Meu Bônus Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 15
Lá vem o diabo


Notas iniciais do capítulo

Aqui vai o novo capítulo (extremamente atrasado, eu sei).
Sinto pela demora, como sempre.
Sim, me matem.
Boa leitura!



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- Não tem nada para contar. – Falei encolhendo os ombros.

- Ah, mesmo? – Perguntou Ares erguendo uma sobrancelha. Ele parecia um velhinho acusador que passava o dia inteiro sentado naquela cadeira de balanço vendo o tempo passar. Eu tentei tirar essa imagem de minha mente, e assenti – Não é por nada, mas é que você sabe. Daqui á algumas horas eu posso simplesmente descobrir que vocês dois namoraram há uns anos. Até porque seus ex-namorados vivem saindo das sombras do passado, não é?

- Vivem saindo das sombras do passado? – Repeti incrédula e um tanto irritada. Eu cruzei os braços – Espero que saiba que Scott é o meu único ex-namorado que você não conhecia. Eu tenho 20 anos, Ares. Acha que já saí com quantos caras a minha vida toda?

- Diga-me você. – Rebateu ele cruzando os braços também.

- Scott, Apolo, e atualmente você. – Contei nos dedos – Viu? Dá em uma mão. São só três dedinhos.

Ele fez “humpf”, e desviou o olhar sem. Não pareceu convencido disso, o que me incomodou levemente.

- Não acredita? – Perguntei olhando-o. Ele voltou o olhar para mim.

- Acha que eu acreditaria? Nada com você é o que parece. Sua vida toda é uma bela confusão, por isso seria bem interessante se explicasse quem é ele. – Disse ele se inclinando para frente – Quem é aquele cara de verdade?

Eu pensei em contar a verdade, mas me senti ridícula. Sempre que pensava em falar aquilo para alguém, eu me sentia ridícula, para falar a verdade. Resolvi desviar da pergunta, fazendo parecer que não tinha nada demais.

- Ele é o meu primo antissocial que prefere se trancar em um quarto e estourar os ouvidos com rock á ficar perto de pessoas. – Contei – Esse é o Dwayne. Isolado, quieto, reservado e indiferente para qualquer um.

Ares pareceu acreditar naquilo. Não estava mentindo, na verdade. Aquela era a mais pura verdade. Só não entrei em detalhes maiores. Ele deu de ombros e levantou-se no exato momento em que Apolo saiu de casa, e fechou a porta atrás de si. Ele olhou para mim parecendo perturbado.

- Sua avó... – Um arrepio passou por ele, e o Deus do Sol estremeceu levemente – Devia conhecer pessoas da idade dele.

- Você é velho demais para ela? – Perguntei tentando não rir dele.

- Engraçadinha. – Apolo fez uma careta para mim, e nós dois ouvimos a risada de Ares. O Deus da guerra colocou a mão sobre o ombro de Apolo, e sorriu torto.

- E aí? Se deu bem lá em cima? – Perguntou com malícia.

- Ah, não fica com ciúmes. Posso me dar bem com você aqui embaixo também. – Rebateu Apolo no mesmo tom de malícia, mas depois fez uma careta – Ela fala demais.

- Eu sei. – Confirmei rindo.

- Ela disse... – Apolo jogou-se na cadeira onde Ares estava antes – Que você devia arrumar um emprego de verdade, que meu cabelo não podia ser loiro natural, que a sua mãe é uma atrapalhada e que só faz besteira, e que seus avós deviam deixá-la ficar com um banheiro só para ela.

- Ela não é um amor? – Perguntei sorrindo – Tenho certeza que você vai adorar conviver com ela essa semana.

- Sua mãe também falou bastante. – Comentou ele olhando para mim com um sorriso torto – Quando abriu a porta do quarto, digo.

- O que ela falou? – Franzi o cenho. Apolo pigarreou e ajeitou a postura. Ia fazer o truque que eu achava engraçado, reproduzir a voz dos outros.

