O dia, felizmente, passou voando. Eu não aguentava mais ouvir aqueles professores chatos falando. Eu não entendia nada, por mais que eu tentasse, nada entrava na minha mente. Parecia que eles falavam em uma língua desconhecida por mim. E pra melhorar, ainda tinha a Nicole falando do carinha que ela tinha ficado, o tal do Jason. E eu era obrigada a fingir interesse.

Graças a Deus, a semana também havia passado voando. E a sexta-feira havia chegado. O que significa que eu tinha um encontro com o Ryan. Depois de termos ficado, na segunda-feira, a gente se falou algumas outras vezes durante a semana, ok, pra falar a verdade, nos falávamos quase todos os dias.

*FlashBack on*

Quarta-Feira.

“Droga, droga, droga. Esse professor não para de falar não?” – pensei.

Aula de história, com o professor mais chato de todos, Brad, ou melhor, Mr. Willson. Ele era simplesmente tedioso. A voz dele era tediosa. A matéria era tediosa. Não aguentava mais ouvir ele falar sobre A crise geral do Feudalismo, eu lá iria querer saber sobre o declínio do modo de produção Feudal e seus vários aspectos? Gente, isso não vai mudar nada na minha vida! Já era a última aula, mas a hora parecia se rastejar.

Olhei no meu relógio de pulso, 02:59:60PM. O sinal iria bater em exatamente 40 segundos, eu já podia ouvir os sinos tocando e todos cantando ‘ALELUIA’. Ri com meu pensamento, e o professor me encarou. Ah, esqueci de dizer que ele não admite risos ou algo do tipo nas aulas dele, e se o mesmo acontecer, ou ele expulsa da aula, ou passa um trabalho escrito à mão de 10 páginas. Ridículo.

O sinal tocou e eu dei um pulo na cadeira, guardei meu material na bolsa o mais rápido possível, queria chegar logo em casa, tomar um banho, colocar uma roupa bem quentinha e ir assistir meus desenhos. Sim, meus desenhos, algum problema? Eu amo desenhos, principalmente, Bob Esponja. Ok, isso não vem ao caso. A coisa é que eu não aguento mais escola. E olha que o ano letivo começou há pouco tempo.

Saí correndo da sala, nem me despedi da Nicole e do Christian. Eles não iriam ficar chateados com isso, bem, eu acho que não. Eles teriam de entender, né? Eu estava cansada. Falando assim até parece que eu faço muita coisa. Mas é que ultimamente eu tenho ficado muito cansada. Talvez seja mais emocionalmente, mentalmente do que fisicamente.

- Julie! – ouvi me chamarem enquanto guardava meus livros no meu armário. Já estava prentes a fecha-lo. Olhei para trás e percebi que era o Ryan. Ele estampava um sorriso lindo no rosto, como sempre. Esse garoto está sempre feliz, ou o que?

- Oi, Ryan! – dei um beijo na sua bochecha e ele fez o mesmo. – E aí?

Nós sempre nos falávamos no almoço, quase nunca na hora da saída. O que ele iria querer comigo há essa hora? Seja lá o que for, que seja breve. Quero ir pra casa, ok, isso soa um tanto estúpido da minha parte.

- É que... hm....eu. – ele passava a mão pelo cabelo, o bagunçando. Ele estava totalmente nervoso, o que era um tanto fofo. Quer dizer, dependendo do que ele queria falar.

- Ei, você tá nervoso? – perguntei sorrindo.

- É, quer dizer, mais ou menos. – ele respondeu com as mãos ainda nos cabelos.

- Calma, seja lá o que você vai falar, fica calmo.

- Quersaircomigonasextafeiraanoite ? – ele perguntou tudo junto, o que fez com que ficasse um tanto embolado, e eu não entendesse nada. Fiz uma cara de confusa como se pedisse pra ele falar novamente, mais devagar. – Ér, que sair comigo na sexta-feira a noite?

Wow, ele queria sair comigo. E ele estava nervoso por causa disso? Que fofo!

- Claro, por que não? – falei sorridente, e ele sorriu, como se parecesse mais tranquilo.

- Ah, então tá! Te pego às oito horas, tá bom?

- Está ótimo! Então, agora eu tenho que ir. – falei apontado para o portão.

- Ah sim. Agora eu tenho treino, se não eu te acompanharia. Mas então tá bom, até amanhã. Te cuida. – ele me deu um abraço e um beijo no canto da boca, o que me fez sorrir automaticamente.

- Tchau, até!

