O Death. escrita por BohMalfoy


Capítulo 3
Capitulo dois – Cold hands.




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Pingando. Alguma coisa estava pingando. Um dos enfermeiros levantou-se rapidamente para verificar se havia alguma torneira aberta próximo dali. Sonolento, com passos arrastados. Foi rumando até os banheiros. Nenhuma torneira. Nenhum chuveiro. Nada. Bufou e esfregou os olhos. O barulho ainda continuava.

Eram exatamente três e meia da madrugada, e, como não encontrara a goteira, resolvera ir até a cozinha, furtar algo da geladeira. Ao chegar à cozinha não fez nem esforço para abafar os gritos. O corpo da copeira estava mutilado em cima da mesa. A cabeça perdurada logo a cima da geladeira. Sangue manchava as paredes brancas. Poças enormes de sangue ao chão. E sangue continuava pingando da cabeça dela. Achamos nossa goteira.

...

A polícia cercava todo o hospital. A polícia transitava por todo o hospital. Annabeth bufou irritada. Hoje, dada as circunstâncias, ela provavelmente nem sairia daquele quarto. A trinca de sua porta começou a mexer-se. Annabeth ficou nervosa. E se o assassino da copeira ainda estivesse no hospital? Ali não era mais seguro. Dr. Jackson passou pela porta de seu quarto.

– Annabeth. – Falou olhando para a garota. – Hoje estou consultando as pacientes em seus quartos. Os policias não querem deixá-las saírem.

– Por quê? – Ela sentou-se em cima da cama. – Eles acham que alguma paciente matou a copeira? – Ela riu. – Estamos sempre trancadas.

– Também acho tolice. Mas eles as acham... Perigosas. – Ele mediu bem as palavras. Annabeth notara isso.

– Loucas. Sejamos francos. Eles têm medo de nós porque nos consideram loucas. – Ela olhou para o teto. – Não gosto deles aqui. Se eu já me sentia presa sem eles...

– Compreensível. A propósito, alguma lembrança? Os remédios... Alguma melhora? – Ele agora analisava uma prancheta.

– Não. Na verdade... – Ela hesitou. Agora encarava o chão. – Eu me lembro de uma boneca... Eu acho que amava aquela boneca quando era menor... Mas alguém arrancou a cabeça dela fora... Provavelmente um irmão mais velho implicante... Não sei.

– Como era a boneca? – Ele anotava algo na prancheta.

– Linda. – Ela sorriu. – Tinha tranças perfeitas, eu não deixava ninguém encostar um dedo nos cabelos dela. – A garota encarou o doutor. – Certo... Agora você deve achar que sou louca mesmo. Tudo que eu lembro é de uma boneca.

– Não! Alguns processos são bem lentos. Você está indo bem. Muito bem até. – Ele sorriu. Ela correspondeu.

– Ah sim! Tem outra coisa. – Ela corou.

– O que? – Ele riu baixinho ao ver a atitude dela.

– Eu amo sorvete de baunilha... – Ela ainda estava corada. – E, eu acho que amanhã é o meu aniversário... Então... Se você sentiu a indireta... – Ele riu alto.

– Eu vou ver o que posso fazer por você Annabeth. – Ele agora ia em direção a porta. – Tente não morrer de tédio aqui está bem?

– Vou tentar. Mas não sou boa com isso... Talvez algum herói acabe vindo me salvar da morte entediante...

– Você é cheia de indiretas.

– Você também é um bom observador. – Ela sorriu. Ele deu uma ultima olhadela e deixou o quarto. Ela deitou-se na cama já começando a ficar entediada.

...

O Dr. Jackson agora entrava no quarto de sua outra paciente. A mesma parecia muito perturbada hoje, e, na maioria das vezes, ela costuma ser bem calma. Estava encolhida. Estava amedrontada. Percy aproximou-se.

– O que aconteceu, Silena? – Ela levantou a cabeça para encará-lo. Medo em seus olhos.

– Eu vi, Dr. Jackson. – Ela tentava não chorar. – Eu vi quando a morte veio... Eu vi! – A garota tremia.

