Dois meses depois.

Hoje completava cinco meses desde que o deixei. Eu não queria lembrar tanto assim dele, mas já deu pra perceber que isso é uma coisa impossível.

Acordei com o rádio de Taylor ligado, praticamente no último volume. Sempre era na mesma estação, a Orgulho Rock. Rock 24hs por dia naquela casa. Sem me importar com o barulho alto demais, levantei-me e fui até o banheiro.

This will take your life.

Overdose and then indulge until you die

Pondering, we all ask the question why.

Broken home, and then abandoned by your dad.

And we are left the only family that you've ever had.

Overdose and then indulge until you die.

Pondering, we all ask the question why.

Broken home, and then abandoned by your dad.

And we are left the only family that you've ever had.

I wanted more for you.

You can't go on this way.

And now I see it all fall through.

We pray for better days.

Stuck alone and scared.

Throw your life away and now choking on your pride may be the

only way.

Help you see it through.

Fight this me and you.

Reaching deep inside.

Problems not just you is what we find.

Our friendship makes it mine.

– E esse foi o som dos caras do Avenged Sevenfold, Shattered By Broken Dreams. E por falar nos caras, eles confirmaram essa semana dois shows aqui em Iowa. Sim, Avenger querido que está nos ouvindo agora, eles irão fazer duas apresentações aqui em Iowa daqui á uma semana...

Não pode ser. Eles não podiam vir para cá, pelo menos não no lugar em que eu estava. Des Moines.

Desci as escadas rapidamente e corri até Taylor.

– Tay, diga para mim que eles não estão vindo para cá...

– Ai, tú me assustou garota! - disse Tay com a mão no peito.

– Diga! - a chacoalhei.

– Ei, calminha... Tá machucando... - disse ela.

– Oh, me desculpe. - disse a soltando.

Ela me olhou por uns segundos e então disse:

– Esse The Rev te deixou meio pertubadinha das ideias, Summer.

– Apenas diga para mim que eu ouvi tudo errado e que o Avenged Sevenfold não vai vir para cá.

– Lamento gata, aí estaria mentindo. - sorriu fraco.

Soltei um longo suspiro, me joguei ao chão e coloquei minhas mãos sobre a cabeça. Eu não estava pronta. Não estava pronta para vê-lo outra vez, depois do que fiz. Não estava pronta.

James.

– Você fez o quê?! - gritei.

– Calma Jimmy, eu e os outros confirmamos dois shows em Iowa daqui a uma semana. - disse Matt, assustado.

Difícil de acreditar que um cara como Matt esteja assustado com um surto que tive, mas acredite; é a mais pura verdade.

– I-Iowa? - gaguejei.

– É. - disse Zacky - Tá tudo bem, Sullivan?

– Não. - disse Brian aparecendo na sala - Não está nada bem, por que ela está lá em Iowa.

– Ela? - perguntou Johnny, confuso.

– A Summer, Napoleão desgraçado! - disse irritado.

Todos me olharam confusos e então disse:

– Não me olhem desse jeito, sabem que não estou com pique para apelidos ótimos de seres de baixa estrutura para dar ao Johnny!

– Não dissemos nada, Jimmy.

– Mas me olharam com essa cara, tipo "What the Fuck?”.

Deram de ombros, fiz o mesmo e corri para o quarto em que dividia com Brian. Jogara-me na cama, de barriga para baixo e fiquei fitando o chão.

– Iowa... - disse para mim mesmo - Vou para Iowa...

Não que eu nunca tenha ido para Iowa, nós já fomos a uma turnê em que Brian pegou várias Groupies e as enfiou dentro do nosso ônibus e transou com todas elas de um jeito muito estranho que é melhor não comentar.

É que dessa vez, estou indo para onde ela está e, na real, eu não pedi e implorei para Brian e para os outros confirmarem esse boato que estava rolando da banda ir se apresentar em Iowa. Eu não sabia de porra nenhuma! Nem de boato, nem de nada. Provavelmente isso esteja em umas das coisas que eu não dei muita atenção desde que ela se foi.

Sim, eu fiquei pertubadão desde que ela me deixou. Estou até tentando evitar dizer seu nome para não me lembrar daquele maldito dia!

De qualquer forma, não posso pedir para os caras cancelarem esse show em Iowa porque eu amo nossos fãs e seria uma puta mancada fazer isso com eles. Da última vez que nos apresentamos lá, foi um show só e de uma hora e meia de duração, já que a besta ambulante do Johnny passou mal e tivemos que terminar o show duas horas antes do planejado. Então cancelar esses dois shows não seriam boa ideia, agora a única coisa que tenho que fazer e fingir que não me importo com isso e ir para Iowa junto com os caras.

...

– A onde vai? - perguntou Brian deitado no sofá.

– Sair. - disse secamente.

Sai de dentro daquele quarto de Hotel que já estava me matando e tive que dar um jeitinho dos fãs que sempre ficam ali no saguão desde o dia em que nos hospedamos aqui, não me verem.

Não é que não quero ver eles, apenas preciso de um ar.

