Meu Bônus Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 20
Futuro é futuro


Notas iniciais do capítulo

Foi mal mesmo pela demora, mas é que eu não consegui escrever nada decentemente bom para postar.
Espero que gostem!



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Demorou certo tempo, mas depois de muito trabalho, caretas, balançadas, chupetas, Ryan parou de chorar e voltou á um humor bom. Ele agora ria e estendia as mãos tentando puxar nosso cabelo.

- Puxa o dele. O meu até na boca você já botou. – Comentei revirando os olhos. Eu e Ares estávamos sentados no chão do quarto, em cima de um tapete peludo e quentinho. Ares segurava ele com as mãos estendidas. Olhei para os dois – Ele não é tóxico, pode segurar mais perto.

- Ele vomita. E baba. – Respondeu olhando para Ares – E cabelo e orelhas.

- É, bebês fazem isso. – Comentei e depois cheguei mais perto dele para olhar Ryan. Imitei as caretas que ele fazia, e Ryan riu. Ares olhou para mim e ergueu uma sobrancelha.

- Quem é mais infantil. Ele ou você? – Perguntou analisando a cena.

- Own, talvez seja por isso que eu vomito em você, papai. Você é um ranzinza chato que só sabe reclamar. – Disse mexendo com Ryan. Ele riu novamente, mas Ares negou.

- Por enquanto o papai é chato, mas daqui á uns anos a mamãe vai virar uma mala sem alça reclamando sobre coisas idiotas. Como entrar com os pés sujos em casa, ficar deitado no sofá... – Comentou ele em rebate – Mas a gente vai ignorar ela e tudo vai ficar certo. Só faça o que o papai faz.

- Só se você quiser levar uma surra. – Comentei olhando para Ryan – Por que ele não tem nada que preste na cabeça. Nunca ouça o seu pai.

- Não, sempre ouça o seu pai. Ou acha que vai se dar bem na escola com os conselhos da sua mãe? – Falou olhando fixamente para Ryan – Ela era uma fracassada. Aprenda comigo...

- Fracassada?! Você nem estudou comigo, como pode dizer isso? – Perguntei um tanto irritada. Ares riu.

- Ah, tá. Vamos fingir que você namorou o idiota do Collins, aquele nerd sebento, porque você era da panelinha e tinha muitos amigos. – Comentou em sarcasmo – Ouça o que o papai disser, Ryan. Bata nos outros, isso vai te dar respeito. E não fica o tempo todo estudando que nem a sua tia otária, porque isso é perda de tempo. Quero ver você como a estrela do futebol, entendeu?

- Você ficou maluco?! – Exclamei incrédula – Não pode estar falando sério!

- Claro que eu estou falando sério! Se você tivesse feito isso, talvez tivesse mais sucesso, lesada. – Disse revirando os olhos – Ah! E pegue todas as garotas, garanhão. Se puxar a minha beleza você consegue. – Eu ri, e Ares me lançou um olhar mortal.

- Ele não vai pegar todas as garotas. Tira isso da sua cabeça. – Disse negando.

- Claro que vai! Ele vai ser um sedutor nato. Está no sangue. – Insistiu Ares, e depois resolveu implicar comigo – Até a sua mãe pegava todos.

- Que?! O que que você está dizendo?! – Meu rosto ficou vermelho – Eu não pego todos, idiota.

- A sua lista de namorados dá em mais de uma mão. – Comentou ele em rebate. Eu neguei, mas ele insistiu – Teve o Collins, depois o Apolo, depois o Dylan, aí o Apolo de novo, aí o Collins de novo, e depois eu.

- Você está contando todo mundo duas vezes! – Protestei, mas ele ignorou e continuou falando com Ryan.

- Mas se arrumar uma namorada não deixa nenhum idiota chegar perto dela, ouviu? – Falou puxando-me para perto. Ele colocou Ryan sentada sobre suas pernas e apontou para ele – Você tem toda a minha autorização sem que você quiser meter a porrada em algum idiota.

Eu dei um tapa no braço de Ares, e ele olhou para mim sem entender.

