- Isso é pequeno! - ela mais uma vez estava certa em relação ao lugar - Você pagou dois quarto, certo?

- Cala a boca! - revirei os olhos entrando no quarto que parecia mais um ovo. Deixei espaço pra pequena entrar.

- Tem banheiro aqui? - perguntou.

Olhei pra ela com um olhar sarcástico.

- Não. Aquilo ali não é um banheiro. - apontei pra uma porta próxima que tinha uma placa com um desenho de um pequeno boneco no vaso - Aquilo é uma sala de videogame.

- Nossa, você esta com o senso de humor lá em cima. - aquele bico de novo me atormentando.

- E você com seu grau de chatice aumentando a cada segundo. - fiz uma careta.

Depois da nossa pequena discussão que já havia se tornado diário, tomamos um banho que precisávamos. Lindsey ficou quase uma hora tomando banho, ela sempre demorava e sempre saia com sabão em algum lugar daquele corpinho magricela. Ela ainda era pequena, não tanto, mas estava naquela idade, sabe que as crianças precisam dos adultos pra tudo. Mas pro azar dela, eu não era aquele tipo de adulto que gostava muito das frescurinhas de estar perto de uma criança e fazendo tudo pra que ela se torne frágil e mimada.

Se Lindsey estava em minhas mãos. Então ela deveria se virar sozinha e ponto.

Terminei de passar a toalha no cabelo, me olhei no espelho vendo a roupa que eu comprara mais cedo na loja do restaurante.

- Vou te deixar aqui! - gritei ao sorri pro espelho - Estou com fome.

- Espera honey. - ela gritou do banheiro - Acabei.

Tive que esperar mais alguns poucos minutos. E quando ela saiu do banheiro me assustei.

- O que é isso?

- Minha roupa! - ela sorriu.

- Isso não é uma roupa, e sim... - cocei a cabeça e suspirei. A menina estava com uma blusa de alça colorida e uma saia de prega, meia na altura dos joelhos azul e uma bota vermelha. Não duvidava que aquilo fosse obra de Cath - Deixa esta linda.

- Que bom que gostou. - ela se aproximou pegando em minha mão. Na hora a repulsa me fez franzi a testa, mas deixei que sua mão ficasse na minha. O que foi estranho.

Ao chegarmos ao restaurante deixei Lindsey sentada enquanto eu ia fazer os pedidos.

- Qual o seu nome senhorita? - a moça me perguntou enquanto terminava de anotar meus pedidos.

- sara. - dei uma olhada pra menina loirinha que brincava com uma embalagem de mostarda.

- Sara Sidle? - me virei pra mulher de cabelos ruivos que me encarou.

- Sim... - franzi a testa - Como... Como sabe?

- Ah. - ela sorriu - Achei que não chegaria. - ela deu uma pausa rápida - Gilbert Grissom me mandou lhe avisar que não deu pra te esperar aqui e ainda esta com a sua mala.

- Grissom? - sorri - Serio?

- Bom. - a moça estava achando aquilo legal - Ele disse que como teria que resolver alguma coisa na próxima cidade, então ele te esperara por lá no primeiro posto, onde tem um restaurante e um hotel, igual a esse!

Balancei a cabeça. Ele não se esquecera de mim e muito menos da minha mala e agora estava me esperando na outra cidade.

Olhei pra mulher ruiva que tinha se virado pra pegar meu pedido e antes que eu pudesse agradecer ela me entregou a bandeja com um sorriso estampado no rosto e chamando a pessoa atrás de mim pra continuar com seu trabalho.

Coloquei nossa janta em cima da mesa.

- Que cara de boco é essa? - ela abafava o riso enquanto colocava sal na sua batata frita.

- Meu rosto esta normal! - a encarei - Ok. Ok Gilbert não se esqueceu de mim! - sorri.

- Que bom né. - ela deu de ombros e eu sorri, porque ela como eu não se importava com as outras pessoas ou com o que elas desejavam.