- Alice. Hanks. Kelly! Isso tem a sua cara, sua filha de Hermes! ­– Apolo falou interpretando as feições da minha mãe – Eu juro que quando te achar, você vai me pagar caro! Vou picar você em vários pedacinhos e servir no jantar! Vai ser um banquete digno dos Deuses. E o próximo é o seu pai por te estimular á isso!

- Coitado! Ele não tem nem nada a ver com isso. – Comentei um tanto chocada, mas com vontade de rir.

- Está de castigo para toda a sua v-i-d-a! Entendeu? Você está morta! Sua...! – Apolo se interrompeu de repente, e eu arregalei meus olhos.

- Minha mãe... Me xingou?! – Exclamei chocada.

- Não. Ela foi acertada com uma mala na cabeça, e a vovó Lauren começou a gritar com ela. – Contou Apolo rindo – Mas nunca se sabe o que ela ia falar.

- Ela disse isso tudo para você? – Perguntou Ares sem entender.

- Não sei ao certo. Ela começou a gritar isso no meio do quarto, enquanto jogava as malas de Lauren de um lado para outro. – Apolo encolheu os ombros – Ela realmente odeia a sogra, não?

- Odeia? Minha mãe a quer morta. – Ri disso – A Lauren sempre que chega aqui vai para o quarto da minha mãe e diz que quer ficar ali. A minha mãe briga com ela, mas acaba indo dormir em outro quarto. Elas ficam lançando indiretas uma para a outra no meio do jantar. É algo engraçado de se ver.

- Não é maligno? Está fazendo sua mãe sofrer. – Comentou Apolo.

- Eu também estou sofrendo, Apolo. – Coloquei calmamente – Só estou sendo justa e dividindo isso com a minha mãe também. Somos uma família. Na alegria e na tristeza, certo?

- Não. Vocês não são casados. – Negou Ares.

- Dá no mesmo. O DNA nos prende. – Dei de ombros e olhei para o campo verde na frente da casa. Eu olhei para os carros parados e notei que faltava algo. Do terceiro carro caro, saiu um casal, mas o conjunto não estava completo.

- Mais gente? – Perguntou Apolo apoiando-se na grade. Eu fiz o mesmo e assenti.

Uma mulher loira com um vestido cinza de lã com uma gola alta e com saltos igualmente altos andava em direção á casa. Ela estava acompanhada de um homem com cabelos extremamente pretos, que vestia uma calça social e uma camisa polo. Os dois pareciam que iam para um clube de golfe, e não para o meio do mato, mas eu estava acostumada.

- Quem são? – Perguntou Ares, e notei que já deveria ser a terceira vez que ele perguntava para mim. Não tinha escutado antes. Pisquei os olhos.

- São... Marcel e Morgana. Meus tios. – Respondi – Acho que já devem ter visto pelas roupas, mas vou comentar do mesmo jeito. São as pessoas mais esnobes que podem existir nesse mundo.

Eles subiram os degraus e olharam para nós com um olhar inquisidor. Mas depois sorriram (um lindo sorriso falso) e nos cumprimentaram.

- Ah, bom dia para vocês. Alice. Amigos. – Disse Morgana Marcel sorriu fracamente, e depois olhou para a porta.

- Bom dia, tia. – Respondi.

- Sua mãe veio dessa vez, ou preferiu ficar longe de nós? – Perguntou Morgana. Ela e minha mãe tinham uma leve rixa, por isso sua voz sempre apresentava um traço e veneno ao falar de Jenny.

- Ela veio sim. Está lá em cima arrumando o quarto. – Respondi sem muita simpatia. Ela deu uma leve risada.

- Ah, que espirituosa. Sempre entrando no papel de... Qual o nome daquelas pessoas que trabalham na roça, Marcel? – Perguntou ela.

- Acho que são copeiros, Morgana. – Respondeu sem ter ideia.

- Isso, isso. Copeiros. – Sorriu ela – Se bem que é igualmente surpreendente você ter vindo dessa vez. Da última partiu tão rápido.

- Acontece. – Respondi dando de ombros.