Estava caminhando pelas ruas de Huntington Beach que havia um bom tempo que não passava por ali e, cada rua em que passava lembrava-se de algumas das besteiras que eu e os outros fazíamos por ali. Aqueles quatro caras... Como eu os amo. São como uma família para mim. Sempre ali, apoiando minhas besteiras. Todos eles.

Aqueles quatro filhos de uma puta, são meus melhores amigos. São como irmãos para mim.

Dear God the only thing I ask of you is

to hold her when I'm not around,

when I'm much too far away

We all need that person who can be true to you

I left her when I found her

And now I wish I'd stayed

'Cause I'm lonely and I'm tired

I'm missing you again oh no

Once again.

Rindo sozinho ao lembrar-se do dia em que Johnny vomitou em todo o Bar. Ah, aquele dia... Lembro-me de ver ele loucão de bêbado. É um maldito retardado mesmo.

Até que passei em frente a casa da minha ex-namorada, Leana Silver . Um doce de pessoa.

– Jimmy?

Virei-me para ver quem havia me chamado e acabei deparando com... Leana.

– Leana?! Leana! - sorri.

Ela sorriu docemente e correu até meus braços abertos. Nós nos abraçamos e ficamos assim por um bom tempo, como era bom revê-la.

– Jimmy, como você tá meu anjo? - perguntou me soltando.

– Ah, tô levando e você? Parece estar ótima.

– Estou bem. Melhor agora. - sorriu.

Fazia tempo, um? Não um bom tempo que não via Leana. Não nos vemos mais desde o dia em que terminamos e isso faz muito tempo.

Ficamos ali, praticamente no meio da rua, conversando em voz alta com nos velhos tempos. Bons tempos aqueles.

Summer.

Pela primeira vez desde que cheguei aqui, saíra. Tomar um ar e também porque Taylor me obrigou a sair e tipo, foram praticamente preciso quase meia hora de: "Você tem que sair!" ou "Isso já está ficando chato demais, você não querer sair para tomar, pelo menos um arzinho puro sem ser o dessa casa maldita casa!" . É foi exatamente isso que ela me disse, acredite se quiser. Ás vezes; acho que ela só não me mata porque sou amiga dela.

Estava caminhando super lentamente no meio da chuva, na verdade eu não me importava com o tempo, estava apenas com minha blusa preta de frio e com o capuz por cima da cabeça me "protegendo" da chuva.

Caminhava olhando para o chão, eu sei que isso não é legal porque a gente pode acabar esbarrando em alguém, mas é que eu não tô com vontade de andar olhando para as pessoas. E também não quero que ninguém veja minhas olheiras. Estou, acho que, uns três dias sem dormir direito e ainda fico sabendo que o Avenged vai vir para cá. Justo para cá!

– Ei, não olha por onde anda?! - disse uma voz masculina.

Foi aí que percebi que havia esbarrado em um ser.

– Ai, ignorante! Não vi você aí! - disse levantando a cabeça para ver quem era a pessoa.

Assim que o garoto me viu, arregalou os olhos (não sei por que). Então sorriu e disse:

– Ahn, me desculpe por ter sido meio ignorante com você. - sorriu tímido.

– Meio? - arqueei uma sobrancelha. - Mas tudo bem, não foi nada.

– Me chamo Tom. Tom Fletcher . E você?

– Summer. Summer Todd. - sorri.

Ele sorriu outra vez. Tom tinha um sorriso tão doce. Na verdade, ele era doce (parece) e bonito. Era loiro dos olhos castanhos escuros.

– Então Summer, aceita tomar um café comigo?

O olhei por uns instantes e disse:

– Ahn, tudo bem.

– Ótimo. Conheço um lugar aqui perto que serve um café bem gostoso. - riu.

Ri e acompanhei Tom até a tal Cafeteria.

...

– Bom, tenho que ir Tom. Tá na minha hora. - disse.

– Ah, mas estava tão bom.

Ri.

– Quando a vejo novamente?

– Ahn, não sei... - disse pensativa - Se quiser, lhe passo meu número.

Ele sorriu.

– Só espere eu achar meu celular. - disse enfiando as mãos no bolso.

Depois de o que, pareciam eternos, cinco minutos, Tom achou seu celular.

– Mal a demora. - sorriu fraco.

– De boa. Quer que eu fale ou anote aí?

– É melhor você mesma anotar. - disse me estendendo o celular.

Peguei o celular, mas antes minha mão se encontrou com a mão quente de Tom. O que fez nós nos olharmos.

– Sua mão é fria. - ele disse.

– E a sua é quente. - sorri fraco.

Ele sorriu e tirou sua mão de cima da minha.

– Ahn, é melhor eu anotar logo esse número. - disse.

– Se quiser demorar, eu não me importo. É mais tempo perto de você.

Sinto que ele está dando em cima de mim...

– Tudo bem... - disse.

Anotei meu número no celular de Tom rapidamente e o devolvi.

– Nossa rápida você. - riu.

– Isso foi uma ironia?

– Não.

Dei de ombros.

– Bom, vou indo Tom. - disse me levantando - Foi um prazer conhecer você.

– Igualmente, Summer.

Sorri e saí andando de volta para minha casa. Estava morta de cansaço e amanhã, bem... Amanhã seria o tal show deles. Espero que Taylor não me arraste para ir junto com ela.