       *FlashBack off*

Confesso, eu estava animada para o encontro, não estava nervosa, mas estava bastante animada. O Ryan era muito divertido, ele me fazia bem, e definitivamente, me fazia esquecer o nojento do Justin. Ou seja, ele era uma ótima companhia.

Falando no Justin, se eu o vi uma vez essa semana, foi muito. A Pattie eu também não vi, ela viajou pra Stratford, pra casa dos avós do Justin. E não vou vê-la até depois do Ano Novo. Já que eles vão passar o natal em Stratford, e depois o ano novo em NY. E eu vou ficar aqui, em Atlanta, com a minha mãe, o Carlos e o Enrique, e só. Ah, e possivelmente, a Isabella. Acho que vai ser legal, vai ser diferente dos outros anos, já que eu sempre passo o natal com meu pai, e o Ano Novo com a minha mãe em algum restaurante. Parece que era chato, certo? Mas não, era bem legal.

Olhei o relógio perto da cabeceira da cama e vi que já eram seis horas da tarde. O Ryan iria me pegar às oito horas, e eu não tinha ideia pra onde iríamos. Não sei se iríamos jantar, se iríamos ao cinema, ou ao Starbucks tomar um café, ou algo do tipo.

“Melhor eu começar a me arrumar logo.” – pensei; Fui em direção ao banheiro com minha toalha no ombro direito.

Me despi e logo entrei no chuveiro, a água quente me fez sentir um arrepio, como se fosse um choque térmico, talvez pelo fato do meu corpo estar frio. O tempo estava definitivamente frio. Depois de uns 10 minutos no banho, eu me enxuguei e me enrolei na toalha, indo em direção ao closet para escolher alguma roupa.

O fato de eu não saber onde iríamos não ajudava, certo. E esse tempo também não. O que eu iria vestir? E se eu me enchesse de roupas e fossemos pra um restaurante? E se eu colocasse um vestido com uma meia calça e fossemos para o cinema, que já é frio demais?

Por fim, peguei uma roupa básica que servia pra qualquer situação, pelo menos eu acho, né? http://www.polyvore.com/cgi/set?.locale=pt-br&id=56054257 Espero que esteja bom o suficiente. Deixei meu cabelo solto e passei uma maquiagem básica. Olhei no relógio e me assustei, a hora havia passado rápido demais. Se o Ryan for pontual, em 5 minutos ele irá tocar a campainha. Apaguei as luzes do quarto e desci, minha mãe estava na sala conversando com o Enrique, como sempre.

- Oi, mãe. – falei ao me aproximar deles. – Oi, Rick.

- Olá, Julie. – eles disseram em quase um coral, o que nos fez rir.

- Então, daqui a pouco o Ryan vai chegar, tá? Eu não sei se a gente vai demorar. – me sentei no braço do sofá.

- Tudo bem. – ela respondeu sorrindo.

Eles ficaram conversando sobre algo que eu não tinha noção do que era, talvez da empresa, enfim, não sabia mesmo o que era. Logo ouvi a campainha, me despedi deles e fui atender o Ryan.

- Ei! – falei sorrindo ao abrir a porta. Ele estava lindo, sério. Ele vestia calças jeans largas, supras e uma blusa azul com alguma estampa. Ele se vestia realmente bem.

- Você está linda. – ele disse grudando nossos lábios. Me fazendo sorrir. Ao nos separarmos, ele passou os braços pelas minhas costas.

- Você até que está bonito. – falei debochada, e rimos.

- Nossa, obrigado, viu?

- Por nada.  - nós rimos. - Ei, quer entrar?

- Pode ser.

Entramos rapidamente, e o apresentei a minha mãe, e ao Enrique. Parece que minha mãe gostou dele, ela não parava de olha-lo, como se estivesse o analisando. Saímos dali em alguns minutos. Entramos no carro do Ryan, e ele deu partida.

- Então, aonde vamos?- perguntei me virando para o seu lado. E ele sorriu me encarando.

- Estava pensando em irmos ao cinema, e depois comermos uma pizza. O que acha?

- Acho ótimo.

Não demorou muito pra chegarmos ao cinema. Ele era grande, havia bastante gente. Na maioria, grupos de amigos e casais de namorados. Todos pareciam estar se divertido.

- Que filme nós vamos ver? – perguntei. Nossas mãos estavam entrelaçadas, como se namorássemos.

- Não sei. – ele deu uma risada gostosa, me fazendo rir.