Lindsey acabou de comer primeiro que eu e seus olhos mostravam que estava tão cansada quanto eu.

Fiquei de pé, paguei a nossa comida e a cutuquei chamando-a pra ir pro quarto.

Enquanto andávamos em direção ao nosso "hotel" Lindsey parou olhando pra loja onde eu estava mais cedo.

- Vamos. - a chamei.

- Sara! - ela me chamou, sem me olhar.

- O que? - me virei pra ela.

- Compra aquilo pra mim? - ela apontou pra um pequeno objeto onde tinha duas bonecas no balanço rindo, a boneca da esquerda tinha os cabelos negros e preso em um rabo de cavalo, era bem visto que aquela talvez fosse a mãe, pelo tamanho. Logo ao seu lado a outra bonequinha menor de cabelos mais claros, os olhos fechados e com um sorriso incrível segurava a mão da mulher.

- Lindsey, hoje não.

- Por quê? Não deve ser caro. - ela choramingou.

- Hoje não! - falei mais firme, pegando seu bracinho e a levando pro quarto.

A loirinha estava quase dormindo ali em pé no meio do quartinho. E eu, pensava mais uma vez.

- Eu quero dormir. - seus olhinhos estavam fechados.

- Legal. Eu também.

- Eu queria tanto aquelas bonequinhas.

- E eu queria tanto, tantas coisas. Principalmente que você calasse essa boca! - a encarei e pude ver uma lagrima cintilante em seu rostinho.

Virei o rosto. Ignorei aquilo ao máximo. Pensei.

Só tinha uma cama, o quarto era pequeno... Ergui o rosto, eu tinha uma ideia.

- Pronto. - levantei da cama pegando algumas cobertas.

- O que? - ela arregalou os olhos cansados.

- Você vai dormir nesse sofá ai que é pequeno e eu na cama. - sorri pela minha ideia magnífica.

- Não! - ela protestava - A cama é de casal!

- Eu preciso de espaço. - peguei um travesseiro e entreguei a ela.

Quando pulei na cama ainda consegui vê-la ajeitando o travesseiro e abrindo a coberta por inteiro.

- Apague a luz. - cobri o meu rosto e nada mais vi.

Um barulho alto me assustou.

Rapidamente me levantei e olhei ao redor. Lindsey?!

- Aii. - um gemido do outro lado da cama. Olhei desconfiada.

A menina estava jogada no chão enrolada no coberto que eu havia entregado a ela na noite que se passou.

- O que esta fazendo ai? - franzi o cenho.

- Desculpa. - ela me olhou, seus olhos marejavam - Eu só queria deitar um pouquinho ai.

- Você estava deitada aqui? - minha voz subiu algumas oitavas.

- Só agora tia. - ela baixou o olhar.

Grunhi baixo e fiquei de pé. Eu não conseguiria mais dormir, sabendo que na hora de acordar, talvez um peste estaria me encarando.

- Pra onde vai? - ela perguntou já sentada na cama.

- Vamos embora. - fui ao banheiro - arrume suas coisas agora.

Quando sai do banheiro ela já estava arrumada e segurando sua pequena mochila, mas tinha um problema. A loirinha chorava.

- Por. Que. Esta. Chorando? - tive que parar e a olhar.

- Você - ela enxugava as lagrimas -, nunca compra nada que eu peço.

- Você só pediu ontem! - dei de ombros indo pegar minha nécessaire que comprei no dia anterior.

- Não! Desde que minha mãe me deixou com você.

- Mentira!

- Verdade. - quando a olhei ela só tinha os olhos vermelhos, estava aprendendo a não chorar na minha frente - Toda vez eu pedia algo a você, você me ignorava.

- Esta bem, um dia eu compro aquilo pra você. - dei de ombros guardando tudo em uma pequena bolsa - Pegue sua mochila e vamos.