Percy tentou não mostrar a decepção que sentiu. Ela estava indo tão bem... Provavelmente tivera uma recaída. As alucinações devem ter começado a aparecer novamente. Sempre acontecia. Ele agachou-se para ficar perto dela.

– Não... Silena... Foi só uma alucinação... – Tentou acalmar a garota. Ela só desesperou-se mais ainda.

– Então me diga! Diga-me como uma alucinação pode ter levado a copeira!

– Está dizendo que viu o assassino? – Percy parecia chocado agora.

– Você não escutou o que eu disse? – A garota estava atordoada. – Eu vi a morte vir. Ela era sombria. Ela fez o tempo parar. E em seus olhos... Apenas escuridão. E sangue. – A pobre garota olhava para lugar nenhum, estava perdida em seus próprios medos. – Ela estava com fome. Ela estava com sede. Ela passou tão rápido. Tudo ficou tão frio... Minhas mãos... Minhas mãos ficaram frias...

– Silena... Fique calma. – Ele tentou tranquilizá-la.

– Não! Não! – Ela gritava. – Você não percebe? Você não vê? Ela está entre nós. A morte está nos vigiando. Espreita e sorrateira. Ela quer sangue!

– Você está segura aqui, nada pode te atingir. Você está segura. Silena! Não tem ninguém te vigiando. Silena...

– Nenhum lugar é seguro. Despertaram-na. Nenhum lugar é seguro agora. – Percy, já com certa pena, aplicou uma dose de calmante na garota. Doía-lhe na alma ver uma paciente assim, tão mal. – Você sabe disso. Você sabe que não minto. – Falou pouco antes de adormecer.

...

Mãos frias arrancaram a pequena boneca de seus braços. Mãos frias a envolveram e a levaram para longe. Mãos frias arrancaram a cabeça de sua boneca. A garotinha chorava. Mas não podia fazer nada. O que estava feito, estava feito. E a vida pode ser bem cruel.

Annabeth foi interrompida de suas lembranças, na verdade única lembrança, quando o Dr. Jackson entrou no seu quarto. Ela sorriu. Ele era um verdadeiro herói.

– Não se anime muito. Ainda tem alguns policiais rondando por aí. Não vão deixar uma paciente sair. – Annabeth abaixou a cabeça. – Mas... Deixarão uma médica. – Ele estendeu algumas roupas para ela. – Troque-se logo, sim? – Ela pulou da cama animada, indo trancar-se no banheiro.

Segundos depois estavam na esquina, em uma pequena sorveteria que tinha ali. A garota tomava seu sorvete de baunilha e ele tomava de chocolate. As pessoas que passavam perto nunca suspeitariam que ela era uma paciente internada em um hospital para doentes mentais. Mas ele tinha que afirmar, ela era totalmente normal aos olhos dele, só lhe faltavam as memórias.

– Eu não deveria ter feito isso. – Ele falou. – Acho que estou ficando maluco. Acobertar a fuga de um paciente.

– Acho que esse ato deve ser chamado de gentileza, não loucura. – Ela olhou para ele. – Sério, muito obrigada. Eu estava ficando realmente maluca trancada naquele quarto.

– Eu sei disso. Acredite ou não, eu também tenho que te agradecer.

– Por quê? – Ela sorriu.

– Eu também estava ficando maluco naquele trabalho. Eu também precisava dar uma escapada. – Annabeth assentiu. – Mas agora... Temos que voltar. – Ele afirmou e ela gemeu de desaprovação.

- Não temos não.

– Temos que voltar Annabeth.

– Por favor, Dr. Jackson.

– Percy. – Ele falou e ela arqueou uma sobrancelha. – Aqui fora não sou seu médico. Pode me chamar de Percy.

– Por favor, Percy. – A loira fez biquinho.

– Ok, só mais cinco minutos. – Ele cedeu. Ela sorriu. Ele sorriu.

...

A garota Silena não conseguiu dormir de noite. Tudo estava tão escuro, tão frio... Então, ela sentiu. Sentiu que naquele instante o tempo parou. Sentiu que ela estava vindo. Mãos frias acariciaram seus cabelos. Mãos frias a envolveram.

– O meu nome é morte e chegou o fim. – A voz doce falou. Silena não sentiu mais nada.


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Notas finais do capítulo

E então? :D