“Quer brincar de esconder?” a voz de Grissom já não era tão normal, falava devagar, sonolento, a qualquer momento desmaiaria desono.

“Vai se esconder filho, vai. Papai vai contar até 5.”

O menino adorava brincar de esconder, sempre se empolgava procurando a mãe e se escondendo do pai. As perninhas curtas se apressaram em correr enquanto Grissom baixou a cabeça deitado no tapete da sala e começou.

“1.....2...........3...................4.......................”

Esgotado Grissom cochilou com o rosto no tapete da sala.

O bip do despertador alarmou anunciando 7 da manhã. Grissom tentou se mexer e a dor atingiu todo seu corpo. Desorientado ele se sentou. Estava no chão da sala.

“O que eu estou fazendo aqui?” “Sara?” chamou. “Sara! Não está!”

Uma espécie de pânico o atingiu com o segundo pensamento.

“Gil? Filho?”

Num sobressalto ergueu-se a procura do garoto. O quarto estava vazio mas viu uma pequena cadeira na porta do armário indicando que o garoto tentou pegar o carro. Nada também no banheiro ou no quarto do casal. O desespero quis invadir seu peito mas ele se recusava a ceder espaço para ele.

“Calma Grissom, você era chefe da pericia de Las Vegas, um dos melhores cientista e entomologista do país.”

Na cozinha o cadeirão estava da mesma forma que havia deixado depois da ligação de Sara.

“Sara! Ele deve estar chegando. Que horas são? Deus ela chega em 15 minutos.”

Procurou em baixo das camas, dentro dos armários e até abriu a tampa do sanitário três vezes “Só por precaução” pensava ele.

“Pare e pense Gilbert Arthur Grissom! O que você faria numa investigação?”

Ah! Mas nunca a investigação era sobre onde estava seu filho pequeno de três aninhos que não conseguia dormir com saudade da mãe.
Ouviu a porta da garagem abrir e um carro se movimentar para dentro dela.
O chão se abriu sob seus pés.

Como explicaria para a esposa que não sabia onde estava o filho? De uma vez só perdera o filho e a esposa. Caminhou de um lado para o outro na sala. Teria que encarar de frente, já estava com o celular na mão pronto para comunicar o desaparecimento à policia e a chamar Catherine e os amigos para trabalharem no caso. Isso se não estivesse morto, por que era provável que Sara o matasse.
Sentou na ponta do sofá e baixou a cabeça rendendo-se ao desespero levando as mãos à cabeça. Uma lagrima rolou de seus olhos antes dele fechá-los para impedir que outras viessem. Seu filho. Seu garotinho que estava sob seus cuidados. Apenas uma noite, somente a primeira e já cometera o maior de todos os erros. Um erro que podia custar a vida de...

“Não! Isso não pode estar acontecendo!”

A porta se abriu e uma voz eufórica gritou:

“Bom diaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!!”

Grissom não ousou sequer levantar a cabeça para encarar a esposa.

“Bom diaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!!”


“MAMAAAAAAAAAAAAAÃE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!” Gritou o garotinho correndo e saltando para os braços de Sara com a mesma alegria.

“Onde esse garoto se escondeu?” Pensou surpreso.

A voz do filho o assustou e ele se levantou para ver se era só imaginação. Qual foi seu alivio ao ver o pequeno Gil agarrado ao pescoço de Sara que também segurava uma sacola com o que deveria ser o café da manhã. Secou rapidamente a lagrima marota e foi se juntar aos dois feliz da vida.

“Bom dia meus amores! Como passaram a noite?”

“Mama eu tomei o chuquinho, coloquei o papai pla dormi e cuidei dele com o au-au.”

“Meu Deus! Eu não acredito nisso. E como você fez isso?”

“Achim ó” colocou a mãozinha no rosto de Grissom e acariciou devagar.

Dessa vez Grissom não fechou os olhos para deter a lagrima que caiu, por que agora era de pura alegria e amor, um amor extraordinário que sentia pela sua família: Sara Sidle Grissom e Gilbert Sidle Grissom.

“Griss, amor você está bem?”

“Chola naum papai”

“Papai não esta chorando meu amor, agora que tal deixar o papai dar um abraço na mamãe também?”

O menino foi para o chão indo na direção da casinha de Hank. Grissom fechou a porta e abraçou a esposa demoradamente, beijou-a intensamente como se fizesse dias, meses, anos que não fazia isso.

“Sabe o que eu gostaria de fazer com você agora?” ele perguntou.

“Não” ela fingiu inocência.

“Tirar sua roupa, tomar um banho quentinho, te colocar na cama e...” Olhou na direção do garoto sonolento ao lado de Hank.

“Fala.”

“...Dormir o dia inteiro.”

Sara sorriu espontaneamente da sinceridade expressa naquela frase. Com certeza o filho não dera espaço para o pai dormir um pouco, sentiu dó dele mas sabia o que fazer.

“Vem. Sei como realizar o seu desejo.”



The End.