daquele carro.

Aquele besta estava ali. Com o seu grupo de amigos conversando. Havia (é claro) aquele outro grupo de garotas, todas babando enquanto "admiravam" os cinco rapazes, mas todas se dirigiam a "ele".

Eu penso... que desperdício de tempo. O que as levariam a ficarem todas ali, quase caindo aos pés de Chiba? Não percebiam que isso apenas o estragava mais? Ajudava-o a ser essa odiosa pessoa?

Balancei minha cabeça.

Meus olhos pararam onde ele estava.

Novamente ele já estava com o casaco aberto mostrando um pouco do seu peitoral. Deslizei meus olhos pelo belo pescoço e percebi uma corrente prateada.

Uma mexa de seu cabelo estava novamente na frente de seus olhos azuis, e seus lábios sorriam para aquelas garotas. Mordi os meus.

Ele é ridículo...

Hmmm... apesar da minha distância aqui... pude ver que ele tem um pequeno brinco prateado em sua orelha esquerda.

Diria até que combinava com ele...

E, por um minuto, achei que ele sentiu meu olhar, pois seus olhos se levantaram rapidamente, encontrando-se com meus. Olhou-me diretamente. E vi seu sorriso morrer em seus lábios.

Rapidamente voltei para frente.

Por Deus do Céu...

Que susto!

Sabia que o olhar dele estava em mim agora, pois sentia meu corpo pesado, como se houvesse enormes pesos nas minhas costas empurrando-me contra o chão.

O que o maldito estava olhando, afinal? Ele esperava que eu fosse correndo em sua direção e me atirasse em seus pés também? Ou talvez alguém estivesse ao meu lado.

Vaguei com meus olhos para os lados e, não, ninguém. Voltei para frente. Eu não ia olhá-lo!!

Vi a salvação à minha frente: O portão de saída.

Abaixei minha cabeça e comecei a atravessar o portão.

Não o olhe... não o olhe..

Levantei os olhos rapidinho para frente..

Não o olhe... não o olhe!!!

Olhei lentamente para o meu lado, me encontrando novamente com ele...

SUA BAKA!! EU FALEI PARA NÃO OLHAR!!

Kami-sama...

Ele pareceu surpreso quando nos encontramos. Mas foi questões de segundos até eu sair do colégio e me apoiar em seu muro.

OH Deus... oh Deus... OH DEUS!

Meu coração batia rápido... minhas pernas amoleceram...

Por Deus do Céu!!!!

O QUE FORA ISSO?

Meu coração se acelerara muito!!!

Por que ele tava agindo assim? Eu não gostava dele!

NUNCA!

Talvez eu estivesse um pouco "emocionada" por ele me dirigir atenção assim...

Mas... ERA SÓ ISSO!!!

Eu o odiava com todo meu coração, e isso nunca ia mudar!

Uaah...

Pisquei várias vezes

Meu... Deus...

Calma, coração... calma...

Continua


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