- O que?! – Perguntou irritado.

- Não pode xingar perto de crianças, idiota! – Exclamei incrédula novamente – Eu estou vendo que eu vou ter muito trabalho se nós tivermos um filho.

- Não seria quando tivermos um filho? – Perguntou ele passando a mão pela minha perna fingindo-se de inocente. Eu segurei sua mão e coloquei em cima do Ryan.

- Você já ganhou um filho de brincadeirinha. Por enquanto, contenha-se com isso. – Respondi, e ele fez uma careta para mim. Eu olhei para Ryan e resolvi que seria melhor dar os meus conselhos – Você devia me ouvir, porque o papai é imortal. Ele foi imortal a vida dele toda e nunca nem pisou em uma escola. Então escuta... Faça o que puder para dar o fora desse lugar o mais rápido possível.

Ares riu e quis ouvir mais. Eu prendi o riso e apontei para Ryan.

- Não bata nas pessoas. Não implica com ninguém, porque quem faz isso só é odiado por todo mundo. Mas se alguém vier para cima de você tentando te fazer sentir mal, ignore todas as reclamações da sua avó Jenny, e bata neles com toda a sua força. – Falei e Ryan riu. Ares riu também – Ele nunca me deu razão por isso, mas eu dou. E te ajudo a bater no idiota que te infernizar também.

- Aí você é presa e processada. – Comentou Ares.

- Então esquece. Eu coloco você em uma aula de karatê, e você acaba com eles. – Falei olhando para Ryan – E quanto as garotas, não fique com todas elas. Acha uma que preste que isso já é suficiente.

- Humpf. – Bufou Ares, e eu lhe dei uma cotovelada. Ele revirou os olhos, contrariado – É... Ouça a sua mãe.

- Melhorou. – Assenti com a cabeça.

Nesse momento a porta se abriu. Joey entrou carregando uma caixa de papelão enorme e aparentemente pesada. Assim que notou nossa presença, virou-se para me olhar direito.

- Virou babá agora? – Perguntou implicando. A mera presença dele já me dava raiva.

- Toma conta da sua vida. – Respondi com irritação. Joey revirou os olhos.

- O Tio Ed está reclamando porque você ainda não foi limpar os discos de vinil dele. Dá para ser ainda hoje? – Perguntou. Ares olhava para mim esperando a hora certa de me segurar, pois pelo meu rosto, parecia que eu pularia para cima de Joey e de seu olhar presunçoso.

- Faz o seu trabalho, que eu faço o meu. Se é que você tem a capacidade de carregar caixas de papelão. – Respondi dando um sorriso pouco simpático. Joey olhou para Ryan e sorriu pouco simpático para mim também. Ele largou a caixa de papelão, deixando-a cair no chão com força. Aquilo fez um barulho alto, e assustou Ryan, que começou a chorar novamente.

- Ops. Sinto muito. Escorregou das minhas mãos. – Disse fingindo-se de inocente – Acho que eu realmente não sou capaz de carregar caixas.

- Seu imbecil! – Reclamei com raiva.

- Eu já não disse que foi sem querer? Que droga, Ally. – Reclamou ele como se eu estivesse sendo exagerada. Ele prendeu um sorriso maldoso – Parece até que tem síndrome de perseguição. Acha sempre que eu faço as coisas de propósito.

- Saí daqui! – Exclamei com raiva. Joey foi embora no exato momento em que eu lancei um pacote de fraldas na cabeça dele. Olhei para Ares, que tentava fazer Ryan parar de chorar – Ah, ótimo. Voltamos ao zero. Aquele irritante...!

- Vocês se amam, hein? – Rebateu Ares um tanto irritado pelo choro de Ryan – Mas também, se você fosse mais educada com o moleque...!

- Está dizendo que a culpa é minha?! – Reclamei com ódio. Ele ficou levemente assustado, e desviou o olhar para o bebê – Responde!

- Não. Claro que não. – Respondeu, mas eu vi que era mentira. Para a sorte dele, entretanto, Adam entrou no quarto. Ele viu nós dois tentando fazer Ryan parar de chorar e veio até nós.

