Meu Bônus Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 19
Brincando de pais


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que vocês esperam muito desse capítulo, e eu notei que pelos comentários as pessoas estão quase morrendo para a Alice ter um filho.
Só quero avisar para respirarem fundo antes de lerem. E NÃO PULAREM AS NOTAS FINAIS!
Boa leitura.



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POV Ares

- Não estou dizendo nada. – Respondeu Alice depois de alguns segundos de silêncio. Ela desviou o olhar para Ryan e suspirou – Só vai embora logo.

- Ei, eu não vou embora. – Neguei com a cabeça e me aproximei dela. Hesitante, coloquei a mão sobre seu ombro – Eu não vou embora. Mas não mente para mim. Estava dizendo algo sim. Você... Nós...? Nós vamos ter um... Filho?

Alice olhou para mim e demorou um pouco para responder. Seu olhar me analisava de um modo que me fazia suar frio. Estava nervoso, e torcia para que ela não notasse isso. Mas pelo modo como eu a segurava, com a mão levemente tremendo, dava para ter uma ideia.

- Não sei. – Respondeu ela devagar. Alice desviou o olhar e cruzou os braços – Eu só estava dizendo... Que eu não sei cuidar de um filho. Eu sou péssima nisso.

- Então você não sabe se...? – Eu respirei fundo, e tentei me acalmar, mas logo fiquei nervoso – Espera... Esse não sei é “não sei se estou grávida” ou é  um “não sei se você vai ficar perto do meu filho”?

Alice bufou e tirou a mão do meu ombro. Ela voltou a olhar para Ryan. Eu dei um riso nervoso e pisquei para ela, o que não fez o mínimo sentido. Queria fingir que entendi a resposta dela com aquele movimento, mas não entendi. Só que também não queria pedir para que ela repetisse. Talvez me expulsasse do quarto.

- Olha... Você não deve ser tão horrível assim. – Respondi coçando a nuca. Alice revirou os olhos discordando de mim – Por que você pensa assim?

- Ares, eu não tomo conta nem de mim mesma. Como vou tomar conta de um bebê? – Rebateu ela olhando-me novamente.

- Ah, não vem com essa frase pronta, tá bom? Você respondeu a mesma coisa quando eu perguntei porque não queria um cachorro. – Revirei os olhos. Alice encolheu os ombros.

- Mas é a verdade. Eu não sei cuidar de mim, nem de um cachorro, e muito menos de um bebê. – Disse ela olhando novamente para Ryan – Olha só para ele. É pequeno, e indefeso, e... E mole. Eu sou desastrada e nem sei como ser mãe.

- Ninguém nasce sabendo isso, Alice! – Exclamei ao ver que ela não ia parar de choramingar. Ela parou e olhou para mim um tanto espantada.

Pude ver seus olhos levemente arregalados por me ouvir dizer seu nome, mas eu estava mil vezes mais nervoso do que ela. Eu cocei a cabeça e olhei para o bebê. Eu o tirei do berço, e olhei para ela.

 - Seja como for... Conseguindo ou não cuidar de um bebê, você não vai fazer isso sozinha. – Falei tentando parecer o mais tranquilizador possível – Eu estou aqui. Do... Seu lado. – Alice ergueu as sobrancelhas parecendo surpresa – Eu não vou te deixar.

Ela não pareceu acreditar nisso de primeira.

- Engraçado. Você não estava tão gentil quando a Trisha me obrigou a tomar conta dele. – Comentou ela erguendo uma sobrancelha.

- Ah, por favor. Você não vai ficar irritada com isso, não é? – Ia. Ela ia ficar irritada – Eu não sou uma pessoa gentil, você sabe disso. Mas... Isso... Isso não quer dizer que eu...

- Que você...? – Ela esperou de braços cruzados.

- Que eu não... Ahmae você. – Murmurei com vergonha. Alice franziu o cenho.

- O que? – Perguntou sem entender.

- Que eu não... Amhane você. – Resmunguei um pouco mais alto, mas ainda de um modo indecifrável. Alice pareceu confusa, e eu resolvi falar rápido antes que meu cérebro me impedisse – Ame você!

Notei que o rosto dela corou.

- E o nosso filho. – Disse com timidez, mas com sinceridade – Agora... Podemos tentar isso? Juntos?