- Claro, claro. – Confirmou ela sem ligar – Nós vamos entrar. Conversamos mais no almoço. Marcel, vamos pedir para Dwayne pegar a mala no carro para nós.

Ela entrou com ele, e eu fiz uma careta de nojo. Desci da varanda e andei um pouco pelo campo. Apolo passou pela minha frente e me impediu de andar mais.

- Vai ficar dando voltar por aqui? – Perguntou ele olhando-me – O dia todo?

- Não. Se eles vierem para cá, eu vou ficar em casa o dia todo. – Respondi – É só uma questão de referência. Onde eles estão e onde eu estou.

- Minha ideia é voltar para casa e ver se as bailarinas precisam de ajuda. – Comentou Apolo, e Ares encolheu os ombros.

- Pode ser. Nada contra. Adoro ajudar. – Disse ele.

- Então vão! – Exclamei irritada – Se realmente querem isso, vocês se merecem.

- Você tem inveja dela, não é? – Perguntou Ares erguendo uma sobrancelha. Eu virei-me para ele com raiva, e coloquei as mãos na cintura.

- Inveja dela? – Repeti, e depois ri – Ah, claro! Eu sempre quis colocar o na cabeça, ou abrir as minhas pernas em 180º graus! É o meu sonho de vida, e ela atingiu antes de mim. Estou morrendo de inveja.

- Tente não chorar. – Zombou ele.

- Vou tentar sim. – Confirmei em sarcasmo. Dei alguns passos para me afastar dele – Talvez se eu começar a vomitar tudo o que eu como, eu consiga... Ah!

Eu dei um pulo para trás ao ver que estava á centímetros de ser atropelada. Um carro passou em uma velocidade absurda, e extremamente perto de mim. De começo fiquei chocada, mas ao ver o carro fazer uma manobra para parar bem na minha frente de novo, trinquei os dentes.

A raiva tomou conta de mim.

O teto do conversível preto desceu revelando o motorista. Um garoto de cabelo preto, óculos escuros, e um sorriso triunfante no rosto. Ele tinha umas poucas sardas no rosto, e parecia um caçador de vampiros exceto pela camisa polo branca que vestia.

- Você fez isso de propósito! – Exclamei com muita raiva.

- De propósito? Acha mesmo que ia querer mais um inseto esmagado no vidro do meu carro? – Riu ele zombando de mim. Ares sentiu a maldade no ar, e disfarçou um sorriso. Ele me cutucou com o cotovelo disfarçadamente.

- Ele é...? – Eu o interrompi.

 - Sim. – Trinquei os dentes – É ele.

Meus olhos estavam fixos nele. O garoto limpava os óculos calmamente, e quando terminou, sorriu novamente para mim.

- Oh, por favor, tente não babar muito o carro, certo? Eu o limpei hoje mesmo. – Comentei ele abrindo a porta – Eu sei que o seu empreguinho como assistente social não pode pagar isso, mas...

- É Comunicação Social, Joe! Eu faço Comunicação Social. – Corrigi irratada.

- Jura? Eu tinha quase certeza que era isso. Ou falei errado só para mostrar que eu não ligo. – Ele deu de ombros e fechou a porta. Joe travou o carro, e teto subiu novamente – Então... Como vai a sua vida? Ainda escrevendo as respostas da prova na mão para poder passar de ano, Ally?

- Não, estou usando calças caqui para mostrar o quanto eu sou chique, Joey. – Rebati com o apelido que ele odiava.

- São calças sociais, sua burra. – Respondeu ele um tanto irritado – E eu me visto bem porque estou acostumado á isso. Mas se você não vê problema nenhum em desfilar de moletom por aí, estou pouco me ferrando.

Ele fechou a mala do carro ao pegar sua bagagem. Uma mala preta que ele facilmente jogou nas costas e a levou.

- E dessa vez você trouxe companhia? – Perguntou olhando para Ares e Apolo.

- Meu amigo, e... – Apontei para Apolo, mas Joe me interrompeu.