- Treinando para quando for o seu? – Perguntou rindo e pegando-o de minhas mãos – Com um pouco mais de prática, você aprende.

- Não tenho tanta certeza. – Disse colocando-me de pé.

Adam colocou Ryan no berço e começou a sussurrar uma música para ele. Instantaneamente, ele parou de chorar. Eu e Ares saímos na ponta dos pés do quarto, e fechamos a porta devagar.

- Eu vou ter que limpas os discos de vinil e as coisas velhas do tio Ed. – Falei olhando para o papel no meu bolso. Depois olhei para Ares – Qual é o seu trabalho?

Ele abriu a boca para responder, mas então tomou uma expressão emburrada.

- Não é da sua conta, filhinha de Hermes. – Respondeu dando as costas e descendo as escadas.

- E eu sou mal educada... – Murmurei indo atrás.

Toda aquela coleção de vinil poderia ser jogada fora sem problema nenhum. Cantores country que eu nunca ouvi falar tinham seus rostos nas capas cobertos por uma grossa camada de poeira.

Meu nariz ardia e pinicava. Minha garganta estava irritada, e meus olhos estavam lacrimejando. Eu odiava ter que limpar aquilo tudo, porque Tio Ed deixava todos os discos parados por uma eternidade até limpar novamente.

Até eu limpar novamente.

Depois de terminar, eu corri para o banheiro, espirrando várias vezes sem parar. Não fechei a porta. Deixei-a aberta para respirar melhor, e lavei o rosto na pia. Não conseguia conter os meus espirros.

- Pelos Deuses, Alice! Você está bem? – Perguntou Apolo preocupado. Ergui o rosto, e vi que seus olhos azuis me fitavam sem piscar. Olhei depois para o espelho, e vi que estava horrível. Meu nariz estava vermelho como o de um palhaço, e parte do meu cabelo despenteado estava molhado.

- Eu... Sim. – Respondi com vergonha. Ele não se moveu, continuou parado olhando para mim como se eu fosse louca.

- Tem certeza disso? Você não parece bem. – Comentou ele insistindo.

- Eu tenho... – Espirrei novamente – Alergia á poeira. E passei esse tempo todo limpando os discos de vinil da sala. Aquele reservatório natural de ácaros.

Minha mãe passou e notou nossa conversa. Ela olhou para mim e revirou os olhos.

- Alergia á poeira? Você tem asma, Alice. – Corrigiu ela – Já disse para não ir limpar esses discos se eles tiverem com tanta poeira.

- Você é asmática e foi mexer com poeira? – Repetiu Apolo incrédulo. Parecia que os dois eram meus pais, e que eu era algum tipo de adolescente inconsequente.

- Mãe, eu não tenho uma crise asmática faz 10 anos. Sabe quanto tempo é isso? – Falei cruzando os braços – Eu estou bem. E também, se não limpasse aquela porcaria, tio Ed ia falar no meu ouvido até a eternidade.

- Mesmo assim, você não devia ter feito isso. – Insistiu minha mãe – Você é cabeça dura, hein?

- Sua mãe tem razão. – Comentou Apolo.

- É, eu sei que a minha mãe tem razão. – Resmunguei, e depois comecei a tossir. Apolo chegou perto e colocou o ouvido sobre meu peito. Meu rosto ficou vermelho, e eu franzi o cenho – O que... O que você está fazendo?

- Não tem chiado. – Murmurou ele franzindo o cenho.

- Eu tinha asma alérgica. Só tinha uma crise quando eu ficava em lugares com muita poeira, mas isso já passou. Não tenho mais nada. – Falei tentando não olhar diretamente para ele.

- Então vamos andar lá fora para você respirar ar puro. – Falou puxando-me pela mão sem nem mesmo me deixar responder. Nós saímos de casa e andamos pelo enorme gramado dos fundos. Apolo andava olhando para mim fixamente.

- O que foi? – Perguntei com certa vergonha.

