- Então você mora em Las Vegas? - perguntei colocando a ultima colherada de comida na boca.

- sim! - ele mordeu os lábios - Também trabalho lá.

- E o que faz tão longe?

- Gosto de trabalhar com insetos. - ele deu uma pausa rápida - Então quando tem campeonatos ou então palestras... Eu tento que ir.

- Insetos? - meu sorriso se foi, aquilo era bem estranho e curioso.

- Sim. Principalmente baratas. - ele balançou a cabeça.

- Adoro baratas. - falei mais por impulso, mas eu acho que ele não acreditou muito em minhas palavras o que foi triste.

- E você o que vai fazer em Las Vegas com uma menininha? - ele olhou pra além de mim se perdendo em algo e depois de alguns segundos seu olhar se voltou pra mim com tamanha curiosidade - Cuidado pra onde vai, Las Vegas não é um bom lugar pra criar uma criança... Bom. Escolha bem onde vai ficar.

- Mas eu não vou ficar por lá! - minha voz subiu uma oitava, mas logo me controlei.

- Não? - ele arregalou os olhos.

- Não!

- Então quer dizer que não nos veremos? - seus olhos se estreitaram me deixando molenga.

- Você sabe onde eu vivo. - sorri pra deixar o clima melhor.

- Mas você não terá uma desculpa para ir ao um parque. - ele também sorriu.

- Posso estar só de passagem. - pisquei pra ele.

Ele sorriu ainda mais. Mostrando seus dentes perfeitos. Percebi então que estávamos bem próximos um do outro, aquilo era estranho, mas ao mesmo tempo era como se eu o conhecesse por toda vida. Como se já estivéssemos em um romance por um longo tempo. Sua respiração soprava em meu rosto. Seu olhar se prendia ao meu.

- Honey. - alguém gritou e minha vontade foi de dar um soco nessa pessoa. E olha só quem era! A peste que sempre estragava tudo.

Grissom se afastou um pouco, ficando mais confortável em sua cadeira e quando me afastei reparando que estava fazendo um biquinho, tentei disfarçar.

- O que? - me virei furiosa pra Linds que estava ofegante.

- Estou com sede! - ela sentou ao nosso lado limpando o suor do rosto.

Grissom riu ao ver minha expressão. Mas eu tinha que continuar a minha farsa.

Fiquei de pé, mas não sai, fiquei olhando-o.

- Pode ir. Não vou sumir. - ele piscou novamente e Linds fez cara de nojo - Palavra de escoteiro. - ele estava tão relaxado e tão despreocupado. Ele sabia que teríamos outra chance de entrelaçarmos as nossas línguas quentes e molhadas e melhor, cheio de desejos.

- Honey?! - balancei a cabeça vendo que estava já, de novo em meus devaneios estranhos.

- Água? - perguntei meio abobada pra Linds.

- Sim senhora. - ela sorriu.

Quando eu me virei Grissom me chamou.

- Sua mala esta comigo. Tenho que te devolver.

- Sim. Quando eu voltar. - sorri.

- Não vai me deixar esquecer - ele virou o rosto pra loirinha -, honey. - e sussurrou, me olhando de rabo de olho.

Virei-me mordendo os lábios, pra ele não ver o quanto contagiada eu estava.

Demorei no máximo quinze minutos e parecia que o alvoroço naquele lugar aumentava a cada segundo.

Paguei a água da garotinha chata e voltei à mesa onde só Linds estava.

- Cadê Grissom? - olhei ao meu redor.

A menina pegou a água de minha mão abrindo e bebendo.

- Onde esta Grissom? - agora a olhei.

Ela respirou fundo e apertou os olhos. Bem feito. A água estava gelada.

- Meu cérebro congelou. - ela gargalhou.

- Responda. - bati o pé no chão.

- Nossa. Temos que ir pro ônibus. Todos já estão saindo. - Lindsey arregalou os olhos e no momento consegui entender todo aquele tumulto. O povo queria sair daquele lugar e ir para seus supostos ônibus.

- ah. - sibilei.

- Grissom foi buscar a sua mala. Vamos. - ela pulou de sua cadeira pegando a minha mão e a sua mochila.

- Espere. - a puxei de volta.

- O que? - ela me encarou - Assim vamos perder o ônibus de novo! - ela estava desesperada.

- Vamos esperar o Grissom. - pisquei lentamente.

- TODOS os ônibus estão saindo. - ela ergueu um braço.

Então entendi. Ele veria logo, junto com a gente, só que no outro ônibus. Fiz um biquinho com o pensamento, mas logo segui a criança ao nosso ônibus.

- Pronto. - sentei no meu banco ao lado da loirinha respirando fundo.

- Esta vendo. Mais um pouquinho perderíamos o nosso ônibus. - Lindsey parecia uma velha, reclamava de tudo, era chata e ainda ficava igual a uma velha.

- Gostou de brincar no parquinho? - perguntei olhando pro teto do ônibus que acabara de dar a sua partida.

- Gostei! - ela grunhiu - E você gostou de namorar?

- Não! - a olhei, mas ela não me olhava - Você chegou me atrapalhando, na hora que selaríamos os nossos lábios, sabe? Beijo! - ela me encarou franzindo a testa - De língua. - coloquei minha língua pra fora, balançando-a, a menina torceu a cara na hora.

- Guarde essa nojeira. Eca.

- Menina você deveria respeitar os mais velhos! - olhei pro assento da frente onde uma velhota nos olhava.

Recolhi a minha língua encarando Linds por um segundo.

- Eu sempre digo isso a ela dona! - sorri pra idosa.

- Não estava falando da garota. - ela sorriu pra Lindsey e minha boca se escancarou - Estava falando com você. - ela fez uma cara de malvada pra mim - Mal educada, fazendo essas coisas com a língua.

- Olha aqui dona. - balancei a cabeça - A língua é minha! E você olhou porque quis.

- Esses jovens. Hun. - ela se virou dando muxoxos agudos.

- Pouca vergonha. - ouvi Linds murmura.

- É melhor você calar a boca loirinha. - aos sussurros, a cutuquei - Por causa de você levei uma bronca de uma múmia. - franzi o cenho enfurecida.

- Não tenho culpa se você é desbocada. - ela deu de ombros, olhando a paisagem pela janela, deixando a cortininha entre aberta.