Alice tentou dizer algo contra, mas pude ver que não conseguia mais. Ela chegou perto de mim e eu estendi o Ryan para ela. Ela ergueu as mãos hesitante, e olhou para mim. Eu dei um meio sorriso e olhei para o bebê que chupava o dedão.

- Olha! Aí está a mamãe. – Disse e ele riu. Alice riu também e desviou o rosto. Ela o segurou um tanto torto e desajeitada, mas eu não a corrigi – Diz alguma coisa.

- Não sabia que você era do tipo que falava com bebês. – Comentou ela me olhando – Pensei que você fosse daqueles de dizer “ele não entende, porque falar com ele?”.

- É, com o filho dos outros eu sou assim mesmo. Mas esse é o meu moleque. – Disse apontando para ele – Sinto orgulho desse nome. Ryan. Bonito. As garotas vão cair em cima dele. – Alice revirou os olhos – Agora fala alguma coisa. Só para eu não me sentir o único ridículo por falar com um bebê.

- Oi. – Disse Alice olhando para Ryan – Eu... Sou a sua mãe.

- É um bom começo. – Dei de ombros. Alice olhou para mim tentando não rir. Eu sabia que no fundo ela achava aquilo ridículo. Ela não era a única, para dizer a verdade. Eu estava me sentindo extremamente idiota, mas para a dar segurança, eu ia continuar.

- E aquele é o seu pai. – Disse ela apontando com o queixo para mim – E nós dois somos um desastre cuidando de bebês como você.

- Não conta isso para ele. – Reclamei.

- Cala a boca! Eu estou tentando puxar assunto. – Rebateu ela e olhou para Ryan novamente – E como pode ver, a gente não se dá bem o tempo todo. Só quando estamos bêbados. Mas a gente ama você mesmo assim e... Ah, não! Não, não, não, por favor. Não puxa o cabelo da mamãe. – Ryan pegara uma mexa do cabelo de Alice e começara a puxar. Ela tentara afastá-lo, mas não deu certo – Não! Não põem na boca...! Aaaawn, droga.

Alice fechou os olhos enquanto Ryan babava seu cabelo. Eu comecei a rir e ela lançou um olhar de raiva para mim. Eu peguei o garoto e o segurei no colo. Ri para ele.

- A mamãe é uma lesada, não é? É sim! Você sabe disso! – Disse olhando para ele. Ryan riu e começou a agitar os braços. Eu ri junto com ele, e Alice bufou.

- Regra número um, Ryan. Você está proibido de concordar com o seu pai. – Disse Alice tentando limpar a baba do cabelo. Eu ri e neguei com a cabeça.

- Ele me adora, não é? O papai é mais legal que a mamãe, não é filho? – Perguntei rindo para Ryan. Eu o abracei, mas acabei notando algo em minha camisa. Eu o afastei e de novo e vi que ele tinha golfado em mim.

Alice começou a rir.

- Que gostoso, hein papai? – Riu ela. Eu sorri pouco amigável e olhei para Ryan.

- Você está do lado de quem? – Perguntei irritado. Ele chupou o dedão novamente, inocente, e Alice chegou mais perto – Tinha que ser em mim...

- Tinha, né meu amor? – Perguntou Alice para Ryan – Porque papai é um idiota.

Ryan começou a rir e agitar os braços. Eu trinquei os dentes e neguei com a cabeça.

- Escuta aqui seu moleque...! – Alice me interrompeu.

- Você podia parar de chamar o seu filho de moleque. – Comentou ela olhando para mim. Eu abri a boca novamente, mas ela me interrompeu – Também não chame de pirralho, fedelho e nem de pivete.

- Pestinha pode? – Perguntei, e Alice revirou os olhos. Ela segurou Ryan enquanto eu limpava minha camisa. Alice ia colocá-lo no berço novamente, quando ele começou a chorar. Ela franziu o cenho e olhou para mim – O que você fez?

- Eu não fiz nada. Ele começou a chorar do nada. – Respondeu ela olhando para Ryan – Pare de chorar, Ryan. Vamos. Está tudo bem.

- Você não apertou ele? – Perguntei segurando-o novamente. Alice negou com a cabeça – Nem deixou ele bater em algum lugar?

- Não! Ele começou a chorar do nada. – Disse ela olhando para o bebê um tanto preocupada – O que ele tem? Estava bem faz um segundo.