- Amigo? Você conhece essa palavra? – Perguntou ele rindo de mim – Quanto pagou para ele estar aqui?

- Ainda bem que, diferente de certas pessoas, eu não tenho essa necessidade. – Sorri para ele – E meu namorado.

Joe hesitou em lançar um piadinha em olhar o homem de quase 2 metros ao meu lado. Ares deu um leve sorriso para ele, mas depois cruzou os braços ressaltando os músculos involuntariamente. Joe olhou para mim e riu.

- Vou jogar na loteria. – Comentou ele – Se você conseguiu um namorado, tudo é possível.

- Ah, claro. – Confirmei em sarcasmo – Vai nessa.

- Ele usa óculos escuros. É cego, não? – Comentou Joe ainda sem acreditar. Eu neguei com a cabeça.

- Nem cego, nem surdo. – Falei. Joe riu ao sentir a leve ameaça.

- Nossa, parabéns. Finalmente alguém vai te proteger. Do jeito que é fraquinha, nem acredito que sobreviveu esse tempo todo sem uma muralha dessas do seu lado. – Disse Joe dando de ombros. Ele passou por mim com a mala, e pude notar que Ares e Apolo criaram certa antipatia por ele, o que era completamente normal.

- Acho que você sabe muito bem que eu não preciso que eles cuidem de você. – Disse cerrando os punhos. Joe olhou para mim.

- Você bem que podia aprender a ser uma garota, sabia? Ninguém gosta de otárias, muito menos otárias feias e brutas. – Falou ele.

- Do que você chamou ela? – Perguntou Ares dando um passo na direção dele. Antes ele estava se divertindo com a perversidade de Joe, mas agora se tornara pessoal – Sou só eu que posso dizer isso. Se fosse você dava o fora com a sua mala, antes que ela seja o seu almoço.

Joe olhou para ele, mas não foi idiota de revidar. Ele olhou para mim.

- O que? Ficou com medo de mim e resolveu se esconder atrás deles? – Implicou ele e depois ergueu uma mão em rendição – Estou indo. Não quero problemas.

- Eu não preciso deles para...! – Eu ia avançar, mas Ares me interrompeu.

- Não se mete nisso. – Disse em um tom sério. Joe riu.

- Que bom que conseguiu um namorado, Ally! Ele te serviu muito bem, hein? – Riu Joe. Eu trinquei os dentes com raiva – Escuta ele, e vai andar por aí. A gente se vê depois.

Joe entrou em casa, e eu olhei para Ares com uma enorme raiva.

- Nossa, ele é realmente maldoso. – Comentou ele um tanto surpreso, mas depois encontrou o meu olhar – O que? O que eu fiz?

- O que você fez?! Escuta aqui, eu nunca precisei de ajuda para lidar com Joe, por isso não se meta você! – Exclamei com raiva.

- Alice, ele estava te ofendendo. – Comentou Ares, e Apolo assentiu concordando dessa vez com ele. Eu neguei com a cabeça.

- Isso é normal. O que não é é ficar ouvindo ele me chamar de medrosa por achar que eu preciso de você. – Respondi.

- Nós só queremos ajudar. Está reclamando disso? – Perguntou Apolo.

- Sim, estou. Eu não pedi ajuda. – Rebati para eles – Nunca precisei do Deus da guerra para ganhar as minhas guerras.

- Ótimo. – Concordou Ares assentindo – Ganhe as suas guerras então. Não vou mexer nem um mísero músculo, benzinho.

- Devia ter feito isso antes. – Comentei entrando em casa e deixando-os para trás. Pude notar que Apolo estava confuso, e Ares com raiva, mas não dei a mínima.

Afinal, eles não entendiam.


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Notas finais do capítulo

Vou terminar de responder os últimos reviews que prometi do último capítulo, e espero pelos novos.
Quem quiser recomendar, também seja bem vindo. HAHAHA!
Agradeço á todos aqueles que realmente gostam dessa fic, e que elogiam o jeito como eu escrevo.
Obrigada mesmo, pessoal! É muito importante para mim.
Até o próximo.