Acabou que nós fomos assistir Alvin e os Esquilos 3. Eu adoro! O Ryan ficava fazendo umas piadinhas o que tornava tudo mais engraçado. Depois de vermos o filme, fomos até uma pizzaria. Sentamos em uma mesa enquanto esperávamos o pedido.

- Gostou do filme? – ele perguntou puxando assunto.

- Sim, adorei! Eu adoro Alvin e os Esquilos. – falei rindo e ele riu.

- É, eu também. – ele falou sem graça. – Ju, eu queria falar uma coisa com você, mas não faço ideia de como começar.

- Que tal pelo começo? – perguntei como se fosse obvio, e ele riu.

- Boba. É que, bem, eu sei que faz muito pouco tempo que a gente se conhece. – assenti. – Mas eu estou gostando de você, não sei se você também, mas...

- Eu também gosto de você. – falei, o acalmando. Ele parecia estar mais nervoso do que quando me chamou pra sair.

- Eu sei, mas eu acho que é diferente.

- Ah sim. – respondi. Finalmente, entendi. Como eu sou lerda! Ele gostava de mim mais do que amigo. – Eu também gosto de você, como eu disse, e é muito. Mas não sei se é tanto como você.

- Entendo. Mas a coisa é o seguinte, quer namorar comigo?

- O que? Nossa, Ryan! Essa você me pegou de surpresa. Eu... Eu...

- Ei, calma. É só dizer sim, ou não. Ju, a gente se dá tão bem, certo? – assenti, sem adicionar nada, e ele continuou. – Então. Pode dar certo, eu realmente gosto de você, e quero que você seja só minha, minha namorada.

Fiquei sem palavras, o “quero que você seja só minha” rodava na minha mente. Fofo, fofo, fofo demais. Ryan Butler estava me pedindo em namoro e eu nem sabia o que responder. Quer dizer, pode dar certo, não é? Não custa nada tentar.

- Sim, sim e sim. – respondi sorrindo. – Pode dar certo, vamos tentar, não temos nada a perder, certo?

- Certíssimo!!! – ele disse animado.

Logo senti nossos lábios sendo colados, sua língua pedia passagem e eu logo cedi. O beijo ia acelerando, mas daí fomos interrompidos pelo garçom que trazia a nossa pizza.

- Obrigada. – sorri envergonhada, enquanto o garçom deixava a pizza na mesa e saía. – Que vergonha! – comentei com o Ryan, e o ouvi rir.

- Que nada, linda. – ele disse dando um beijo molhado na minha bochecha, provavelmente, eu estava mais que vermelha. – Eu já disse que você vermelha, fica mais fofa ainda, né?

- Já. – respondi rindo.

Terminamos de comer e ele me levou para casa. No caminho, ficamos cantando todas as músicas que tocavam na rádio.

- Chegamos. – falei olhando pra minha casa, e voltando a olhá-lo.

- Pois é. – ele fez um biquinho.

- Aw, não faz isso.

- Por quê? – ele perguntou rindo.

- Por que me dá vontade de te morder.

- E por que não morde? – ele ainda estava rindo, e eu dei um tapa no seu ombro.

- Bobo.

- Nossa, doeu, tá?

- Desculpa.

- Não desculpo, não.

- Ah, é? Então tchau. – me virei abrindo a porta do carro e ele puxou meu braço.

- Bobinha. – ele disse me puxando para junto de si. E eu dei língua para ele.

- Ryan, eu tenho que ir. Minha mãe deve estar nos vigiando da janela. – ele riu. Minha mãe sempre faz isso quando eu saio com algum garoto, algo que não é muito comum, por que né. No Brasil, como eu já disse, os garotos não falavam muito comigo.

Ele selou nossos lábios. Iniciamos um beijo calmo, e senti ele colocar a mão na minha cintura, nos juntando mais ainda. Logo partimos o beijo pela falta de ar.

- Tenho que ir mesmo. – fiz uma cara triste, e ele passou os dedos pela minha bochecha. Me fez lembrar o idiota, filho da puta e estúpido do Justin. Droga.

- Tá bom, então. Até amanhã, namorada. – ele falou dando ênfase ao namorada.

- Até amanhã, namorado. – fiz o mesmo que ele, e rimos.

- Boa noite, anjo. – ele me deu um selinho novamente. E eu saí do carro.

- Boa noite. – falei fechando a porta.

Distanciei-me do carro, e ao abrir a porta de casa, pude ver o carro dele sumir na rua. Ao lembrar dele me chamando de ‘namorada’, me fez sorrir como uma boba. Estou gostando do Ryan!