- Ele... Eu não sei. – Respondi encolhendo os ombros – Deve estar com sono. Só isso. Nada demais.

Eu o balancei, mas ele não dormiu. Alice tentou fazer o mesmo, mas ele não caiu no sono. Continuou chorando. Nós tentamos milhões de vezes fazê-lo dormir, mas não conseguimos.

- Sono nada. – Disse balançando a cabeça – Ele... Ele deve estar com fome. Eu também fico irritado quando estou com fome.

- Mas não tem comida para ele. – Respondeu Alice olhando em volta.

- Tenta achar alguma mamadeira, ou aqueles potinhos de comida para bebê. – Falei enquanto o balançava. Alice andou pelo quarto e revirou dezenas de bolsas de bebê. Ela achou chupetas, fraldas, sapatinhos, mordedores, mas nada da mamadeira. Nós tentamos todos esses objetos, mas ele ignorou e continuou chorando.

- E agora? Não tem comida, e ele não para de chorar. – Disse preocupada. Olhei para Alice, e depois desci o olhar até seu pequeno decote.

- Bem... Você podia... – Comentei calmamente. Ela olhou para mim e notou que eu encarava seus seios. Acabei levando um tapa forte no rosto.

- Nem termine essa ideia! – Exclamou ela com o rosto vermelho – Só mulheres que tiveram filho que podem amamentar, idiota!

- Tá bom, sua egoísta! – Exclamei irritado indo para perto do berço – Um estoque infinito de leite, e não pode dividir com você. Sua mãe é uma egoísta, Ryan.

Alice bufou e tomou ele de mim. Eu cocei a nuca olhando em volta, tentando ter uma nova ideia. Ela falava com Ryan, tentando fazê-lo parar de chorar.

- Vamos, querido. Está tudo bem. Pare de chorar. Por favor. – Ela continuou nessa por vários minutos, até que eu ouvi... – Ryan, pare de chorar senão...! Senão...! Eu... Eu vou chorar também!

A voz de Alice era de choro. Mas não era aquele choro falso que ela fazia para conseguir enganar as pessoas, mas sim um choro que passava nervosismo e preocupação. Eu me virei e olhei para ela. Seus olhos estavam mareados de verdade.

- Ares, ele não para! – Exclamou ela nervosa.

- Você está... Chorando porque ele está chorando? – Perguntei incrédulo. Alice não respondeu. Ela entregou Ryan para mim e negou com a cabeça.

- Eu não consigo. Toma. – Disse e foi para o canto do quarto. Olhei para ela preocupado, e ainda incrédulo.

- Você está mesmo chorando? – Perguntei sem acreditar. Alice soluçou um pouco e eu notei que era uma resposta positiva. Balancei a cabeça tentando acordar – Para com isso. Não chora. Não tem porque chorar.

Ela continuou chorando. Ela chorava, Ryan chorava, e eu começava a ficar nervoso novamente. Sentia vontade de chutar tudo para o alto e ir embora fazer o trabalho que Edgar separara, mas sabia que não podia fazer aquilo.

E foi aí que resolvi as coisas do meu velho e seguro jeito.

- Calado! – Berrei olhando para Ryan. Ele parou imediatamente de chorar. Os únicos soluços que eu ouvia eram os de Alice. Eu coloquei o bebê no berço e fui para perto dela – Pronto. Ele já parou. Não precisa mais chorar.

Ela parou aos poucos e olhou para o berço. Alice enxugou os olhos, e depois olhou para mim. Suspirou.

- Eu sou um fracasso como mãe. – Disse.

- Não. Você... Só ficou nervosa. Eu também estou nervoso, mas... – Ela me interrompeu.

- Eu sou um fracasso com as coisas com que eu tenho que cuidar. Eu não consigo cuidar de mim, eu deixei todos os meus peixinhos de aquário morrerem, deixei o Thomas bater com a cabeça quando era menor, e fiz meu gato morrer por causa de um descuido idiota. – Falou ela entre soluços – Tudo bem... Nosso filho é imortal, mas não quer dizer que eu não possa machucar ele.

Eu não sabia o que fazer. Alice deixou algumas lágrimas escaparem novamente. Eu contava nos dedos as vezes em que a vira chorar. Sem pensar duas vezes, enxuguei seus olhos com cuidado, e a puxei para um beijo.