- Nunca falou que tinha asma. – Comentou ele. Eu encolhi os ombros, e olhei para ele.

- Quando você parou o carro na minha frente, o que queria que eu dissesse? Oi, eu Alice e tenho asma. – Falei olhando para ele. Apolo riu e deu ombro.

- Não assim, mas durante o tempo em que a gente ficou junto... Você podia ter comentado. – Rebateu ele sorrindo de leve.

- Eu esqueci que para o Deus da medicina falar de doenças e alergias crônicas deve ser realmente divertido. – Comentei rindo um pouco. Apolo suspirou, e eu olhei para ele – Eu não sou um mistério tão grande. Não mais do que você é com os seus 3000 anos. Só tenho 20.

- Novinha. – Implicou ele rindo. Empurrei-o para o lado e ri.

- Temos longos anos pela frente para você descobrir mais sobre mim. – Comentei rindo. Apolo parou imediatamente. Ele estendeu a mão para mim e sorriu torto.

- Me dá a sua mão. – Pediu ele. Eu franzi o cenho.

- O que vai fazer? – Perguntei curiosa.

- Vou ler o seu futuro. – Respondeu calmamente, e eu comecei a rir. Apolo pareceu levemente ofendido, por isso eu tentei parar. Mas era difícil.

- Desculpa, mas... É sério? Tipo... Vai ver o meu futuro pelas linhas da minha mão? E vai dizer quantos filhos eu vou ter, se vou ter um trabalho legal... Esse tipo de coisa? – Perguntei achando estranho. Apolo desviou o olhar, e recuou a mão.

- Não como uma cartomante, mas... Ah, esquece. – Disse desapontado. Eu segurei a mão dele e deixei a minha por cima.

- Desculpa. Lê. Eu quero ver o meu futuro. – Falei. Ele hesitou, mas depois sorriu novamente. Apolo segurou minha mão com força, mas olhou fixamente para os meus olhos. Senti vontade de desviar o olhar, porém imaginei que fosse quebrar algum tipo de conexão. Ele fez uma careta.

- Droga. – Murmurou. Perguntei o que, e ele respondeu – Você vai ter dois filhos com o Ares. Um garoto e uma garota.

Meu sangue gelou, pois eu lembrei do pesadelo que tinha tido á muito tempo. Cherie e Ryan, brigando pelo controle remoto.

Apolo sorriu de repente.

- E mais dois comigo! – Exclamou feliz. Arregalei os olhos e soltei minha mão da dele.

- Quatro filhos?! Você ficou maluco. – Falei chocada. Lembrei da garota tocando violino de manhã, e do outro fazendo poesia. Passei a mão pelo cabelo achando que minha vida seria ainda mais caótica – Não mesmo!

- Futuro é futuro. Vai acontecer. – Comentou ele rindo. Apolo comemorou um pouco, e eu quis chutá-lo – Acho que vai ser mais agradável ter os meus filhos, do que os deles.

- E eles puxarem o meu dom artístico e tocarem violino de manhã? Nem pensar mesmo! Isso não vai acontecer. – Falei negando com a cabeça.

- De onde tirou esse lance do violino? – Perguntou confuso. Eu balancei a cabeça, e ele pegou minha mão novamente. Olhei para ele de mau agrado, e ele franziu o cenho – Você...

- O que? – Perguntei.

- Caramba... Você... – Comecei a ficar preocupada.

- O que? O que você está vendo? – Quis saber nervosa.

- Você tem que ficar longe de poeira e ouvir a sua mãe. E ficar com aquela bombinha por perto, caso aconteça uma emergência. – Soltei a mão de Apolo com irritação e fui andando na frente dele.

- Que droga! Eu pensei que fosse uma coisa séria! – Exclamei irritada.

- E você e eu vamos voltar a ficar juntos! – Comentou ele rindo e indo atrás de mim. Eu olhei-o sem acreditar muito, e ele assentiu.

- Como acha que nossos filhos vão surgir? – Perguntou rindo.

- Pelo sistema de adoção. De mim é que não vem. – Respondi.


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