Eu a puxava com firmeza, e quando separei nossos lábios já haviam se passado longos segundos.

- Então eu cuido de você. Eu cuido de você, e do bebê. E de todos os peixinhos de aquário e gatos que você quiser ter. – Disse olhando para ela – Pode parecer que eu não dou a mínima, mas se é importante para você, eu faço. É sério.

Alice engoliu em seco e suspirou. Ela olhou para mim, e abriu a boca. Eu notei que ela queria dizer algo, mas não conseguiu.

- Respire fundo e fale. – Disse devagar. Alice olhou para o chão, e depois para mim.

- Ares, eu... Eu não... – Eu a interrompi – Quando eu disse “não sei”, eu...

- Você não está grávida, não é? – Completei. Ela olhou para mim, e congelou por alguns minutos. Eu esperei a resposta, e ela reuniu forças para falar.

- Você sabia? – Perguntei. Eu encolhi os ombros.

- Eu notei agora, porque eu lembrei que no mês passado... No mês passado todo mundo resolveu ir á praia, mas você quis ficar em casa. – Comentei.

- Eu posso não gostar de praia. – Rebateu.

- Acho que o motivo é outro. – Neguei. Alice suspirou e desviou o olhar com vergonha. Eu olhei para Ryan e acabei sendo sincero de novo.

- Mesmo assim... Não iria querer ter um filho meu? – Perguntei. Alice olhou para mim novamente com o cenho franzido. Podia notar que o rosto dela estava levemente vermelho.

- Você... Você quer ter um filho? – Perguntou ela surpresa. Eu parei para pensar por alguns minutos, e... De repente a ideia não me deixava mais nervoso. Eu sentia certa insegurança, mas acabei respondendo.

- Você não? – Rebati. Alice abriu a boca, mas não saíram palavras – O problema sou eu? Acha que eu vou mesmo deixar você?

- Não. Não... Não é isso. É só que... – Ela balançou a cabeça tentando voltar a realidade – Ares, como nós teríamos um filho? Nós brigamos o tempo todo. Não temos nenhuma garantia que vamos realmente querer ficar perto um do outro por tanto tempo.

- Está me pedindo em casamento? – Perguntei franzindo o cenho.

- O que?! Não! – Exclamou Alice – Não! Eu estou só dizendo... Que precisamos pensar melhor antes de... Termos um filho.

- Eu não preciso pensar. Poderia ter um filho com você agora. – Queria mostrar determinação, mas acabei parecendo apressado. Alice começou a rir. Eu franzi o cenho sem entender – O que foi?

- Não poderia não. – Respondeu ela rindo. Eu não entendi novamente, mas depois que Alice tomou ar, ela explicou – Eu estou de castigo. Dormindo no chão e sendo vigiada. Não vai dar.

Eu ri também. A partir daí nós acabamos transformando o assunto em algo cômico, o que serviu para nós dois nos acalmarmos. Eu olhei para Alice com um sorriso torto e malicioso.

- E quem disse que a gente ia usar a sua cama? – Perguntei malicioso. Alice franziu o cenho para mim e eu a derrubei no chão. Comecei a beijar seu pescoço, e ela se encolheu debatendo-se.

- Você ficou maluco?! – Exclamou ela desviando de mim. Alice colocou-se sentada, olhou para o berço e depois para mim – Tem criança olhando, seu pervertido!

- Ei, Ryan, você quer um irmãozinho? – Perguntei olhando para o berço, só para implicar com Alice. Ela me deu um tapa no braço e se levantou.

- Pode ir se acalmando, porque não vai ter filho nenhum por um bom tempo. – Falou Alice – Só o Ryan.

Eu revirei os olhos e ri. Encolhi os ombros.

- Se consegue resistir á mim. – Comentei dando de ombros e vi o rosto dela ficar vermelho.


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Notas finais do capítulo

Ok, o próximo capítulo também vai ser sobre o filho deles. Então não fiquem arrasados por enquanto, certo?
Próximo capítulo também vai ser de perder o fôlego, porque Apolo vê o futuro da Alice. Pequeno spoiler.
Espero que tenham gostado, e quero ver as opiniões nos reviews.
PS: Meu olho melhorou, então acho que vou postar mais rápido agora. Obrigada á quem desejou melhoras.